
Rating: | ★★★★★ |
Category: | Movies |
Genre: | Horror |
Ao contrário da obra de Edgar Allan Poe, que foi largamente adaptada para o cinema, poucos contos de H. P. Lovecraft ganharam versões em celulóide, e os poucos que conseguiram não têm muita relevância (com raras e louváveis exceções).
Há algum tempo vem se falando de uma adaptação do clássico conto Nas Montanhas da Loucura pelo cineasta mexicano Guillermo Del Toro. Ambientado na Antártida e com a apresentação de algumas famosas entidades lovecraftianas, como os shoggoths e os old ones, o longo conto é um dos mais aclamados pelos fãs de Lovecraft. Hoje o site Omelete anunciou a retomada do projeto pelo enfant terrible Del Toro.
Guillermo Del Toro comenta adaptação de livro de Lovecraft
Agora o cineasta diz que tem novos planos para Nas montanhas da loucura, cujo roteiro ele já começara a escrever com Matthew Robbins, seu parceiro em Mutação (Mimic, 1997). Em entrevista ao IGN, Del Toro contou que o filme pode ser seu próximo, assim que ele terminar Hellboy 2: The Golden Army, cuja filmagem começa em janeiro.
"Nas Montanhas da Loucura é um projeto que mantenho há anos. Se conseguir um espaço na agenda eu prefiro fazê-lo imediatamente, para não esfriar o ânimo. Mas tudo sempre depende de vários fatores - criativos, pessoais... -, e sempre que eu prevejo qual será meu próximo filme ele não acontece", diz.
Em Nas Montanhas da Loucura, somos apresentados a uma expedição universitária que descobre fósseis de criaturas desconhecidas e rochas entalhadas com milhões de anos de idade, bem no meio da imensidão gelada da Antártida. O achado é apenas o início de algo muito maior e mais aterrador, um evento que muda o entendimento dos humanos sobre o planeta e suas próprias vidas.
Del Toro disse uma vez que o filme seria o seu Titanic, tão grandioso quanto. Agora já se preocupa com a estrutura. "Os pinguins albinos, a cidade gigante... O duro do livro é que baseia muito no registro da expedição, uma narrativa brilhante, um pouco seca, mas não é muito centrada nos personagens. Muitos deles você só conhece lendo outros livros de Lovecraft", diz.
"É preciso criar uma dinâmica entre personagens e um arco de história que não estão no livro. O horror também é ambíguo no livro e mantido aberto até o final. No filme dá até para você capturar a atmosfera, mas daí você precisa de um clímax", compara. "No livro o que vale no clímax é o que você não vê. E isso, não mostrar nada, vai contra toda a essência do showbiz."
O diretor diz que o processo de criação do filme, até agora, "tem sido bom, o melhor que podemos fazer quando se adapta Lovecraft". Mas não é um projeto fácil, em suas próprias palavras.
Dia 21 de outubro, das 10hs às 18hs, no Centro Cultural do Colégio Marista São José, na Rua Conde de Bonfim, 1067, Tijuca, Rio de Janeiro.
Estarei presente repetindo a palestra que fiz na JEDICON DF
PROGRAMAÇÃO DO EVENTO
10:00: Fanfilms clássicos;
12:00: Abertura (Vídeo de Abertura e apresentação dos Conselhos Jedi presentes (RJ, SP e DF);
12:20: Lançamento do DVD Shadows of the Empire Fanfilm;
12:30: Palestra - "O Destino da Força - O Making Of de um Fanfilm"
13:10: Apresentação da Expocoleções 2007 (com Dona Meia e Rod);
13:25: Sorteio 1;
13:30: Fanfilms 2006 Legendados;
14:00: Palestra - "Quando Star Wars se chamava Guerra nas Estrelas" (com Oswaldo Lopes Jr.);
14:55: Sorteio 2;
15:00: Fanfilms 2006 Legendados;
15:30: Palestra - "Guerra nas Estrelas: Verdades e Mentiras" (com Eduardo Miranda);
16:25: Sorteio 3;
16:30: Palestra com André Gordirro (tema a confirmar);
17:30: Concurso de Fantasias;
18:00: Encerramento Jedicon 2006.
Os ingressos serão vendidos na bilheteria do local, e custarão R$10,00 + 1kg de alimento não-perecível.
