Desde criança sou fascinado pelas histórias do R.M.S. Titanic e do dirigível Hindenburg. Há décadas leio, pesquiso, coleciono livros, matérias e qualquer coisa sobre os dois leviatãs. Às vezes me pergunto porque a Humanidade se sente tão atraída por grandes tragédias. Apesar dos dois terem encontrado fins trágicos e terem vitimado muita gente, eles eram símbolos de uma outra época, mais romântica (no sentido histórico da palavra), cheia de idealismos, utopias, esperança e ingenuidade, valores que parecem não ter mais lugar no mundo atual. Acho que isso responde à pergunta, por que o ser humano se interessa tanto por tragédias de dimensões quase mitológicas como essa. Não são as tragédias que fascinam, mas o mundo antigo e idealizado que elas representam. Pelo menos creio que essa é a resposta para o meu caso.
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Orgulho da Alemanha em plena era da ascensão do nazismo e símbolo da expansão comercial da Alemanha do pós-Primeira Guerra, o LZ-129 (Luftschiff Zeppelin 129, Nave Aérea Zeppelin nº 129, mas que na verdade era o 118º dirigível alemão a voar) entrou em serviço em março de 1936, fazendo vôos transatlânticos entre Frankfurt, Nova Iorque e Rio de Janeiro. Batizado de Hindenburg em homenagem ao antigo presidente alemão Paul von Hindenburg, era a maior nave aérea já construída pelo Homem, poucos metros menor que o R.M.S. Titanic. Luxuoso, confortável, silencioso e bem mais rápido do que os navios, o Hindenburg transportou mais de 1200 passageiros por sobre o oceano Atlântico em seu primeiro ano, o que lhe rendeu elogios de jornais de todo o mundo. O Dr. Hugo Eckener, diretor da Companhia Zeppelin e antinazista confesso (ele detestava ter que manter a suástica nas aletas do dirigível), via nele a sua grande obra-prima, resultado de décadas de trabalho e de uma vida dedicada aos balões dirigíveis.
Porém, na primeira viagem de 1937, no dia 6 de maio, o dirigível Hindenburg explodiu sobre o campo de pouso de Lakehurst, Nova Jérsei, matando 35 pessoas a bordo e uma da equipe de terra. Apesar das poucas vítimas (se comparado a outros desastres), a tragédia entrou para a História por ter sido a primeira grande catástrofe filmada, fotografada e testemunhada ao vivo por centenas de pessoas. A voz do radialista Herbert Morrison narrando a explosão é um dos ícones sonoros do século 20 ("Oh, the Humanity!...").
Mas qual teria sido a causa do desastre? Simples acidente ou sabotagem anti-nazista? Até hoje nada foi provado. Sabe-se que a Companhia Zeppelin soube uma ameaça de bomba a bordo do dirigível antes da viagem. Mesmo assim, a eletricidade estática é tida como culpada do acidente. Bem, o mistério da explosão do LZ-129 continua, até hoje.
Em 1975 o cineasta Robert Wise adaptou um dos livros mais importantes sobre o Hindenburg, que mantém a teoria de sabotagem. O filme tinha George C. Scott, Anne Bancroft, William Atherton, Burgess Meredith e Charles Durning no elenco e ganhou os Oscars de efeitos visuais e sonoros. Um dos meus cult movies que vi no cinema e que persigo até hoje uma revisão em vídeo ou DVD. Já falei dele aqui no Multiply. Dê uma olhada e deixe um comentário. E boa viagem!