quinta-feira, 18 de novembro de 2004

"O HOMEM ELEFANTE" ("The Elephant Man", 1980), de David Lynch

Rating:★★★★★
Category:Movies
Genre: Drama


Direção: David Lynch
Roteiro: David Lynch, Eric Bergren, Christopher de Vore, baseado no livro de Ashley Montagu e Frederick Treves
Produção: Stuart Cornfield, Jonathan Sanger, Mel Brooks / BrooksFilms, Paramount
Fotografia: Freddie Francis
Montagem: Anne V. Coates
Música: John Morris, Samuel Barber
Direção de Arte: Robert Cartwright, Stuart Craig
Elenco: John Hurt, Anthony Hopkins, Anne Bancroft. John Gielgud, Wendy Hiller, Freddie Jones, Kenny Baker

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"I`m not an animal! I`m a human being! I... AM... A MAN!"
(John Merrick)

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Sir Anthony Hopkins também trabalhou neste que foi o segundo longa-metragem de David Lynch. Num apropriado preto e branco, “O Homem Elefante” conta a história verídica de John Merrick (John Hurt, numa interpretação extraordinária debaixo de quilos de maquiagem pesada por todo o corpo!), um infeliz cidadão inglês cuja doença – neurofibroplasmose generalizada (médicos e estudantes de medicina, por favor corrijam-me se eu estiver errado! Lembro desse nome apenas de memória) – o transformou numa aberração humana na segunda metade do século 19. Explorado num circo de horrores por um comerciante inescrupuloso (Freddie Jones) e depois resgatado por um médico misericordioso, Dr. Frederick Treves (Sir Anthony Hopkins), que o tratou e tentou dar a ele uma vida digna no London Hospital. Auxiliado também pelas visitas da Srta. Kendal (Anne Bancroft), que demonstra por ele extrema compaixão, Merrick aos poucos vai se sentindo como realmente era, um ser humano e não um animal de circo.

Inusitadamente produzido pelo mestre da comédia satírica americana Mel Brooks (e marido de Anne Bancroft), “O Homem Elefante” é um filme muito triste e tocante. Com ele David Lynch alavancou sua brilhante carreira e, mesmo trabalhando em cima do roteiro de outra pessoa, já mostrou aqui a que veio.

Assisti esse belo filme no saudoso cine Veneza, na avenida Pasteur, na Praia de Botafogo, aqui no Rio, com 15 anos de idade. E foi o primeiro filme que me fez chorar depois que abandonei a infância. Gostaria muito de revê-lo. Com suas atuações em "O Homem Elefante", "Alien" e "O Expresso da Meia-Noite", John Hurt se tornou um dos meus cult-atores desde então.

17 comentários:

  1. Rapaz!
    A gente vai se deparando com filmes que não vimos e percebemos o quanto ainda nos falta!
    Uma vez passou na tv aberta e eu não quis ver por ser dublado, cortado, etc...

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  2. Tb gostei muito do filme. Aliás, é do que mais gosto do Lynch. Do resto, pouco saco tenho. (Lá vou eu com minhas polêmicas...)
    Vou logo dizendo: não adianta, coloco no mesmo saco o Veludo Azul do Lynch e Lua de Fel (Polanski), dois filmes que foram sucesso de crítica na época -- e que o povo "psi" também adorou. No primeiro, lembro de como me irritava aquela boca enorme da Laura Dern chorando (canastríssima!) -- por mais que hoje eu goste dela -- e de como achei o filme pretensioso, assim como boa parte do que o Lynch fez depois. No segundo, minha impressão é a de que o Polanski queria mesmo era rir da cara do espectador, especialmente os pretensamente intelectualizados, colocando um monte de (sub)psicanalices interpretadas por (pelo menos) um ator conhecidamente canastrão (Peter Coyote). Quando vi o povo falando oh!, que denso, sensual e profundo!, como ele explorou bem a natureza das perversões!, me senti em outro planeta. Será que fui o único que achou que ele queria apenas debochar?

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  3. Cara!!!! Esse filme vc tirou do fundo do baú!!!! Ele é otimo!!!
    Eu chorei horrores!!!! nunca tinha chorado nunca em um filme... depois dele o unico que me fez chorar foi o Romeu e Julieta de Franco Zeffirelli... achei a interpretação de ambos fantastica...
    Mas a de John Hurt (que na epoca que qu vi, não sabia que era ele) marcou a minha infancia!!!! Eu lembro que foi a primeira vez que entrei em uma biblioteca para procurar informação sobre o verdadeiro John Merrick, lamentavelmente nunca achei nada... Mas o filme é otimo e recomendo para todos os que nunca o assistiram.

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  4. grande lembrança!

    david lynch é sensacional e é um dos poucos caras que ainda faz um cinema interessante e fora dos padrões hollywoodianos... homem elefante é um clássico!

    abs

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  5. Oswaldo, vc tem ótimos posts de filmes. Queria mesmo saber como vc consegue colocar o negrito e fotos neste item reservado às críticas. Adoraria aprender. Também chorei muito neste. Mas vou discordar do Ricardo lá em cima. O Homem Elefante para mim não é o melhor Lynch. Embora seja uma outra viagem.

