quinta-feira, 4 de novembro de 2004

Conto (5): "A PATA DO MACACO", de William W. Jacobs


Uma coisa que já notei aqui no Multiply é que muita gente costuma postar poesias de seus autores favoritos. Tem muita poesia pelas páginas do Multiply, e isso é muito bom! Também adoro poesia. Drummond, Pessoa, Quintana e (por que não?) Edgar Allan Poe são meus poetas do coração. Além é claro dos brilhantes letristas de músicas que temos no Brasil e pelo mundo afora, velhos e novos. E os poetas que escrevem em prosa, como Clarice Lispector ou o meu "guru", o escritor Julio "imenso cronópio" Cortázar.

Porém existe um outro formato literário que me fascina e me apaixona bem mais que a poesia: o conto. Como dizia Cortázar, comparando a literatura ao boxe: "enquanto no romance você conquista o leitor por rounds, no conto você deve abatê-lo por nocaute", ou algo assim. Na minha modesta opinião de ávido leitor desde criança o conto é o formato literário perfeito, o mais rápido, eficaz, chocante, gratificante, beatífico. Na minha experiência pessoal contos marcam mais que romances, apesar destes também serem fundamentais em nossas vidas, e em nosso amadurecimento e bagagem cultural.

Além disso meu gênero preferido sempre foi o terror psicológico. E nesse meio as penas de talento são muitas: Poe, H. P. Lovecraft, Guy de Maupassant, Lord Dunsany, Paul Verlaine, Ray Bradbury, Robert Bloch, John Russell, Fredric Brown, Richard Matheson, Stephen King... todos eles com algumas pérolas que não deixam o leitor dormir à noite só de lembrar uma frase, um diálogo, um parágrafo.

Cresci lendo os contos de Edgar Allan Poe, mas na adolescência descobri todos esses outros e elegi meu mestre supremo na arte de apavorar através do conto o norte-americano Howard Phillips Lovecraft, com sua vasta mitologia de criaturas ancestrais, de coisas indescritíveis, de situações indizíveis. E junto com ele um séquito de grandes autores aguarda para ser redescoberto...

Pretendo usar este espaço aqui - entre outras coisas - para dividir com vocês alguns dos contos mais brilhantes, fascinantes e horripilantes que já li. Já soltei uma boa dose de poesia em prosa postando contos curtos de Cortázar, do livro "Histórias de Cronópios e de Famas". Agora é hora de partir para algo totalmente diferente.

Agora é hora de se ver numa sala antiga, de uma cidade do interior, com uma enorme mesa de madeira crua, cadeiras de balanço, tábuas que rangem, o cômodo iluminado pela luz fraca e insegura de lampião. Você acabou de jantar uma refeição deliciosa, cercado de parentes e pessoas queridas, mas o sono já vem chegando. O relógio-cuco na parede avisa que já é tarde e mesmo que você adore varar a noite nas festas e boates da cidade grande, aqui o sono se insinua antes da hora. Pelas janelas de madeira com a tinta descascando você percebe que a escuridão é quase total lá fora, a não ser pela luz amarelada de um poste velho. E é nesse momento que seu avô ou aquele tio bacana que você certamente tem - resolve contar um "causo" que lhe aconteceu. Ou uma história estranha ouvida não sei de quem, não sei aonde. Uma história perfeita para um momento como esse...

O primeiro conto de horror que compartilho com vocês é o clássico "A Pata do Macaco", do escritor e dramaturgo inglês William W. Jacobs. Durante muitos anos esse conto me deixava com tanto medo que não conseguia dormir. Hoje o saboreio como uma iguaria primorosa, porém ainda sutilmente medonho e que atiça imaginação de forma devastadora.

Damas e cavalheiros, basta clicar no título do conto acima e deixar a mente aberta...

E nunca se esqueça de duas regras básicas em relação a seus desejos: muito cuidado com o que você deseja, pois você pode consegui-lo. E tudo na vida tem um preço a ser pago. Algumas vezes esse preço pode ser caro demais...

Depois faça o obséquio de deixar suas impressões aqui...

Boa noite. E bons sonhos. Se conseguirem.



