quarta-feira, 29 de dezembro de 2004

"O HOMEM QUE QUERIA SER REI" ("The Man Who Would Be King", 1975), de John Huston

Rating:★★★★
Category:Movies
Genre: Action & Adventure


Direção: John Huston
Roteiro: Gladys Hill e John Huston, baseado no conto homônimo de Rudyard Kipling
Produção: John C. Foreman / Columbia Pictures
Fotografia: Oswald Morris
Montagem: Russell Lloyd
Música: Maurice Jarre
Direção de Arte: Tony Inglis, Alexandre Trauner
Elenco: Sean Connery, Michael Caine, Christopher Plummer, Saeed Jaffrey, Shakira Caine, Albert Moses, Mohammed Shamsi

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"You are going to become soldiers. A soldier does not think. He only obeys. Do you really think that if a soldier thought twice he’d give his life for queen and country? Not bloody likely. When we’re done with you, you’ll be able to stand up and slaughter your enemies like civilized men."
(Daniel Dravot, para os soldados do seu reino)

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Herman Melville não foi o único escritor que John Huston levou às telas. Entre muitos outros ele também transformou um conto de Rudyard Kipling num grande filme de aventuras. “O Homem que Queria Ser Rei” conta a história de dois ingleses trapaceiros, Daniel Dravot (Sean Connery) e Peachy Carnehan (Michael Caine), ex-soldados de Sua Majestade na Índia e maçons (com um código de ética muito peculiar), que cansados de se sustentarem a custa de pequenos roubos e golpes, decidem partir para o Kafiristão e se tornar reis do lugar. Eles assinam um acordo no escritório do próprio Rudyard Kipling (Christopher Plummer), que conheceram por acaso em ocasiões diferentes nos trens indianos, e partem com a bênção – e temor – do escritor. Atravessam o Afeganistão, cruzam desertos, geleiras, montanhas, enfrentam bandidos e as intempéries naturais até que enfim chegam ao (fictício) Kafiristão, que no passado já teria sido conquistado por Alexandre o Grande. Lá encontram uma terra de bárbaros, que se reúnem em tribos isoladas, eternamente em luta umas contra as outras. Usando seus conhecimentos de estratégia militar, além de muita esperteza, Dravot e Carnehan vão ganhando a confiança do povo local até que conseguem seu intento. Daniel se torna o rei do Kafiristão. Só que se tornar rei é uma coisa, manter o trono e a unanimidade entre seus súditos é outra bem diferente. Muitas vezes ajudados pelo acaso, pela História e pela Maçonaria, os malandros vão conseguindo se safar de serem desmascarados. Até que, após ser flechado numa batalha e arrancar a flecha fora (que tinha atingido uma proteção), Dravot é aclamado pelo povo como um deus vivo, sucessor direto de Alexandre o Grande. E isso acaba selando o destino dos amigos.

A história é contada em ‘flashback’ por Carnehan, que retorna após três anos de aventuras no longínqüo Kafiristão e conta tudo a Rudyard Kipling. Filmado no Marrocos, em Chamonix (França), em Utah (EUA) e nos estúdios Pinewood, na Inglaterra. Com Shakira Caine, esposa de Michael Caine (como Roxanne) e Saeed Jaffrey (como Billy Fish).

John Huston realizou um típico filme de aventuras, com ecos de “Gunga Din”, mas com tintas de preconceito cultural (os indianos são mostrados como um povo porco e inculto, isso sem falar nos fictícios “kafiristãos”, que condensam toda a visão preconceituosa dos conquistadores ingleses) além de doses generosas de humor negro. Assim como “O Expresso da Meia-Noite”, já comentado aqui antes, “O Homem Que Queria Ser Rei” é sim um filme racista (e tanto por isso fiel à obra de Kipling), porém com um legítimo espírito de ousadia, cheio de descobertas, conquistas e aventuras poucas vezes vistos no cinema dos anos 70.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2004

MEUS FILMES DE NATAL


Existem dezenas de filmes feitos especialmente para essa época do ano, e que têm as festividades natalinas como pano de fundo. "Natal Branco", "Conto de Natal", "Adorável Avarento", "O Milagre na Rua 34", o recente "Expresso Polar" e até mesmo os dois primeiros filmes da série "Duro de Matar", entre muitos outros, antigos e atuais. Porém há muitos anos eu elegi meus dois filmes preferidos de Natal, que sempre que posso revejo todo dezembro: "A Felicidade Não Se Compra" (1946), de Frank Capra, e "Gremlins" (1984), de Joe Dante.

Ambos se passam em cidadezinhas fictícias do interior dos Estados Unidos (Bedford Falls e Kingston Falls, respectivamente), ambos têm personagens e lugares que nos remetem diretamente às ilustrações de Norman Rockwell, os dois tratam de situações fantásticas e além da imaginação.

O primeiro virou símbolo de Natal para muitas pessoas, com o honesto George Bailey (James Stewart), determinado a cometer suicídio na véspera de Natal, sendo levado por um anjo a um mundo paralelo onde ele nunca existiu, para aprender a importância da vida e da amizade. Sem dúvida um dos mais belos filmes de Frank Capra – o cineasta do otimismo e da bondade, onde um cidadão de valor é capaz de derrotar o mundo podre que o cerca – e uma das mais emocionates obras já feitas sobre o valor do ser humano e da amizade, imitada e citada no mundo todo ao longo de décadas.

Mas o segundo, apesar de se passar também na véspera de Natal, nunca é lembrado como filme típico dessa data. A meu ver o diretor Joe Dante e o produtor Steven Spielberg conseguiram realizar a mais cínica, cruel, bem-humorada e peculiar fábula de Natal dos anos 80. O humor negro e o perfeito equilíbrio entre a comédia, o terror e a aventura se fazem presentes neste filme inesquecível.

Duas pérolas natalinas, para quem adora, ignora ou detesta o Natal. Dois filmes que merecem ser vistos e revistos em qualquer época do ano. Mas especialmente hoje, antes de Papai Noel chegar. Só tenha cuidado para que o anjo não o esqueça em outra dimensão e para que sua ceia de Natal seja destruída por monstrinhos famintos...


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"A FELICIDADE NÃO SE COMPRA"
1946 - EUA - P&B - 125 minutos
Direção: Frank Capra
Roteiro: Frances Goodrich, Albert Hackett, Frank Capra e Jo Swerling
Produção: Frank Capra / Liberty Films, RKO Pictures
Fotografia: Joseph Walker, Joseph Biroc
Montagem: William W. Hornbeck
Música: Dimitri Tiomkin
Direção de Arte: Jack Okey
Elenco: James Stewart, Donna Reed, Lionel Barrymore, Thomas Mitchell, Henry Travers, Beulah Bondi, Carol Coomes, Ward Bond, Gloria Grahame

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"GREMLINS"
1984 - EUA - Colorido - 120 minutos
Direção: Joe Dante
Roteiro: Chris Columbus
Produção: Steven Spielberg, Frank Marshall, Kathleen Kennedy, Michael Finnell / Amblin Entertainment, Warner Bros.
Fotografia: John Hora
Montagem: Tina Hirsch
Música: Jerry Goldsmith
Direção de Arte: William Matthews
Efeitos Especiais: Chris Walas
Elenco: Zach Galligan, Hoyt Axton, Frances Lee McCain, Phoebe Cates, Polly Holliday, Scott Brady, Glynn E. Turman, Corey Feldman, Keye Luke, Judge Reinhold, Dick Miller, Jackie Joseph, Jonathan Banks, Kenny Davis, Belinda Balaski, Harry Carey Jr., Chuck Jones, Steven Spielberg

domingo, 19 de dezembro de 2004

Revista CRÁS!

Category:   Collectibles

Alguém se lembra?

Ela saiu em fevereiro de 1974, pela editora Abril. Tinha ótimos desenhistas e autores de quadrinhos nacionais para um público infanto-juvenil, mas com uma qualidade acima do normal. Foi lançada com 64 páginas em formato especial em cores. E como dizia num anúncio na contracapa de um gibi da época:

"CRÁS! Histórias de humor, histórias de espionagem, aventuras, a sátira do bang-bang, suspense, mistério, e acima de tudo... muita AÇÃO!

CRÁS! Novos personagens, vivendo situações possí­veis e impossí­veis!

Não perca CRÁS! - mais uma revista da Editora Abril criada por argumentistas e desenhistas brasileiros."

Se alguém tiver ou achar esse velho gibizão - que pelo que me lembro ficou só no número 1 - pode falar comigo.


sábado, 18 de dezembro de 2004

NATAL NAS ESTRELAS




Como este é o último Natal antes do derradeiro filme de "Guerra nas Estrelas", "Episode III - Revenge of the Sith" - que nos traz de volta Darth Vader, o vilão dos vilões da ficção cientí­fica, e tem estréia prevista para junho de 2005 - não posso deixar de desejar um ótimo Natal a todos os meus amigos, cyber-amigos, colegas e visitantes desta humilde Valise de Cronópio tendo como pano de fundo essa série de ilustrações natalinas da minha saga de FC favorita!!!

FELIZ NATAL A TODOS E QUE A FORÇA ESTEJA COM VOCÊS! SEMPRE!

"MOBY DICK" (Idem, 1956), de John Huston

Rating:★★★★★
Category:Movies
Genre: Action & Adventure


Direção: John Huston
Roteiro: Ray Bradbury e John Huston, baseado no romance homônimo de Herman Melville
Produção: John Huston, Vaughan N. Dean / Moulin Films, Warner Bros.
Fotografia: Oswaldo Morris, Freddie Francis
Montagem: Russell Lloyd
Música: Philip Stainton
Direção de Arte: Ralph W. Brinton, Stephen B. Grimes
Elenco: Gregory Peck, Richard Basehart, Leo Genn, Harry Andrews, Seamus Kelly, Orson Welles, Frederick Ledebur, Bernard Miles, Mervyn Johns, Tom Clegg, Edric Connor, Noel Purcell, Philip Stainton, Royal Dano, Joseph Tomelty

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Starbuck, primeiro imediato: To be enraged with a dumb brute that acted out of blind instinct is blasphemous.

Capitão Ahab: Speak not to me of blasphemy, man; I’d strike the sun if it insulted me. Look ye, Starbuck, all visible objects are but as pasteboard masks. Some inscrutable yet reasoning thing puts forth the molding of their features. The white whale tasks me; he heaps me. Yet he is but a mask. `Tis the thing behind the mask I chiefly hate; the malignant thing that has plagued mankind since time began; the thing that maws and mutilates our race, not killing us outright but letting us live on, with half a heart and half a lung.

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Gregory Peck já encarnou um de meus personagens favoritos, o Capitão Ahab. John Huston – o cineasta do pessimismo e da inevitabilidade – realizou a versão cinematográfica mais grandiosa (porém não a única) do romance homônimo de Herman Melville, sobre um homem obcecado em matar a baleia que arrancou sua perna e mutilou sua alma. Para isso ele próprio se imbuiu do espírito obsessivo de Ahab e levou anos alimentando o projeto de levar esta história para a tela grande. A ponto de Gregory Peck sugerir que o próprio Huston deveria interpretar o louco capitão, ao invés dele. Um de seus filmes mais pessoais, "Moby Dick" teve roteiro co-escrito por Huston e Ray Bradbury – mais conhecido por seus livros de ficção científica e terror – e conseguiu condensar em seus 116 minutos os principais aspectos da obra de Melville.

Ishmael (Richard Basehart) depois de muito caminhar, chega à cidade portuária de Nantucket, em Massachussetts, conhece o arpoador canibal Queequeg (o polonês Frederick Ledebur) e ambos se alistam no baleeiro ‘Pequod’, sob o comando do Capitão Ahab. Apesar de sua missão de dois anos em torno do mundo ser arpoar o máximo possível de baleias e abarrotar os porões do navio de óleo, Ahab só tem uma coisa em mente: encontrar e matar o cachalote branco batizado de Moby Dick, que o mutilou anos antes. Starbuck, o primeiro imediato (Leo Genn) tenta fazer o papel de Grilo Falante, de consciência racional de seu capitão, porém a gigantesca obsessão de Ahab é forte demais para ser dobrada. Aos poucos, durante a longa jornada, ela contagia cada um dos marinheiros do ‘Pequod’ e eles quase se tornam partes do próprio Ahab, todos determinados a confrontar o poderoso cachalote branco.

