INTRODUÇÃO
Há dez anos atrás, logo após a morte do meu pai, escrevi – como num surto criativo – duas histórias com o personagem Indiana Jones, criado por George Lucas e Philip Kaufman para o filme “Os Caçadores da Arca Perdida”, e mais tarde para outros dois filmes (todos dirigidos por Steven Spielberg) e uma série de televisão. Estas duas histórias ilustram muito bem o estilo de narrativa que mais me fascina: o romance histórico, as histórias que mesclam tão bem realidade com ficção a ponto do leitor não conseguir distinguir onde termina uma e começa a outra.
A idéia inicial era fazer duas minisséries em quadrinhos, porém a editora norte-americana Dark Horse Comics que detinha os direitos de publicação do material da LucasFilm cancelou a revista de Indiana Jones antes que eu tivesse a chance de mandar meu material a eles. De qualquer forma, o mercado norte-americano de HQs é extremamente fechado, especialmente quanto aos roteiristas. Existem dezenas de ótimos artistas brasileiros desenhando na Marvel, DC Comics e editoras independentes, porém os escritores em geral são “barrados no baile”. Ao longo destes anos usei ambas as histórias em sala de aula, em oficinas e cursos, justamente para trabalhar os limites entre a realidade e a ficção na literatura e no cinema.
“INDIANA JONES AND THE LITTLE BOY OF THE INDIANAPOLIS” (cujo título mantive em inglês por razões que se tornam óbvias ao longo da leitura) foi a segunda a ser escrita e é a que considero mais bem acabada. É contada em quatro partes e não tem exatamente um formato narrativo literário, já que a imaginei como roteiro de história em quadrinhos. Para fazê-la, levei alguns meses debruçado sobre enciclopédias e livros e pesquisando na internet. Grande parte da história é com “H” maiúsculo, real, aconteceu de verdade. Outra, naturalmente é ficção, e tem como protagonista o arqueólogo aventureiro de Lucas e Spielberg. Arrematei a receita com duas pitadas do meu filme do coração, “Tubarão”, também de Spielberg – melhor dizendo, com a participação especial de dois personagens importantes do filme, em outro contexto. E o tema central da história é um dos fatos históricos mais importantes e mais devastadores do século 20, e que está sendo lembrado em todo o mundo esta semana por completar 60 anos. E que me emociona muito.
Bem, espero que vocês gostem.
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INDIANA JONES AND THE LITTLE BOY OF THE INDIANAPOLIS
PARTE 1 (DE 4)
16 de Julho de 1945, 5:29 da manhã. Numa grande área deserta ao sul do Novo México, a 80 kms. da cidade de Alamogordo, alguns oficiais do exército e cientistas estão reunidos para uma experiência. Entrincheirados num abrigo, a 10 kms de uma torre isolada no meio da grande área, eles acompanham uma contagem regressiva. Entre eles, o General Leslie Groves e o Dr. Robert Oppenheimer conversam apreensivamente, sem tirar os olhos das pequenas janelas direcionadas para a torre distante. Quando a contagem chega a zero, um intenso clarão brilha em seus óculos de proteção e ilumina seus rostos assombrados. Oppenheimer cumprimenta o General efusivamente, que diz: “Conseguimos!”. Oppenheimer, murmura soturno, para si mesmo: “Eu me tornei a Morte, o destruidor de mundos”.
Junho de 1945. Um mês antes. Ao fim de uma aula no Barnett College, o Professor Henry Jones Jr. termina a mesma frase: “‘...o destruidor de mundos’. É uma antiga citação hindu, o Bhagavad-gita, para encerrar a aula de hoje”. Finda a aula, ele recebe uma carta do Capitão Fallsworth - seu amigo de serviço na Ilha Tinian, no Pacífico - contando que encontrou uma das mais antigas espadas Masamune, da Dinastia Kamakura, que o arqueólogo procura há anos. Entusiasmado com a descoberta, Jones fica até mais tarde na biblioteca da faculdade pesquisando sobre o Japão Antigo, desde a Dinastia Kamakura até o tradicional Teatro No. De repente, percebe que não está sozinho e é atacado por um ninja. Indy se esconde dele pelas salas e corredores escuros da escola. Escapa mais por intuição do que por destreza. O ninja ordena que ele desista da descoberta e desaparece.
No dia seguinte, Indiana pede uma licença a Marcus Brody, diretor da universidade e seu amigo, para viajar. No escritório dele, Indy é “atacado” por Martin, um garoto de cinco anos, neto de Marcus. Martin o ameaça com um revólver de brinquedo e Brody avisa a Jones para tomar cuidado, pois o garoto só pensa em ser policial. Indy convida o jovem Martin para viajar com ele, mas o avô avisa que o menino morre de medo do mar.
Jones voa para São Francisco. Sem perceber, é seguido de perto por um tipo misterioso. No cais de São Francisco não há nenhum navio para as Ilhas Marianas, exceto um cruzador da marinha, o U.S.S. Indianapolis. Descobre que há uma operação militar altamente sigilosa envolvendo o navio, e ninguém deixa que ele se aproxime - quanto mais embarque nele. Por acaso encontra o Major Eaton e, em nome de seus bons serviços prestados à pátria - entre eles a descoberta da Arca da Aliança para os americanos, nove anos antes -, pede a ele que intervenha. A princípio relutante, o Major Eaton acaba conseguindo uma autorização para que Indiana Jones embarque no navio, desde que ele não se intrometa com a missão e nem faça perguntas.
À noite, pouco antes de embarcar, Indy sofre uma perseguição de carro e quase é jogado da Ponte Golden Gate. Enquanto isso, uma carga secreta e sinistra - “Little Boy”, a bomba atômica destinada a Hiroshima - é levada a bordo do U.S.S. Indianapolis. Na última hora, Indy embarca. O navio parte rumo à Ilha Tinian, no Arquipélago das Marianas, no Pacífico.
E daí?
ResponderExcluirCadê a parte II
Gostei e fiquei curiosa.
:)
Caraca, Oz...
ResponderExcluirÉ grande e eu tô correndo...
Volto pra ler mais tarde.
Não dá pra ler essas coisas com pressa!
Grande beijo!
Rê
Calma!!! Hehehe!
ResponderExcluirÉ uma parte por dia só. Hoje de madrugada eu mando a segunda parte.
A história completa termina exatamente no dia 6 de agosto, 60 anos depois da tragédia.
ja me deixou curioso, estou esperando o resto.
ResponderExcluirabs,
cesar
A segunda parte já taí, Cesar!
ResponderExcluirA terceira entra no ar de madrugada...
Abração!
Até aqui achei maravilhoso!
ResponderExcluirTô indo procurar a parte II.
Beijos!
Rê
Será medo de uma concorrência quase desleal? Sim, porque temos grandes escritores cujos livros, certamente, dariam origem a grandes roteiros.
ResponderExcluirEsta é uma suposição minha, Oz, que não entendo da arte de fazer nascer um filme. Você acha que o motivo pode ser este?
Beijo,
Dulce.
Emociona ao mundo inteiro, acredito. E jamais será esquecido como um dos exemplos da insanidade a que os homens podem chegar, quando movidos pela ganância.
ResponderExcluirGostei do início, do estilo. Deixa o leitor interessado.[ainda mais quando se trata de um assunto desse 'naipe']. Obrigada.
ResponderExcluirbeijo, El
Agora resta você seguir pelas outras três partes da história, Eliana! ;-)
ResponderExcluirE depois me diz o que acha da história toda.
Beijão e obrigado!
OK!
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