Menores de 10 anos e membros que possuem a carteirinha de sócio do Conselho Jedi Rio pagam meia-entrada.
SERVIÇO
A JediCon 2006 RJ será realizada no Centro Cultural do Colégio Marista São José, na Tijuca, Rio de Janeiro.
Endereço: Rua Conde de Bonfim, 1067.
Horário: 10h às 18h.
O local é de fácil acesso por metrô, ônibus ou carro.
Metrô: compre o Bilhete Metrô-Ônibus Expresso, desça na estação Saens Peña e pegue o ônibus integração 220A - Saens Peña-Usina, que passa em frente ao Colégio Marista.
Ônibus: Tijuca - Pça. Saens Peña - 220, 636
Centro - 220, 221, 229, 415
Zona Sul - Botafogo, Copacabana - 415, 426
Zona Sul - Ipanema, Leblon - 415
Zona Oeste - Barra da Tijuca - 225, 233, 234
Zona Oeste - Jacarepaguá - 636
Baixada - Caxias - Caxias-Usina (Fábio's)
Mais um Festival do Rio terminou. Mais de 440 de filmes de dezenas de países exibidos em duas semanas, em mais de 25 salas de exibição. Mais de 100 convidados internacionais. Mais uma vez eu trabalho no site oficial - http://www.festivaldorio.com.br - como redator, fazendo resenhas de filmes, entrevistando convidados nacionais e internacionais.
Este ano assisti apenas 14 filmes (ano passado vi 30), entrevistei as atrizes Irène Jacob ("A Dupla Vida de Veronique" e "A Fraternidade é Vermelha") e Charlotte Rampling ("Os Deuses Malditos", "O Porteiro da Noite", "Memórias", "Swimming Pool"). Bati papo com o cineasta espanhol Carlos Saura ("Cria Cuervos", "Bodas de Sangue"), com o cineasta gaúcho Otto Guerra (autor do primeiro longa-metragem de animação com personagens do Angeli) e com o cineasta pernambucano Marcelo Gomes, que acabou de ter o seu ótimo "Cinema, Aspirinas e Urubus" indicado ao Oscar; entre outros. Abaixo, a lista dos filmes que assisti no Festival:
GOSTEI MUITO DE...
"Quelques Jours en Septembre" ("Quelques Jours en Septembre", 2006, Itália/França/Portugal), de Santiago Amigorena, com Juliette Binoche, John Turturro, Nick Nolte, Sara Forestier e Tom Riley.
"O Ilusionista" ("The Illusionist", 2006, EUA), de Neil Burger, com Edward Norton, Jessica Biel, Paul Giamatti, Rufus Sewell, Eddie Marsan.
"O Labirinto do Fauno" ("El Laberinto del Fauno", 2006, Espanha/México), de Guillermo del Toro, com Ariadna Gil, Ivana Baquero, Maribel Verdú, Sergi López, Doug Jones.
"The Host" ("Gue-Mool", 2006, Coréia do Sul), de Bong Joon-Ho, com Byun Hee-Bong, Song Kang-Ho, Park Hae-Il, Bae Doo-Na, Ko A-Sung.
"Dália Negra" ("The Black Dahlia", 2006, Alemanha), de Brian De Palma, com Josh Hartnett, Scarlett Johansson, Aaron Eckhart, Hilary Swank, Gregg Henry, William Finley.
"Volver" ("Volver", 2006, Espanha), de Pedro Almodóvar, com Penélope Cruz, Carmen Maura, Lola Dueñas, Blanca Portillo, Yohana Cobo, Chus Lampreave.
GOSTEI DE...
"Crônica de uma Fuga" ("Crónica de una Fuga", 2006, Argentina), de Israel Adrián Caetano, com Rodrigo de la Serna, Pablo Echarri, Nazareno Casero, Lautaro Delgado.
"Fuga" ("Fuga", 2006, Chile), de Pablo Larraín, com Benjamín Vicuña, Gastón Pauls, María Izquierdo.
"A Fonte da Vida" ("The Fountain", 2006, EUA), de Darren Aronofsky, com Hugh Jackman, Raschel Weisz e Ellen Burstyn.
"As Torres Gêmeas" ("World Trade Center", 2006, EUA), de Oliver Stone, com Nicholas Cage, Michael Peña, Maria Bello, Maggie Gyllenhaal.