Um perfeito ensaio sobre a obsessão e o ódio humanos, "Moby Dick" foi filmado em grande parte nas cidades portuárias de Massachussetts, na costa da Irlanda e próximo às Ilhas Canárias, no Atlântico Norte, com seqüências reais de caça às baleias feitas por baleeiros profissionais dos Açores, e um grande cachalote mecânico feito de madeira, borracha e plástico. O bicho enguiçava ou quebrava constantemente, trazendo dores de cabeça à equipe e atrasos nas filmagens, além de inflacionar o orçamento (problemas idênticos teve Steven Spielberg quando filmou "Tubarão" em 1975). A fotografia de Oswald Morris – que teve um tratamento cromático especial, criado por Morris e por Huston – e a trilha sonora de Philip Sainton se juntaram para dar o tom certo de aventura e tensão ao filme, e fazem com que o público se sinta parte da tripulação do ‘Pequod’. Também estão no elenco Harry Andrews (Stubb, o segundo imediato), Bernard Miles (o marinheiro colega de Ishmael), Royal Dano (o louco que profetiza o terrível destino do ‘Pequod’) e Orson Welles, numa participação especial como o Padre Mapple. Gregory Peck pegou emprestado um pouco da aparência do presidente Abraham Lincoln na composição do seu Ahab, com uma barba marcada por um filete grisalho que emenda numa longa cicatriz através do rosto. Enfim, o retrato da obsessão feita de carne, sangue e osso de baleia.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2004

HITCHCOCK & EU




HITCHCOCK & EU

Muito antes de fazer faculdade de cinema eu já era fissurado por Alfred Hitchcock (fotos 1 e 2, com seus pássaros). Desde criança sou fã desse cineasta inglês rotundo, cínico, preciosista, dono de um humor singular, e na minha opinião, o maior contador de histórias do século 20.

Tomei conhecimento do “mestre do suspense” ainda na infância, no início dos anos 70, pois a Globo exibia “Os Pássaros” a cada dois meses, e em todas as vezes lá estava eu, ao lado da minha mãe, aboletado diante da TV me arrepiando com aquela primorosa história de horror e suspense.

Alguns anos depois descobri uma série de livros da editora Record que reuniam contos de suspense e terror psicológico e levavam o aval de Hitch: “13 Histórias Que Até a Mim Assustaram” (foto 3), “Minhas 13 Histórias Favoritas de Suspense” (foto 4), “Com Açúcar e Veneno”, “13 Histórias de Arrepiar”, “Enterro de Primeira Classe”, “Histórias Para Ler à Meia-Noite”, “Histórias Que Mamãe Nunca Me Contou”, entre outros. Eram livros que se encontravam em qualquer livraria ou barraca da Feira do Livro, muito populares na época. Também achei num sebo uma coleção de revistas de 1972 chamada "Alfred Hitchcock Mistério Magazine" (foto 5), publicada mensalmente pela editora Artenova. Seguia o mesmo padrão dos livros, com contos policiais, de suspense e terror. Por volta de 1976 ou 77, encontrei um livro sobre Hitchcock e seus filmes, escrito pelo crítico inglês Noel Simsolo, onde aprendi muito sobre a obra do mestre. Infelizmente esse livro se perdeu em algum empréstimo (coisa que não faço mais).

No dia 29 de abril de 1980 Sir Alfred Hitchcock morreu. Na semana seguinte o cinema Lido 2, na praia do Flamengo (que desgraçadamente virou igreja evangélica), montou um Festival Hitchcock, com um filme por dia (foto 6), e eu tive a chance e o imenso prazer de assistir a todos os sete filmes na tela grande. Lembro bem que, mesmo tendo visto “Os Pássaros” cerca de meia-dúzia de vezes na TV, saí do cinema apavorado com os pombos da praia do Flamengo após ver o filme na telona. Porém foi na quinta-feira desta semana que o mundo e o cinema mudaram subitamente diante dos meus olhos, ao assistir “Psicose”. Não sabia absolutamente nada sobre Norman Bates e sua sinistra mãe, nem tampouco sobre a história. Sobre o filme Hitchcock disse que “o assunto me importa pouco, os personagens me importam pouco; o que me importa é que a junção dos trechos de filme. A fotografia, a trilha sonora e tudo aquilo que é puramente técnico podiam fazer o público gritar. Creio que é uma grande satisfação para nós cineastas utilizar a arte cinematográfica para criar uma emoção de massa. E, com ‘Psicose’ cumprimos isso. Não foi uma mensagem que intrigou o público. Não foi um romance muito apreciado que cativou o público. O que comoveu o público foi o filme puro. A maneira de construir essa história e de contá-la levou o público a reagir de uma forma emocional. A construção desse filme é muito interessante e é a minha experiência mais apaixonante de jogo com o público. Em ‘Psicose’ eu não dirigi atores, eu dirigi a platéia.”

Se é assim, tenho muito orgulho de dizer que fui dirigido por Alfred Hitchcock naquele dia. E desde então, por tudo o que “Psicose” significa como obra cinematográfica, como uso meticuloso e preciso de todos os elementos gramaticais que a linguagem do cinema proporciona a um diretor com o objetivo de impactar e emocionar o público, considero-o o melhor e mais perfeito filme de toda a História do cinema. Sem exageros e sem comparações.

Logo corri aos sebos de livros novamente em busca do romance de Robert Bloch (fotos 7 e 8), em que Hitch se baseou para fazer sua obra-prima. Cheguei a comprar compulsivamente todas as cópias do romance em português, publicado pela editora Record, que achava nas livrarias, apenas para presentear os amigos e espalhar minha paixão por aquela mórbida história. Nos anos seguintes consegui dois tesouros relacionados ao filme: um exemplar meio carcomido do Cahiers du Cinéma nº113 (foto 9) com capa e um longo ensaio sobre “Psicose”, e um livrão extraordinário – "Alfred Hitchcock's PSYCHO" (foto 10) – com mais de 1300 fotogramas do filme e todos os diálogos do roteiro, organizados de forma seqüencial para que se pudesse “ver” o filme apenas folheando o livro. Um verdadeiro vídeo-cassete sem ligar na tomada, só faltando a música de Bernard Herrmann. Achei esta raridade – editado por Richard J. Anobile, da Film Classics Library – na saudosa livraria Ao Livro Técnico, na rua Miguel Couto, no Centro do Rio. Nessa mesma época, entre meus delírios cinematográficos, eu sonhava em poder morar um dia numa casa que fosse a réplica da mansão Bates (foto 11), símbolo do estilo “Gótico Californiano”.

Em 1983 o diretor australiano Richard Franklin dirigiu nos EUA “Psicose II” (foto 12) a continuação do filme de Hitchcock. Obviamente o filme não chega aos pés do original, mas apesar das indevidas inserções de cenas de violência explícita feitas pelos produtores americanos à revelia de Franklin, “Psicose II” é um filme razoável. Até porque era com imenso prazer que eu voltava à mansão Bates, ao Bates motel e reencontrava o próprio Norman Bates, 23 anos depois dos acontecimentos originais. E para o lançamento, o próprio Anthony Perkins veio ao Brasil e fez uma palestra ao público na Cinemateca do MAM. É claro que eu estava lá, gravei a entrevista em fita cassete, tirei uma foto ao lado do primeiro e único Norman Bates (foto 13) e o fiz autografar uma pilha de livros relacionados ao filme, entre eles meu exemplar do Cahiers du Cinéma nº113 (foto 14) e meu livro “PSYCHO” da Film Classics Library, na primeira página e na foto da cena final (foto 15).

No ano seguinte conheci e namorei a Denise, outra apaixonada pela obra de Alfred Hitchcock como eu (foto 16). Uma tarde, na casa dela, montamos e fotografamos algumas cenas de clássicos do mestre, entre eles “Suspeita” (fotos 17, 18 e 19) e ”Disque M Para Matar” (fotos 20, 21 e 22). Foi uma tarde divertidíssima, apesar de no fim eu ter sido assassinado como uma das criaturas de Hitchcock (foto 23)...

O ano de 1985 trouxe o relançamento mundial de cinco filmes de Hitch em cópias estalando de novas. Eram “Festim Diabólico” (48), “Janela Indiscreta” (54), “O Terceiro Tiro” (56), “O Homem Que Sabia Demais” (56) e “Um Corpo Que Cai” (58) (foto 24), longe dos olhos do público há décadas por questões contratuais. Seguindo o exemplo de Anthony Perkins, James Stewart – amigo pessoal de Hitchcock e ator de quatro de seus filmes – veio ao Brasil para promover o relançamento junto à distribuidora UIP. Naturalmente me plantei na porta do hotel Rio Palace no Posto 6, em Copacabana, até conseguir falar com Jimmy Stewart. Tirei uma foto ao seu lado (foto 25) e pedi um autógrafo dele num lobby card de “Um Corpo Que Cai” (foto 26). Assisti quase todos os cinco filmes no saudoso cine Veneza, na praia de Botafogo.

No meu aniversário de 21 anos, em 1986, ganhei de uma amiga um exemplar do mais completo e importante livro sobre o cinema de Alfred Hitchcock, feito pelo também extraordinário cineasta e crítico francês François Truffaut, "Hitchcock / Truffaut" (foto 27), da editora Brasiliense, esgotadíssimo e relançado recentemente por outra editora. Poucos anos depois consegui a quadrinização de “Psicose” em três partes (foto 28) e o livro fundamental para qualquer fã do filme, Alfred Hitchcock and the Making of PSYCHO (foto 29), de Stephen Rebello.

Quando montei o curso ”História Ilustrada do Cinema” com minha amiga Cláudia Dottori, em 1993, fiz o cartaz de divulgação em cima de uma foto dos bastidores de “Psicose” (foto 30), e em 2004, na penúltima edição do curso, meu amigo Henrique Granado transformou a imagem num cartão postal (foto 31).

Minhas últimas aquisições relativas ao “mestre do suspense” foram um action figure de Norman Bates (foto 32), da coleção Movie Maniacs, da McFarlane Toys, e o DVD de “Psicose” (foto 33), presente da Cláudia no meu penúltimo aniversário. Um dia ainda vou conseguir uma dessas maquetes da mansão Bates (fotos 34 e 35), meus próximos “objetos do desejo”. Ou então eu mesmo faço uma.

E para fechar essa história, só quero lembrar que Alfred Hitchcock fez 53 filmes. Tenho o orgulho de ter assistido à grande maioria, sendo que mais de 30 deles vi no cinema, o que faz toda a diferença. E dentre todos esses filmes, depois de muitas dúvidas, elegi cinco deles como suas maiores obras-primas. São, em ordem cronológica, “Janela Indiscreta”, “Um Corpo Que Cai”, “Intriga Internacional”, “Psicose” e “Os Pássaros” (fotos de 36 a 40).

E agora, como diria o bom e velho Hitch, “Good evening”.

domingo, 12 de dezembro de 2004

NANDA DE VOLTA EM "RESSACA"


Aturar o "Fantástico" é dose, mas para ver Fernandinha Torres num trabalho inédito vale qualquer sacrifício! E depois de quase duas horas de programa, eis que chega meu primeiro presente de Natal no quadro Sitcom.br: "Ressaca", texto de João Falcão, direção de Carolina Jabor, com participação de Bruno Garcia. E, é claro, Fernandinha, extraordinária como sempre, vivendo uma mulher que acorda com uma ressaca braba e não lembra o que aconteceu exatamente na noite anterior.

Longe da telinha da TV desde o último episódio de "Os Normais", em 3 de outubro de 2003, Fernanda reaparece no quadro do "Fantástico" já se aquecendo para a volta de "Os Normais" no ano que vem, na TV e no cinema. Além disso Nanda volta em janeiro na curtíssima e derradeira temporada da peça "A Casa dos Budas Ditosos" no Canecão, e no meio do ano, com o lançamento do filme "Casa de Areia", do marido Andrucha Waddington, atuando ao lado da mãe Fernanda Montenegro.

