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sábado, 18 de dezembro de 2004

"MOBY DICK" (Idem, 1956), de John Huston

Rating:★★★★★
Category:Movies
Genre: Action & Adventure


Direção: John Huston
Roteiro: Ray Bradbury e John Huston, baseado no romance homônimo de Herman Melville
Produção: John Huston, Vaughan N. Dean / Moulin Films, Warner Bros.
Fotografia: Oswaldo Morris, Freddie Francis
Montagem: Russell Lloyd
Música: Philip Stainton
Direção de Arte: Ralph W. Brinton, Stephen B. Grimes
Elenco: Gregory Peck, Richard Basehart, Leo Genn, Harry Andrews, Seamus Kelly, Orson Welles, Frederick Ledebur, Bernard Miles, Mervyn Johns, Tom Clegg, Edric Connor, Noel Purcell, Philip Stainton, Royal Dano, Joseph Tomelty

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Starbuck, primeiro imediato: To be enraged with a dumb brute that acted out of blind instinct is blasphemous.

Capitão Ahab: Speak not to me of blasphemy, man; I’d strike the sun if it insulted me. Look ye, Starbuck, all visible objects are but as pasteboard masks. Some inscrutable yet reasoning thing puts forth the molding of their features. The white whale tasks me; he heaps me. Yet he is but a mask. `Tis the thing behind the mask I chiefly hate; the malignant thing that has plagued mankind since time began; the thing that maws and mutilates our race, not killing us outright but letting us live on, with half a heart and half a lung.

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Gregory Peck já encarnou um de meus personagens favoritos, o Capitão Ahab. John Huston – o cineasta do pessimismo e da inevitabilidade – realizou a versão cinematográfica mais grandiosa (porém não a única) do romance homônimo de Herman Melville, sobre um homem obcecado em matar a baleia que arrancou sua perna e mutilou sua alma. Para isso ele próprio se imbuiu do espírito obsessivo de Ahab e levou anos alimentando o projeto de levar esta história para a tela grande. A ponto de Gregory Peck sugerir que o próprio Huston deveria interpretar o louco capitão, ao invés dele. Um de seus filmes mais pessoais, "Moby Dick" teve roteiro co-escrito por Huston e Ray Bradbury – mais conhecido por seus livros de ficção científica e terror – e conseguiu condensar em seus 116 minutos os principais aspectos da obra de Melville.

Ishmael (Richard Basehart) depois de muito caminhar, chega à cidade portuária de Nantucket, em Massachussetts, conhece o arpoador canibal Queequeg (o polonês Frederick Ledebur) e ambos se alistam no baleeiro ‘Pequod’, sob o comando do Capitão Ahab. Apesar de sua missão de dois anos em torno do mundo ser arpoar o máximo possível de baleias e abarrotar os porões do navio de óleo, Ahab só tem uma coisa em mente: encontrar e matar o cachalote branco batizado de Moby Dick, que o mutilou anos antes. Starbuck, o primeiro imediato (Leo Genn) tenta fazer o papel de Grilo Falante, de consciência racional de seu capitão, porém a gigantesca obsessão de Ahab é forte demais para ser dobrada. Aos poucos, durante a longa jornada, ela contagia cada um dos marinheiros do ‘Pequod’ e eles quase se tornam partes do próprio Ahab, todos determinados a confrontar o poderoso cachalote branco.

Um perfeito ensaio sobre a obsessão e o ódio humanos, "Moby Dick" foi filmado em grande parte nas cidades portuárias de Massachussetts, na costa da Irlanda e próximo às Ilhas Canárias, no Atlântico Norte, com seqüências reais de caça às baleias feitas por baleeiros profissionais dos Açores, e um grande cachalote mecânico feito de madeira, borracha e plástico. O bicho enguiçava ou quebrava constantemente, trazendo dores de cabeça à equipe e atrasos nas filmagens, além de inflacionar o orçamento (problemas idênticos teve Steven Spielberg quando filmou "Tubarão" em 1975). A fotografia de Oswald Morris – que teve um tratamento cromático especial, criado por Morris e por Huston – e a trilha sonora de Philip Sainton se juntaram para dar o tom certo de aventura e tensão ao filme, e fazem com que o público se sinta parte da tripulação do ‘Pequod’. Também estão no elenco Harry Andrews (Stubb, o segundo imediato), Bernard Miles (o marinheiro colega de Ishmael), Royal Dano (o louco que profetiza o terrível destino do ‘Pequod’) e Orson Welles, numa participação especial como o Padre Mapple. Gregory Peck pegou emprestado um pouco da aparência do presidente Abraham Lincoln na composição do seu Ahab, com uma barba marcada por um filete grisalho que emenda numa longa cicatriz através do rosto. Enfim, o retrato da obsessão feita de carne, sangue e osso de baleia.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2004