"A Educação das Fadas" ("La Educación de las Hadas", 2006, Espanha), de José Luis Cuerda, com Irène Jacob, Ricardo Darín, Bebe, Víctor Valivia.
"Desilusões" ("Dimionot", 2004, Israel), de Nimrod Koren-Etzion e Saar Lachmi, com Osnat Hakim, Ricky Blich, Itay Barnea, Dalia Shimko.
"Sangue Puro" ("Pura Sangre", 2006, Argentina/Espanha), de Leo Ricciardi, com Oscar Alegre, Maria Galiana, Fernando Peña, Norma Aleandro, Ana Fernández.
NÃO GOSTEI DE...
"La Perrera" ("La Perrera", 2006, Uruguai/Argentina/Canadá/Espanha), de Manolo Nieto, com Pablo Riera, Martin Adjemian, Sergio Gorfain, Sofia Dabarca.
Recebi esse texto de uma grande amiga, jornalista especializada em política nacional e internacional. Quem me conhece sabe que eu sempre votei no PT, no PCdoB e na esquerda em geral. Mas depois desse governo desgovernado e decepcionante do Lula eu não marco mais 13 pra presidente.
Porém o candidato concorrente, apesar de ser vendido muito adequadamente como um "picolé de chuchu" pela imprensa dominante e manipuladora, parece ter mais o gosto amargo do jiló. Por isso vale a pena ler o texto abaixo, mesmo sendo longo. Porque antes de ser longo é esclarecedor.
Mesmo que você não concorde, não podemos ficar restritos ao que a grande imprensa brasileira quer nos mostrar. Somente com mais conhecimento poderemos votar e não nos arrependermos, assumindo a responsabilidade por nossos votos. Seja lá em qual dos dois você vai votar, tem que saber quem ele é e ser responsável por isso.
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[Adital] Agência de Informação Frei Tito para a América Latina
19.09.06 - BRASIL
A OBSESSÃO AUTORITÁRIA DE ALCKMIN
Por Altamiro Borges *
(os grifos são meus)
Adital - Na sua propaganda eleitoral de rádio e televisão, o presidenciável Geraldo Alckmin tem se esforçado para negar a imagem do político de direita, autoritário e centralizador. Na biografia fabricada pelos alquimistas do marketing, garante que ingressou na política na luta contra a ditadura. No maior cinismo, afirma: "Eu sou de centro-esquerda, um social-democrata". Mas um rápido levantamento confirma que sua formação é realmente conservadora, com sinistras ligações com a seita fascista Opus Dei, e que a sua atuação como governador de São Paulo foi marcada pela criminalização dos movimentos populares, pela montagem de uma equipe excludente de tecnocratas, a "turma de Pinda", e pelo total desrespeito ao Poder Legislativo.
Natural de Pindamonhangaba, no interior de São Paulo, desde a infância ele conviveu em sua própria casa com políticos reacionários, alguns deles envolvidos na conspiração que resultou no golpe militar de 1964, e com simpatizantes do Opus Dei, seita religiosa que cresceu sob as bênçãos do ditador espanhol Francisco Franco. Seu pai militou na União Democrática Nacional (UDN), principal partido golpista deste período; um tio foi prefeito de Guaratinguetá pelo mesmo grupo; outro foi professor do Mackenzie, um dos centros da direita fascista.
Alckmin ingressou na política em 1972, convidado pelo antigo MDB para disputar uma vaga de vereador. Na ocasião, diante do convite formulado por seu colega do curso de medicina, José Bettoni, respondeu: "Mas meu pai é da UDN", talvez temeroso dos seus laços familiares com a ditadura.
BAJULADOR DA DITADURA MILITAR
Até hoje, Alckmin se gaba de ter sido um dos vereadores mais jovens do país, com 19 anos, e de ter tido uma votação histórica neste pleito - 1.147 votos (cerca de 10% do total). Mas, segundo o depoimento de Paulo de Andrade, presidente do MDB nesta época, outros fatores interferiram nesta sua eleição. O tio de Alckmin, José Geraldo Rodrigues, acabara de ser nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal pela ditadura. "Ele transferiu prestígio para o sobrinho". A outra razão era histórica. Geraldo é sobrinho-neto do folclórico político mineiro José Maria Alckmin, que foi o vice-presidente civil do general golpista Castelo Branco. "Ter um Alckmin no MDB era um trunfo [para o regime militar]', diz Andrade".