Como eu já disse num post anterior, 2005 promete!!!

sábado, 11 de dezembro de 2004

CONSIDERAÇÕES CIENTÍFICAS SOBRE PAPAI NOEL


Como o Natal é tempo de reflexão, eis algo para se refletir neste fim de ano:

SERÁ QUE PAPAI NOEL EXISTE?

(ou Algumas Considerações Científicas Sobre Papai Noel)


Como resultado de extensa pesquisa, tenho a satisfação de apresentar as últimas teorizações sobre o bom velhinho:

1. Nenhuma espécie conhecida de rena pode voar. Mas, como ainda existem estimadas 300.000 espécies de organismos vivos a serem classificados, embora a maioria seja de insetos ou germes, isto não exclui completamente as renas voadoras que somente Papai Noel conhece.

2. Existem cerca de dois bilhões de crianças no mundo. Mas como Papai Noel atende principalmente a crianças cristãs, isto reduz sua carga de trabalho a 15% do total – cerca de 378 milhões, segundo dados recentes mais confiáveis. A uma média de 3,5 crianças por domicílio, são 91,5 milhões de domicílios a serem atendidos. Presume-se que haja pelo menos uma criança comportada em casa.

3. Papai Noel dispõe de 31 horas de Natal para cumprir sua missão, graças aos diferentes fusos horários e à rotação da Terra, desde que seu roteiro vá de oeste para leste (o que parece lógico). Isto dá 822,5 visitas por segundo. Quer dizer que, para cada lar cristão com crianças comportadas, o bom velhinho tem 1/1000 de segundo para estacionar, saltar do trenó, deixar os presentes e se dirigir ao próximo local. Supondo que estas 91,5 milhões de paradas estejam distribuídas igualmente ao redor do planeta (o que não é verdade, mas que aceitaremos para esta finalidade), estamos falando de um percurso total arredondado de 114.500.000 km, sem contar as paradas para fazer aquilo que todos nós fazemos pelo menos uma vez a cada 31 horas. Isto significa que o trenó de Papai Noel se move a 1040 km por segundo, cerca de 3000 vezes a velocidade do som. Como comparação, o foguete espacial mais rápido se “arrasta” a apenas 44km por segundo. E uma rena corre no máximo a 30 km/h.

4. A carga do trenó acrescenta outro elemento interessante. Supondo que cada criança receba nada além de um jogo de armar Lego (900 g), estamos falando de 288.000 toneladas, mais o (gordo) Papai Noel. No chão, renas comuns podem puxar, no máximo, 300 kg. Ainda considerando que renas voadoras (veja item 1) pudessem puxar 10 vezes mais, não daria para executar o serviço com oito nem nove delas: seria preciso 96 mil animais. Isto aumentaria o peso do conjunto para cerca de 321.600 toneladas (mais o trenó), igual a quatro transatlânticos.

5. 321.600 toneladas voando a 1040 km/seg. criaria uma enorme resistência do ar, aquecendo as renas como espaçonaves quando reentram na atmosfera. O primeiro par de renas absorveria 14,3 quintilhões de joules de energia. Por segundo. Cada. Ou seja, elas explodiriam em chamas quase que instantaneamente, expondo o par seguinte ao mesmo destino e criando uma explosão sônica ensurdecedora nesse momento. O conjunto inteiro de animais se vaporizaria em 4,5 milésimos de segundo. Enquanto isso, Papai Noel estaria sendo submetido a uma força centrífuga 17,5 milhões de vezes maior do que a gravidade. Um velhinho pesando pelo menos 113,5 kg estaria sendo esmagado contra o assento do trenó por 1.941.756 kg de força...

CONCLUINDO... SE PAPAI NOEL ALGUM DIA REALMENTE ENTREGOU PRESENTES NA NOITE DE NATAL, A ESTAS ALTURAS ELE JÁ ESTARIA MORTO COM CERTEZA!

BOAS FESTAS!


:-))

sexta-feira, 10 de dezembro de 2004

"A PROFECIA" ("The Omen", 1976), de Richard Donner

Rating:★★★★
Category:Movies
Genre: Horror


Direção: Richard Donner
Roteiro: David Seltzer, baseado no seu romance homônimo
Produção: Harvey Bernhard, Mace Neufeld, Charles Orme / 20th Century Fox
Fotografia: Gilbert Taylor
Montagem: Stuart Baird
Música: Jerry Goldsmith
Direção de Arte: Carmen Dillon, George Richardson
Elenco: Gregory Peck, Lee Remick, David Warner, Billie Whitelaw, Leo McKern, Harvey Stephens, Patrick Troughton, Martin Benson, Holly Palance, John Stride, Nicholas Campbell, Bruce Boa

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Quando os judeus voltarem a Zion
E um cometa preencher o céu
E o Santo Império Romano se levantar,
Então você e eu devemos morrer.

Do Mar Eterno ele vai se levantar,
Criando exércitos em cada margem,
Virando cada homem contra seu irmão
Até que o homem não mais exista.


(Padre Brennan, citando o Livro do Apocalipse de São João)

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David Warner, outro dos meus cult-atores, me remete diretamente a este clássico de terror dos anos 70. Baseado no livro de David Seltzer, com roteiro do próprio e direção do ótimo Richard Donner, “A Profecia” veio no vácuo do sucesso de “O Exorcista”, contando a história do nascimento do Anti-Cristo. O embaixador norte-americano em Londres, Robert Thorn (Gregory Peck), recebe a notícia de que seu filho recém-nascido morreu no parto e adota uma criança, que nasceu na mesma hora que seu filho e cuja mãe morreu, sem que sua esposa Katherine (Lee Remick) saiba. Assim Damien Thorn (Harvey Stephens) cresce feliz. Porém coisas estranhas começam a acontecer quando ele completa um ano: sua babá (Holly Palance, filha do ator Jack Palance) se enforca diante de todos durante a festa de aniversário, ele tem um ataque de pânico ao ser levado a uma igreja, provoca o caos entre os animais de um zoológico. Um padre perturbado (Patrick Troughton, que já foi o Doutor Who) procura o embaixador dizendo que presenciou o nascimento de Damien e que ele precisa ser morto. Thorn o expulsa do seu gabinete e o fotógrafo Keith Jennings (David Warner) tira fotos do padre, que mais tarde se revelam bastante estranhas e terrivelmente proféticas. Uma nova babá, a srta. Baylock (Billie Whitelaw), se apresenta na mansão dos Thorn e passa a tomar conta do pequeno Damien, com ajuda de um sinistro cão rotweiller. Aos poucos o terror vai se instaurando nesse cenário, e o destino dos personagens é selado por forças do próprio Inferno, até o final surpreendente e fora dos padrões de Hollywood. Oscar de melhor trilha sonora para Jerry Goldsmith, indicado também para melhor canção, “Ave Satani”.

Um dos três filmes que mais me senti frustrado em não poder assistir no cinema por causa da censura, “A Profecia” foi um marco cinematográfico da década de 70 e da minha vida. O filme foi alardeado como o grande sucessor de “O Exorcista”, e mais assustador que ele. Lembro que fez muito sucesso de crítica e de bilheteria na época.

Minha mãe e duas primas foram ver na semana de estréia, no cine Palácio, no passeio público, aqui perto de casa, e as três saíram assustadíssimas do cinema. E eu fiquei em casa, roendo minhas unhas de inveja delas. Tive que me contentar em ler a sátira da revista MAD e o livro de David Seltzer, que devorei aos 11 anos de idade. Lembro que fui numa festa com meus pais e o livro debaixo do braço. Como era uma festa de gente mais velha, me aboletei numa poltrona e enfiei meu nariz no livro. A anfitriã, amiga dos meus pais, ficou chocada com “o tipo de leitura que eles permitiam que eu lesse naquela idade”.

Também foi um dos discos de trilha sonora que mais me deu trabalho em conseguir, e se tornou uma das minhas duas trilhas favoritas de todos os tempos, ao lado de “Tubarão” de John Williams.

Gosto muito das duas continuações também (especialmente a trilha do segundo filme, mais assustadora que a do original!), porém “A Profecia” continua sendo um marco dentre os filmes de horror que tem o Diabo como tema.

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NOTA: Para quem costuma aparecer aqui e ainda não notou, estou tentando postar o máximo de CARTAZES ORIGINAIS BRASILEIROS dos filmes que comento. Tenho um bom arquivo de press-releases, cartazes, folhetos e postais de filmes, principalmente dos anos 70 e 80, e estou escaneando esse material para ativar a memória de quem viu esses filmes no cinema nos respectivos lançamentos. Portanto ao invés de “Magic”, “Midnight Express” ou “The Omen”, vocês podem ver aqui “Um Passe de Mágica”, “O Expresso da Meia-Noite” e “A Profecia”. Espero estar contribuindo assim para a memória do cinema no Brasil na internet.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2004

THE SAGA BEGINS, de Weird Al Yankovic e Don McLean


Description:
Lembram de "American Pie", de Don McLean? Linda canção! Marcou época, virou hino de algumas gerações. Eu particularmente gosto muito.

Mas esqueçam a canção original, e deixem pra lá a versão da Madonna. A melhor mesmo é a mixórdia que Weird Al Yankovic fez usando a melodia da canção de McLean como pano de fundo, com uma letra pra lá de criativa resumindo toda a história do pífio "Episódio 1: A Ameaça Fantasma" da saga "Guerra nas Estrelas" de George Lucas.

A extraordinária trilogia clássica - "Guerra nas Estrelas", "O Império Contra-Ataca" e "O Retorno de Jedi" - não merecia ter uma introdução tão medíocre como essa. Porém graças ao engodo pirotécnico de Lucas para vender videogames e bonequinhos - com direito a um Darth Vader mirim que grita "Yupiii!" e a trapalhada digital de Jar-Jar Binks - a mente ferina de Al Yankovic nos presenteou com essa magnífica sátira musical. Diga-se de passagem, bem melhor que o filme que a inspirou! ;-)

P.S.: Especialmente dedicada aos meus amigos do Conselho Jedi Rio de Janeiro que sabem que o filme é um lixo, e à Bia (http://dynbia.multiply.com), que com sua lembrança de "American Pie" me fez chafurdar no meu baú de fitas cassete para ouvir de novo esta música que marcou o ano de 1999. :-)

Para ver o clipe, clique aqui: http://www.youtube.com/watch?v=4ttidEl0gXU

Ingredients:
"THE SAGA BEGINS"
(letra de Weird Al Yankovic sobre a melodia de "American Pie", de Don McLean)

A long, long time ago
In a galaxy far away
Naboo was under an attack
And I thought me and Qui-Gon Jinn
Could talk the Federation in-
To maybe cutting them a little slack
But their response, it didn't thrill us
They locked the doors and tried to kill us
We escaped from that gas
Then met Jar Jar and Boss Nass
We took a bongo from the scene
And we went to Theed to see the queen
We all wound up on Tatooine
That's where we found this boy...

