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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

“CONTOS DO ALÉM” (“Tales From the Crypt”, 1972), de Freddie Francis

Rating:★★★
Category:Movies
Genre: Horror
Direção: Freddie Francis
Roteiro: Milton Subotsky, baseado nas histórias em quadrinhos das revistas “Tales From The Crypt” e “The Vault of Horror”, de Bill Gaines, Al Feldstein e Johnny Craig
Produção: Milton Subotsky, Max Rosenberg, Charles W. Fries / Amicus Productions
Fotografia: Norman Warwick
Montagem: Teddy Darvas
Música: Douglas Gamley
Direção de Arte: Tony Curtis
Elenco: (história de moldura) Sir Ralph Richardson, Geoffrey Bayldon (episódio "ALL THROUGH THE HOUSE") Joan Collins, Chloe Franks, Martin Boddey, Oliver MacGreevy (episódio “REFLECTION OF DEATH”) Ian Hendry, Angela Grant, Susan Denny, Paul Clere, Sharon Clere, Frank Forsyth (episódio “POETIC JUSTICE”) Peter Cushing, Robin Phillips, David Markham, Edward Evans, Robert Hutton (episódio “WISH YOU WERE HERE”) Richard Greene, Barbara Murray, Roy Dotrice, Hedger Wallace, Peter Thomas (episódio “BLIND ALLEYS”) Nigel Patrick, Patrick Magee, Tony Wall, Harry Locke, George Herbert, Carl Bernard, Ernest C. Jennings, John Barrard


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Guardião da cripta: “E agora... quem é o próximo?” (se vira para a câmera) “talvez... VOCÊ?”

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Sem trocadilhos, Peter Cushing é um dos maiores monstros sagrados do cinema de horror. Ao lado de Christopher Lee, Vincent Price, Boris Karloff, Lon Chaney Jr., Bela Lugosi e Peter Lorre, ele é um daqueles nomes que quando alguém ouve, imediatamente associa ao gênero. Começou sua carreira fazendo Shakespeare no teatro inglês e no cinema, mas foi no laboratório do Dr. Frankenstein e carregando sua valise preta, crucifixo e estaca de madeira de Dr. Van Helsing que Cushing se tornou mais conhecido do público. Além da Hammer Films, ele também trabalhou em vários filmes da Amicus Productions, tanto em papéis de vítima como de monstro. Aqui em “Contos do Além” ele é os dois.

Buscando novas fontes para seus filmes de terror em episódios, os produtores Milton Subotsky e Max Rosenberg, acabaram encontrando os macabros gibis de terror da Editora EC Comics, de William Gaines, banidos pelo macarthismo puritano e cultuados por várias gerações de adolescentes. A fórmula das histórias de Gaines era simples: criaturas monstruosas e situações grotescas serviam como pano de fundo da velha moral do crime e castigo. Uma sutil variação do batido “o bem sempre triunfa sobre o mal”, os gibis criados por Bill Gaines, Al Feldstein, Jack Davis, Johnny Craig e tantos outros artistas brilhantes ensinavam que “quem comete um crime, um erro, um adultério, uma traição ou algo que o valha deve ser exemplarmente punido. De preferência da forma mais cruel e assustadora possível”. E as histórias das revistas “Tales From the Crypt”, “The Vault of Horror” e “Haunt of Fear” fizeram os olhos dos produtores da Amicus brilhar.

Durante uma visita guiada por um mosteiro em ruínas, cinco pessoas se vêem encurraladas numa câmara mortuária. Surge então misteriosamente um monge, guardião da cripta (Sir Ralph Richardson), e mostra a eles o que poderá ser o futuro próximo de cada um ali presente. Em "All Through the House" uma mulher (Joan Collins) mata o marido na véspera de Natal, enquanto um assassino louco vestido de Papai Noel está à solta nas redondezas e a filhinha do casal espera ansiosamente pela chegada do bom velhinho. Em “Reflection of Death” um homem (Ian Hendry) abandona a família para ficar com a amante, mas os dois sofrem um grave acidente na estrada e as conseqüências podem ser mais macabras do que um pesadelo ao volante. Em “Poetic Justice” um perverso jovem (Robin Phillips) faz todos os vizinhos se voltarem contra um pobre e bondoso velhinho (Peter Cushing) apenas para conseguir a propriedade dele. Angustiado, este se mata, porém o destino reserva algo muito pior para o jovem conspirador. Em “Wish You Were Here” um milionário falido (Richard Greene) e sua esposa invocam os três desejos dados por uma estatueta oriental, mas assim como no conto “A Pata do Macaco” (citado na história), os desejos podem tanto trazer a vida eterna como a danação eterna. E em “Blind Alleys” o administrador de um lar para cegos (Nigel Patrick) recebe o troco pelos tratamentos cruéis que dá a seus asilados (liderados por Patrick Magee) de uma forma totalmente inusitada, calculada e sanguinolenta.

