sexta-feira, 19 de novembro de 2004

FÊNIX, de Henning Boëtius


Description:
Jornalista sueco, dado como morto no incêndio do dirigível alemão Hindenburg - ocorrido em New Jersey (EUA) em maio de 1937 - decide, dez anos depois, investigar as causas do acidente. Para tanto, vai atrás do homem que estava no leme de elevação no momento da tragédia.

Ingredients:
Acabei de ler o livro há alguns minutos. Sempre volto ao Hindenburg, da mesma forma que volto ao R.M.S. Titanic. Sou como o capitão Ahab, de "Moby Dick", obcecado, em busca de um passado que só vivi em vidas anteriores. Sinto-me como o protagonista do livro agora, em paz com a explicação da catástrofe do Hindenburg, mesmo que ela seja fictícia. Num caso desses, quem poderá dizer o que realidade e o que é ficção?

Libero-me da função de escrever uma crítica ou mesmo uma resenha, e deixo aos meus leitores estas duas análises pescadas na internet, que definem de forma competente a qualidade do texto de Henning Boëtius.

Só digo uma coisa: para quem ama narrativas que misturam ficção e História, "Fênix" é um banquete. E para quem já flutuou a bordo do LZ-129 como eu, é uma viagem emocional a outras vidas, outros tempos.

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Ficção e realidade
por Rinaldo Gama

Só há dois motivos para se ler uma história sobre a qual já se falou à exaustão: a apresentação de fatos novos ou o talento do autor. "Fênix", do alemão Henning Boëtius (1939), traz de volta, sem maiores novidades, um assunto para lá de explorado: a tragédia do dirigível Hindenburg, um dos orgulhos nazistas, que no dia 6 de maio de 1937 incendiou-se em New Jersey, perto de Nova York, horas depois de se exibir para a população de Manhattan. O interesse pelo livro fica assim por conta das habilidades de Boëtius; não se trata de um prodígio estilístico, mas é inegável a capacidade do autor em combinar ficção e realidade. Filho de um sobrevivente do desastre - seu pai, Eduard Boëtius estava no leme de elevação do zepelim na hora do acidente - Henning teve uma privilegiada ajuda para reconstituir o que se passou naquela inesquecível viagem. Com base nas preciosas informações do pai, o escritor põe em cena um jornalista sueco que, dez anos depois da tragédia, vai até Roma procurar uma mulher que conhecera no Hindenburg e por quem se apaixonara; após o reencontro, ele se lança decisivamente no encalço das causas do desastre - sempre duvidou das versões oficiais e aposta que o incêndio do dirigível foi provocado. A fim de passar a história a limpo, o jornalista viaja até uma ilha do Mar do Norte para se encontrar com o homem que estava no leme de elevação quando tudo aconteceu. Não se aflija em esclarecer o que é certeza e o que se resume a meras suposições - lembre-se que o livro foi escrito para ficar na estante de ficção.

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Rising from the ashes of the Hindenburg
review by James Neal Webb

These times of uncertainty make the story of a legendary disaster simultaneously important and irrelevant. Irrelevant because the immediacy and pain of the current situation render any comparison to previous tragedies superfluous; important because the impact such events have on individual lives can touch us today. "The Phoenix", a novel about the 1937 crash of the Hindenburg, is such a story.

German writer Henning Boëtius actually tells two stories in "The Phoenix". The first is that of Edmund Boysen, a sailor turned dirigible pilot, a man whose quest for the clouds mirrors his quest to better himself in society. He is a golden boy, and his golden life is shattered one fateful evening in Lakehurst, New Jersey. The second story, wrapped around the first, is that of Birger Lund, a reporter and passenger on the ill-fated flight. Horribly disfigured and presumed dead, Lund gets a new face and a new identity, and he is determined to discover what actually happened on the Hindenburg.

Boëtius has impeccable credentials when it comes to this subject. His father was the last surviving member of the crew and was at the controls the night of the crash. Boëtius grew up hearing the stories and theories of those events.

It's been widely said that the Titanic's demise marked the beginning of the modern age, but in portraying the Hindenburg tragedy, Boëtius has captured another important turning point. Boysen is a man who wears his past like a scar, while Lund, who is scarred, sheds his skin both physically and metaphorically to face the new age. "The Phoenix" is a moody, enthralling voyage into a past that isn't so far away and a future that is continually being remade.

Directions:
"Fênix" ("Phöenix aus Asche"), de Henning Boëtius. Tradução de Lya Luft. Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 2001.

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