Oh my my, this here Anakin guy
Maybe Vader someday later - now he's just a small fry
And he left his home and kissed his mommy goodbye
Sayin' 'Soon I'm gonna be a Jedi'
'Soon I'm gonna be a Jedi'

Did you know this junkyard slave
Isn't even old enough to shave
But he can use the Force, they say
Ahh, do you see him hitting on the queen
Though he's just nine and she's fourteen
Yeah, he's probably gonna marry her someday
Well, I know he built C-3PO
And I've heard how fast his pod can go
And we were broke, it's true
So we made a wager or two
He was a prepubescent flyin' ace
And the minute Jabba started off that race
Well, I knew who'd win first place
Oh yes, it was our boy

We started singin'...
My my, this here Anakin guy
Maybe Vader someday later - now he's just a small fry
And he left his home and kissed his mommy goodbye
Sayin' 'Soon I'm gonna be a Jedi'
'Soon I'm gonna be a Jedi'

Now we finally got to Coruscant
The Jedi Council we knew would want
To see how good the boy could be
So we took him there and we told the tale
How his midi-chlorians were off the scale
And he might fulfill that prophecy
Oh, the Council was impressed, of course
Could he bring balance to the Force?
They interviewed the kid
Oh, training they forbid
Because Yoda sensed in him much fear
And Qui-Gon said, 'Now listen here
Just stick it in your pointy ear
I still will teach this boy'

He was singin'...
My my, this here Anakin guy
Maybe Vader someday later - now he's just a small fry
And he left his home and kissed his mommy goodbye
Sayin' 'Soon I'm gonna be a Jedi'
'Soon I'm gonna be a Jedi'

We caught a ride back to Naboo
'Cause Queen Amidala wanted to
I frankly would've liked to stay
We all fought in that epic war
And it wasn't long at all before
Little Hotshot flew his plane and saved the day
And in the end some Gungans died
Some ships blew up and some pilots fried
A lot of folks were croakin'
The battle droids were broken
And the Jedi I admire most
Met up with Darth Maul and now he's toast
While I'm still here and he's a ghost
I guess I'll train this boy

And I was singin'...
My my, this here Anakin guy
Maybe Vader some day later - now he's just a small fry
And he left his home and kissed his mommy goodbye
Sayin' 'Soon I'm gonna be a Jedi'
'Soon I'm gonna be a Jedi'

We were singin'...
My my, this here Anakin guy
Maybe Vader some day later, now he's just a small fry
And he left his home and kissed his mommy goodbye
Sayin' 'Soon I'm gonna be a Jedi'


Directions:
Para ver o clipe clique aqui!

E veja também a versão de Lego!

"The Saga Begins", do álbum "Running With Scissors", de Weird Al Yankovic, 1999.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2004

ENCONTRO DE FOTOLOGGERS DE NATAL!

Start:     Dec 8, '04 8:00p
End:     Dec 9, '04 3:00a
Location:     No restaurante HIDEAWAY - Rua das Laranjeiras, 308 (junto ao CCAA, em frente às Casas Casadas) - Telefone: 2285-0921
É HOJE! Quarta-feira, dia 8 de dezembro!

No HIDEAWAY, em Laranjeiras!

Acesso fácil: sem escadas, no térreo!

Restaurante coberto.

Condução na porta para todos os lugares:
Ônibus, na ida e na volta: 422, 583, 584, 184, 180, 497, 498, 569, 570.
O ponto do ônibus 996 é a 50 metros do local.
Metrô Largo do Machado a 15 minutos.

Manobreiro (pago) para estacionamento em frente ao restaurante.

Estacionamento na rua em frente ao restaurante.

Teremos duas mesas de 30 lugares cada, com direito a boate liberada, gentilmente, PARA NÓS.... a partir das 23:30h. Quem não quiser sentar, tem espaço sobrando e até uma mesa de sinuca, pra distrair!

Cartela individual
Comida deliciosa
Música ambiente (o som da boate não é ouvido na pizzaria, onde vamos ficar)

AR condicionado

OBS: Quem quiser participar do amigo oculto, leva um presente unissex, no valor mínimo de R$ 1,99. Chegando lá, a gente sorteia. Quem não quiser, não participa, OK?... Numa boa!

NÃO FALTE!!! E NÃO SE ESQUEÇA DO CRACHÁ!!!

DOIDA DEMAIS


Até semana passada eu ouvia isso pelo menos uma vez a cada três dias para matar as saudades da Vani. Nunca me recuperei da ausência dela nas minhas noites de sexta-feira... Mas depois da notícia da volta de "Os Normais" em dose tripla em 2005 (vide notícia anterior), agora eu ouço isso direeeeeto no repeat!!! :-)))

"DOIDA DEMAIS"
(Lindomar Castilho / Ronaldo Adriano)
Interpretado por Lindomar Castilho

Eu pensei em lhe entregar
Meu amor, meu coração
Meu carinho e muito mais
Mas parei por um instante
Pensei mais dois minutinhos
E voltei um pouco atrás

Recordei que no passado
Você esteve ao meu lado
E roubou a minha paz
Hoje me serve de exemplo
Vou fugir enquanto é tempo
Você é doida demais

Você é doida demais
Você é doida demais
E você é doida demais
Doida, muito doida
Você é doida demais

Eu não quero e nem preciso
De amor doido, sem juízo
Para comigo viver
Pois eu sou aquele homem
Que pensou lhe dar um nome
E você nem quis saber

Todo dia me enganava
Sempre você me trocava
Pelo amor de outro rapaz
Você é tão leviana
Nisso você não me engana
Você é doida demais

Você é doida demais
Você é doida demais
E você é doida demais
Doida, muito doida
Você é doida demais

Você é doida demais
Você é doida demais
E você é doida demais
Doida, muito doida
Você é doida demais

terça-feira, 7 de dezembro de 2004

TRÊS MOTIVOS NORMAIS PARA ESPERAR 2005 COM ANSIEDADE!


Publicado no jornal "O Dia" de sábado, 4 de dezembro de 2004:

+ NORMAL

Fernanda Torres e Luiz Fernando Guimarães preparam volta do programa e novo filme

Alícia Uchôa

Sem temporada de Os Normais este ano, os fãs da série não precisam se sentir órfãos de Rui (Luiz Fernando Guimarães) e Vani (Fernanda Torres). Os autores Alexandre Machado e Fernanda Young, junto com o diretor José Alvarenga Jr., já preparam a volta do casal à TV e aos cinemas no ano que vem. Para dar um gostinho, antes da nova temporada, a dupla entra no ar para fazer festa.

“Para os 40 anos da Globo, em abril, a gente vai fazer um especial de 20 minutos, que o Alexandre já começou a escrever. O episódio se passa daqui a 40 anos, em 2045. A gente voltou a se reunir para falar disso e foi muito divertido. A partir disso, começamos a ficar com saudades e há um interesse nosso de ter mais uma temporada, de 10 ou 12 episódios”, avisa o diretor.

Mas não foram só eles que sentiram falta das brigas e situações inusitadas vividas por Rui e Vani. “Os Normais tiveram muito êxito, as pessoas pediam a volta nas ruas e por e-mail. Uma prova dessa carência são os DVDs, que vendem pra burro”, orgulha-se Alvarenga, lembrando o filme, que arrecadou quase R$ 3 milhões e ganhou prêmios em festivais de Miami e Nova Iorque.

Além de novas piadas, uma nova temporada abre caminho para mais um longa-metragem com base no humorístico. “Na verdade, Os Normais 2 deveria ter sido rodado e lançado este ano. O problema foi a nossa agenda. Eu dirigindo A Diarista, Fernanda (Torres) com peça em São Paulo, nós três (ele, Fernanda Young e Alexandre Machado) atribulados com Os Aspones, não tivemos tempo. Agora já temos alguns programas consolidados para mais uma temporada, que ajudaria a lançar o segundo filme do casal”, torce o diretor. O público endossa a torcida.


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Resumindo... em 2005:

- Especial de "Os Normais" passado daqui a 40 anos;
- "Os Normais - O 2º Filme" nos cinemas;
- A volta da série de TV em pelo menos 12 programas.


Pra quem me conhece, sabe que tá muito difícil tirar o sorriso de orelha a orelha da cara e diminuir o estado de total excitação e alegria desde sábado... :-D

E pra quem ainda não me conhece ou tem dúvida do quanto eu adoro "Os Normais", é só dar uma passadinha aqui ... ;-)

domingo, 5 de dezembro de 2004

CANTINA DE MOS EISLEY




HAPPY HOUR NA CANTINA DE MOS EISLEY !

Sou fã de "Star Wars" desde o tempo em que se chamava "Guerra nas Estrelas". Assisti a toda a trilogia clássica nas suas respectivas estréias, em 1978, 1981 e 1983, e logo passei a colecionar muita coisa relativa à saga de George Lucas. Discos, livros, histórias em quadrinhos, pôsteres, revistas de cinema, miniaturas de naves, objetos e finalmente os action figures, mais conhecido entre os leigos como "bonequinhos". Eu também os chamo assim, principalmente quando não tenho grana para comprar um, coisa que não faço há mais de dois anos.

Comecei a colecioná-los em 1999 e no ano seguinte montei essa reprodução anárquica da Cantina de Mos Eisley (foto 1), um dos cenários mais famosos do filme original de 1977, onde o jovem Luke Skywalker e o velho jedi Ben Kenobi se encontram com Han Solo e Chewbacca pela primeira vez. O filme sugere que a cantina do espaçoporto de Mos Eisley (que na verdade se chama Chalmun's Cantina) é o ponto de encontro dos mais diversos tipos de alienígenas de toda a galáxia. Por isso ampliei esse conceito fazendo presença de alguns personagens famosos do cinema e da TV de ficção científica: Alien, Predador, ET, Superman, Supergirl, o marciano Marvin, Buzz Lightyear, entre outros alienígenas e viajantes do espaço sideral.

Esta primeira cantina foi feita com o cenário de papelão vendido pela Kenner/Hasbro (a empresa que fabrica as miniaturas oficiais de "Star Wars" nos EUA) e ficou exposta na estante da sala da minha casa durante um bom tempo. Hoje finalmente apresento a vocês a "fotonovela" que desde o início imaginei fazer com esta maquete, tendo como inspiração básica as sátiras de cinema da revista MAD (fotos de 2 a 11).

No início do ano passado montei a versão "oficial" da Cantina de Mos Eisley em madeira, metal, papelão e isopor – baseada na planta original usada no filme "Guerra nas Estrelas" – para a "2ª EXPO-COLEÇÕES", organizada pelo meu amigo Felipe Trotta e exposta ao público no Forte de Copacabana em julho de 2003 (fotos de 12 a 22). Hoje esta maquete de um metro quadrado se encontra aqui em casa, mas ainda incompleta. Em breve farei os acabamentos finais e ela será reaberta ao público (que vier me visitar, naturalmente) com toda a pompa e circunstância que um estabelecimento dessa importância histórico-cultural merece.

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quinta-feira, 2 de dezembro de 2004

"OS AVENTUREIROS DO TEMPO" ("Time Bandits", 1981), de Terry Gilliam

Rating:★★★★
Category:Movies
Genre: Cult


Direção: Terry Gilliam
Roteiro: Terry Gilliam, John Cleese, Michael Palin, Eric Idle
Produção: George Harrison, Denis O'Brien, Terry Gilliam, Neville C. Thompson / Handmade Films, Avco Embassy Pictures
Fotografia: Peter Biziou
Montagem: Julian Doyle
Música: Mike Moran, George Harrison
Direção de Arte: Norman Garwood, Millie Burns
Elenco: Craig Warnock, David Rappaport, Kenny Baker, Jack Purvis, Malcolm Dixon, Tiny Ross, Michael Edmonds, John Cleese, Sean Connery, Michael Palin, Shelley Duvall, Ian Holm, David Warner, Ralph Richardson, Peter Vaughan, Katherine Helmond, Charles McKeown, Jim Broadbent, David Leland

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O Mal: No one created me! I am Evil! Evil existed long before Good. I cannot be unmade. I am all-powerful!
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Kevin: Why does there have to be evil?
Ser Supremo: I think it has something to do with free will.

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Terry Gilliam também nos deu esta fantasia estranha e divertida. Lançado no Brasil em vídeo e na TV com o título de “Bandidos do Tempo”, o filme conta a história de Kevin (Craig Warnock), um garoto inglês que acidentalmente se junta a um grupo de anões viajantes do tempo e do espaço que roubaram um mapa do Ser Supremo (Ralph Richardson) indicando a localização de todas as falhas da Criação. Não menos do que ajudantes na própria gênese do universo, eles pretendem usar esses ‘buracos’ para pular de um tempo a outro, roubando o máximo que puderem, garantindo sua liberdade e independência de Deus, e uma fortuna para usufruírem pela eternidade. Dessa forma – com o atordoado Kevin a tiracolo e perseguidos pelo Ser Supremo – eles roubam Napoleão (Ian Holm) durante a Batalha de Castiglione, no final do século 18, tentam enganar Robin Hood (John Cleese, estranhíssimo como o nobre ladrão), e fazem Agamenon (Sean Connery) de bobo na Grécia antiga. Fazendo uma pequena pausa em seus roubos atemporais, o grupo descansa a bordo de um luxuoso transatlântico em 1912, que cruza o Atlântico norte rumo a... um iceberg! Enquanto relaxam e fazem planos a bordo do R.M.S. Titanic, eles nem desconfiam que estão sendo observados pelO Mal, a criatura mais maléfica e perversa da Criação (David Warner), que tenta a todo custo atraí-los para sua Fortaleza das Trevas e roubar-lhes o mapa, a fim de dominar todo o universo.