Desta vez o compositor Douglas Gamley escolheu a célebre Tocata e Fuga em Ré Menor de Johan Sebastian Bach para abrir o filme e dar o clima dos contos. Como na grande maioria dos filmes da Amicus, no final o narrador – neste caso o guardião da cripta – se volta para o público e o convida a entrar no pesadelo dos personagens.

E assim eu também termino este pequeno passeio de três filmes pelos labirintos de episódios de horror da “prima pobre” da Hammer Films, a competente e talentosa Amicus Productions. Como diz o livro que conta a história da produtora, “Amicus, the Studio That Dripped Blood”.


terça-feira, 31 de janeiro de 2006

“ASILO DO TERROR” (“Asylum”, 1972), de Roy Ward Baker

Rating:★★★
Category:Movies
Genre: Horror
Direção: Roy Ward Baker
Roteiro: Robert Bloch
Produção: Milton Subotsky, Max Rosenberg, Gustave M. Berne / Amicus Productions
Fotografia: Denys N. Coop
Montagem: Peter Tanner
Música: Douglas Gamley, inspirado em Modest Mussorgsky
Direção de Arte: Tony Curtis
Elenco: (história de moldura) Robert Powell, Patrick Magee, Geoffrey Bayldon, Sylvia Marriott, Tony Wall (episódio “FROZEN FEAR”) Barbara Parkins, Sylvia Syms, Richard Todd (episódio “THE WEIRD TAYLOR”) Barry Morse, Peter Cushing, Anne Firbank, Daniel Jones, John Franklyn-Robbins (episódio “LUCY COMES TO STAY”) Charlotte Rampling, Britt Ekland, James Villiers, Megs Jenkins (episódio “MANNIKINS OF HORROR”) Herbert Lom


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Dr. Rutheford: “Nunca dê as costas a um paciente.”

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Dr. Martin: “Trabalhar com pessoas mentalmente perturbadas pode levar a um colapso nervoso.”

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Robert Bloch é famoso por ter escrito o romance “Psicose”, base do maior sucesso cinematográfico de Hitchcock, porém desde os anos 40 ele escreveu contos e romances importantes no gênero fantástico, como “A Echarpe”, “O Psicopata” (romances, publicados no Brasil pela Editora Record), “Yours Truly, Jack the Ripper” e “The Skull of Marquis de Sade” (contos). Correspondente do mestre H. P. Lovecraft na juventude, Bloch sempre se notabilizou na literatura de horror, e chegou a escrever roteiros para a TV e o cinema. Por isso a Amicus o contratou para escrever alguns de seus filmes de episódios. “As Torturas do Dr. Diábolo”, “A Casa Que Pingava Sangue” e este “Asilo do Terror” estão entre os mais notáveis.

Chegando ao lúgubre sanatório Dunsmoor para uma entrevista, o Dr. Martin é informado de que o diretor, Dr. Starr, enlouqueceu. O Dr. Rutheford submete Martin a um teste para o emprego: deve visitar vários internos no andar superior do asilo e descobrir qual deles é o Dr. Starr. Martin então, guiado pelo enfermeiro-chefe Max, entrevista a jovem Bonnie, que lhe conta ter sido atacada pela esposa esquartejada do seu amante (“Frozen Fear”), o alfaiate Bruno, que afirma ter sido contratado para fazer um estranho terno para ressuscitar os mortos (“The Weird Taylor”), a viciada Barbara, que jura que sua amiga imaginária Lucy matou seu irmão (“Lucy Comes to Stay”), e o médico Dr. Byron, que faz pequenos robôs com entranhas humanas dotados de consciência (“Mannikins of Horror”).

