quarta-feira, 25 de julho de 2007

STAR WARS - LOBBYCARDS ORIGINAIS DE 1977

Category:   Collectibles
Price:   R$ 100,00

http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-59777889-star-wars-lobbycard-original-imperio-darth-vader-boba-fett-_JM

Além de vários outros (além das fotos abaixo, todos originais da época)

+ 2 lobbycards originais americanos de "OS CAÇADORES DA ARCA PERDIDA".



terça-feira, 24 de julho de 2007

O CARA E A AVENTURA AMAZÔNICA

Quando se fala em praia deserta, logo vem à mente a imagem de um bela extensão de areia branca à beira de algum oceano de marolas preguiçosas, adornada por coqueiros e com um pôr-do-sol incrível ao longe. Foi por isso que o cara se espantou ao encontrar uma praia deserta num lugar tão inusitado.

Naquele mesmo dia bem cedo ele chegara ao sítio de um tio distante de barco, num raro pedaço de terra seca cercado de charcos e rios, no alto Tocantins, interior do Pará. Mal acabaram o café da manhã, já foram todos – primos, tios, pai, peões, feitores – a caminho do interior da floresta para pegar a boiada do tio de volta. Uma vez por semana eles levavam o gado para uma clareira gramada encravada no meio das árvores mais altas para um festim vegetariano. E estava na hora de buscar de volta a turma de couro e chifres.

Para o cara, um urbanóide típico, enfiar as pernas em igarapés coalhados de piranhas e outros bichos estranhos, era algo inimaginável. E era exatamente isso que ele fez. Em menos de cinco passos os chinelos do cara afundaram na lama e se perderam. Os primos riram muito daquele parente desajeitado e estranho. "Não tem perigo das piranhas atacarem a gente?" era só no que o cara pensava. Um dos tios explicou que se pode nadar tranqüilamente entre cardumes de piranhas, se você não estiver sangrando. É o sangue – e a fome – que faz esses peixes atacarem. "Portanto elas têm que estar bem alimentadas também", pensou ele.

Meia hora atravessando a floresta amazônica com água pelas coxas os levou a uma belíssima clareira, parecida com algo de contos de fadas. Reuniram o gado e todos voltaram pelo mesmo caminho alagado, com os feitores na frente, guiando o grupo, e os peões atrás, cuidando para que os bois não saíssem do caminho. No trajeto de volta o banquete de grama que a boiada carregava no bucho foi se transformando em esterco e sendo devidamente expelida diante dos últimos membros da expedição – para o constrangimento do cara e para a diversão dos primos. E todos caminhavam sobre bosta de boi e água de igarapé, felizes da vida.

Para compensar o cansaço da caminhada um farto almoço os esperava, todo feito de caça. O cara e a família comeram jacarés, piranhas, pato ao tucupi e outras iguarias típicas paraenses. A sesta obrigatória nas redes sob as árvores terminou abruptamente quando o dono da fazendo acordou os visitantes e anunciou que iria levá-los a um lugar diferente, mágico. Meio a contragosto o cara – cujo pecado capital favorito era a preguiça – levantou-se da rede e se instalou no barquinho a motor do tio, escolhendo um lugar mais confortável. O problema é que aqueles barcos não tinha nada de confortáveis e o cara, suspirando fundo, foi se aboletar na proa, para pelo menos poder aproveitar a paisagem.

O barco media cerca de dez metros e era quase todo coberto. Porém o motor fazia um barulho ensurdecedor e o cara estava agradecido de ter escolhido ficar ali, bem longe do motor. Mas não era apenas isso: a paisagem era algo de enlouquecer qualquer gringo, mais bela do que qualquer pintura de Gauguin nas ilhas dos mares do sul. Uma vasta floresta, árvores e vegetação de todos os tipos, pincelada de variados tons de verdes e marrons, revoadas de tucanos, araras e outros pássaros menos identificáveis mas tão lindos quanto. Sobre suas cabeças nuvens de algodão doce e cogumelos nucleares, inofensivos e enormes, estampando um fundo azul inacreditável de tão limpo. Com o sol reinando e o vento fresco batendo-lhe no rosto, o cara era o próprio Ishmael na vigia do Pequod, atento a qualquer cardume de (naquele caso) botos.

Cada curva do rio trazia uma surpresa visual mais encantadora que a anterior. De repente o tio anunciou aos parentes urbanos, "vocês pensavam que só existia praia deserta na beira do mar? Pois vejam o que temos pela frente", e a esquina amazônica descortinou uma visão quase inacreditável: uma grande praia quase redonda de areia fina e tremendamente branca, cercada por grandes árvores cerradas por todos os lados, como se fosse uma clareira, dotada de uma lindíssima cerca natural.