Além de John Cleese, Michael Palin é outro “pythoniano” que dá as caras aqui, além de co-escrever o roteiro com Terry Gilliam. Seres e imagens fantásticas povoam esse estranho universo, como gigantes que usam navios como chapéus, cavaleiros montados que pulam de dentro de armários, e homens-porco. Além disso a roupa, armadura – enfim, o que quer que seja aquilo! – dO Mal lembra muito as criaturas e invenções do perturbado desenhista H. R. Giger. David Rappaport, Jack Purvis e Kenny Baker (o lendário robô R2-D2, de “Guerra nas Estrelas”) estão entre os anões bandidos do tempo, enquanto Shelley Duvall, Peter Vaughan, Katherine Helmond e Jim Broadbent completam o elenco.

Vi “Os Aventureiros do Tempo” no Cine Arte UFF, em Niterói, com minha amiga e ex-namorada Denise, que adorava o filme. Isso foi quatro anos antes de “Brazil” e os delírios de Terry Gilliam já me deixavam fascinados. Além disso já tinha visto os filmes do Monty Python, já era fã deles e sabia o que esperar de um filme saído da cabeça dos membros do grupo: isto é, pode-se esperar qualquer coisa!

segunda-feira, 29 de novembro de 2004

2º ENCONTRO DO MULTIPLY!!!

Start:     Dec 3, '04 7:00p
Location:     Creperia La Marguerita - 2º piso - Cobal do Humaitá
Devido ao estrondoso sucesso do finado 1º encontro (ver fotos em Cobal e Cobal 2 - mais blah blah blah e ti ti tis), realizado no último domingo nesta cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, e à ausência de alguns ilustríssimos representantes do febeapá etílico-cultural que assola o reino encantado multipláico, resolveu-se pela imediata (quase) realização do 2º MULTI-ENCONTRO BLÁBLÁBLÁ. A presença de participantes de outras cidades e, até mesmo, de outros Estados da federação, está confirmada!

Desta vez, poderemos contar com a degustação (?) de exclusivérrimos ovos azuis de galinhas pretas (!) e porções de um tal doce de gila (!) cuja tonalidade é variável segundo o tempo de exposição ao sol.

Para os tímidos e nem um pouco excêntricos, recomenda-se a consumação dos crepes simplesinhos da casa...

(texto da dona do boteco virtual da semana, nossa querida e sorridente Carmen)

"TUDO SOBRE MINHA MÃE", de Pedro Almodóvar, no Odeon

Start:     Dec 1, '04 8:30p
Location:     Cinema Odeon BR - Pça. Floriano, 7 - Cinelândia - tel. 2240-1093
AÍ, PESSOAL!!! Nesta quarta-feira, dia 1º de dezembro, às 20:30hs no cine Odeon, na Cinelândia, será exibido TUDO SOBRE MINHA MÃE, de Pedro Almodóvar. É dentro da programação da Sessão Cineclube. É sessão única, não tem outro dia ou horário.

O preço do ingresso é R$ 8,00 (inteira) e R$ 4,00 (meia).
E AÍ, VAMOS??? ;-))

CONVÊNIO ESTACIONAMENTO CINELÂNDIA
R$ 3,00 por 4 horas
R$ 4,00 - sábados, domingos e feriados (por dia).
Pegue seu selo-desconto na bilheteria do cinema.

............
Sinopse

No dia de seu aniversário, Esteban ganha de presente da mãe, Manuela, uma ida para ver a nova montagem da peça "Um bonde chamado desejo", estrelada por Huma Rojo (Marisa Paredes). Após a peça, ao tentar pegar um autográfo de Huma, Esteban é atropelado e termina por falecer. Manuela resolve então ir até o pai de Esteban, que vive em Barcelona, para dar-lhe a notícia, quando encontra no caminho o travesti Agrado, a freira Rosa (Penélope Cruz) e a própria Huma Rojo.

sábado, 27 de novembro de 2004

HOJE! Encontro do Multiply na Cobal do Humaitá!!!

Start:     Nov 28, '04 7:00p
Location:     Pizza Park, na Cobal do Humaitá, Rio de Janeiro.
Hoje, domingo, 28 de novembro, às 19hs, no Pizza Park da Cobal do Humaitá, o primeiro encontro do Multiply!!!

APAREÇAM!!!! :-))

"BRAZIL, O FILME" ("Brazil", 1985), de Terry Gilliam

Rating:★★★★★
Category:Movies
Genre: Cult


Direção: Terry Gilliam
Roteiro: Terry Gilliam, Charles McKeown, Tom Stoppard, Laura Kerr, Frank Gill Jr.
Produção: Arnon Milchan, Robert North, Patrick Cassavetti / 20th Century Fox, Universal
Fotografia: Roger Pratt
Montagem: Julian Doyle
Música: Michael Kamen, Walter Scharf
Direção de Arte: John Beard, Keith Pain, Norman Garwood
Elenco: Jonathan Pryce, Kim Greist, Michael Palin, Robert De Niro, Katherine Helmond, Ian Holm, Ian Richardson, Peter Vaughan, Bob Hoskins, Charles McKeown, Jim Broadbent, Jack Purvis

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Sam Lowry: My name`s Lowry. Sam Lowry. I`ve been told to report to Mr. Warrenn.
Porteiro do Centro de Retenção de Informações: Thirtieth floor, sir. You`re expected.
Sam Lowry: Um... don`t you want to search me?
Porteiro: No sir.
Sam Lowry: Do you want to see my ID?
Porteiro: No need, sir.
Sam Lowry: But I could be anybody.
Porteiro: No you couldn`t sir. This is Information Retrieval.

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Bob Hoskins também aparece aqui, nesta distopia extraordinária de Terry Gilliam. Sam Lowry (Jonathan Pryce) vive num Estado totalitário controlado pelos computadores e pela burocracia. Ele é um funcionário público, que mora num cubículo onde tudo é automático e embutido, e que é promovido para trabalhar no departamento de Retenção de Informações do governo. Nesse Estado, às voltas com a repressão ao terrorismo, todos são governados pelas fichas de arquivos pessoais e pelos cartões de crédito, e todos devem pagar por tudo, até pela permanência na prisão. Quando seqüestrados pelos agentes especiais do governo, a família da vítima assina o recibo por ele. E também o recibo do recibo. Existem canos imensos por toda parte, responsáveis pela transmissão de informações, interligando os apartamentos, os prédios, toda a cidade, e que são anunciados alegremente na televisão. Nesse mundo opressivo e absurdo, Sam se apaixona pela terrorista Jill Layton (a bela Kim Greist) e se refugia em sonhos fantásticos, que incluem um par de asas, samurais frankenstenianos e mutantes cibernéticos.

Uma salada de influências que incluem George Orwell, Franz Kafka, os irmãos Marx, Anthony Burgess e "Blade Runner", "Brazil, o Filme" pode muito bem ser definido como o "1984" de Terry Gilliam. Único norte-americano do grupo inglês Monty Python, Gilliam era o responsável pelas animações malucas dos filmes e do programa de TV do grupo, além de escrever e atuar. Mais tarde ele despontou também como cineasta, nos trazendo filmes fantásticos e cheios de imaginação. Porém, "Brazil" continua sendo sua grande obra-prima. O mundo sombrio, bizarro e claustrofóbico (as estradas são totalmente ladeadas de outdoors de publicidade para esconder a devastação das florestas e bosques em volta e o despejo de lixo químico e radioativo) foi temperado com o humor corrosivo, o ‘nonsense’ e os delírios criativos típicos do Monty Python. A música de Ary Barroso, "Aquarela do Brasil", foi a inspiração primeira de Gilliam, que ao ouví-la certa vez imaginou "um paraíso tropical poluído por esgoto, vazamentos de óleo, lixo tóxico e papelada burocrática", segundo a sua ótica singular. "Um cruzamento de Frank Capra com Franz Kafka" segundo ele, "Brazil" é um filme que não se encaixa perfeitamente em nenhuma camisa-de-força de gênero. É comédia, épico, aventura, terror, ficção científica, policial, filme de ação, romance, tudo isso numa embalagem só.

Um elenco de primeira completa o delírio de Gilliam: o Pythoniano Michael Palin (Jack Lint, colega de trabalho de Sam), Ian Holm (Sr. Kurtzmann, o chefe de Sam), Bob Hoskins (o sarcástico técnico em consertos Spoor), Katherine Helmond (a extravagante mãe de Sam), Jim Broadbent (o cirurgião plástico dela), Ian Richardson (Sr. Warren), Peter Vaughan (Sr. Helpmann) e até Robert De Niro (numa participação especialíssima como o técnico autônomo e terrorista Harry Tuttle).

"Brazil" foi o meu filme de 1985, o melhor filme que assisti no cinema naquele ano. Vi várias vezes, sendo que uma delas foi no cine Palácio, no Centro do Rio. Na saída, ainda atordoado com o mundo enlouquecido de Terry Gilliam e com o destino de Sam Lowry (tá achando que eu vou contar final de filme aqui? De jeito nenhum!), eu cruzei com um sujeito mais velho, da minha altura, um pouco mais gordo que eu na época, com uma barba mal-feita, casacão e cabelos despenteados. Sabia que conhecia ele de algum lugar! Claro, das telas dos cinemas, especialmente do que eu tinha acabado de sair! Mais tarde no jornal veio a confirmação: o extraordinário Robert De Niro estava no Rio e tinha passado a tarde no cine Palácio sozinho, revendo seu último filme, "Brazil". Só lamento não ter pego nem um autógrafo, nem ao menos ter cumprimentado ele. Se bem que eu corria o risco de ouvir "are you talking to me?"... :-)

A VINGANÇA DO BASTARDO, de Eleonora V. Vorsky


Description:
Ação, espionagem, romance, sexo, ficção científica, catástrofe, histeria, pânico, correria, pisoteamento, massacre! Tudo isso e muito mais na obra máxima de Eleonora V. Vorsky, aquela velhota sem-vergonha.
(tirado da contracapa do livro)

Finalmente, depois de quase duas décadas consigo ler a versão integral do clássico folhetim de Eleonora V. Vorsky, "A Vingança do Bastardo", publicado originalmente no jornal O Planeta Diário em 1987! E o melhor é que o livro traz grátis o capítulo final, inédito no jornal de Perry White! Uma leitura desopilante, perfeita para ser consumida entre um clássico romance russo no original e uma tese sobre teoria do caos.

O primeiro grande trabalho de Alexandre Machado ("Os Normais", "Os Aspones") na imprensa cultural brasileira, se escondendo sob o pseudônimo de Eleonora V. Vorsky.

Um livro OBRIGATÓRIO para quem não tem mais o que fazer!!! :-))

Ingredients:
Os personagens da aventura:
- Levi: Herói ou covarde? Homem ou mulherzinha? Casado, solteiro ou tico-tico no fubá?
- Prima Roshana: Sua sede de sexo só era comparável à sua vontade de dar.
- Bel, a sereia: A beleza de seu corpo deixava os seres do fundo do mar todos molhadinhos.
- A jeba de Kowalsky: Para alguns, um monstruoso erro da natureza; para outros, uma dádiva dos céus.
(tirado da contracapa do livro)

Participação especial de:
Simon Wisenthal, Henry Kissinger, Muamar Kadhafi, Thomas Green Morton, Kurt Waldheim, Nacional Kid, Tutty Vasques e Kate Mahoney.

Disse a crítica: "terrível, escatológico, nojento, nauseabundo, emocionante, divertidíssimo, acachapante, lírico, poético, medonho, esporrante de rir, abominável, cáustico, polêmico, essencial, virulento, dramático, meio mais ou menos, magnífico, detestável, erótico, perturbador, ingênuo, niilista, grandiloqüente, bacaninha, porreta, desavergonhado, pai d'égua, supercalifragilisticespialidoso!"