Tanto que o jovem vereador se tornou um bajulador da ditadura. Caio Junqueira, em um artigo no jornal Valor (03/04/06), desenterra uma carta em que ele faz elogios ao general Garrastazu Médici, "que tem se mostrado sensível aos problemas sociais, trabalhistas e previdenciários do que trabalham para a grandeza do Brasil". Como constata o jornalista, Alckmin sempre se manteve "afastado de qualquer movimento de resistência ao regime militar... Ao contrário das personalidades que viriam a ter fundamental papel em sua trajetória política, relacionava-se bem com o regime. O tom afável do documento encaminhado a Médici, sob cujo governo o Brasil viveu o período de maior repressão, revela a postura de não enfrentamento da ditadura militar, fato corroborado pelos relatos de colegas de faculdade e políticos que com ele atuaram".
HOMENAGEM AO OPUS DEI
Em 1976, Alckmin foi eleito prefeito da sua cidade natal por uma diferença de apenas 67 votos e logo de cara nomeou seu pai como chefe de gabinete, sendo acusado de nepotismo.
Ainda como prefeito, tomou outra iniciativa definidora do seu perfil, que na época não despertou muitas suspeitas: no cinqüentenário do Opus Dei, em 1978, ele batizou uma rua de Pinda com o nome de Josemaría Escrivá de Balaguer, o fundador desta seita fascista.
Na seqüência, ele foi eleito deputado estadual (1982) e federal (1986). Na Constituinte, em 1998, teve uma ação apagada e recebeu nota sete do Diap; em 1991, tornou-se presidente da seção paulista do PSDB ao derrotar o grupo histórico do partido, encabeçado por Sérgio Motta.
Em 1994, Mario Covas o escolheu como vice na eleição para o governo estadual. Já famoso por sua ação pragmática e de "rolo compressor", coube-lhe a função de presidente do Conselho de Desestabilização do Estado. As privatizações das lucrativas estatais foram feitas sem qualquer transparência ou diálogo com a sociedade - gerando várias suspeitas de negócios ilícitos.
Nas eleições para prefeitura da capital paulista, em 2000, obteve 17,2% dos votos, ficando em terceiro lugar. Com a morte de Mário Covas, em março de 2001, assumiu o governo e passou a mudar toda a sua equipe, gerando descontentamento até mesmo em setores do PSDB. Em 2002, Alckmin foi reeleito governador no segundo turno, com 58,6% dos votos.
A TURMA DE PINDA
Numa prova de sua vocação autoritária, um de seus primeiros atos no governo estadual foi a nomeação do delegado Aparecido Laerte Calandra - também conhecido pela alcunha de "capitão Ubirajara", que ficou famoso como um dos mais bárbaros torturadores dos tempos da ditadura - para o estratégico comando do Departamento de Inteligência da Polícia Civil.
Com a mesma determinação, o governador não vacilou em excluir os históricos do PSDB do Palácio dos Bandeirantes, cercando-se apenas de pessoas de sua estrita confiança e lealdade - a chamada "turma de Pinda". Atuando de maneira impetuosa e inescrupulosa, ele passou a preparar o terreno para impor sua candidatura à presidência da República no interior do partido.
Num artigo intitulado "Como a turma de Pinda derrotou os cardeais tucanos", o dirigente petista Joaquim Soriano descreve a postura excludente do ex-governador. "Alckmin nasceu em Pindamonhangaba, lá foi vereador e prefeito. Foi deputado estadual e federal. Foi vice de Covas, do qual se diz herdeiro. Herdou o governo e logo tratou de colocar a turma de Covas para fora. Ocupou os lugares com seus fiéis. Na turma do Alckmin não tem intelectuais nem economistas famosos, como é do gosto dos tucanos". Sua equipe é formada por pessoas sem tradição na história política nacional; é composta por tecnocratas subservientes. Esta conduta centralizadora é que explicaria, inclusive, a resistência de áreas do PSDB a sua candidatura.
GOVERNADOR TRUCULENTO
Como governador de São Paulo, Alckmin nunca escondeu sua postura autoritária. Sempre fez questão de posar como inflexível, como um governante avesso ao diálogo. Ele se gabava das suas ações "enérgicas" de criminalização dos movimentos sociais e de satanização dos grevistas. Não é para menos que declarou entusiástico apoio à prisão de José Rainha, Diolinda e outros líderes do MST no Pontal do Paranapanema; aplaudiu a violenta desocupação dos assentados no pátio vazio da Volks no ABC paulista e em outras ocupações de terras urbanas ociosas; elogiou a prisão do dirigente da Central dos Movimentos Populares (CMP), Gegê; e nunca fez nada para investigar e punir as milícias privadas dos latifundiários no estado.