O barco aportou, o cara saltou correndo para sentir aquela areia de sonho entre seus dedos. Todos saíram e pisaram na praia como se estivessem conquistando um planeta inexplorado e virgem, totalmente hipnotizados pela beleza do lugar. O cara conseguiu vislumbrar um pássaro alçando vôo de um ponto distante da praia e correu até lá. De longe ouviu o tio gritar alguma coisa. Era um ninho, com alguns ovos inteiros e uns filhotes ainda de olhos fechados. Com mais agilidade do que o cara, a mãe que tinha levantado vôo atacou gritando tentando afugentar aquele intruso. No mesmo pique o cara voltou correndo e se aproximou a tempo de distinguir as palavras do tio: "... não se deve mexer num ninho com filhotes recém-nascidos, ainda mais com uma mãe preocupada por perto!"

Como o crepúsculo trazia a noite como companhia e o sol trocou de turno com a lua cheia, a turma fez uma pequena fogueira próxima ao barco e jantaram os restos do almoço, entre histórias incríveis que só os nativos da amazônia tinham vivenciado – por mais fantásticas que parecessem aos ouvidos de um urbanóide. Quando o sono chegou, a família foi se recolhendo aos poucos dentro do barco, já entrecortado de redes.

O cara, pleno com tanta aventura no mesmo dia, insistiu em dormir na praia. E ali, naquela areia branca e fina, como que saída de uma ampulheta divina, ele adormeceu feliz, olhando encantado aquele infinito de estrelas brilhantes que confirmavam as histórias mágicas de sua família e que anunciavam sonhos únicos e singulares, que o cara jamais poderia ter em qualquer cidade do mundo, sob as luzes artificiais dos homens.

 

sexta-feira, 20 de julho de 2007

"Ajuste Final" - Albert Finney em ação




Mais uma pérola de Joel e Ethan Coen. Albert Finney, um gramofone, um charuto e uma metralhadora 'tommygun' em "Ajuste Final" ("Miller's Crossing", 1990).

Uma das melhores cenas de filmes de gângsters de todos os tempos.

Quem souber que música é essa, agradeço.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

O CARA E O ALMOÇO RÁPIDO

Durante a convenção em que fazia um "freela", o cara não tinha hora para almoçar. Mas seu estômago parecia um buraco negro em formação. Se ele deixasse para comer algo mais tarde correria o risco de acontecer uma autofagia espontânea. Ele largou tudo e saiu correndo do hotel em busca de algum lugar para comer, algo que fosse rápido e ao mesmo tempo consistente.

Após se informar com jornaleiros e porteiros, descobriu um diminuto restaurante árabe escondido ali perto. Satisfeito, pediu uma porção de hamus, outra de tabule, um quibe e um guaraná. As porções estavam meio insossas, por isso pediu o sal à atendente, que sorridente estendeu-lhe a caixinha cheia de pacotinhos de papel. O cara não conseguia se acostumar com aqueles pacotinhos mínimos de uma grama de sal, ao invés dos velhos saleiros de sempre. Questão de higiene, diziam alguns, fazem você comer menos sal, que faz mal à saúde, blá, blá, blá. O cara detestava quando o politicamente correto dos outros se infiltrava nos seus hábitos alimentares, mesmo ele tendo pressão alta. E mesmo com dois pacotinhos, a comida continuava com gosto estranho, cada vez mais insossa. Ah, diabos, às favas com a pressão!, e ele abriu e espalhou mais três gramas por cima do tabule e do hamus. Deu uma garfada e sentiu um bizarro sabor intensamente adocicado entre os vegetais. Quando percebeu o que fizera já era tarde: ao invés de sal, ele tinha espalhado adoçante em pó por todo o seu precioso almoço.

A cara de nojo e revolta do cara chamou a atenção de todos em volta e a solícita atendente veio correndo se desculpar, dizendo que não foi sua culpa, que ele não prestou atenção que os saquinhos de adoçante e de sal estavam misturados. Ele agia como se tivesse sido envenenado num filme, bem melodramático, apertando a garganta e esbugalhando os olhos. Devorou o quibe e entornou todo o guaraná goela adentro, como se aquilo fosse apagar os vestígios daquele sabor horroroso de sua boca, tudo em vão. Só queria pagar e sair dali. Pediu um desconto mas a atendente disse que o gerente não estava e ela não poderia fazer isso. "Mas adoçar o meu almoço você pode, né, sua inútil?", pensou ele com cara de "tudo bem, deixa pra lá".

Comprou um Hall’s preto extra-forte e mesmo assim aquela inhaca não desgrudava de seu aparelho digestivo. Sentia-se como John Hurt em "Alien", tentando arrancar aquele bicho feio da cara inutilmente. Entrou na sala de trabalho e uma colega perguntou como foi o almoço. Ele correu para o banheiro, caiu de joelhos diante do vaso e deu sua nojenta resposta a ela.

De noite, em casa, o cara não tomou o remédio para pressão, só de pirraça. Afinal ele nem tinha comido sal...

