quinta-feira, 21 de julho de 2005

A HISTÓRIA SEM FIM


Há alguns meses eu escrevi um texto sobre o branco que assombra os escritores (http://ozlopesjr.multiply.com/journal/item/42). Pois bem, agora é uma variação desse branco que vem me perseguindo implacavelmente, sem tréguas.


Há muito tempo tive uma ótima idéia para um filme. O argumento era excelente, os personagens extraordinários, a situação inicial deliciosa. Porém, um roteiro não se escreve como uma peça literária comum. É um texto técnico, cheio de meandros e artifícios para conquistar o espectador com um bom apelo visual e narrativo. Uma das regras de ouro da confecção de um roteiro é escrever primeiro o final, depois o início, e por fim o meio, o miolo da história. Pois bem, tenho nas mãos um ótimo início, um desenvolvimento intrigante... e nenhum fim. O argumento, que me motivou a mergulhar de cabeça nessa história, é sedutor, com personagens magníficos. O conflito entre os personagens centrais é polêmico e instigante. Porém não faço a mais remota idéia de como terminar isso. Só me ocorrem finais medíocres, pífios e pobres.


Hoje decidi busca ajuda nas palavras de alguns mestres como Drummond, Raduan Nassar, Quintana e O'Henry, o mestre da reviravolta final. Espero poder contar com a iluminação deles para me indicar a saída desse túnel de idéias.


Tenho mais três roteiros esperando na fila, mas esse é o que anda tirando meu sono, pois reconheço nele grandes qualidades. Sei que posso transformá-lo numa pequena pérola que caia no gosto do público. Quero dirigí-lo, já tenho o elenco na cabeça e se passa numa única locação. É um filme bem fácil de ser realizado. Porém falta um detalhe. Um simples detalhe. Algo primordial, essencial, fundamental. Me falta um final devastador, imprevisível, irônico e bem humorado.


Que as musas venham me visitar mais vezes aqui na minha estação espacial e me inspirem um final inesquecível.

3 comentários:

  1. É engraçado saber o que te falta, e ao mesmo tempo isso continuar faltando... Deste seu post saltei para tantas metanarrativas, tantas descrições sobre os mais variados processos criativos... Dá pra entender claramente a diferença entre os conceitos, as teorias montadas com eles, e o próprio caminhar do mundo, a posta em prática, o hálito que faz essa figura de barro respirar e andar...
    Agora fiquei curioso!
    Abraços

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  2. Oswaldo:
    Já experimentou botar um bando de atores com disposição para improvisar ? Não necessariamente para filmar o improviso, mas para recolher idéias.
    Se ainda assim não der certo, ainda resta a metalinguagem - falar sobre o branco criativo do autor. Woody Allen, por exemplo, fez isso com ótimo resultado na peça "Deus".
    Desde já desejo boa sorte !

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  3. Você me deu uma idéia. Vou reler "Deus" de Woody Allen. Pode ser que me inspire em algo sim.

    E a minha história é basicamente uma discussão entre pai e filho. Nada mais posso dizer. Mas o fundamental é isso.

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