Rating: | ★★★★★ |
Category: | Movies |
Genre: | Horror |
Roteiro: Stanley Kubrick e Diane Johnson, baseado no romance homônimo de Stephen King
Produção: Stanley Kubrick, Jan Harlan, Robert Fryer, Mary Lea Johnson, Martin Richards / Warner Bros.
Fotografia: John Alcott
Montagem: Ray Lovejoy
Música: Wendy Carlos, Rachel Elkind, György Ligeti, Krzysztof Penderecki, Béla Bartók
Direção de Arte: Leslie Tomkins, Roy Walker
Elenco: Jack Nicholson, Shelley Duvall, Danny Lloyd, Scatman Crothers, Joe Turkel, Philip Stone, Barry Nelson, Barry Dennen, Lisa Burns, Louise Burns, Lia Beldam, Billie Gibson, Norman Gay
* * * * * * * * * * *
Danny Torrance: “Mr. Hallorann, are you scared of this place?"
Dick Hallorann: “No, I'm not scared - there's nothin' here. It's just that, you know, some places are like people. Some ‘shine’ and some don't. I guess you could say the Overlook Hotel here has somethin' almost like ‘shining’.”
* * * * * * * * * * *
Jack Torrance [batido à máquina inúmeras vezes]: “All work and no play makes Jack a dull boy.”
* * * * * * * * * * *
Apesar de ter feito poucos filmes, Stanley Kubrick foi provavelmente o mais perfeccionista de todos os cineastas. Um esteta que quando não se contentava com um take o repetia até quase exaurir e enlouquecer seu elenco e equipe. Kubrick nos deu algumas das maiores obras-primas da sétima arte: “Glória Feita de Sangue”, “Dr. Fantástico” (já comentado aqui nA VALISE DE CRONÓPIO), “2001: Uma Odisséia no Espaço”, “Laranja Mecânica” e este “O Iluminado”. Uma adaptação livre do romance de terror de Stephen King, o filme é a primeira incursão do diretor no universo do terror, porém não sua primeira experiência com a narrativa fantástica. Ficção científica e fábulas políticas já faziam parte do seu currículo. Porém aqui Kubrick foi meticuloso em criar o clima exato para a história claustrofóbica de King. A fotografia asséptica de John Alcott (com o uso do steadycam pela primeira vez na história), a montagem milimétrica de Ray Lovejoy e principalmente a edição de som absolutamente perfeita de uma equipe que soube fazer um uso bastante eficaz de temas lúgubres e soturnos como “Lontano” de Ligeti, “The Awakening of Jacob” de Penderecki e “Música Para Cordas, Percussão e Celesta” de Bartók.
Já no primeiro plano, com um sobrevôo de lagos e montanhas, ao som de uma variação do “Dies Irae” medieval por Wendy Carlos, “O Iluminado” mostra a que veio: despertar o sentimento de medo na platéia. Stephen King acusou Kubrick de ter feito “uma limusine luxuosa que não leva a lugar algum”, aparentemente por ciúmes das liberdades narrativas e plásticas que o cineasta tomou com seu livro (tanto que em 1997 o próprio King escreveu e produziu uma minissérie para TV extremamente fiel ao romance, dirigida por Mick Garris, ótima, mas muito longe do brilho e da genialidade da obra de Kubrick). Porém a visão perfeccionista e arquitetônica do cineasta nova-iorquino cria um clima que vai se desenvolvendo como uma sinfonia. De um “adágio” sinistro ao “scherzo” final no labirinto de neve o filme vai crescendo, a sensação de isolamento dos personagens vai aumentando e o lado negro do hotel Overlook e de seus fantasmas vai se manifestando. Cenas antológicas como Danny pedalando em seu velocípede pelos infindáveis corredores do hotel, a surpresa no quarto 237, a solidão de Jack Torrance tentando escrever seu livro no grande Salão Colorado, as irmãs gêmeas, a misteriosa bola de tênis que vem deslizando pelo corredor até Danny, o elevador que jorra sangue, as aparições do barman Lloyd e do garçom Grady, a recriação do Lobo Mau e os Três Porquinhos com Jack caçando a própria família com um machado na mão são as peças nesse mosaico áudio-visual regido com punho de gênio por Stanley Kubrick. E o ritmo vai num crescendo, acelerando o coração do público e transformando este num dos filmes mais assustadores e impactantes de todos os tempos.
Pouca gente se lembra, mas “O Iluminado” foi lançado no Brasil em duas versões, dublada e legendada, por decisão do próprio cineasta. E a versão dublada foi dirigida pelo hoje acadêmico Nelson Pereira dos Santos, um dos maiores nomes do nosso cinema, escolhido a dedo por Kubrick. Eu tive a sorte de ver o filme nos dois formatos no cinema. Lembro de ter assistido a “O Iluminado” no cine Palácio, no Ópera (onde hoje é a Casa & Vídeo da praia de Botafogo) e no cine Gaumont Belas Artes, em Copacabana (onde hoje é uma boate). Ao todo fiz 15 visitas ao hotel Overlook na sala escura. E hoje, revendo na tela pequena da TV, tenho saudades do impacto que o filme me causou em cada uma das vezes em que me vi ao lado da família Torrance, ao som de Penderecki e Bartók, perdido pelos corredores assombrados daquele hotel isolado pela neve.