 

domingo, 15 de julho de 2007

O CARA E O ASSALTO APRESSADO

O cara tinha marcado com Ivone, sua quarta namorada (mas que nem de longe subia ao pódio de suas três grandes musas, as três grandes mulheres da sua vida), de verem um filme na Cinemateca do MAM, no fim do aterro do Flamengo. Fazia parte do Festival Jacques Tati, um cineasta e ator francês de meados do século 20, que baseava seus filmes num humor poético, onde ele vivia o Monsieur Hulot, muito alto, magro e atrapalhado, sempre com um chapeuzinho estranho e um longo cachimbo, e que quase não falava.

O problema é que a sessão estava marcada para as oito da noite e já passava das sete e meia e o cara ainda estava em casa. Saindo do banho afobado, ele era mais enrolado para se arrumar do que qualquer mulher, quebrando vários estereótipos. Só que o cara não pegava três ou quatro roupas e ficava naquele infinito "ser ou não ser" das mulheres. Ele era simplesmente confuso e atrapalhado em vestir as calças, a camisa e os sapatos certos. Parecia o Monsieur Hulot.

Em seu uniforme casual e já suando por todos os poros, o cara pegou o metrô correndo antes que a porta fechasse como se sua vida dependesse disso. O braço esquerdo quase foi mordido pela porta e quase todos no vagão olharam curiosos para aquele sujeito estranho e engraçado que parecia saído de uma comédia muda. Uma dessas que se assiste na Cinemateca do MAM.

Cinco minutos o separavam da boca aberta do trem até a porta da Cinemateca, onde Ivone esperava ansiosa pelo namorado atrasado. O cara nem pensou duas vezes, o negócio era correr, correr muito! Subiu a escada para a superfície pulando a cada dois degraus. Aquela escada, direcionada para o aterro, era o lugar mais ermo e perigoso dos arredores do metrô da Cinelândia. No meio da escada havia um garoto maltrapilho que aparentava uns 13, 14 anos, que interpelou o cara. "Ô, mané, passa toda a grana que tu tem aí!", e o cara, sem pensar em nada a não ser na cara de mau-humor de Ivone, enfiou a mão no bolso, escavou o punhado de moedas variadas que tinha e depositou numa das mãos do garoto com cuidado, já que na outra ele segurava um objeto longo e brilhante. "‘Cê me desculpa, menino, mas isso é tudo o que eu tenho. Se eu pudesse te ajudava mais. Agora tô atrasadíssimo!" Atônito, sem entender nada da reação de sua mais recente vítima, o guri deixou cair algumas moedas no chão e gritou enraivecido "Porra, cara! Que sacanagem! Tu tá marcado comigo! Se passar aqui de novo vou te furar, seu abusado!"

Determinado em chegar na hora, o cara ignorou a passarela até o Museu de Arte Moderna e atravessou correndo as duas pistas de alta velocidade para ganhar tempo e chegar na hora. Porém quando alcançou o gramado em frente à entrada principal da Cinemateca, o cara se deu conta do que tinha acabado de acontecer: ele tinha sido assaltado. Viu Ivone de longe com um saco de pipocas na mão, pronta para dar-lhe uma bronca por chegar em cima da hora do filme. Mas parou de correr, não se conteve e começou a rir. Gargalhava sem parar pelo absurdo total da situação, se segurava nos joelhos, jogava a cabeça para trás, totalmente divertido com aquele assalto-relâmpago, que ele nem se deu conta de que tinha sido vítima.

Nem deu tempo de explicar nada a Ivone, que também ficou desconcertada. Os dois pularam para a sala escura com os letreiros do filme de Jacques Tati já subindo na tela e o cara sem conseguir conter seu riso frouxo, ecoando pela sala. Alguns espectadores ficaram felizes com a garantia de qualidade, pensando que se um cara já entra numa comédia às gargalhadas, o filme só pode ser bom mesmo! E de onde estava, o genial Monsieur Hulot agradecia o involuntário fã, seu semelhante carioca, quase tão atrapalhado quanto ele mesmo.

 

O CARA E O DISCO DO QUEEN

Quando estava no ginásio, o cara colecionava LPs e tinha o maior ciúmes de emprestar seus vinis. Não por egoísmo, de forma alguma, mas por medo de que voltassem arranhados. Afinal acidentes acontecem. Ronaldo, que estudava no mesmo colégio do cara, passou meses insistindo para que ele lhe emprestasse o disco Queen Greatest Hits (na época só existia o primeiro volume). Foi como um aríete tentando derrubar o portão de um castelo. Quase em vão. Depois de tanta insistência, o cara desistiu e emprestou o LP, mas com um aviso: "se vier com um arranhão sequer você vai comprar outro disco pra mim." Isso era sério, seríssimo. Ronaldo prometeu, jurou e levou o bolachão de Freddie Mercury e companhia todo pimpão para casa.

