LEGIÃO

Segunda-feira, dia 10, essa penca de gente das fotos abaixo faz aniversário. Completam 6, 17, 12, 29, 23, 32, 39, 35, 72, 108. Por coincidência, eu também faço aniversário. O primeiro ano completo depois de me mudar pra Casa dos Quarenta. Talvez a "coincidência" seja porque carrego comigo essa gente toda. Crianças, adolescentes, adultos, velhos, tudo na mesma carcaça. Como no Evangelho de Lucas 8:30, chamo-me Legião. Porém não são demônios que habitam em mim, mas um bando de malucos de todas as idades. Mas é tutti buona gente, e sem eles eu jamais seria quem sou hoje. Incluindo as vidas passadas.

Portanto agradeço desde já a todos os amigos, toda a família (distante), as ex-namoradas, os vizinhos, os conhecidos, os amigos virtuais, sem esquecer das gatas companheiras de viagem, das pessoas queridas que já estão em outro plano e de toda essa Legião concentrada de malucos que me fez ser a pessoa que sou hoje. Agradeço de coração a amizade, o carinho, a simpatia, o apoio, os puxões de orelha, as gargalhadas, os abraços, as caminhadas, os empurrões, as trocas, o cuidado, a orientação, a companhia, ao longo de todas as 41 estações desta longa e prazeirosa trilha.

 

O PEDESTRE

Sempre que saio na rua às 3 da manhã, e caminho até a padaria/confeitaria que fica aberta 24 horas a duas quadras da minha casa para tomar uma média bem quente com um sanduíche de mortadela caprichado, tenho uma sensação estranha. Muito boa e bizarra ao mesmo tempo. Muito boa porque está frio, a rua está vazia, me passa uma solidão positiva (coisa que não sinto desde a adolescência).

E bizarra - e interessante - porque me sinto dentro de um conto fantástico de ficção científica de Ray Bradbury chamado "O Pedestre". A história se passa num futuro incerto e totalitário onde as pessoas não têm permissão de sair a noite, nem nos seus veículos, muito menos caminhando. E ser pego caminhando à noite é considero um crime gravíssimo. Até que o pedestre protagonista da história é descoberto pelas "forças da lei".

Eu cheguei a filmar "O Pedestre" no iniciozinho da faculdade com um amigo, onde nós dois nos revesávamos fazendo tudo: câmera, direção, montagem, cenografia, figurino; porém EU era o pedestre. Filmamos em Super-8 e isso é um material perdido que acredito que nem Indiana Jones seria capaz de achar novamente.

Bons tempos do passado passados num futuro incerto que não voltam mais.