quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005
Conto (7): "RESPOSTA", de Fredric Brown
Existem muitas versões desta idéia clássica de miniconto, mas a propriedade de publicá-la coube a Fredric Brown, com "Resposta", em 1954. Brown (1906-1972) foi figura de grande relevo, tanto no terreno das histórias de mistério como de ficção científica. É hoje considerado o mestre do conto relâmpago, do qual "Resposta" talvez constitua o exemplo mais famoso. Trabalhou como repórter do Milwaukee Journal e continuou sendo jornalista durante vários anos. Dois de seus romances de ficção científica conquistaram expressiva popularidade: "What Mad Universe" ("Que Universo Doido", de 1949) e "Martians Go Home" ("Marcianos, Voltem Para Casa", de 1955).
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Dwar Ev soldou solenemente a junção final com ouro. A objetiva de uma dúzia de câmeras de televisão se concentrava nele, transmitindo a todo o universo doze enquadramentos diferentes do que estava fazendo.
Endireitou o corpo e acenou com a cabeça para Dwar Reyn, indo depois ocupar a posição prevista, ao lado da chave que completaria o contato quando fosse ligada. E que acionaria, simultaneamente, todos os gigantescos computadores da totalidade dos planetas habitados do universo inteiro - noventa e seis bilhões de planetas - ao supercircuito que, por sua vez, ligaria todos eles a uma supercalculadora, máquina cibernética capaz de combinar o conhecimento integral de todas as galáxias.
Dwar Reyn dirigiu algumas palavras aos trilhões de espectadores. Depois de um momento de silêncio, deu a ordem:
- Agora, Dwar Ev.
Dwar Ev ligou a chave. Ouviu-se um zumbido fortíssimo, o surto de energia proveniente de noventa e seis bilhões de planetas. As luzes se acenderam e apagaram por todo o painel de quilômetros de extensão.
Dwar Ev recuou um passo e respirou fundo.
- A honra de formular a primeira pergunta é sua, Dwar Reyn.
- Obrigado - disse Dwar Reyn. - Será uma pergunta que nenhuma máquina cibernética foi capaz de responder até hoje.
Virou-se para o computador.
- Deus existe?
A voz tonitruante respondeu sem hesitação, sem se ouvir o estalo de um único relé.
- Sim, agora Deus existe.
O rosto de Dwar Ev ficou tomado de súbito pavor. Saltou para desligar a chave de novo.
Um raio fulminante, caído de um céu sem nuvens, o acertou em cheio e deixou a chave ligada para sempre.
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(Ilustração de Jason E. Cox, copyright 1997)
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Não conhecia.... Tão profundo, né? Os qustionamentos são sempre os mesmos, não é mesmo? Independentes dos tempos...
ResponderExcluirOs contos do Fredric Brown em geral são impactantes, tipo chute no saco mesmo (ou bolada nos seios para as meninas). Tem um outro dele, de terror psicológico, chamado "O Aniversário da Vovó", que é tão devastador quanto "Resposta". Queria conhecer mais o trabalho desse cara.
ResponderExcluirBeijos, Flávia!
Oz,
ResponderExcluirvoce ja leu o "Guia do Mochileiro das Galáxias"?
tem um pouco a ver com este conto.
abs,
cesar
Infelizmente não, Cesar. Conheço o trabalho do Douglas Adams muito por alto, mas nunca parei pra ler. Tenho curiosidade. Minha paixão mesmo são os contos, seja de terror, seja de mistério ou de ficção científica, como esse do Fredric Brown.
ResponderExcluirAbraços!