Mais ou menos um mês depois Ronaldo foi na casa do cara com o disco do Queen debaixo do braço. Meio sem jeito, fez mil rodeios até dizer, com um tímido sorriso amarelo, que o disco tinha caído no chão e que arranhou um pouco uma faixa, mas que não tinha danificado nada. Arrumou uma desculpa qualquer e já estava descendo no elevador antes que o cara tirasse o LP da capa e examinasse o estrago. Já com o estado natural de temperatura e pressão alterados – para cima, naturalmente – o cara viu o tamanho do lanho na superfície delicada do vinil. Rapidamente colocou o disco da vitrola (para quem não sabe o que é isso, procure na internet ou pergunte aos seus pais) e logo constatou que quase no final da canção "Good Old Fashioned Lover Boy" o quarteto insistia em repetir sem parar "...that will be fine... that will be fine... that will be fine... that will be fine..." Não, Freddie, não estava NADA BEM.

Com o mesmo empenho obsessivo – adicionado de um mediana dose de fúria – o cara passou a cobrar o juramento do Ronaldo. Após meses de pressão – e pior: se achando com toda razão! – Ronaldo, sentiu-se acossado, foi na Mesbla e comprou o mesmo disco para o cara. Mesmo assim achando que o cara não tinha nenhum direito de o obrigar a lhe devolver um LP novo. Em troca o cara lhe deu o vinil danificado e Ronaldo, só de pirraça, quebrou o bolachão de propósito.

Décadas se passaram, milhões de pessoas morreram (inclusive o líder do Queen), o número de habitantes no planeta chegou a mais de seis bilhões, incontáveis guerras foram travadas, ditaduras caíram, Odete Roitman, milhares de africanos e o fotógrafo japonês que tinha uma loja no meu prédio foram brutalmente assassinados, as "diretas já!" venceram, a internet se popularizou, o cara entrou muito à contragosto no Orkut e um belo dia foi encontrado por Ronaldo, agora gordo, executivo de uma grande empresa e pai de família. E após os devidos cumprimentos e usuais perguntas do que anda fazendo da vida e coisa e tal, o Ronaldo deixou escapar um "lembra do disco do Queen que você me obrigou a comprar pra você? Pois é, agora eu tenho a coleção completa deles em CD! E não empresto pra ninguém! Haha!"

Imediatamente o cara pensou que Ronaldo deveria morrer de medo de encontrar um outro Ronaldo em seu caminho que pudesse estragar seus discos e ainda se achar cheio de razão...

 

O CARA E A GROSELHA NATURAL

Mesa de bar. Papo vai, papo vem, e depois de navegar por vários afluentes, a turma desembocou no caudaloso rio principal comum a todos: as velharias pop dos anos 60, 70 e 80. Entre uma selva de garrafas de cerveja e clareiras de bandejinhas de batatas fritas e provolones à milanesa, a Júlia, o Augusto, a Cíntia, o Ricardo, a Adriane, o Edson, a Josie e a Fabiana levantaram uma questão crucial: será que só existia refresco de groselha artificial? A maioria ali só conhecia a lendária Groselha Milani, enquanto os mais novos mal lembravam das marcas recentes, bem menos cotadas.

No fundo da mesa, encostado num canto e bebericando seu Jack Daniels, o cara observava caladão o debate dos amigos. A maioria estava convencida de que groselha era algo tão artificial quanto os saudosos Drops Dulcora ou os cults Hall’s extra-forte. Porém Ricardo, Adriane e Fabiana tinham certeza que groselha era uma pequena frutinha vermelha, parecida com açaí ou café, mas nunca tinham provado um refresco natural dela. Júlia, a mais convicta de suas crenças, lançou "eu pago 100 reais pra quem me provar que refresco de groselha natural existe de verdade!", o que foi rebatida pelo Augusto que de um jeito sonso perguntou "esses 100 reais seriam em dinheiro ou cheque?"

"Não vejo a menor graça nisso. Parece até que estamos discutindo sobre discos voadores! Groselhas existem, acreditem!", exclamou Adriane. Fã de "Arquivo X" e infame como sempre, Josie não conteve um "eu quero acreditar", que perdeu seu duplo sentido no meio da balbúrdia de vozes do bar. Na sombra, o cara puxou um Alonso Menendez corona do bolso e continuava a prestar atenção na conversa, saborendo o aroma do charuto apagado. Por mais surreal que pudesse parecer, o assunto da groselha natural acirrou os ânimos do pessoal a ponto da Júlia botar o dedo na cara do Ricardo e da Fabiana gritar com o Edson, ameaçando a diplomacia e os afetos na mesa.

