domingo, 29 de outubro de 2006

“O ENIGMA DE OUTRO MUNDO” (“The Thing”, 1982), de John Carpenter

Rating:★★★★★
Category:Movies
Genre: Horror
Direção: John Carpenter
Roteiro: Bill Lancaster, baseado no conto “Who Goes There?” de John W. Campbell Jr.
Produção: David Foster, Lawrence Turman, Wilbur Stark, Larry Franco, Stuart Cohen / David Foster Productions / Turman-Foster Company / Universal Pictures
Fotografia: Dean Cundey
Montagem: Todd Ramsay
Música: Ennio Morricone
Direção de arte: Henry Larrecq, John J. Lloyd
Efeitos especiais: Albert Whitlock, Roy Arbogast
Efeitos especiais de maquiagem: Rob Bottin, Stan Winston
Elenco: Kurt Russell, Wilford Brimley, Richard A. Dysart, Keith David, Charles Hallahan, Donald Moffat, T. K. Carter, David Clennon, Richard Masur, Peter Maloney, Joel Polis, Thomas Waites


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computador: "Probabilidade de um ou mais membros da equipe estarem infectados: 75%. Se organismo intruso chegar às areas habitadas, a população mundial estará infectada 27.000 horas após primeiro contato."

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McCready: "Eu sei que sou um ser humano. E se vocês todos forem essas coisas, me atacariam agora, portanto alguns de vocês ainda são humanos. Esta coisa não quer aparecer, quer esconder-se numa imitação. Lutará se for preciso, mas aqui fora é vulnerável. Se nos assimilar não terá mais inimigos, não haverá ninguém para matá-la. Então terá vencido. Vem aí uma tempestade, dentro de seis horas. Veremos quem é quem."

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Ao lado de Stan Winston, Rick Baker, Dick Smith e Tom Savini, Rob Bottin integra o time de grandes artistas da maquiagem e dos efeitos especiais dos últimos 30 anos do cinema norte-americano. Com apenas 22 anos ele já tinha em seu currículo filmes como “Piranha” e “Grito de Horror” – ambos de Joe Dante –, “Fog, a Bruma Assassina” e “O Enigma de Outro Mundo” – ambos de John Carpenter. E foi aqui, na refilmagem do clássico “O Monstro do Ártico” (“The Thing From Another World”, 1951), que Bottin teve sua prova de fogo: dar vida à criatura transmorfa da história.

“The Thing” de John Carpenter não é propriamente uma refilmagem no sentido que conhecemos da palavra, mas sim uma versão cinematográfica mais fiel ao conto original, “Who Goes There?”, escrito por John W. Campbell em 1938. No conto uma equipe de exploração na Antártida descobre um alienígena que tem o poder de se metamorfosear em qualquer ser vivo que esteja próximo dele. Assim a criatura pode se infiltrar entre os exploradores e assimilar todos os outros. É como em “O Caso dos Dez Negrinhos” de Agatha Christie, a ameaça se esconde entre os membros do grupo, o que leva a uma situação de total paranóia. Em 1951 Howard Hawks e Christian Nyby não tinham tecnologia para reproduzir no cinema o monstro transmorfo da imaginação de John W. Campbell, e optaram por fazer um filme claustrofóbico com um alienígena frankensteiniano de origem vegetal.

Três décadas depois John Carpenter e Rob Bottin tinham à disposição tecnologia suficiente para fazer uma adaptação realmente fiel ao terror e à paranóia do conto original. Doze membros da estação polar 31 na Antártida acolhem um husky siberiano após ele ser perseguido por um helicóptero com dois noruegueses aparentemente enlouquecidos. Os noruegueses morrem e o cão é mantido na base americana. Diante da estranha situação, os membros da base 31 decidem investigar a estação norueguesa, atrás de possíveis sobreviventes de alguma ação assassina. Encontram tudo queimado e destruído, com estranhos cadáveres, um enorme bloco de gelo aberto como um caixão natural e gravações em vídeo da equipe. Levam um bizarro corpo mutilado e queimado de volta à base americana para uma autópsia. Até que eles descobrem que o distorcido cadáver não está morto e que o cachorro não é exatamente o que eles pensam ser. Carpenter mudou a ação do polo norte para o polo sul e homenageou o filme original inserindo um trecho dele como sendo o vídeo da equipe norueguesa.