Durante seu reinado, o sindicalismo não teve vez e nem voz. Ele se recusou a negociar acordos coletivos, perseguiu grevistas e fez pouco caso dos sindicalistas. Que o digam os docentes das universidades, que realizaram um das mais longas greves da história e sequer foram recebidos; ou os professores das escolas técnicas, que pararam por mais de dois meses, não foram ouvidos e ainda foram retalhados com 12 mil demissões.
"O governo estadual mantém a mesma política de arrocho salarial de FHC, com o agravante de reprimir, não só com a força policial, mas com diversos mecanismos arbitrários, o legítimo direito de greve dos servidores", protestou o ex-presidente da CUT, Luis Marinho, atual ministro do Trabalho.
A LINGUAGEM DA VIOLÊNCIA
Os avanços democráticos no país não tiveram ressonância no estado. Ele sabotou a implantação de fóruns de participação da sociedade, como o Conselho das Cidades, criados pelo governo Lula. O movimento de moradia promoveu vários atos criticando o desrespeito à Lei nº. 9.142, que prevê a aplicação de 10% do ICMS em casas populares, e exigindo a criação do Conselho Estadual de Desenvolvimento Habitacional. "Há mais de dois anos que o governador dá as costas para o movimento social e o movimento sem teto de São Paulo", criticou Benedito Barbosa, líder da CMP, durante um protesto em agosto de 2004. Veruska Franklin, presidente da Facesp, também condenou "o autoritarismo e a truculência de Geraldo Alckmin".
Avesso ao diálogo e à democracia, a única linguagem entendida pelo ex-governador é o da repressão dura e crua. Isto explica sua política de segurança pública, marcada pelo total desrespeito aos direitos humanos e que tornou o estado num grande presídio. Semanalmente, 743 pessoas são depositadas em penitenciárias superlotadas de São Paulo - já são 124 mil detentos para 95 mil vagas. Segundo relatório da Febem, o ex-governante demitiu 1.751 funcionários e, hoje, 6.500 menores vivem em condições subumanas, sofrendo maus-tratos. Nos últimos quatro anos, 23 adolescentes foram assassinados nestas escolas do crime, o que rendeu a Alckmin uma condenação formal da Corte Internacional da OEA. Dados da Unicef revelam que o Estado concentra as piores taxas de homicídios de jovens do país: 16,3 mil por ano ou 107 por dia.
A SUBMISSÃO DOS PODERES
Contando com forte blindagem da mídia, que reforçou a caricatura do governador como um "picolé de chuchu", insosso e anódino, Alckmin conseguiu submeter quase que totalmente o Poder Judiciário, que hoje está infestado de tucanos enrustidos, e garantir uma maioria servil no Poder Legislativo. Através de um artifício legal do período da ditadura militar, o atual "paladino da ética" abortou 69 pedidos de CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) na Assembléia Legislativa de São Paulo - destas, 37 tinham sido solicitadas para investigar irregularidades, fraudes e casos de corrupção da sua administração. Este abuso autoritário só recentemente foi superado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal, que considerou que o tal dispositivo fere o artigo 58, parágrafo 3º da Constituição e liberou a instalação das CPIs.
Como sintetiza o sociólogo Rodrigo Carvalho, no livrete "O retrocesso de São Paulo no governo tucano", Geraldo Alckmin marcou sua gestão pela forma autoritária como lidou com a sociedade organizada e pelo rígido controle que exerceu sobre os poderes instituídos e a mídia.
"Alckmin trata os movimentos sociais como organizações criminosas, não tem capacidade de dialogar e identificar as demandas da sociedade... Além disso, ele utilizou sua força política para impedir qualquer ação de controle e questionamento das ações do governo".
Esta conduta abertamente antidemocrática, que não nega sua formação política, é que "conquistou o respeito dos maiores industriais, banqueiros e latifundiários de São Paulo" e que o projetou para a disputa da presidência da República, derrotando inclusive alguns tucanos históricos.
* Jornalista, editor da revista Debate Sindical