sábado, 21 de maio de 2005

"GUERRA NAS ESTRELAS" E A POLÍTICA BUSH


 


"GUERRA NAS ESTRELAS" DISCUTE OS LIMITES DA DEMOCRACIA E MOSTRA A TRAJETÓRIA DE UM MESSIAS RENEGADO
*Jamari França - Globo Online*

RIO - Os efeitos espetaculares e abundantes cenas de batalhas e duelos dos seis episódios desviam a atenção do verdadeiro tema da série "Guerra nas Estrelas", muito pertinente para países do Terceiro Mundo: como uma democracia pode perecer nas mãos de conspiradores que usam a liberdade como arma para derrubar a própria democracia. Até onde devem ir estas liberdades sem que as instituições sejam ameaçadas. No "Episódio III", quando o Senado vota por aclamação para que a República vire um império e o chanceler Palpatine seja o imperador, a senadora Pamdé Amidala exclama: "é assim que a liberdade morre, debaixo de estrondosos aplausos".

Nos Estados Unidos, o filme ultrapassou a categoria de diversão e causou polêmica política por conta de algumas falas, como a de Padmé e a de Anakin, já convertido ao mal, quando confronta seu antigo mestre Obi Wan Kenobi. "Se você não está comigo, então é meu inimigo," diz ele, uma frase que analistas americanos compararam ao "se você não está do nosso lado, está contra nós na guerra ao terrorismo," proferida pelo presidente George Bush quando decretou a guerra ao Iraque como parte de sua cruzada anti-terrorista após o 11 de setembro.

George Lucas alertou que o script original é da época da guerra do Vietnã, os anos 70, com o também republicano Richard Nixon na presidência. Foi um período em que o governo violou as liberdades democráticas, reprimiu protestos com o uso da força e perseguiu oponentes políticos, entre eles o ex-beatle John Lennon. Lucas considera o tema pertinente ainda hoje."Os paralelos entre o que fizemos no Vietnã e no Iraque são inacreditáveis", afirmou. Ele teve a sensação desconfortável de que os Estados Unidos estavam abrindo mão de seus ideais democráticos.

Sem citar o nome de Bush, Lucas mandou uma outra indireta ao se referir à transformação de Anakin em Darth Vader. "A maior parte dos maus se acham bons." Em nome do combate ao terrorismo, o governo Bush criou uma legislação de segurança interna, aprovada pelo Congresso, que permite ao governo uma interferência inédita na vida dos cidadãos, comparada por muitos ao big brother de George Orwell em "1984". As ditaduras latino-americanas foram impostas a pretexto de se salvar a democracia, até hoje uma neófita entre nós. O governo venezuelano anda abusando das "liberdades democráticas" em nome de salvar a democracia. O conflito entre siths totalitários e jedis democratas continua. O tema é atual e está em aberto.


Outra leitura interessante de "Guerra nas Estrelas" envolve um ''escolhido'' que nasceu de uma virgem para restabelecer o equilíbrio da Força (que ninguém explica direito o que é), passa para o lado do mal, massacra milhões, impõe um domínio sobre a galáxia a ferro e fogo e, no fim, é redimido pelo amor paternal. É exatamente o que acontece com Anakin Skywalker/Darth Vader. No ''Episódio I'', ele é um menino escravo no planeta Tatooine e sua mãe revela que ele foi concebido sem pai. O jedi Qui Gon Jinn explica que ele foi gerado pelos midchlorians, microcriaturas que concentram o poder da força e, no caso, criaram o messias, esperado na profecia dos jedis. Ao mesmo tempo em que mostra ser uma criança de extraordinários poderes, vencendo uma corrida de pods contra marginais perigosos com nove anos de idade, ele crescerá demonstrando qualidades negativas de ódio e egocentrismo, tudo que os jedis condenam dentro de princípios que lembram o budismo, no desapego a bens materiais, anulação do ego e controle dos sentimentos humanos, incluindo a sexualidade.

Anakin vai na direção contrária: ele percebe seus poderes e se vangloria deles, é indisciplinado, age na base dos sentimentos em vez da razão, características do lado sombrio da força, como lhe repete sempre seu mestre Obi-Wan Kenobi. E vive 'em pecado', já que um jedi não pode ter uma companheira, com a senadora Padmé Amidala, sua paixão de infância, a quem conheceu quando ela esteve em Tatooine no "Episódio I", começou a namorar e casou no "Episódio II".

Em "A Vingança dos Sith", o amor por Amidala tem papel preponderante no desvio de Anakin para o lado sombrio da Força. Ele tem um sonho premonitório de que ela morrerá no parto, sem saber que ele será o causador da morte por sua opção pelo mal, daí se empenha em conseguir algo que a salve. E o chanceler Palpatine/Darth Sidious explora habilmente o desespero dele, além de levá-lo a exacerbar seu lado negativo até convertê-lo em Darth Vader, o messias renegado. Como todo vilão do cinema ele morre no final, mas se redime salvando o filho, Luke, matando o imperador e restabelecendo o equilíbrio da Força.


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Depois desse texto, soube que os republicanos norte-americanos estão agitados, tentando boicotar o filme de qualquer maneira. Parece que a carapuça do Imperador Palpatine e seu Império galático caiu-lhes perfeitamente bem.


E ainda tem gente preconceituosa que acha que "Guerra nas Estrelas" é apenas coisa de criança... ai, ai...


 

7 comentários:

  1. tentaram fazer análises semelhantes pro Cruzada do Ridley Scott.
    Colocado na parede, ele disse que queria fazer um filme sobre um assunto que o interessava muito. E nada mais!

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  2. mas que o Palpatine é o novo papa, ah, isso é!

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  3. Bem, então tio Lucas é mais direto e irônico do que eu imaginava. Porque nas entrelinhas ele assume a crítica ao governo Bush. ;-)

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  4. Palpatine veio antes, Ana, há mais de vinte anos. Quer dizer, tio Lucas, com seus poderes jedi, já tinha previsto o Bento 16... hehehe!

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  5. O Scott negou tudo!!!
    Assume! Assume!

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  6. ai pessoa, apesar de tudo, amo esse filme hahahhahahah

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  7. Eu amo a saga toda, Rocca! Desde os meus 12 anos de idade. :-)))

    Beijos,
    Oz

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