sexta-feira, 15 de maio de 2009

CINEMA DE PAPEL (Parte 8, final) - 24 QUADROS EM QUADRINHOS

CINEMA DE PAPEL (Parte 8, final) – 24 QUADROS EM QUADRINHOS

Oswaldo Lopes Jr.

 

(Matéria escrita para a revista VEREDAS # 28 do Centro Cultural Banco do Brasil em abril de 1998, e republicada aqui na VALISE DE CRONÓPIO em oito partes)

 

 

Não é só o cinema que se serve das histórias em quadrinhos para fazer novos filmes. O mercado de quadrinhos também aproveita o sucesso de vários longas para lançar suas versões em quadrinhos. Alien, Creepshow, Independence Day, e muitos outros ganharam adaptações no papel. Alguns às pressas, por simples questão mercadológica; outros por grandes nomes do traço, como Bernie Wrightson (Creepshow), Walt Simonson (Alien), Mike Mignola (Drácula de Bram Stoker) ou Stephen Bissette e Rick Veitch (1941). Nestes casos, a obra final é uma verdadeira releitura do filme em questão, onde se pode digerir a narrativa sob uma nova ótica e apreciar a estética do artista.

 

Também há casos especiais de clássicos do cinema, cujos realizadores na época nem sonhavam com uma colaboração com as HQs, que foram alvo de adaptações esmeradas. A Dark Horse Comics – editora especializada em “mangás” (quadrinhos japoneses) e versões cinematográficas – lançou, sob o título Universal Monsters, adaptações do Drácula, com Bela Lugosi, e de Frankenstein e A Múmia, ambos com Boris Karloff. Editoras menores foram além, com impecáveis versões em quadrinhos dos ícones do expressionismo alemão O Gabinete do Dr. Caligari, de Robert Wiene, e M – O Vampiro de Dusseldorf, de Fritz Lang. A princípio são revistas sem apelo comercial junto ao público consumidor de gibis de super-heróis, e talvez por isso têm mais liberdade criativa para ousar.

 

Ainda existem filmes que originaram continuações nas páginas dos gibis e se transformaram em autênticas sagas, levando a idéia original dos realizadores a caminhos nunca imaginados. É o caso de Jurassic Park, Indiana Jones (com oito minisséries originais), Aliens, Predador (que também se juntaram numa das minisséries mais vendidas da década de 90) e Star Wars (que até o momento* já rendeu a considerável marca de 38 minisséries originais, complementando a saga cinematográfica de George Lucas). É uma opção para os fãs desses filmes, que querem ver o que aconteceu com seus personagens favoritos antes do “era uma vez...” e além do “e viveram felizes para sempre” – o que, aliás, raramente acontece nesses universos.

 

Definitivamente o antigo slogan “veja o filme e leia o livro” vem dando cada vez mais espaço a “veja o filme... e leia a revista em quadrinhos”.

 

 

* Apenas lembrando que este texto foi escrito antes da nova trilogia Star Wars ser feita e da Dark Horse Comics dar continuidade às minisséries em quadrinhos da saga de George Lucas.

 

6 comentários:

  1. Meu Deus!!! Onde acho essa do Gabinete do Dr. Caligari?
    Sou fã demais desse filme!!!!

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  2. Aliás, achei uma refilmagem falada de 2005 no http://cinemageddon.org/
    Já ouviu falar dela? E desse site? Tem milhares de pérolas, inclusive os filmes da Hammer e as adaptações de Allan Poe feitas por Roger Corman na década de 60. Só cuidado pra não ser banido, porque tem que gerenciar seu ratio de upload versus download.
    abração!

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  3. Isso é uma tremenda raridade, Pedro! Comprei na época do lançamento - em 1992 -, como todos os quadrinhos que tenho, comprados em suas primeiras edições, nos anos 70, 80 e 90, não tenho nada em relançamento. E a editora é obscura, pequena, independente, quase desconhecida, e nem sei se ainda existe, a Monster Comics. Em meados dos anos 90 muitas editoras de quadrinhos independentes americanas excelentes faliram, desapareceram, e infelizmente muita coisa boa se perdeu. Eu sempre amei HQs e nunca gostei de super-heróis (fora o Morcegão e uma ou outra rara exceção), por isso sempre garimpei muito por quadrinhos independentes de qualidade em editoras pequenas.

    Talvez você ache esse "Caligari" reeditado por alguma outra editora, não sei. O "M" de Fritz Lang, feito em aquarela sobre fotografias por Jon J. Muth, foi reeditado e encadernado num só volume, vi outro dia o livrão em capa dura na livraria do Cine Arteplex na Praia de Botafogo, aqui no Rio. Originalmente publicado em quatro revistas pela Eclipse Comics (já extinta), o primeiro volume vinha com um disquinho, um compacto de vinil maleável encartado com a música de Peer Gynt que o assassino assovia antes de matar suas vítimas infantes.

    São obras belíssimas e lamentavelmente pouquíssima gente conhece e teve acesso a elas. E os preconceitos imbecis de que "quadrinhos é coisa pra criança" e "quadrinhos é historinha de super-heróis, Disney e turma da Mônica" continua se perpetuando, pelo menos aqui no Brasil...

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  4. Não conheço essa refilmagem de "Caligari" não, fiquei curioso. E adoro os filmes da Hammer! Mas meu computador não é pai-de-santo, nunca baixei absolutamente NADA aqui, nem filme nem música, não por ser politicamente correto, mas por não ter capacidade técnica e espaço suficiente de Ram e HD pra isso. E por eu ser uma anta pra fazer essas coisas cibernéticas. :-P

    Além do mais, com sangue de colecionador correndo nas veias, faço questão absoluta de ter os filmes sempre originais, não só os DVDs, mas as capas, os encartes, todo o material original. ;-)

    Mas valeu a dica!

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  5. Eu tb prefiro os originais... só baixo as raridades que não acho pra comprar... e quando acho, eu compro, mesmo que já tenha o "paralelo".
    abração!

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  6. Oz, esta sua série é ótima!... Parabéns!!

    Lendo esta parte sobre Star Wars, me veio à mente (como se eu tivesse assistido ontem na TV) a lembrança de um episódio patético onde Chewbacca volta para casa para passar o "Natal" em família. Você lembra disso?

    Pois fiquei curioso e saí procurando (Google é meu pastor e nada me faltará!...) e achei:

    The Star Wars Holiday Special
    http://video.google.com/videoplay?docid=323909610753051544

    "Se eu tivesse tempo e uma marreta, destruiria pessoalmente todas as cópias"
    George Lucas

    Abração,
    Eug

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