A trilha sonora de Douglas Gamley usa trechos clássicos de “Uma Noite no Monte Calvo” e “Quadros de uma Exposição”, do músico russo Modest Mussorgsky.

Lembro que assisti ao “Asilo do Terror” por volta de 1979 num sábado à noite na Globo, e fiquei várias noites sem dormir direito por causa da primeira história, da mulher esquartejada que volta a vida. E estranhamente associei este filme à canção “Here Comes the Sun” dos Beatles, aparentemente sem nenhum motivo lógico. Só sei que até hoje quando escuto a música lembro do asilo e sinto arrepios. Anos mais tarde achei a adaptação literária em pocket book da Bantam Books num sebo no Centro da Cidade, com algumas fotos do filme. Talvez o “Asilo do Terror” seja o filme da Amicus que mais me impressionou na vida, e por causa dele passei a perseguir outros filmes da não tão famosa concorrente da Hammer.


“A CASA QUE PINGAVA SANGUE” (“The House That Dripped Blood”, 1970), de Peter Duffell

Rating:★★★
Category:Movies
Genre: Horror
Direção: Peter Duffell
Roteiro: Robert Bloch, Russ Jones (no episódio “WAXWORKS”)
Produção: Milton Subotsky, Max Rosenberg, Paul Ellisworth, Gordon Westcourt / Amicus Productions
Fotografia: Ray Parslow
Montagem: Peter Tanner
Música: Michael Dress
Direção de Arte: Tony Curtis
Elenco: (história de moldura)John Bryans, John Bennett, John Malcolm (episódio “METHOD FOR MURDER”) Denholm Elliott, Joanna Dunham, Tom Adams, Robert Lang (episódio “WAXWORKS”) Peter Cushing, Joss Ackland, Wolfe Morris (episódio “SWEETS TO THE SWEET”) Christopher Lee, Nyree Dawn Porter, Chloe Franks (episódio “THE CLOAK”) Jon Pertwee, Ingrid Pitt, Geoffrey Bayldon


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Sgto. Martin: “Houve outro inquilino antes dele. E uma nova desgraça. De um outro tipo. Não como as outras. Não exatamente como as outras. É aquela casa. Há alguma coisa com ela.”

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Apesar de ser o mais famoso Drácula do cinema, Christopher Lee também já foi vítima de forças sobrenaturais. Não se deixe enganar pelo título “A Casa Que Pingava Sangue”, pois além de alguns vampiros, um serial killer, uma bruxa e duas decapitações, o filme está longe dos corriqueiros banhos de sangue dos filmes de "terror" (???) dos anos 80 e 90. Este é um dos clássicos filmes de terror em episódios que tornaram a produtora inglesa Amicus a principal concorrente da famosa Hammer Films. O estilo gótico é bem típico dos filmes de terror da virada dos anos 60 para os 70. Ótimos atores, histórias bizarras que geralmente envolvem o sobrenatural, o crime e/ou a loucura, roteiros de Robert Bloch (importante escritor de horror, mais conhecido pelo livro “Psicose”, que serviu de base para o filme de Alfred Hitchcock), direção de arte e figurinos bem datados e uma trilha sonora lúgubre e que ajuda a criar o clima de medo.

O filme tem quatro episódios e o que os costura é um inspetor da Scotland Yard que procura por um ator de filmes de terror desaparecido após alugar a casa do Sr. Stoker (referência óbvia ao autor de “Drácula”). Na delegacia mais próxima, o chefe de polícia conta a ele outros casos estranhos que ocorreram em relação à casa. A primeira história (“Method for Murder”) mostra um escritor de romances de horror assombrado por um serial killer que ele mesmo criou em seu último livro. A segunda (“Waxworks”) mostra dois velhos amigos obcecados pela estátua de cera de uma mulher por quem ambos foram apaixonados na juventude. A terceira (“Sweets to the Sweet”) apresenta um pai austero e rígido que se muda para a casa com a filha e uma babá que não entende o real motivo de tanta severidade por parte do pai: medo da filha, que supostamente é uma bruxa. E a última (“The Cloak”), que finalmente fala do velho ator de filmes de horror que começa a se sentir estranho após adquirir uma capa de vampiro num antiquário pouco antes deste fechar.

