quinta-feira, 21 de maio de 2009

MOBY DICK, de Herman Melville


Description:
Sou apaixonado por MOBY DICK de Herman Melville desde criança, quando li uma versão condensada da Ediouro de 180 páginas reescrita por Carlos Heitor Cony. Sempre quis ler a versão original do livro, que tem mais de 600 páginas. Há uns 15 anos consegui uma edição brasileira de banca, em capa dura, da Editora Abril, daquelas coleções de clássicos da literatura universal, mas fiquei frustrado e decepcionado ao descobrir que a tradução alterava o nome de personagens centrais da história! O celébre Capitão Ahab virou Capitão "Acab"!! Isso acabou comigo. O livro se tornou imprestável.

Porém no ano passado a editora Cosac Naify lançou uma edição que considero definitiva: com uma tradução empolgante de Irene Hirsch e Alexandre Barbosa de Souza (também coordenador editorial), com um mapa mundi mostrando capítulo a capítulo a trajetória do navio Pequod, glossário náutico com direito a ilustrações de um navio baleeiro de meados do século 19 e indicação de cada um dos seus ítens, uma crítica feita no ano do lançamento do livro (1851), duas análises literárias importantes posteriores, uma de 1923 quando o livro foi redescoberto nos EUA feita por D. H. Lawrence e outra de 1941, além de uma bibliografia selecionada de textos relacionados à obra no Brasil e no mundo. Tudo envolto num papel espetacular e numa capa dura em alto relevo. Preço original: 100 reais, porém comprei numa promoção da Siciliano por R$ 49,90. O pote de ouro no final do arco-íris. Estou quase lambendo o livro de tão feliz que fiquei, e lendo apenas um capítulo - no máximo! - por noite, antes de dormir, pra demorar bastante a terminar! :-)))


Ingredients:
Considerado por muitos críticos literários um dos dez livros mais importantes de toda a História, MOBY DICK é o exemplo máximo de obsessão e vingança na literatura, e de como um homem pode levar esses sentimentos às últimas consequências e levar todos à sua volta com ele.

Achando-se com uma rixa pessoal com o imenso, velho e ameaçador cachalote branco conhecido como "Moby Dick" por este ter arrancado fora uma de suas pernas, o soturno velho-do-mar Ahab, capitão do baleeiro Pequod, de Nantucket, EUA, parte numa viagem de três anos em que todos acreditam ser apenas de pesca de baleias para conseguir seu valioso óleo. Mas para o Capitão Ahab essa será uma jornada ao inferno da vingança pessoal contra a natureza. Devidamente rivalizado por seu primeiro imediato, o racional e ponderado Starbuck (uma espécie de Grilo Falante de Ahab), o perturbado Capitão com perna de osso de cachalote não medirá esforços para seduzir as almas de sua tripulação nessa jornada de ódio e obsessão para destruir "Moby Dick" através dos sete mares.

Tudo narrado do ponto de vista do ex-professor e marinheiro de primeira viagem Ishmael, ao lado do seu amigo, exímio arpoador e canibal Queequeg, que acentua o lado místico da aventura.


Eis aqui um dos meus trechos favoritos do livro, uma conversa entre o Capitão Ahab e Starbuck:

"Vingança sobre uma besta que não fala!", gritou Starbuck, "que te atacou simplesmente por um instinto cego! Loucura! Sentir ódio de uma criatura muda, Capitão Ahab, me parece uma blasfêmia."

"Escute aqui mais uma vez - uma palavra um pouco mais profunda. Todos os objetos visíveis, homem, não passam de máscaras de papelão. Mas em todos os eventos - na ação viva, na façanha incontestável - revela-se alguma coisa desconhecida, mas racional, por detrás desta máscara irracional. Se um homem quer atacar, que ataque através da máscara! Como pode um prisioneiro escapar a não ser atravessando o muro à força? Para mim, a baleia branca é o muro, que foi empurrado para perto de mim. Às vezes penso que não existe nada além. Mas basta. Ela é meu dever; ela é meu fardo; eu a vejo em sua força descomunal, fortalecida por uma malícia inescrutável. Essa coisa inescrutável é o que mais odeio; seja a baleia branca o agente, seja a baleia branca o principal, descarregarei meu ódio sobre ela. Não me fales de blasfêmias, homem; eu lutaria contra o sol, se ele me insultasse. Porque, se o sol pode fazer uma coisa, eu posso fazer outra, visto que sempre há uma espécie de jogo lícito, e há o zelo reinando sobre todas as criações. Mas esse jogo lícito não me domina, homem. Quem está acima de mim? A verdade não tem limites."



Directions:
MOBY DICK, de Herman Melville
Tradução de Irene Hirsch e Alexandre Barbosa de Souza
656 páginas. Editora Cosac Naify, 2008
Capa: Ilustração de Hare Lanz a partir de gravura de Barry Moser (1979)

Leia meu texto sobre o filme "MOBY DICK" (1956) de John Huston, com Gregory Peck e Richard Basehart clicando aqui

10 comentários:

  1. Degustar devagarinho, com todo o prazer do mundo, ouvindo a trilha sonora de "Tubarão" de John Williams (na falta da trilha original do filme de John Huston). E se fosse possível, comendo sashimi enquanto viro as páginas... hehehe! :-)P

    Beijos, Naza!

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  2. se quiser se informar mais leia "No Coração do Mar" de Nathaniel Philbrick (Companhia das Letras) é a história real que inspirou Melville.

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  3. Eu lembro do seu comentário lá no meu post sobre o filme de John Huston, Cesar. Assim que terminar a obra-prima de Melville, espero pegar pra ler "No Coração do Mar"! ;-)

    Abração!

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  4. Sabe q Mobi Dick está sendo montado? Ja´te falei isso?
    Direção Aderbal Freire Fio...

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  5. Oz quero te apresentar uma figura. Distribuidor de filmes e faz coleção dessas coisas q vc gosta.
    Apresentar as crianças rsrsrsrs
    To pensando num Pilli especial pra isso
    Conheci o cara e falei imediatamente: Vc precisa conhecer o Oz. Como eles (o casal) ja´estava esquematizando um pilli comigo , pensei em juntar, neste ou no proxímo finde : )

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  6. O ideal seria cachalote... hehehe! Mas eu sou fã mesmo é de sashimi - e sushi - de atum e salmão. ;-)

    Aliás em breve num certo aniversário no início de julho!... ;-)))

    E sobre tubarões... o filme da minha vida, "Tubarão" ("Jaws"), tanto o livro de Peter Benchley quanto o filme de Spielberg, são filhos diretos de MOBY DICK, né? Minha paixão-mor é o mar e as criaturas que vivem nele. Não é à toa que fiz natação e mergulho minha vida quase toda!!! :-D

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  7. Tenho a impressão de que você chegou a comentar isso comigo, Carlinha... mas como minha memória não anda boa, assim que li sua mensagem aqui falando isso, a taquicardia tomou conta de mim e o ar me faltou... você não imagina o quanto eu ADORARIA TOMAR PARTE DISSO, de algum jeito!!!! Nem que fosse esfregando o convés e ficando na vigia... hehehe!

    "THAR SHE BLOWS!!! THAR SHE BLOWS!!!" :-)))

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  8. É só marcar e me avisar, menina!!! Acho que não tenho nada marcado pra esse finde, pra mim tanto faz. O único "trabalho de Hércules" é arrumar um jeito de ir pra Barra. :-)P

    Será um imenso prazer, como sempre! ;-)

    Me liga ou me escreve em pvt pra gente marcar isso!

    Beijão!

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