Para apresentar um alienígena transmorfo, Rob Bottin – na época com 22 anos – criou efeitos especiais inéditos e revolucionários, que chocaram público e crítica. As metamorfoses da criatura eram grotescas e sangrentas, porém se adequavam perfeitamente à narrativa e à história. Muitos críticos atacaram o filme no lançamento pelo excesso de efeitos visuais impactantes, que segundo eles desviavam a atenção do público. Porém com o passar do tempo, vemos que os efeitos especiais aqui – mesmo sendo repugnantes – são extremamente eficazes e ajudam na construção da narrativa e na atmosfera de medo do desconhecido que envolve o filme. Aliás “The Thing” de John Carpenter é um dos raros exemplos cinematográficos onde efeitos especiais nojentos e exagerados se adequam perfeitamente ao contexto da história. Uma perfeita fusão entre ficção científica e horror, regada de muita paranóia.

“O Enigma de Outro Mundo” foi lançado nos cinemas americanos com poucas semanas de diferença de “E.T.” de Steven Spielberg, que logo se tornou um dos maiores recordes de bilheteria da História. O fato de “E.T.” apresentar um alienígena frágil e bondoso, ameaçado pelos “terríveis” humanos, em contraponto à criatura transmorfa, letal e ameaçadora de John Carpenter, fez com que “The Thing” fosse totalmente ofuscado e esquecido por anos. Porém o filme fez uma boa carreira em vídeo e mais recentemente em DVD, e com o passar do tempo se tornou um dos maiores cult-movies de terror e ficção científica dos anos 80, com um público fiel e entusiasmado até hoje.

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5 comentários:

  1. Adorei!
    Fiquei de cabelo em pé na época! rsrsrs
    bjks

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  2. Também, Sônia! Vi no cinema e lembro de ter ficado embasbacado com a concepção do alienígena! Pena que o brilho do filme foi apagado em parte pelo "E.T." do Spielberg...

    Mas "The Thing" é um dos filmes de FC/horror que mais gosto, ao lado de "Alien" do Ridley Scott!!!

    Beijão!

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  3. Muito bom artigo ^_^! Na época,ainda reinava a expectativa de "finais felizes" e o controle de situações caóticas;o filme de Carpenter estava além de seu tempo.Foram necessários mais de 20 anos para que o público pudesse compreender o sentido de sua obra:paranóia extrema,falta de confiança nas pessoas mais próximas,dúvidas quanto ao que realmente somos..nada muito diferente de nossas "vidas normais".E tudo isso,claro,regado a aberrações.Até hoje fico apavorada quando vejo este filme...rsss

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  4. A respeito do "The Thing", eu daria nota 9. Sim, é um ótimo filme, sem dúvida nenhuma. Tenho-o, inclusive, versão original, e não a pirata! (Filmes assim eu prefiro ter original) Gostei da interpretação do Kurt Russel. De fato, "O melhor em terror alienígena".
    Mas... você porventura já viu o filme original, em p&b? "The thing from another world"! O filme de Christian Nyby, do longínquo ano de 1951, gravado para DVD direto do original! (Infelizmente esse eu tenho uma cópia - quem não tem cão, caça com gato, não é esse o ditado popular?)

    Abraços
    Leonardo N. Nunes

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  5. Eu baixei este filme de 1951 no google videos,mas pra ser sincera,não gostei não...é tudo muito estilo "mauricinho","perfeitinho"...se bem que eram assim os filmes dos anos 50.Eu queria era o livro "who goes there?".Vc sabia que tem outro livro baseado no filme do Carpenter? Eu vi lá na wikipedia,e fizeram algumas alterações,tipo mudaram umas sequências e o nome do personagem Windons (virou Sanders):

    http://en.wikipedia.org/wiki/The_Thing_(film)

    Lá no final tem um brinde,um e-book gratuito analizando o filme.

    E onde vc consegiu o DVD? Não tem em lugar nenhum,tudo esgotado,e sem previsão.

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