Grande filme, meu preferido no gênero.
ResponderExcluirbeijo Oz, bom feriado!
Adoro esse filme!
ResponderExcluirAs cenas do garotinho de velocípede pelos corredores me mata de medo!
:-)
Também o considero um exemplar perfeito do gênero, Miranda. E concordo plenamente com o cartaz: "Uma obra-prima do horror moderno".
ResponderExcluirBeijos e bom feriado!
Junta a câmera na cola do Danny correndo de velocípede pelos corredores do Overlook com aquela trilha sonora e eu já fico sem conseguir dormir, Renata!!! Tô revendo minha cópia de 2 horas e meia agora. ;-))
ResponderExcluirBeijão!
Um clássico, maravilha!
ResponderExcluirUm dos melhores filmes que ja' vi'...
ResponderExcluirEste é uma das obras cinematográficas mais fantásticas do cinema, na minha modestíssima opinião... e uma que está na minha lista de favoritas.
ResponderExcluirLembro-me de assití-lo com uma amiga que, logo no primeiro plano, com um sobrevôo de lagos e montanhas, levantou-se e disse que não aguentaria ver o filme...
Tenho algumas fotomontagens baseadas neste filme:
- O Desiluminado (1)
- Tenham medo...
- O Desiluminado (2)
Grande abraço,
Eug
É um daqueles filmes maravilhosos, perfeitos... realmente a cena inicial já dá o tom inicial do filme, de uma loucura irrefreável...
ResponderExcluirO Making-off desse filme é especial, feito na época das filmagens pela mulher do Kubrick, não tem as "puxadas de saco" que geralmente costumam infestar os Making-offs. A Shelley Duvall estava quase enlouquecendo com o perfeccionismo do Kubrick, he, he.
O filme é um marco também na carreira do Jack Nicholson, que influenciou bastante o resto de sua carreira (HERE'S JOHNNY!). Ele nasceu para o papel. E quanto à cena final, também um pouco enigmática (lembrando um pouco o final "estranho" de "2001: Uma odisséia no espaço")?
É um dos meus preferidos do Kubrick, esse genial diretor com toque de Midas. Imperdível.
Abraços.
Olá, meu amigo Oz (waldo!)
ResponderExcluirCara, esse filme passou duas vezes no SBT, na primeira vez eu comecei a assistir, mas estava tão cansado que no comercial eu peguei no sono e quando acordei tinha acabado de terminar. Rererê...
Mas na segunda, mesmo caindo pelas tabelas, de sono, consegui finalmente chegar até o fim.
FILMAÇO!!!
Um filme sem nenhum efeito dos que se fazem hoje em diante e bem simples, do tipo Alfred Hitchkock... se é que se pode fazer esse tipo de comparação!
Enfim, são dois mestres, né?
Forte abraço. Espero que esteja bem!
Meio atrasada mas um review incrível destes merece um comentário ^_^
ResponderExcluirEu tive muito medo quando assisti ao filme pela primeira vez e talvez por esse motivo não tenha conseguido apreciá-lo devidamente.
Jack Nicholson tornou-se um dos meus atores favoritos por causa de sua atuação em O Iluminado e o gênero terror é o meu preferido até hoje.
Oz, seus reviews são fantásticos, dá vontade de assistir tudo de novo, muitas e muitas vezes, parabéns.
Um beijão
Sil
Eu amo esse filme ! ... a esquizofrenia dele é aterrorizante ... o q vale de ser esquizofrenico é pq vc nuca tá sozinho ....
ResponderExcluirJá nasceu clássico, Eliana. Vinte e seis anos depois é como o vinho. Fica melhor ainda! E mais assustador!
ResponderExcluirBeijos,
Oz
Eu também, Daumas!
ResponderExcluirComo eu disse no texto, Eugênio, só aquela música já te deixa crispado na poltrona do cinema, sabendo que naquela noite você não vai conseguir dormir direito! Hehehe!
ResponderExcluirE sobre as montagens ficaram legais, mas ao invés de "Desiluminado" bem que poderia ser "O Apagado", né? ;-)P
Grande abraço!
Oz
Lamento existir tão pouco material de bastidores dos filmes do Kubrick. Pelo menos de "O Iluminado" nós temos acesso àquele pequeno making of da filha do mestre.
ResponderExcluirQuanto ao Nicholson, tanta gente diz que ele está exagerado como Jack Torrance, mas para mim está PERFEITO!!!!! Na medida certa da loucura do personagem... e do ator, hehehe!
Grande abraço,
Oz
Grande Nei! Estamos sumidos um do outro, né, vizinho?
ResponderExcluirCara, nunca imaginei que um filme do Kubrick como "O Iluminado" pudesse passar na TV! Nem é pela violência não, tem coisas bem mais violentas passando pelas telinhas. Mas talvez porque seja um Kubrick poderoso, sei lá. Mas já vi até "Laranja Mecânica" na TV!!!!! Coisa impensada no fim dos anos 70!!!
Quanto a Kubrick e Hitchcock, você acertou em cheio!!!! São exatamente os meus dois cineastas favoritos de todos os tempos!!!! ;-))
Abração, mestre!
Oz