"A PROFECIA" ("The Omen", 1976), de Richard Donner

Rating:★★★★
Category:Movies
Genre: Horror


Direção: Richard Donner
Roteiro: David Seltzer, baseado no seu romance homônimo
Produção: Harvey Bernhard, Mace Neufeld, Charles Orme / 20th Century Fox
Fotografia: Gilbert Taylor
Montagem: Stuart Baird
Música: Jerry Goldsmith
Direção de Arte: Carmen Dillon, George Richardson
Elenco: Gregory Peck, Lee Remick, David Warner, Billie Whitelaw, Leo McKern, Harvey Stephens, Patrick Troughton, Martin Benson, Holly Palance, John Stride, Nicholas Campbell, Bruce Boa

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Quando os judeus voltarem a Zion
E um cometa preencher o céu
E o Santo Império Romano se levantar,
Então você e eu devemos morrer.

Do Mar Eterno ele vai se levantar,
Criando exércitos em cada margem,
Virando cada homem contra seu irmão
Até que o homem não mais exista.


(Padre Brennan, citando o Livro do Apocalipse de São João)

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David Warner, outro dos meus cult-atores, me remete diretamente a este clássico de terror dos anos 70. Baseado no livro de David Seltzer, com roteiro do próprio e direção do ótimo Richard Donner, “A Profecia” veio no vácuo do sucesso de “O Exorcista”, contando a história do nascimento do Anti-Cristo. O embaixador norte-americano em Londres, Robert Thorn (Gregory Peck), recebe a notícia de que seu filho recém-nascido morreu no parto e adota uma criança, que nasceu na mesma hora que seu filho e cuja mãe morreu, sem que sua esposa Katherine (Lee Remick) saiba. Assim Damien Thorn (Harvey Stephens) cresce feliz. Porém coisas estranhas começam a acontecer quando ele completa um ano: sua babá (Holly Palance, filha do ator Jack Palance) se enforca diante de todos durante a festa de aniversário, ele tem um ataque de pânico ao ser levado a uma igreja, provoca o caos entre os animais de um zoológico. Um padre perturbado (Patrick Troughton, que já foi o Doutor Who) procura o embaixador dizendo que presenciou o nascimento de Damien e que ele precisa ser morto. Thorn o expulsa do seu gabinete e o fotógrafo Keith Jennings (David Warner) tira fotos do padre, que mais tarde se revelam bastante estranhas e terrivelmente proféticas. Uma nova babá, a srta. Baylock (Billie Whitelaw), se apresenta na mansão dos Thorn e passa a tomar conta do pequeno Damien, com ajuda de um sinistro cão rotweiller. Aos poucos o terror vai se instaurando nesse cenário, e o destino dos personagens é selado por forças do próprio Inferno, até o final surpreendente e fora dos padrões de Hollywood. Oscar de melhor trilha sonora para Jerry Goldsmith, indicado também para melhor canção, “Ave Satani”.

Um dos três filmes que mais me senti frustrado em não poder assistir no cinema por causa da censura, “A Profecia” foi um marco cinematográfico da década de 70 e da minha vida. O filme foi alardeado como o grande sucessor de “O Exorcista”, e mais assustador que ele. Lembro que fez muito sucesso de crítica e de bilheteria na época.

Minha mãe e duas primas foram ver na semana de estréia, no cine Palácio, no passeio público, aqui perto de casa, e as três saíram assustadíssimas do cinema. E eu fiquei em casa, roendo minhas unhas de inveja delas. Tive que me contentar em ler a sátira da revista MAD e o livro de David Seltzer, que devorei aos 11 anos de idade. Lembro que fui numa festa com meus pais e o livro debaixo do braço. Como era uma festa de gente mais velha, me aboletei numa poltrona e enfiei meu nariz no livro. A anfitriã, amiga dos meus pais, ficou chocada com “o tipo de leitura que eles permitiam que eu lesse naquela idade”.

Também foi um dos discos de trilha sonora que mais me deu trabalho em conseguir, e se tornou uma das minhas duas trilhas favoritas de todos os tempos, ao lado de “Tubarão” de John Williams.

Gosto muito das duas continuações também (especialmente a trilha do segundo filme, mais assustadora que a do original!), porém “A Profecia” continua sendo um marco dentre os filmes de horror que tem o Diabo como tema.

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NOTA: Para quem costuma aparecer aqui e ainda não notou, estou tentando postar o máximo de CARTAZES ORIGINAIS BRASILEIROS dos filmes que comento. Tenho um bom arquivo de press-releases, cartazes, folhetos e postais de filmes, principalmente dos anos 70 e 80, e estou escaneando esse material para ativar a memória de quem viu esses filmes no cinema nos respectivos lançamentos. Portanto ao invés de “Magic”, “Midnight Express” ou “The Omen”, vocês podem ver aqui “Um Passe de Mágica”, “O Expresso da Meia-Noite” e “A Profecia”. Espero estar contribuindo assim para a memória do cinema no Brasil na internet.