Ao contrário da obra de Edgar Allan Poe, que foi largamente adaptada para o cinema, poucos contos de H. P. Lovecraft ganharam versões em celulóide, e os poucos que conseguiram não têm muita relevância (com raras e louváveis exceções).
Há algum tempo vem se falando de uma adaptação do clássico conto Nas Montanhas da Loucura pelo cineasta mexicano Guillermo Del Toro. Ambientado na Antártida e com a apresentação de algumas famosas entidades lovecraftianas, como os shoggoths e os old ones, o longo conto é um dos mais aclamados pelos fãs de Lovecraft. Hoje o site Omelete anunciou a retomada do projeto pelo enfant terrible Del Toro.
Guillermo Del Toro comenta adaptação de livro de Lovecraft
Agora o cineasta diz que tem novos planos para Nas montanhas da loucura, cujo roteiro ele já começara a escrever com Matthew Robbins, seu parceiro em Mutação (Mimic, 1997). Em entrevista ao IGN, Del Toro contou que o filme pode ser seu próximo, assim que ele terminar Hellboy 2: The Golden Army, cuja filmagem começa em janeiro.
"Nas Montanhas da Loucura é um projeto que mantenho há anos. Se conseguir um espaço na agenda eu prefiro fazê-lo imediatamente, para não esfriar o ânimo. Mas tudo sempre depende de vários fatores - criativos, pessoais... -, e sempre que eu prevejo qual será meu próximo filme ele não acontece", diz.
Em Nas Montanhas da Loucura, somos apresentados a uma expedição universitária que descobre fósseis de criaturas desconhecidas e rochas entalhadas com milhões de anos de idade, bem no meio da imensidão gelada da Antártida. O achado é apenas o início de algo muito maior e mais aterrador, um evento que muda o entendimento dos humanos sobre o planeta e suas próprias vidas.
Del Toro disse uma vez que o filme seria o seu Titanic, tão grandioso quanto. Agora já se preocupa com a estrutura. "Os pinguins albinos, a cidade gigante... O duro do livro é que baseia muito no registro da expedição, uma narrativa brilhante, um pouco seca, mas não é muito centrada nos personagens. Muitos deles você só conhece lendo outros livros de Lovecraft", diz.
"É preciso criar uma dinâmica entre personagens e um arco de história que não estão no livro. O horror também é ambíguo no livro e mantido aberto até o final. No filme dá até para você capturar a atmosfera, mas daí você precisa de um clímax", compara. "No livro o que vale no clímax é o que você não vê. E isso, não mostrar nada, vai contra toda a essência do showbiz."
O diretor diz que o processo de criação do filme, até agora, "tem sido bom, o melhor que podemos fazer quando se adapta Lovecraft". Mas não é um projeto fácil, em suas próprias palavras.