quinta-feira, 6 de agosto de 2009

HÁ 64 ANOS... O MUNDO MUDOU

Todo dia 6 de agosto é a mesma coisa. Acordo num susto, pensando que está acontecendo alguma coisa errada. Algo que eu não vivi, que eu nunca presenciei, que eu não estava lá. Mas dessa vez não é um resíduo de vidas passadas como o R.M.S. Titanic ou o LZ-129 Hindenburg. Foi apenas por eu ter mergulhado tão fundo na pesquisa de uma história que escrevi há uns 15 anos atrás (e que começa aqui:http://ozlopesjr.multiply.com/journal/item/76 ) e que me marcou profundamente: o bombardeio atômico da cidade de Hiroxima no dia 6 de agosto de 1945, há exatos 64 anos atrás.

Às 8:15hs daquela manhã de céu azul, no meio daquele belo vale verdejante no sul do Japão, toda a Humanidade se transformou. O termo "arma de destruição em massa" surgiu, se fez real e jamais se mostrou tão terrível - nem antes nem depois daqueles dias (Nagasaki incluída) - em toda a História do Homem. 140 mil pessoas morreram, cerca de metade simplesmente desapareceram no ar, pulverizados pela bomba como que feitos de espuma de sabão quando sopradas pelo vento. Simples assim. Monstruoso assim. E outras tantas sofrendo ao longo de anos, com sintomas dolorosos de câncer e outras doenças, vindo a falecer pelos efeitos colaterais da radiação.

O trauma nuclear ficou entranhado na memória coletiva. Hoje, após a Guerra Fria, após a queda do Muro de Berlim e de muitas mudanças de governo de ambos os lados, depois de várias negociações de paz, o arsenal nuclear mundial caiu de algumas centenas de milhares para algumas dezenas. Hoje os poderosos só podem destruir nosso planeta, partir ao meio a crosta terrestre e esfacelar a Terra no espaço "apenas" algumas dezenas de vezes. Grande evolução a nossa!

O que mais mudou? Em escala menor a violência se sofisticou, a corrupção ficou mais velada, a arrogância e a disfaçatez de quem detém o poder cresceu, a insensibilidade com a dor alheia virou epidemia. As ONGs se proliferam, os movimentos sociais crescem, as causas justas em defesa dos fracos e oprimidos ganham espaço na mídia, porém o coração das pessoas se torna cada vez mais empedernido, frio e duro. Os famintos, os doentes, os desempregados, os inválidos se misturam ao lixo produzido pelos ricos, poderosos e pela classe média que ainda sobrou das últimas crises, esta deslumbrada pelas benesses do sempre sofisticado mercado de consumo. No mundo contemporâneo telefones celulares com câmera e internet, tênis de grife, carros com câmbio automático e TVs de LCD parecem valer mais que vidas humanas para quem fala a língua do dinheiro.

E a bomba de Hiroxima? Está nos livros de História, nos documentários, esquecida na memória. O Homem sempre consegue se superar na crueldade contra o próprio Homem.

5 comentários:

  1. Oz, o Japão não tinha mais Marinha nem Força Aérea para enfrentar os USA, a rendição era questão de tempo. Para mim essas bombas foram jogadas para que se estudasse o efeito sobre o ser humano, coisa que os americanos obviamente não fariam com seu próprio povo.

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  2. É, Cesar, antes de qualquer coisa, foi um ato de extrema crueldade, quaisquer que fossem as desculpas políticas em tempos de guerra. O teste feito na madrugada do dia 16 de julho no deserto de Alamogordo no Novo México já foi o primeiro vislumbre dos portais do Inferno, a abertura da verdadeira Caixa de Pandora. Imaginar os efeitos daquilo sobre uma cidade era sintoma de puro sadismo.

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  3. Fui no museu da bomba em Hiroshima há uns anos atrás. E descobri uma coisa que me deixou muito surpresa: segundo os jornais ingleses, um ano antes em 1944, o Japão queria discutir os termos de sua rendição com os países aliados: EUA, Inglaterra e outros. Um ano antes!!!! Os EUA queriam rendição total, coisa que o Japão não aceitava. A discussão não avançava e o povo americano pressionando cada vez mais seu presidente (que não era nada popular) a acabar de vez com a participação dos EUA na guerra. Deu no que deu...

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  4. É, às vezes eu penso que não há nada de errado com o mundo que a extinção da classe política não melhorasse enormemente!

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  5. Ozlo, preciso retificar a informação acima: as tais negociações sobre os termos de rendição (e não houve consenso entre as partes) era na realidade uns meses antes da bomba ser lançada. Mas um ano antes, em 1944, os países aliados se reuniram e decidiram lançar a bomba atômica no Japão e não mais na Alemanha. O destino da bomba já estava traçado um ano antes..

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