Directions:
"A Vingança do Bastardo", de Eleonora V. Vorsky (Alexandre Machado), O Planeta Diário, Rio de Janeiro, 1987.

O Planeta Diário Produções Ltda.
Av. 13 de Maio, 33/ s.3112 - Centro - Rio de Janeiro
CEP 20031 - Telefone: 533-3994
(será que ainda tem alguém lá nesse endereço? Quem sabe o Jimmy Olsen?...)

sexta-feira, 26 de novembro de 2004

ÁLBUNS DE FIGURINHAS




Mais uma vez preocupado com a arqueologia cultural e a memória deste país, escaneei alguns álbuns de figurinhas que colecionei na infância. Não posso precisar a data de todos eles, mas sei que foram publicados entre 1965 e 1978, sendo que a maioria é da primeira metade da década de 70.

1. Mundo Animal (Editora Abril), com 246 imagens tiradas da enciclopédia “Os Bichos”, também da Editora Abril.

2. Ciências (Editora Vecchi), da série “Os Livros de Ouro da Juventude”, abrangendo assuntos como o universo, flores e plantas, animais e o corpo humano. Com 287 desenhos e gráficos explicativos.

3. Festival Hanna Barbera (Editora Vecchi, imagens copiadas do site http://www.hannabarbera.com.br/hb.php ), com os principais personagens criados pela dupla William Hanna e Joseph Barbera para os desenhos animados.

4. Galeria Disney (Editora Abril, imagem copiada da internet), com os principais personagens de Walt Disney.

5. Festival Disney (Editora Abril, 1975), com 210 imagens de desenhos animados de Walt Disney, como Branca de Neve e os Sete Anões, Pinóquio, Dumbo, Uma Aventura de Donald, A Espada Era a Lei, Cinderela, Peter Pan, Mogli e Mickey Alpinista.

6. Disneylândia (EBAL - Editora Brasil América, provavelmente do final dos anos 60), com 50 fotografias e texto sobre o parque de diversão de Walt Disney na Flórida. Já vinha com todas as figurinhas, para recortar e colar no álbum.

7. Moby Dick (EBAL - Editora Brasil América, provavelmente do final dos anos 60), com 48 desenhos e texto adaptado do romance de Herman Melville. Já vinha com todas as figurinhas, para recortar e colar no álbum.

8. Guerra nas Estrelas (Editora Abril, 1978), com 234 fotos do filme de George Lucas. O primeiro de vários álbuns de figurinhas baseados na saga da família Skywalker.

9. Restos mortais de um álbum de variedades – Vila Sésamo, atrações da TV, raças de cães e gatos, o circo, etc. – que se perdeu em alguma mudança de apartamento, há algumas décadas atrás. Sobrou apenas esta página e outra, ambas recortadas. Se alguém conseguir identificar que álbum é esse, por favor, me ajude!

quinta-feira, 25 de novembro de 2004

TV PIRATA






De 5 de junho de 1988 a 31 de julho de 1990, sempre às terças-feiras, às 21:30. Mais tarde, em 1992, de 21 de abril até o fim do ano, mensalmente.

Direção: Guel Arraes
Roteiro: Cláudio Paiva, Mauro Rasi, Luís Fernando Veríssimo, Patrícia Travassos, Vicente Pereira, Pedro Cardoso, Felipe Pinheiro, Humbert, Bussunda, Cláudio Manoel, Reinaldo, Hélio de La Peña, Beto Silva, Marcelo Madureira, (e após o 2º ano) Laerte, Angeli, Glauco
Elenco: Regina Case, Luiz Fernando Guimarães, Deborah Bloch, Diogo Vilela, Cláudia Raia, Guilherme Karan, Louise Cardoso, Ney Latorraca, Cristina Pereira, Marco Nanini, (após o 2º ano) Pedro Paulo Rangel, (no último ano) Denise Fraga, Antônio Calloni, Marisa Orth, Otávio Augusto, Maria Zilda


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O que é, o que é? É um programa de humor, mas: não apela para o riso fácil em cima de minorias marginalizadas, não se restringe à verborragia do humor radiofônico, nem se sustenta no carisma de um único comediante. Um programa bastante singular e fora dos padrões... não é à toa que ele se chama TV Pirata.

Anunciado a princípio como o legítimo humor de vanguarda por uns, combatido furiosamente por gente como Sandra Cavalcanti e Ferreira Neto (que o chama de “lixo”, “leviano” e “monte de sujeira”), o programa chega ao ano 2 muito bem obrigado. Embora tenha perdido um pouco do pique do primeiro ano, ele continua sendo o único humorístico da TV a acrescentar algo ao gênero.

“O TV Pirata é o resumo do humor irreverente feito nos últimos dez anos no Rio e em São Paulo, desde o ‘Asdrúbal Trouxe o Trombone’ até o pessoal da ‘Casseta Popular’ e ‘Planeta Diário’, sintetiza o diretor Guel Arraes. Depois de duas novelas de Janete Clair, três de Sílvio de Abreu (em co-autoria com Jorge Fernando) e do cult-seriado ‘Armação Ilimitada’, Guel tem uma bagagem perfeita para capitanear esta nau dos insensatos. Aliás, segundo ele “o programa é uma mistura do ‘Armação’ com as novelas-chanchadas que fiz com o Jorginho, tanto em forma como em conteúdo”. Justamente os programas que questionavam de forma criativa os vícios da linguagem televisiva. E o primeiro passo na valorização do ‘visual’.

É fácil perceber essa preocupação com a parte visual do programa, desde os cenários e figurinos até a edição e os efeitos eletrônicos. Tudo isso a serviço de uma linguagem-síntese dos vários formatos televisivos produz momentos originais como “Oscarzinho, o Funcionário Fantasma Camarada”, um “desenho animado” interpretado por Pedro Paulo Rangel e Guilherme Karan.

A equipe de redatores por sua vez ajuda a realçar a originalidade do TV Pirata em relação aos seus concorrentes. É aquela síntese das tendências do humor nos últimos anos, incluindo o besteirol, as publicações independentes, as HQs paulistas e até o veterano Luís Fernando Veríssimo. “Contudo, apesar de uma forma mais sofisticada, eles mantêm um gosto pelo escracho popular, pela piada de colégio, de botequim, o que é essencial para haver identificação com o público, ainda mais se a linguagem, for retrabalhada, tornando a piada sempre nova”, explica Guel.

Enfim, o maior mérito do TV Pirata é o fato dele desenvolver uma visão crítica sobre o meio que o veicula: a televisão. Enquanto os autores da velha guarda ficavam entre o pastelão, a ridicularização do grotesco ou a sátira política e social, os piratas globais atacam a forma através do nonsense e da paródia de novelas, seriados, filmes, telejornais, anúncios, pronunciamentos e debates populares. Ao fazer isso, eles denunciam a necessidade de repensar os vícios e cacoetes dos gêneros mais acomodados, abundantes nas programações. Sem esquecer que, acima de tudo, o TV Pirata é uma grande brincadeira. “Uma brincadeira de, com e sobre a televisão”, diria Guel Arraes.

“Televisããão”, diria o velho e bom Barbosa.

Oswaldo Lopes Jr.
(Jornal VERVE nº 25, julho de 1989)


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Escrevi este texto em 1989 para o jornal VERVE e hoje me bate forte a saudade do TV Pirata, na minha opinião o melhor humorístico já produzido na televisão brasileira. Sem esquecer programas fantásticos e inovadores como “Satiricon” ou “Faça Humor Não Faça a Guerra”, o TV Pirata chacoalhou e revolucionou a programação dos anos 80 de forma só comparável a seu “quase irmão” (já que também era filho do mesmo “pai”, Guel Arraes) “Armação Ilimitada”, ouso dizer a melhor série brasileira já feita.

Entrevistei Guel Arraes para fazer a matéria e ele me convidou a assistir dois dias de gravação do TV Pirata, nos estúdios de Renato Aragão, na Barra da Tijuca. Conheci o elenco, tirei fotos dos esquetes e tive o privilégio de assistir ao vivo à criação das piadas que faziam a minha alegria no final dos anos 80.

Alguns quadros estão na nossa memória até hoje: Combate, As Presidiárias, Perdidos no Espaço, A Coisa, Piada em Debate, Super-Safo, TV Macho, Casal Telejornal, Hospital Geral, Campo Rural, Esporte Esportivo, Detetive Pestana, Shirley e Euclides, Os Super-Heróis. Mas o maior sucesso do TV Pirata, foram as suas novelas, em especial a hilariante Fogo no Rabo, uma insana paródia da novela “Roda de Fogo” (86), onde se destacavam Luiz Fernando Guimarães como o empresário canalha Reginaldo (sempre acompanhado da canção de Rosana, “como uma deuuuuusaaaaaaaaaa!!!!...”), Deborah Bloch como sua noiva Natália, Guilherme Karan como o deformado capanga Agronopoulos e Ney Latorraca num de seus melhores momentos, na pele do velho babão Barbosa. A programação novelística do programa seguiu com a trama rural Rala-Rala, com Luiz Fernando fazendo o Índio Cleverson, A Perseguida e Diana, os Diamantes Não São Para Comer.

Ganhador do Prêmio APCA de melhor humorístico de 1988, o TV Pirata sofreu um hiato de dois anos e nos deixou a ver navios definitivamente em 1992. Não sem antes fazer um grande estardalhaço com a morte do querido Barbosa, de Fogo no Rabo e dedicar um programa inteiro para desvendar o hediondo crime.

Há mais de três anos a Globo vem prometendo um DVD com os melhores momentos do TV Pirata aos seus saudosos fãs, e nada disso sair. Parece mesmo que a vênus platinada não sabe mesmo lançar suas séries no mercado. Ao invés de lançar boxes de temporadas completas de “Os Normais”, “A Grande Família” e outras séries de sucesso, pingaram esparsos DVDs avulsos com “melhores momentos”, enquanto o público espera avidamente e clama na internet e em cartas e e-mails por TODOS os episódios de seus seriados favoritos. Infelizmente parece que os piratas do humor global serão condenados aos calabouços do Centro de Documentação da Rede Globo ainda por muito tempo.

Enquanto a “anistia” não chega, vamos matando as saudades com esta galeria de fotos...

terça-feira, 23 de novembro de 2004

20 GRANDES DISCOS DO POP-ROCK DOS ANOS 80


MUNDOS PARALELOS DE MEMÓRIAS / POP-ROCK DOS ANOS 80 - 20 GRANDES DISCOS

Algo ao mesmo tempo fantástico e estranhíssimo que só fui descobrir na internet é que existem mundos paralelos de memórias. É claro que cada geração tem suas próprias referências, suas lembranças particulares. Mas antes da internet eu conversava com meus amigos - pessoas de todas as idades, mais velhos, mais novos e da mesma faixa etária que eu - e costumávamos misturar referências, memórias, ícones num grande mosaico histórico.

Hoje é diferente. Parece que a internet possibilitou a criação de guetos de gerações. Como tudo na vida, há o lado bom e o lado ruim disso. O lado bom é que todo mundo, não importa a idade que tenha, encontra aqueles que compartilham dos seus gostos, das suas vivências pessoais. Ninguém mais precisa se sentir sozinho, isolado, rejeitado. Sempre existirão pessoas que se identificam com as mesmas coisas que você. E assim se formam as tribos, os fã-clubes, as turminhas. O lado ruim é que isso acentua bastante o abismo de gerações.

Vejam os anos 80 por exemplo. Parece que de uns anos pra cá a década de Ronald Reagan e Margareth Tatcher virou uma fervilhante moda, especialmente na internet e nas noitadas das grandes cidades. Multiplicam-se sites, grupos de discussão e fóruns do tipo "infância 80" no mundo virtual, enquanto as boates, festas e barzinhos do mundo real ecoam o som de duas décadas atrás. Até aí tudo bem, nada contra. Só uma coisa: qual "o som" dos anos 80? A turma que nasceu entre fins dos 70 e início dos 80 - e que parece ser mais de 70% dos internautas - impõe sua memória musical e hoje o "som dos anos 80" parece ser apenas os Balões Mágicos, os Trens da Alegria e os temas dançantes que tocavam nas novelas da época. Existe um outro público, um pouco mais velho, que tem um forte referencial musical nas bandas darks e pós-punk inglesas. Tenho amigos que depois de um papo sobre o assunto, quase te convencem que Echo and the Bunnyman, Siouxsie and the Banshees, The Smiths, New Order, The Cure e Joy Division dominavam o cenário musical dos 80. E é claro, sempre haverá um gueto que venera fervorosamente o rock nacional, e que nos dá a impressão de que não se ouvia outra coisa nas rádios e festas daqueles tempos.