A guerrilha verbal cessou de repente quando o rosto do cara se iluminou com o súbito clarão de fogo. Ele riscara dois fósforos para acender seu charuto. Ninguém ali fumava, a não ser o cara, que adorava charutos mas detestava cigarros. Diante do silêncio inesperado ele começou: "Todo mundo aqui me conhece e sabe que eu não minto. E também conhecem meu pai e sabem como ele é sério em tudo o que faz. Eu também pensava como vocês (disse apontando para os descrentes) até que um dia, no início da década de 80 eu acho, meu pai chegou das compras carregado de sacolas – naquele tempo ainda eram de papel – e tirou de dentro de uma delas uma garrafa de vidro de um litro. Pela cor eu pensei que fosse suco de uva ou vinho. Ele anunciou a todos – como se fosse a última ceia – que aquilo que ele tinhas nas mãos era xarope de groselha natural, importada da Itália. Pela primeira vez eu vislumbrei algo que eu também sempre acreditei só existir de forma artificial. Minha mãe, que não deixava nenhum suco ou refresco industrializado entrar em casa (com exceção da groselha artificial) estava deslumbrada e parecia uma beata diante do Papa. Meu pai abriu a garrafa com a precisão de um cirurgião e a reverência de um sacerdote e serviu o xarope para toda a família. Eu peguei água na geladeira para provarmos a santa bebida. Eu garanto a todos aqui nesta mesa de que no rótulo daquela garrafa estava escrito ‘groselha natural, produto importado da Itália’, e que ainda tinha um ‘made in Italy’ no fundo. Posso viver 500 anos e jamais vou esquecer do sabor daquele refresco. Não se parecia em nada com essas groselhas artificiais que a gente estava acostumado a beber, pessoal. O gosto lembrava framboesa, amora, uva, e não era nada disso. Era único. E dava pra sentir que não existia nada de artificial naquilo. Era um líquido dos deuses. Deveria ser a versão não-alcoólica do melhor vinho do mundo. É, amigos... vocês podem brigar à vontade, por a amizade de vocês em risco se quiserem... mas eu sei que xarope de groselha 100% natural existe sim, e fui testemunha ‘paladar’ disso. Quem me dera achar de novo uma garrafa daquelas!"

Dito isso em tom solene, o cara se levantou diante dos olhares emudecidos e respeitosos da turma, deu uma baforada, pediu a Fabiana para pedir outro Jack Daniels ao garçom e anunciou que precisava ao banheiro. Enquanto o rastro da fumaça do corona atravessava o bar em direção ao lavabo, entre crentes e céticos quase todo mundo na mesa salivava, planejando a próxima vez em que iriam numa casa de bebidas importadas.

 

segunda-feira, 9 de julho de 2007

O CARA E O DIA DO ANIVERSÁRIO

Para o cara, o seu aniversário era a data mais importante do ano. Do século. Da galáxia. Para ele deveria ser feriado universal, e todas as pessoas do mundo deveriam aproveitar aquele dia para fazer o que mais lhes dessem prazer – sem incomodar os outros, naturalmente. Isso era instintivo no cara, ele sentia isso de verdade.

Por esse motivo ele ficou tão frustrado no dia em que sua namorada que morava em outro Estado e que chegaria na manhã do seu aniversário teve que adiar a viagem ao Rio por causa de uma prova da faculdade, obrigando ele a mudar de planos. Pior, a passar seu aniversário sozinho. Foi para um bom restaurante italiano, sentou na varanda, pediu um talharim a matriciana e comeu tudo olhando a lua cheia de julho, com os olhos embaçados de lágrimas como se fosse o cão vagabundo da Disney sem a sua tão amada Lady.

Traumatizado por nunca ter tido uma festa surpresa, uma vez ele pediu a uma amiga uma festa surpresa de aniversário. Um absurdo, claro. E o mais absurdo é que ela conseguiu realizar a tal festa com vários amigos do cara sem que ele soubesse de nada. E na casa dele! Foi uma festa surpresa e tanto, inesquecível!

Porém o cara sempre sonhou que um dia fizessem para ele uma festa surpresa total, o que os norte-americanos chamariam de "the ultimate surprise party". Por morar sozinho, o cara gostava de manter uma cópia das chaves de casa com uma amiga, praticamente sua irmã mais velha, a Cláudia. E já que uma amiga tão querida tinha como entrar na casa do cara sem que ele soubesse, o ingênuo sujeito alimentava a fantasia de que no dia do seu aniversário alguns amigos o tirariam de casa por algum motivo – que o tonto nem perceberia – e que a Cláudia e outro grupo de amigos entrariam em seu apartamento, fariam uma faxina completa, decorariam o ambiente, encheriam o lugar de presentes e surpresas (incluindo uma garota pra passar a noite sozinha com o cara) o esperariam no escuro. Quando ele chegasse com o resto dos amigos que o arrancaram de sua solidão, todos pulariam e gritariam de felicidade, e cantariam os parabéns, e o encheriam de beijos e abraços e presentes... e o cara acordaria, já que isso era uma fantasia grande e inatingível demais para que um dia se tornasse realidade.