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  6. Com a ressalva de ter assistido a todos os dois ha muitissimos anos atras, ouso discordar: nao da pra botar Veludo Azul (lindamente surrealista) no mesmo saco que Lua de Fel (realismo quase-novelistico-televisivo banal)!

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  7. Também discordo veementemente do Ricardo e considero "Veludo Azul" um dos melhores filmes da década de 80!!! Foi o meu filme de 1987!!! Primoroso, sensacional, belíssimo, cruel!!! Na minha opinião só é superado pela obra máxima de David Lynch, a telessérie "Twin Peaks".

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  8. Denise, Liana e Oswaldo, contra os três não dou conta! Vamos por partes. Denise, O Homem Elefante é do que mais gosto, mas não digo que seja o melhor, nem sei se dá para compará-lo com Coração Selvagem, por exemplo.
    Liana, se discorda do que eu disse, pelo menos temos em comum o fato de eu tb ter visto os filmes na época e nunca mais os retomei. Concordamos tb sobre Lua de Fel; fica faltando Veludo, que me pareceu supervalorizado. Concordo que tenha um certo surrealismo (palavra sua) e tb algo da crueldade (palavra do Oswaldo), mas não me pareceu que tivesse a autoironia de Coração Selvagem (que carrega traços do Veludo e agora sim uma estética bem Lynch), por isso soou mais pretensioso do que belo.
    E falta um mea culpa. Não suportei as interpretações clichês que meus "primos de profissão" psicanalistas fizeram à época. Talvez isso tenha contribuído pra minha má vontade com ele, já que fizeram o mesmo também do Lua de Fel.
    (Parece que do meu rugido inicial só sobrou um miado...)

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  9. E Veludo Azul tem a Isabela Roselini, divina, linda, com aquele sedutor sotaque...

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  10. Eu ia dizer que aí é golpe baixo, mas vou não. Isabela é hors concours em tudo, mas não sei se o Lynch -- que até onde lembro era casado ou então casou-se à época com ela -- foi além de mostrá-la plasticamente (um "quadro falante" mesmo). Fazer isso não tem lá tanto mérito artístico não, né? Até feia(?!) a Isabela é belíssima!

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  11. Já eu não gosto de "Coração Selvagem". Acho caricato, pretensioso e metido a "muderno" demais. Para mim é o filme mais besta que o Lynch fez. Fora "Duna", que é o pior, e que ele próprio não gostou. Mas de resto, pelo que me lembro, gosto de todos os outros.

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  12. eu gosto de tudo, menos duna... até hoje não sei dizer qual o meu preferido... acho que fico entre cidade dos sonhos e veludo azul... sei lá... cada hora prefiro um...

    para mim, o coração selvagem é uma fábula e, como tal, cabe a caricatura... inclusive, este filme junto com a atmosfera de twin peaks, gerou um vídeo extraordinário chamado "sinfonia industrial no. 1", composta por ele mesmo e o angelo badalamenti

    abs

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  13. Da última vez que revi "Coração Selvagem" até fui mais condescendente com ele. Mas eu realmente detestava o filme! E adoro o trailler! Hehe!

    Eu tenho o "Sinfonia Industrial nº1" em VHS, perdido em algum lugar desta estação espacial aqui... gosto muito. E "Twin Peaks" continua sendo a grande obra-prima de Lynch, na minha opinião. Seguida de perto, bem de perto, por "Veludo Azul", que considero primoroso e extraordinário até hoje.

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  14. Nao vi cidade dos sonhos, vai entrar para a lista do que eu tenho que procurar em DVD, assim que eu providenciar a compra de um, e claro...

    PS: Duna eh insuportavel Acho que foi dos pouquissimos filmes da minha vida em que sai no meio (sou daquelas que achava que filme ruim tambem era filme bom: hoje superei essa fase, mas tb vou tao pouquinho ao cinema que a selecao costuma ser bem feita.)

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  15. Passo recibo sobre a Coração como fábula, cabendo a caricatura. Perfeito! E fiquei curioso sobre a tal sinfonia. Será que tem em DVD? (Caso contrário, ô Oswaldo, socialize a sua cópia pra galera poder ver!)

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  16. eu, como amante do surrealismo, tenho uma queda pelo onírico... por conta disso, fiquei alucinado com "cidade dos sonhos" - o título em português não é muito bom, mas o filme é sensacional... não vou entrar em detalhes para não estragar a surpresa...

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  17. "Isabela é hors concours em tudo"

    Tenho um CD muito bom, "Curtains", do Thindersticks, em que a faixa bonus, "Mariage Made in Heaven" eh um dueto do do Stuart Stapes com, justamente, Dona Isabella Rosellini. Eh de uma beleza impar.Sedutora, como eu disse anteriormente.

    Um dia, qd eu estiver no Rio, marco uma audiencia para os interessados.

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