CINEMA DE PAPEL (Parte 5) – DO FUNDO DA CRIPTA
Oswaldo Lopes Jr.
(Matéria escrita para a revista VEREDAS # 28 do Centro Cultural Banco do Brasil em abril de 1998, e republicada aqui na VALISE DE CRONÓPIO em oito partes)
Os anos 50 trouxeram a Era Atômica, a Guerra Fria, o macartismo e as revistas de terror da EC Comics. Violência gráfica e muito humor negro para combater a paranóia desenfreada e a repressão política. Tales From the Crypt, Vault of Horror, Weird Science e outros títulos chocaram a sociedade e foram rapidamente contidos, com uma ação direta da Comissão Warren de “caça aos comunistas”. É Bem verdade que os monstros, zumbis e psicopatas da EC comiam criancinhas, mas não rezavam pela cartilha de Kruchov ou Mao Tsé-Tung.
Após o fim dos títulos de terror da editora, sua chama foi mantida acesa nos anos 70 pela produtora inglesa Amicus, com dois filmes de episódios, nos anos 80 pelo diretor George Romero com o brilhante Creepshow, e nos anos 90 pela emissora de TV HBO, com o seriado Tales From the Crypt (que chegou a render dois longas para o cinema). Os filmes da Amicus são eficazes como gênero mas se mantém impermeáveis à forma dos quadrinhos. Entretanto, Creepshow é uma das mais importantes simbioses entre as duas artes já feitas no cinema, um autêntico “cine-gibi”, com cortes que simulam páginas virando, onomatopéias e cenários que reproduzem os quadros e splashes dos quadrinhos. Além disso, a história toda se passa dentro de uma revista de terror e mantém o impacto visual das atrocidades da velha e boa EC Comics.
Quase tão essencial quanto Creepshow, mas feita para a TV, é a série Tales From the Crypt (exibida no Brasil pela Bandeirantes há uns anos atrás com o título de Contos da Cripta). O produtor Joel Silver (“Duro de Matar”) e os diretores Richard Donner (“Superman – O Filme”, “Máquina Mortífera”), Robert Zemeckis (“Uma Cilada Para Roger Rabbit”, “Forrest Gump”) e Walter Hill (“Warriors, os Selvagens da Noite”, “48 Horas”) se reuniram com a intenção de adaptar cada história de terror da lendária editora para a telinha. O resultado foi uma grande antologia que às vezes erra na mão mas que, no conjunto, satisfaz plenamente aos fãs de quadrinhos.
A SEGUIR... O “ESPÍRITO DA COISA”.
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