Antes que me chamem de preconceituoso e rabugento, quero deixar bem claro que gosto muito de várias dessas bandas, de The Cure a Paralamas do Sucesso. Adoro várias coisas dentre as que me referi, de Blitz a New Order. O que me incomoda nessa história toda é que parece que as bandas e músicos que formam o meu referencial musical dos anos 80 foram apagados da memória das pessoas pela dominação das novas gerações de internautas como as notícias no universo orwelliano do livro "1984"! Em meio a tanta veneração dos 80s é estranhíssimo citar Laurie Anderson, Supertramp ou Talking Heads e ouvir de uns e outros "hã?", "quem?", "nunca ouvi falar". Eu me sinto o próprio Winston Smith, diante do exercício do duplipensar (vide "1984"). Particularmente eu acho isso muito irritante. Tudo bem, eu sei que todo mundo tem o direito de conhecer, ignorar e gostar do que quiser, mas a questão não é essa. O que me assusta é que músicos e bandas extraordinárias estão se perdendo em meio a esse "resgate" torto mediado pela internet e pelos meios de comunicação.

Eu vivi a década de 80 intensamente. Entrei na faculdade, comecei a trabalhar, tomei porres, viajei sozinho, tudo isso pela primeira vez entre 1982 e 1986. E todas as festas que freqüentei tocavam coisas que as novas gerações simplesmente ignoram!!! Pode até ser exagero meu, mas considero isso praticamente uma aniquilação de memória coletiva. Lembro que entre 84 e 87, Wim Wenders era um dos cineastas mais cultuados, e hoje em dia quase ninguém com menos de 30 anos conhece - a não ser que seja cinéfilo de carteirinha. Esse exemplo é definitivo.

Bem, todo esse preâmbulo em tom de desabafo é apenas porque ganhei recentemente dois CDs que eu só tinha em vinil, um da Laurie Anderson e outro dos Talking Heads, e passei os últimos dias ouvindo-os sem parar. E por isso resolvi fazer uma lista (é, adoro listas) dos 20 discos dos anos 80 que fizeram a minha cabeça.

Basicamente a década de 80 foi meu grande período roqueiro. Gosto de quase todos os gêneros musicais, mas entre 78 e 88 curti rock'n'roll mais que tudo. Foi quando conheci Pink Floyd (minha banda favorita), Supertramp, Led Zeppelin, Black Sabbath, The Who e mais um monte de músicos e bandas sensacionais. Fiz grandes e queridos amigos, alguns que mantenho até hoje. E até comprei um baixo elétrico, e quase aprendi a tocar. Talvez o disco que mais tenha marcado esse período tenha sido Brothers in Arms, do Dire Straits - especialmente pelas festas da faculdade. The Police é outro grupo dessa época que adoro, mas nunca tive um disco preferido deles, e por isso não estão nessa lista. E se for pra definir os músicos que, pra mim, têm mais a cara da década de 80, certamente serão Talking Heads, Laurie Anderson, Tom Waits e Peter Gabriel. Uma escolha muito pessoal e emocional.

Se você tem menos de 30 anos, não se espante se não conhecer metade do que eu ouvia. Procure ouvir também, experimente! Você corre o risco de adorar! Se você é da minha geração, certamente vai se identificar com alguns desses músicos e discos. E se você for mais velho, espero que não seja tão chato quanto eu e que também curta essas coisas, hehe!...


20 DISCOS DE POP-ROCK DOS ANOS 80 QUE FIZERAM MINHA CABEÇA*:

1. Concerts for the People of Kampuchea (1980), álbum duplo ao vivo produzido pelo UNICEF em prol dos famintos do Camboja, com The Who, The Clash, Queen, Pretenders, Elvis Costello, Paul McCartney & Wings, Robert Plant e John Paul Jones
2. 1984 (1981), de Rick Wakeman
3. Tatoo You (1981), dos Rolling Stones
4. Mob Rules (1981), do Black Sabbath
5. The Final Cut (1983), do Pink Floyd
6. Paris (1980), do Supertramp
7. Famous Last Words (1982), do Supertramp
8. Free as a Bird (1987), do Supertramp
9. Brothers in Arms (1985), do Dire Straits
10. Standing on the Beach (1987), do The Cure
11. Stop Making Sense (1984), do Talking Heads
12. Little Creatures (1985), do Talking Heads
13. True Stories (1986), do Talking Heads
14. Naked (1988), do Talking Heads
15. So (1986), de Peter Gabriel
16. Big Science (1982), de Laurie Anderson
17. Mr. Heartbreak (1984), de Laurie Anderson
18. Home of the Brave (1986), de Laurie Anderson
19. Rain Dogs (1985), de Tom Waits
20. One From the Heart (1982), de Tom Waits

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* (deixei de fora o rock nacional, pois esse merece uma lista própria, exclusiva!)

segunda-feira, 22 de novembro de 2004

POETA DA VILA - Um show com músicas de Noel Rosa

Start:     Nov 23, '04 8:00p
Location:     SALA BADEN POWELL, Av. N.Sra. de Copacabana, 360 (antigo Cine Ricamar), próximo ao metrô Cardeal Arcoverde.
É HOJE O GRANDE SHOW!!!!!!!!

COMPANHIA DA VOZ KARLA BOECHAT apresenta

POETA DA VILA - Um show com músicas de Noel Rosa

IMPERDÍVEL!!!!!!

Quem ainda quiser comprar ingressos, por favor ligue para o telefone da Sala Baden Powell: 2548-0421.
Na produção já não tem mais ingressos desde anteontem!
A bilheteria da Sala Baden Powell ainda (e só) havia 42 lugares à venda no balcão! É quase certo que não hajam ingressos para vender na hora do espetáculo, portanto LIGUE PARA A BADEN POWELLL E GARANTA JÁ O SEU!!!!!!

Para ver um pouco da história deste espetáculo através das fotos dos ensaios, veja no fotolog da minha queridíssima amiga KARLA BOECHAT, a partir de http://ubbibr.fotolog.net/love_kau/?pid=9369645 !

VALE A PENA CONFERIR!!!!!

Ficha técnica completa em:
http://www.fotolog.net/love_kau/?pid=9421942

ATÉ LÁ, PESSOAL!

"PINK FLOYD - THE WALL" (Idem, 1982), de Alan Parker

Rating:★★★★
Category:Movies
Genre: Cult


Direção: Alan Parker
Roteiro: Roger Waters e Alan Parker, baseado no álbum "The Wall", do Pink Floyd
Produção: Alan Marshall, Garth Thomas / MGM
Fotografia: Peter Biziou
Montagem: Gerry Hambling
Música: Roger Waters, David Gilmour, Nick Mason, Richard Wright e Michael Kamen
Direção de Arte: Chris Burke, Clinton Cavers, Brian Morris
Elenco: Bob Geldof, Christine Hargreaves, James Laurenson, Eleanor David, Bob Hoskins, Kevin McKeon, Alex McAvoy, Michael Ensign

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"Is there anybody out there?"
(Pink)

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Quatro anos depois de "O Expresso da Meia-Noite", Alan Parker dirigiu este delí­rio psicótico-musical ao som de Pink Floyd. Disse a crí­tica: “É terrível, hipnótico, alucinatório e repulsivo. Numa palavra, brilhante”. “Os sentimentos do filme estão anos-luz além da celebração pop da puberdade que os Beatles trouxeram e da explosão satânica da adolescência no início dos Rolling Stones. E vai além do niilismo punk da década de 70. Entra na dimensão que só pode ser descrita como zona morta. A reflexão do filme é fetal”. Escrito por Roger Waters, um dos fundadores do Pink Floyd, em 1965, e do qual foi letrista principal desde 1968, “Pink Floyd – The Wall” tem um pouco mais que uma dúzia de linhas de diálogo. A narrativa se desenvolve através das músicas do álbum “The Wall” (1979), combinando-as com um espetáculo de imagens fragmentadas, misturando fantasia melodramática, flash-backs em estilo documentário, trechos de programas de TV e de filmes antigos em preto e branco, visões surreais, seqüências de cartuns simbólicos (tão impressionantes quanto as imagens criadas por Alan Parker são os desenhos animados de Gerald Scarfe, cartunista inglês que já trabalhou na animação de concertos do Pink Floyd. Todas as fantasias que Waters e Parker não puderam capturar em música e ação fílmica, Scarfe trouxe para a vida sob a forma de desenhos metafóricos). O resultado é um amálgama extraordinário, de uma espécie raramente conseguida na tela, quase impossível de ser imitada, como acontece com os sons inconfundíveis produzidos pelo Pink Floyd. Com Bob Geldof como o astro Pink, Eleanor David como sua esposa, Christine Hargreaves como a mãe, Alex McAvoy como o professor e Bob Hoskins fazendo seu empresário.

Pink Floyd sempre foi minha banda de rock favorita e este foi um dos dois filmes que mais assisti na vida, no cinema: 29 vezes. Quase todas na mesma semana no cine Veneza, na praia de Botafogo, aqui no Rio. Num tempo bom em que se podia pagar um ingresso e assistir o filme quantas vezes se quisesse, sem ser enxotado pra fora como nesses cineminhas de shopping de hoje em dia. Fiquei rouco de tanto cantar da minha cadeira cativa na segunda fileira do Veneza, enquanto o resto do público se deprimia. Este foi outro pôster que freqüentou a parede do meu quarto por longos anos, sendo que escaneei o folheto autografado pelo próprio Alan Parker (no canto superior esquerdo). Assistir “Pink Floyd – The Wall” no cinema é uma das experiências que tive que me faz perguntar por que alguém precisa usar drogas para 'viajar', delirar, alucinar e ter experiências extraordinárias. Sinceramente, com um filme desses, PRA QUÊ?

Mais um poster brasileiro. Sempre que possí­vel postarei as versões nacionais dos cartazes de filmes estrangeiros comentados aqui, como já fiz em "Um Passe de Mágica" e "O Expresso da Meia-Noite". Este foi autografado pelo próprio Alan Parker quando esteve aqui no Rio para um festival de cinema.

domingo, 21 de novembro de 2004

COMPACTOS


Primeiro disco do Capitão Aza & Martinha - astros máximos de TV de quem foi criança na primeira metade dos anos 70 -, com as canções "ABC" e "Sideral".

Em nome da arqueologia cultural dos anos 60, 70 e início dos 80, escaneei as capas e contracapas de alguns dos principais compactos simples e duplos que fizeram a trilha sonora da minha infância e adolescência. Acredito que quem nasceu depois de 1980 não saiba o que é isso. Compactos eram pequenos discos de vinil de 18 centímetros de diâmetro, com músicas e outros sons gravados, que a gente colocava na vitrola ou na eletrola para ouvir. Agora, se quiser saber o que é vitrola ou eletrola, por favor, pergunte aos seus pais ou consulte uma enciclopédia. :-P

Já os meus contemporâneos, tenho certeza de que também curtiram alguns desses discos no passado. Clicando nas imagens, verão as capas mais detalhadamente além de informações sobre as gravações e listas de músicas.

Quero ver se alguém com mais de 35 anos passa impunemente por esses discos. ;-))

sábado, 20 de novembro de 2004

CINEMA NA UFF




Fiz curso de cinema na UFF de 1984 a 1992. Sim, o dobro do tempo normal. Simplesmente porque eu me inscrevia em várias matérias e logo depois era chamado a participar de uma penca de filmes. Até aí tudo bem. O problema é que eu me esquecia de cancelar o excesso de matérias que eu não poderia cumprir. E assim, num curso que te dava a chance de fazer dois filmes, eu acabei participando de 14. Uns ficaram inacabados, outros demoraram anos para ser terminados. Uns ganharam prêmios, outros caíram no esquecimento. Uns lançaram atores hoje consagrados, outros nós, alunos, invadíamos as cenas diante das câmeras. Alguns deles...