(À esquerda, pintura sobre o conto; à direita, cena do curta-metragem "The Monkey's Paw", 2003, da Tribalfilm Entertainment, baseado no conto de W. W. Jacobs e ganhador de vários prêmios internacionais)

13 comentários:

  1. Oswaldo, deixo pra comentar o conto depois. � que me custa trabalho n�o ler o que voc� escreve, j� que as afinidades liter�rias, cinematogr�ficas e humor�sticas s�o grandes. E as lembran�as?
    S� confesso que tenho vergonha de dizer qualquer coisa sobre poesia. Vergonha de n�o apreci�-la como deveria, uma esp�cie de consci�ncia de que deveria ter bebido mais desse g�nero. Em meu caso, � que nem feij�o. Comi pouco na minha inf�ncia --n�o morava no Brasil--, hoje gosto muito quando como, mas n�o � das primeiras coisas que ponho no prato na hora do almo�o. Se for feijoada, como com gosto, com farinha ou farofa, v�rias carnes, e muita, muita pimenta. Mas se passar dois meses sem comer, nem vou lembrar...
    J� Cort�zar, esse n�o falta em minha mesa, em espanhol ou mesmo traduzido --�s vezes os dois, Rayuela e O Jogo da Amarelinha, de aquisi��o recente.
    Continue postando, continuarei lendo com o prazer de comer arroz com feij�o sem feij�o. De arroz eu n�o abro m�o.

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  2. Maneiro! At� lembrei do epis�dio dos simpsons q fala da mesma hist�ria. Era hil�rio o Homer fazendo os pedidos, ahuhauahhua caos total.
    Verdadeiramente um cl�ssico.

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  3. Oi Oswaldo!

    Que conto � esse, hem...tive at� que colocar uma m�sica para perder um pouco do medo. Sinistro...
    Estou combinado de ir com a M�nica l� no MAM quando ela puder. Vamos? Est� tendo uma exposi��o super bacana que ir� at� janeiro, ou seja, temos tempo...

    Beijo!

    P.S.:como voc� escreve bem!

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  4. esse conto desde moleque me derruba

    li numa daquelas colet�neas do Hitchcock, lembras disso? "Hist�rias Para Ler � Meia-Noite" e outros t�tulos do g�nero

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  5. Eu li e n�o conhecia, muito bom, � de dar medo mesmo, principalmente se vc sabe que realmente o q vc deseja pode ser perigos.

    "E nunca se esque�am de duas regras b�sicas em rela��o a seus desejos: muito cuidado com o que voc� deseja, pois voc� pode consegui-lo. E tudo na vida tem um pre�o a ser pago. Algumas vezes esse pre�o pode ser caro demais..."

    Essa � uma grande verdade!

    Mas fiquei curiosa de saber se o filho seria zumbi ou n�o :)

    Bjs

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  6. quem gosta de Cort�zar, gosta tamb�m de literatura fant�stica. � um mandamento, n�o? . Ah lembrei de uma Antolog�a da Literatura Fantastica, sele��o feita pelo Borges, Bioy Casares e Silvina Ocampo. Contos breves e macabros, mais agora n�o tenho certeza se ahi foi que l� Pata do Macaco... queria comentar um pouco teu post mas ando sem tempo, voltarei. Beijos

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  7. Caramba... eu vi um "Contos da Cripta" animado ("Tales from the CryptKeeper) que passa no HBO, e um deles era baseado nesse conto. Agora fiquei curioso para ler o conto original.

    Abra��o!!

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  8. Adoro ler os contos do Asimov, leitura r�pida das mais interessantes !!!

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  9. Concordo com você. Adoro esse conto!, e já que não posso mais aderir ninguém, ficaria feliz se houvesse um meio de eu ficar em dia com os contos que você postará!

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  10. Me lembro que li esse conto pela primeira vez no Oxford, no nosso curso, vc lembra??? risos

    beijos

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  11. Eu já tinha lido bem antes do Oxford, Paula, num "Livro da Juventude" antigão que tinha aqi em casa. Naquela época "A Pata do Macaco" já tinha me dado minha devida cota de pesadelos... 8-0

    Beijos!

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  12. É, caro Oz. Realmente é muito bom este "A Pata do Macaco". Porém preciso relê-lo, pois ainda fiquei com certas dúvidas. Já está "dentro' de meu ensaio, e de meu ciclo de obras-primas. Não do medo simplesmente, mas do absurdo, do insano e impronunciável.

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  13. Vc disse que faria qualquer coisa para se livrar da pata de macaco. Não sei se vc já "deu um fim" a ela. Caso não eu estou disposto a compra-la. pesquiso estes assutos e mitos a muito tempo. Fiquei admirado quando ví a mão. Entre em contato!!!

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