Um dos grandes defeitos do cara era esperar demais dos outros, confiar demais nas pessoas, enxergar bondade e boa vontade em todos que o cercavam. E quando isso falhava, ele ia de um extremo a outro: se tornava o sujeito mais paranóico do mundo, alimentando um sentimento de mágoa e raiva com toda a certeza de que todos o odiavam ou o desprezavam, e que nunca deram bola para ele. "Todo mundo me persegue, só porque eu sou paranóico" era a sua máxima nesses momentos.

E o aniversário do cara se aproximava. E como em todo ano, ele tentava sondar seus amigos para ver se descobria se uma festa surpresa estava sendo armada. Mas agora muita coisa mudara. A grande maioria de seus amigos mais queridos e mais antigos tinha se mudado de vez, moravam em São Paulo, Brasília, na serra gaúcha, em Natal, na França, ou perderam contato com ele há tempos. Seria mais fácil fazerem um show dos Beatles, Rolling Stones, The Who, Pink Floyd, Supertramp e Creedence Clearwater Revival – todos juntos no mesmo palco (inclusive os que já morreram) – do que reunir essa turma toda para uma festa surpresa para o cara. Em sua megalomania ele sentia que era um sujeito importante e fundamental para todos os que o cercavam, ao mesmo tempo que se sentia a bactéria da mosca do cocô do cavalo do bandido em sua solidão e em sua longa e forçada solteirice.

Enquanto o relógio andava, a ansiedade o corroía rapidamente como piranhas famintas num boi desgarrado. O sono da véspera o trouxe alento e o Senhor dos Sonhos o presenteou com o mais magnífico de todos os aniversários, em plena Praça de São Marcos em Veneza, pouco antes do por do sol, com todos os amigos que ele tinha imaginado (inclusive os que já morreram) lhes dando parabéns, abraços, beijos, carinho, presentes, tudo regado a bons vinhos, cerveja pros amigos, Jack Daniels e uma caixa de Montecristos no.4 para ele, sushis e sashimis variados para todos, até o raiar do dia, na belíssima e flutuante Veneza.

Depois de um dia tenso, recebendo pouquíssimas chamadas por problemas na sua conta telefônica, o cara terminou o dia do seu aniversário sentado numa mesa de restaurante, cercado de meia dúzia de três ou quatro amigos queridos, comendo sushis e sashimis contados por conta da sua carteira magra, bebendo água tônica e indo dormir sozinho, no seu solitário apartamento.

Em meio a tanta escassez e a tanta frustração, o cara até trocaria a bela e selvagem garota de seus sonhos e fantasias inconfessáveis por um grande tigre de pelúcia para dormir abraçado com ele. Pelo menos assim se sentiria mais como na verdade era, um grande Calvin de Bill Watterson, em carne, osso e ilusões.

 

sábado, 7 de julho de 2007

O CARA E O SEQÜESTRO DE GODARD

Um pouco antes de um desses festivais internacionais de cinema acontecer, a imprensa divulgou que o polêmico cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard viria ao Brasil. A maioria dos cinéfilos, alguns mesmo sem nunca ter visto um filme dele, sabiam que Godard tinha um jeito muito peculiar de fazer cinema, de revirar as entranhas da sétima arte, de mexer com o público, de encher o saco de alguns, de gozar da cara de outros, de fazer pouco do cinema convencional de começo, meio e fim, enfim, de fazer valer a velha expressão "ame-o ou odeie-o". Léo – fã entusiasmado e incondicional do tio Jean – mal continha sua empolgação e contou ao cara sua grande idéia: eles iriam seqüestrar Godard.

"Mas como assim, Léo? ‘Cê tá maluco? Isso dá cadeia, sabia?", foi a reação assustada do cara. Ainda mais por uma idéia daquelas ter vindo de um sujeito tão pacato, tímido e intelectual como o Léo. "Não, você não entendeu! A gente não vai fazer mal nenhum a ele, não vai pedir resgate, vai ser só por um dia, talvez dois!", e aí o cara ficou sem entender nada mesmo. A idéia maluca do Léo era interceptar o carro de Godard perto do aeroporto usando máscaras ou capuzes, com armas de brinquedo, jogá-lo num carro velho de algum amigo de amigo, levá-lo vendado até um casebre alugado numa região o mais erma possível da cidade, amarrá-lo numa cadeira diante de uma câmera de vídeo e fazê-lo falar. "Mas falar o que, seu tonto?", insistia o cara. "Você ainda não percebeu, cara? Vamos fazer a entrevista definitiva de Godard sobre o cinema! Garanto que ele mesmo vai adorar a nossa ousadia, a nossa iniciativa Dziga-Vertov!", e Léo delirava, sonhava acordado em estar diante de seu ídolo, fazendo uma série de perguntas sobre a forma de Godard fazer cinema e dele responder cada questão naturalmente, a despeito de estar amarrado numa cadeira desconfortável e sendo ameaçado por dois sujeitos encapuzados cujo conhecimento da língua francesa se limitava a abajour, croissant, fiancée e alguns tipos de queijos extravagantes.