Este – e vários filmes da Amicus Productions – é um dos filmes de terror que mais reprisaram nos anos 70 e 80 nos Corujões, Sessões de Gala e Festivais de Sucesso da Rede Globo e posteriormente na Rede Bandeirantes e fizeram a alegria de crianças ávidas por histórias assustadoras daquela época.


segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

“HORROR DE DRACULA” (“Dracula”, 1958), de Terence Fisher

Rating:★★★
Category:Movies
Genre: Horror
Direção: Terence Fisher
Roteiro: Jimmy Sangster, baseado no livro “Drácula” de Bram Stoker
Produção: Michael Carreras, Anthony Hinds, Anthony Nelson Keys / Hammer Films
Fotografia: Jack Asher
Montagem: Bill Lenny, James Needs
Música: James Bernard
Direção de Arte: Bernard Robinson
Elenco: Christopher Lee, Peter Cushing, Michael Gough, Carol Marsh, Melissa Stribing, John Van Eyssen, Olga Dickie, Charles Lloyd Pack, Valerie Gaunt

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Conde Dracula: “I am Dracula and I welcome you to my house. I must apologize for not being here to greet you personally, but I trust you've found everything you needed.”

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Dr. Van Helsing: "The victims constantly desist being dominated by vampirism, but are unable to relinquish the practice similar to addiction to drugs."

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Michael Gough já foi o perverso Emeric Belasco embalsamado de “A Casa da Noite Eterna” e hoje é mais conhecido como o mordomo Alfred dos “Batmans” de Tim Burton. Mas em outros tempos ele conheceu de perto o legítimo homem-morcego: o Conde Drácula, o mais famoso e temido de todos os vampiros. “Horror de Drácula” (título no Brasil e nos EUA, pois na Inglaterra se chamou apenas “Dracula”, informação que só fiquei sabendo AGORA graças à minha amiga Ana Paul – anapaul.multiply.com – apesar de quatro décadas estudando o vampirismo) foi o primeiro filme com o temível Conde produzido pela lendária produtora inglesa Hammer Films. Também foi o primeiro filme colorido de vampiro que se tem notícia. E foi a estréia de Christopher Lee na pele gelada do Conde Drácula.

Aproveitando o mesmo time do sucesso de “The Curse of de Frankenstein” do ano anterior (o diretor Terence Fisher, o roteirista Jimmy Sangster e a dupla de astros Lee e Cushing), a Hammer Films embarcou de mala e cuia para a Transilvânia, apostando no sucesso. E ele veio, sem precisar pedir licença para entrar, como um vampiro. O filme foi um grande sucesso de público, apesar da crítica considerá-lo pesado e forte demais. Para as platéias de hoje talvez fosse considerado lento e caricato demais. Porém, para quem busca o horror tradicional e ainda sente medo imaginando o que pode estar escondido debaixo da cama, “Horror de Drácula” é uma festa.

Mesmo não sendo fiel ao livro de Bram Stoker (a ação se passa quase toda na Alemanha, os personagens do Dr. Seward e de Jonathan Harker são relegados a segundo pano e Renfield simplesmente foi esquecido), o filme rendeu uma série de continuações, a grande maioria com Christopher Lee como Drácula e Peter Cushing como seu nêmesis Van Helsing: “As Noivas de Drácula” (60, com Cushing, sem Lee), “Drácula, o Príncipe das Trevas” (66), “Dracula Has Risen From the Grave” (68), “Taste the Blood of Dracula” (69), “Scars of Dracula” (70, todos estes com Lee e sem Cushing), “Dracula – A.D. 1972” (72) e “Ritos Satânicos de Drácula” (73, ambos com Lee e Cushing novamente).

Para quem é admirador de filmes de terror e acompanha a trajetória da Universal, da American International Pictures, da Hammer e da Amicus, uma coisa é certa. Assim como nunca houve uma mulher como Gilda, nunca houve um Dr. Van Helsing como Peter Cushing. E principalmente – os fãs de Bela Lugosi, Frank Langella ou Gary Oldman que me desculpem mas – nunca houve um Conde Drácula como Christopher Lee.