“A CARTOMANTE” (1985/1989), baseado no conto homônimo de Machado de Assis. Direção de Alexander Vancellote. Com Ricardo Sabença, Roberta Guariento, Juliano Serra, Yeda de Alvim Hamelim e Daniel Argolo Estill. Fiz fotos de still.

“IMPRESSO À BALA” (1985), a saga do temível bandido Escovinha contada pelo sensacionalista jornalista Antônio Bandeira, que entre fatos e invenções acaba virando notícia de suas próprias reportagens. Direção de Ricardo Favilla. Com Gilberto Miranda, Glória Melgaço, Teotônio de Paiva e Luiz F. da Conceição. Fiz continuidade.

“VIOLURB” (1985), documentário com cenas ficcionais sobre a violência urbana. Direção de Cleumo Segond. Com Vitor Lopes, Sebastião Martins, Josino Haubrich, Marcos Torres, Luiz Cláudio Rosa. Fiz assistência de fotografia não creditada e dei nome ao filme.

“VIGILANTE RODOVIÁRIO” (1986), um suposto episódio “perdido” do clássico seriado televisivo de Ari Fernandes e Alfredo Palácios. Bióloga pesquisadora descobre que micos-leões estão sendo capturados de sua reserva florestal e sendo exportados por homens inescrupulosos. Para resolver toda a trama, entra em cena o vigilante Carlos e seu fiel amigo, o cão Lobo, para juntos salvarem a mocinha e prenderem os vilões. Direção e roteiro de Felipe Borges, Flávio Cândido e Paulo Halm. Com Carlos Alberto Canano, Liz Monteiro, Roberto Bontempo, Jorge Cherques, Érico Widal, Emmanoel Cavalcanti, Rosa Helena Arras, José Joffily Filho e o cão Echos (como Lobo). Fiz assistência de produção. Foi o primeiro filme de que participei no curso de cinema, um mês depois de entrar na UFF, ainda no primeiro período.

“NICHTEROY EM FOCO” (1986/1988), paródia dos antigos cine-jornais brasileiros, mostrando o lançamento do último livro de poesias da escritora Moema Peçanha numa pastelaria que também comemora 50 anos de fundação; a volta da atriz niteroiense ganhadora do Oscar à sua terra natal; a prisão do estuprador de vendedoras de boutique de Icaraí; a tradicional pelada de praia e sua relação com os banhistas da cidade; e o seqüestro da barca Rio-Niterói, por um grupo de terroristas, e onde o cameraman filma sua própria morte. Direção coletiva de Gustavo Cascon, Luiz Guimarães de Castro, Paulo André Lima, Marcos Santos Lima, Gelson Santana, Renato Schvartz. Narração de Darci Pedrosa. Com Odete Boudet, Nobile Lima, Afonso Henriques, Elaine da Silveira, Wilson Teixeira Filho, Renato Schvartz, Márcia Watzl, Gustavo Hernandez, Hélio Muniz, Zé Biondo, Zeca Nobre Porto, Antônio Serra, Jo Name, Oswaldo Lopes Jr., Denise Fraga, Gustavo Cascon, Leonardo G. Mello, Gui Michel. Fiz fotos de still e fui o terrorista que mata o cameraman.

“COLORBAR” (1988), história com narrativa de histórias em quadrinhos, sobre um casal muito desigual. Ele, desempregado, passa os dias em casa vendo TV. Ela, secretária executiva de uma multinacional, sai cedo para trabalhar e passa o dia fora. Ele sente ódio dela pela superioridade financeira, mas algo estranho na programação da TV lhe mostra que algo trágico pode acontecer. Direção de Marcelo Mendes. Roteiro de Oswaldo Lopes Jr., David França Mendes e Marcelo Mendes. Com Eduardo Birman e Cristiana Treiger. Foi meu segundo roteiro filmado na UFF (o primeiro filme ficou inacabado) e também fiz fotos de still, e uma pequena participação como um garçom. Na primeira noite de filmagens caiu um refletor de 1000 watts na minha cabeça e eu fui levado às pressas ao Hospital Antônio Pedro. Depois de costurarem minha cabeça com 9 pontos, voltei para o set e fiz fotos até as 6 da manhã.

“O COMBUSTÍVEL DO FUTURO” (1989), uma comédia de ação. A alta cúpula do governo Norte-Americano decide invadir o Brasil com o pretexto de acabar com o tráfico de drogas. Enquanto isso, um velho e decadente astro de rock nacional e um executivo falido apelam para sua traficante "oficial", uma jovem da classe média carioca, que prontamente marca um encontro com os clientes. Direção e roteiro de Gustavo Cascon. Locução de Fausto Fawcett. Com Wilson Grey, Ana Elisa Poppe, Zeca Nobre Porto, José Joffily, Sérgio "Kodak" Vilela e Jorge Duran. Fiz fotos de still.

“ARCHIVOS IMPOSSIBLES” (1997), uma ficção científica noir - o “Blade Runner” de Niterói. Direção coletiva, com coordenação geral de Ricardo Favilla. Roteiro de Patati e Ricardo Favilla. Com Patati, Oswaldo Lopes Jr., Plínio Bariviera, Vitor Lopes, Liliana e Rogério S. Atuei como o robô Kronski, assistente do detetive Alex Sartori (Patati).

“UM C... CHAMADO PAIXÃO”, paródia de trailler de filme erótico. Direção de Renato Lemos. Com Denise Fraga e Moacir Chaves. Fiz fotos de still.

“ASSASSINATO NA ESCOLA DE CINEMA”, farsa que mistura comédia, drama, suspense e musical, sobre três alunos suspeitos de ter assassinado o professor de montagem na sala da moviola a facadas. Direção de Luiz Augusto de Castilho. Com Paulão, Gustavo Cascon, Humberto Martins e outros. Fiz assistência de direção, e também dirigi a cena de ação no fim do filme.


Entre os filmes inacabados estão...

“SONATA”, baseado no conto homônimo de Érico Veríssimo, com Denise Fraga e Daniel Dantas. Fiz fotos de still e foi onde conheci a Denise.

“A GAROTA DA PRAIA”, sobre um sujeito que se apaixona por uma bela menina que conhece na praia, mas que esconde um segredo além da imaginação. Primeiro argumento e roteiro meu filmado, onde também fiz fotos de still, com direção de Marcelo Mendes, deve ser lançado até o ano que vem.

“O JATO DE SANGUE”, baseado na obra de Antonin Artaud, com direção de Cláudia Dottori, Ana Lúcia Milhomens e Rita Ivanissevich. Fiz fotos de still.


Além desses fiz outros filmes fora da faculdade, mas aí é outra história...

sexta-feira, 19 de novembro de 2004

ALEXANDRE MACHADO BACK IN ACTION!


Definitivamente o texto de Alexandre Machado faz muita diferença no humor televisivo. Apesar da sua polêmica esposa Fernanda Young ter caído na boca do povo e levar a fama pela parceria profissional, quem conheceu o trabalho de Alexandre Machado nos anos 80 não se deixa enganar pela alarde da mídia. O folhetim A Vingança do Bastardo (publicado no jornal de humor "O Planeta Diário"), o inesquecível TV Pirata, Os Normais e o recém-nascido Os Aspones formam um precioso currículo desse ex-publicitário dono de um humor cínico, inteligente, por vezes surreal, e ao mesmo tempo grosso e sutil.

Desde que Rui e Vani nos abandonaram, deixando alguns órfãos (eu, veementemente incluído! e ainda emocionalmente abalado com a perda), o espectador da TV aberta foi deixado à mercê da pobreza e banalidade de "A Diarista" e "Sob Nova Direção". Quem gosta de saborear humor de qualidade teve que se contentar por um ano com a dieta semanal de "A Grande Família", único programa de humor global que continua digno e divertido.

Porém com a volta de Alexandre Machado (e Fernanda Young, vá lá... o nome dela está nos créditos também) às noites de sexta-feira, os famintos de bom-humor podem respirar aliviados, sorrir de novo e gargalhar de vez em quando. O ótimo Os Aspones pode não ser tão extraordinário quanto Os Normais, mas é a prova de que ainda existe vida inteligente – e portadora de um senso de humor ímpar – nos bastidores da vênus platinada. Que viva Alexandre Machado!!!

"O EXPRESSO DA MEIA-NOITE" ("Midnight Express", 1978), de Alan Parker

Rating:★★★★
Category:Movies
Genre: Drama


Direção: Alan Parker
Roteiro: Oliver Stone, baseado no livro de Billy Hayes
Produção: Peter Guber, David Puttnam, Alan Marshall / Casablanca Films, Columbia Pictures
Fotografia: Michael Seresin
Montagem: Gerry Hambling
Música: Giorgio Moroder
Direção de Arte: Evan Hercules, Geoffrey Kirkland
Elenco: Brad Davis, John Hurt, Randy Quaid, Irene Miracle, Paul Smith, Bo Hopkins, Mike Kellin, Paolo Bonacelli

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Max: "The best thing to do is to get your ass out of here. Best way that you can."
Billy Hayes: "Yeah, but how?"
Max: "Catch the midnight express."
Billy Hayes: "But what`s that?"
Max [rindo]: "Well it`s not a train. It`s a prison word for... escape. But it doesn`t stop around here."

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Dois anos antes de viver "O Homem Elefante", John Hurt já tinha encarnado um personagem bastante sofrido, neste filme. Escrito por Oliver Stone (que levou o Oscar de roteiro), baseado no livro autobiográfico de Billy Hayes, e dirigido por Alan Parker, "O Expresso da Meia-Noite" é um filme poderoso. Racista e etnocêntrico mas mesmo assim poderoso. Conta a história de Billy Hayes, um estudante americano que após fazer turismo na Turquia, tenta sair de lá com alguns quilos de haxixe atados ao corpo. Preso no aeroporto, ele é jogado e quase esquecido na prisão de Sagmalcilar, que é mostrada como o verdadeiro inferno. Lá ele sofre torturas físicas e psicológicas pelas mãos ou ordens do terrível chefe dos guardas Hamidou (Paul Smith, o Brutus do "Popeye" de Altman) além das intrigas, calúnias e exploração do 'X-9' Rifki (Paolo Bonacelli). Mas também se torna amigo de outros presos, como o abusado Jimmy Booth (Randy Quaid) e o gentil e drogado Max (John Hurt, indicado para o Oscar de melhor ator coadjuvante, muito merecidamente). Quando sua pena vai aumentando gradativamente até prisão perpétua, Billy começa a perder as esperanças e a própria sanidade.

A cena em que Billy enlouquece, após Rifki caluniar Max para Hamidou, é devastadora. Quem viu sabe. A bela Irene Miracle e o emocionado Mike Kellin completam o elenco como a bela namorada e o pai de Billy. Oscar de melhor trilha sonora para Giorgio Moroder, que compôs um tema triste, forte e inesquecível. O disco vendeu como água no deserto, na época do lançamento.

Como dizia uma ex-namorada minha, "Alan Parker é um tremendo filho da puta, mas é um grande cineasta. Isso é o que dá mais raiva nele. O canalha sabe fazer cinema!"... Não concordo com ela quanto a ele ser canalha, mas que esse filme é racista, isso é! E que Alan Parker sabe fazer cinema, isso também! "Midnight Express" foi meu primeiro filme proibido para menores de 18 anos, visto no cinema com 14, em Belém do Pará, em julho de 1979. No dia seguinte assisti a "O Franco Atirador", de Michael Cimino, também proibido para menores de 18 anos. E também li o livro de Billy Hayes. Sem dúvida foi um filme que me marcou muito, especialmente a trilha sonora, que eu ouvia sem parar por meses seguidos, e que ecoava nas rádios e nas lojas de discos de todas as cidades.

Atenção para o poster brasileiro do filme. Sempre que possível postarei as versões nacionais dos cartazes de filmes estrangeiros comentados aqui, como já fiz em "Um Passe de Mágica".