Abrindo um raro e largo sorriso de entusiasmo, Léo disse "vamos fazer Godard dar a sua versão da História do cinema, cara! Nós vamos entrar pra História!", no que o cara rebateu "vamos entrar é em duas celas de cadeia ou em dois caixões, seu maluco! Seqüestrar uma celebridade internacional que com certeza vai chegar cercado de seguranças com armas de brinquedo??? Se você quer morrer, Léo, arruma um jeito mais simples!" E assim o cara foi fazendo seu amigo Léo lentamente aterrisar e botar os pés no chão, ao mostrar que aquela seria a empreitada mais doida e arriscada que eles poderiam realizar.

Acabou que Godard veio ao festival – cercado de um aparato de segurança, claro – mas por motivos de saúde, voltou para Paris bem antes do previsto, o que deixou Léo frustradíssimo. O cara desconfiava que mesmo tendo sido desencorajado do plano do seqüestro, seu amigo ainda guardava uma ponta de esperança em levar a cabo aquela insanidade.

Cerca de dois anos depois, o cara, Léo, Ricardo, Adriane, Josie e outros amigos entraram numa livraria grande dessas que têm de tudo e deram de cara com o livro "Uma História do Cinema Segundo Jean-Luc Godard". Léo se transfigurou e, enfurecido, começou a empurrar, bater e a xingar o cara aos berros em plena livraria. "Porra, ‘cê viu, seu cagão? Nós dois podíamos ter feito isso antes de todo mundo, até dele mesmo!!!" Os amigos, atônitos, não entenderam nada.

Na farmácia mais próxima, enquanto a turma do deixa disso agia e o cara recebia uns curativos, Josie ainda comentou "puxa, logo o Léo que é tão calminho e tão centrado!"

 

quarta-feira, 4 de julho de 2007

O CARA E A FAROFA DO TROPEÇO

O cara, sua namorada Clarice, a amiga deles Izabel, a amiga dela Maria e o namorado desta – devidamente apelidado de "Tropeço", pela semelhança física e mental com o mordomo da família Addams – alugaram um apartamento em Arraial do Cabo, região dos lagos do Estado do Rio, para aproveitar um feriadão. Mal chegaram e já estavam loucos para correr para a praia, em frente ao prédio. Porém a fome coletiva também clamava por atenção. Izabel e o cara logo se apresentaram como voluntários para preparar o almoço da turma. Sem que ninguém esperasse, o lerdo Tropeço disse que se encarregaria da farofa, pois tinha uma receita sensacional de família. A turma em silêncio ouviu ele garantir que todos iriam adorar sua farofa especial. Uma pequena atmosfera de medo passou por ali como vento encanado.

O cara se dedicou a fazer seu tão falado bolo de carne com cebola e bacon enquanto Izabel preparava um panelão de arroz. Clarice desfazia as malas e Maria foi num mercadinho próximo comprar uns refrigerantes e cerveja. Tropeço se ofereceu para ir com ela, e logo ouviu "mas você não disse que ia preparar a farofa?" Angustiado com o dilema, o desajeitado namorado de Maria pegou uma frigideira, a farinha e foi se instalar diante do fogão.

Enquanto misturava a carne moída com o creme de cebola de pacote, o cara olhava de rabo de olho para o fogão e logo notou que a "fantástica receita de família" de farofa do Tropeço não passava de farinha e sal, levemente esquentados em fogo baixo. Ele e Izabel se entreolharam com espanto. Tropeço ficava lá com seu olhar vazio mexendo com a colher na frigideira e nada de acrescentar mais nenhum ingrediente. Izabel olhava preocupada para o cara e ambos estampavam a expressão "o que diabos esse cara está fazendo?" na testa.

Clarice entrou na cozinha para preparar uma salada, viu os fatos e rapidamente pensou que a areia da praia talvez fosse mais saborosa que a pseudo-farofa de Tropeço. O esquisitão continuava a mexer, mexer, mexer com a colher na frigideira cheia de farinha, sal e mais nada, sem proferir uma só palavra sequer, ignorando todos à sua volta, como se estivesse sozinho no planeta – e provavelmente estava mesmo, só, no planeta dele. De repente Tropeço desligou o fogo, deu mais umas mexidas e disse "está pronto", e saiu porta afora atrás de Maria.

O cara, Clarice e Izabel se entreolharam por três segundos e meio antes de agir. Com a rapidez de um videoclipe, Izabel cortou mais cebola, Clarice pegou dois ovos que tinham acabado de por na geladeira e o cara esquartejou rapidamente duas fatias de bacon. Antes que o estranho casal retornasse com os líquidos, todos os ingredientes extras já estavam devidamente misturados à farinha morna de Tropeço.

Sentados à mesa, Maria elogiava a farofa crocante e saborosa do namorado, se dizendo sinceramente surpresa, já que ele só sabia fazer farinha morna e salgada. Intrigado, Tropeço não conseguia entender como aquela receita ficou tão diferente da sua tradicional receita familiar. E o resto da turma se concentrava em não rir da situação, pois do contrário seria uma nuvem de farofa só sobre a mesa do almoço.

 

terça-feira, 3 de julho de 2007

O CARA E O SUSHI

Clarice foi a quinta namorada e a segunda grande mulher e musa na vida do cara. Entre muitas outras coisas, eles adoravam comida chinesa. Sempre que podiam, freqüentavam um restaurante bacana no Largo do Machado, em cima de um salão de bilhar. Comiam sempre yakissoba. De frango, de carne, de frutos do mar, misto, sempre o bom e saboroso yakissoba. Clarice de vez em quando sugeria que eles mudassem para sukyaki, que era preparado pelo cozinheiro ao lado da mesa e cheirava muito bem, mas eles acabavam protelando a mudança de cardápio.

Como o restaurante servia comida chinesa e japonesa, as garçonetes costumavam passear com bandejas de comida nipônica o tempo todo. Boa parte da clientela era de executivos japoneses e sempre pediam sushis, sashimis, tekkamakis, kappamakis, e outros acepipes da terra do sol nascente. Aquela comida exótica e multicolorida enchia os olhos do cara e de Clarice, que enquanto degustavam seu querido yakissoba, ficavam a ver os navios de sushis e sashimis singrando pelo restaurante, como se esses lhes sorrissem e acenassem do alto dos ágeis e equilibrados braços das garçonetes.

Esse papo preconceituoso de "argh, isso é peixe cru!" passava longe da cabeça e dos curiosos estômagos do casal, e um dia eles decidiram experimentar o que se comia no país de National Kid. Antes de mais nada, chamaram a garçonete que costumava atendê-los e baixinho explicaram a situação. "A gente nunca comeu sushi mas tá louco pra provar, o que você sugere?" A moça sorriu diante da virgindade gastronômica dos dois e ficou feliz por poder proporcionar sua entrada no maravilhoso mundo da comida japonesa. Explicou que era melhor pedir uma dupla, pois assim cada um experimentava um sushi para ver se realmente os apetites do casal seriam tão seduzidos quando seus olhos. Decidiram por atum, por ser mais barato e pela familiaridade com aquele peixe imenso que eles conheciam das latinhas em óleo vegetal.

Diante dos pequenos sushis de atum, prontos para o sacrifício, a garçonete ensinou à Clarice e ao cara como usar os pauzinhos – ou hashis, para os iniciados – e assim se deu o primeiro contato dos dois com a famosa cozinha japonesa. Clarice detestou aquele bolinho de arroz grudento com um filezinho de atum cru em cima e o cara – surpreendentemente – se apaixonou pelo sabor do sushi na mesma hora. Ficou entusiasmado e queria pedir uma porção maior, sugestão definitivamente vetada por ela. E o bom e velho yakissoba misto, quentinho e cheiroso de sempre aterrisou na mesa em poucos minutos.

Na vez seguinte que Clarice e o cara foram ao restaurante, ele avisou na hora: "Você eu não sei, mas eu vou comer sushi. Um grande prato de sushi de atum." Ela nem cogitou tal sugestão e ficou mesmo num saboroso yakissoba de frutos do mar. Sem discussão, os dois jantaram tranqüilamente. Isso até o cara perceber que sua namorada não desgrudava os olhos de sua generosa porção de sushis de atum, enquanto mandava o yakissoba pra dentro. Meio envergonhada e curiosa, ela pediu "posso provar um sushi de novo?" Ele riu, sentiu-se feliz por ela dar o braço à torcer e esforçando-se em equilibrar o pequeno bolinho de arroz e atum com o hashi, o levou até a boca de sua amada. O cara parou para observá-la. Clarice mastigou demoradamente, revirou os olhos e por fim decretou: "É, até que não é ruim." Ele sorriu, disse algo que a deixou levemente irritada e ambos dedicaram os minutos seguintes a explorar os sabores únicos de suas refeições em silêncio.

Um tempo depois, após muitas massas, churrascos, pastéis de carne de soja, saladas, pratos árabes e mexicanos, Clarice e o cara voltaram ao seu templo alimentar oriental favorito. Novamente ele deixou bem claro: "Você eu não sei, mas eu vou pedir sushi. E desta vez vou provar outros peixes também!", no que ela rebateu "EU TAMBÉM vou pedir sushi!"

Sorridente, a garçonete usual trouxe o primeiro barco de sushis do casal, eles não demoraram a aprender a manipular os hashis como legítimos samurais e por muito tempo – muito tempo mesmo! – Clarice e o cara nunca mais sentiram nem cheiro de yakissoba.