quarta-feira, 3 de novembro de 2004

MUNDOS CIBERNÉTICOS


Quando vejo o mundo virtual se dividindo em sistemas estanques - listas de discussão, fóruns, Orkut, Multiply, etc. -, começo a me lembrar de como comecei na internet e de como muita coisa na vida real da gente funciona de forma parecida.

Meu pai morreu em 1994 insistindo para que eu comprasse um computador, e eu teimava em dizer que minha Olivetti Lettera e minhas enciclopédias davam conta do recado muito bem obrigado. No ano seguinte, minha mãe insistiu e eu acabei comprando um computador, este aqui ainda, primeiro e único, um 486 IBM Aptiva hoje recauchutado para pentium 150. Em 1996 entrei na internet.

Logo fui apresentado às listas de discussão do Yahoo e do MSN, mas não gostei do segundo. Apostei minhas fichas no Yahoo, entrei em várias listas e criei algumas. Conheci muita gente, fiz amigos virtuais que não tardaram a se tornar reais. Amizades verdadeiras, algumas que passaram, outras que se desenvolveram. Acabei me acostumando às listas e gostando cada vez mais delas.

Um dos meus objetivos na internet era montar um site pessoal, para colocar meu portfolio fotográfico, alguns dos meus textos publicados, outros não, enfim, minha cara profissional e pessoal para ser mais conhecido e principalmente para ver se isso me rendia algum emprego. Como não entendo patavinas de html ou de qualquer outra linguagem cibernética, e vi que precisava de alguém para montar um site, fui protelando esse projeto a perder de vista.

Ano passado fui apresentado aos fóruns de discussão. O formato é mais interessante do que o das listas, pois permite-se criar tópicos estanques e manter as discussões separadamente em assuntos diversos. Interessante, pensei eu. Soube que já existiam há anos, mas entrei em um pela primeira vez no início de 2003. Em um não, em uns três pelo menos. Muitas discussões acaloradas, muita gente vazia, muitos "achismos", muita baboseira. É claro que nas listas isso tinha também, só que em menor escala. E na vida a gente acha muito de tudo isso também. Bem, foi tamanha a encheção de saco que em menos de um ano me cansei dos fóruns e das discussões que não levavam a lugar nenhum.

Aí vieram os tais weblogs. "Diários na rede" ou "blogs" como se chamam hoje em dia. Ao contrário da maioria das pessoas, eu fujo de novidades. Detesto modismos e unanimidades (e viva Nelson Rodrigues!). Abomino blogs pelo caráter retardado de "meu querido diário" que a maioria das pessoas dá a eles. O problema não é o formato, que nada mais é do que um espaço para postar notícias, textos, novidades em geral. O problema é a cabeça da maioria das pessoas que possuem blogs, alardeando aos quatro ventos como ama Bon Jovi, que brigou com a melhor amiga e como curtiu o último show da banda favorita. Revelando segredos que ninguém quer saber, expondo a própria vida e a vida alheia de forma inconseqüente, xingando os desafetos "pelas costas" como se qualquer um não pudesse acessar as informações. Parece que as pessoas ficam burras e medíocres com certas modernidades... Dos blogs que conheço só respeito, admiro e recomento três: "Uma Dama Não Comenta" (de humor de primeira, da minha amiga Gaby), "Terceira Base" (de críticas e comentários culturais, do Hiro) e o do Ricky Goodwyn, com comentários culturais e políticos (que não sei o nome, Ricky).

No fim do ano passado me mostraram os fotologs. "Olha que legal, dá para por foto sem entender nada de html!", mas aquilo não me cheirava bem. Resisti aos fotologs por achá-los nada mais do que "blogs com fotos". Preconceito idiota meu (e pleonasmo também). Até que me toquei que sou fotógrafo e, apesar de não ter uma câmera digital (principal motivo para a disseminação em massa dos fotologs), eu tenho um imenso acervo de fotos e um scanner. Bingo! Fiz quatro fotologs de uma só vez, um pessoal e os outros temáticos. Sendo que meu fotolog pessoal tenta ser um referencial para as pessoas que viveram as mesmas coisas que eu, em outros tempos. Enfim, um alfarrábio de memórias boas e nostálgicas.

Porém, apesar de ter baixado a guarda ao fotolog, quando vieram o Orkut e o Multiply resisti mais ferrenhamente, como um basco radical à invasão estrangeira. Ou como um último combatente de guerra que duvida que a guerra acabou. O Orkut, com suas "comunidades" (que pra mim continuam sendo coisa de Lecy Brandão...) pareciam os velhos fóruns e listas de discussão com cara nova, lerdeza e travação ímpar e se auto-proclamando a última novidade da moda. O Multiply, com sua cara de "decifra-me ou te devoro" parecia inescrutável. Apesar da minha resistência indignada, acabei entrando nos dois pelo mesmo motivo que muita gente: não aguentava mais receber convites, que entupiam minha caixa postal. Hoje dou minha cara à tapa.

No Orkut reencontrei velhos amigos e colegas de faculdade, perdidos há mais de 15 anos, ganhei um CD especialíssimo que eu queria muito e que nunca foi lançado no mercado e conheci gente muito bacana, virtual e pessoalmente. E no Multiply encontrei minha casa virtual, pois aqui realizei - ou estou realizando - meu projeto de ter um site pessoal. Hoje posto minhas fotos, meus textos, estou montando meu portfolio e colocando um pouco das minhas opiniões e trabalhos para quem quiser ver.

No fim das contas, entre mortos e feridos, salvaram-se todos. E valeu a pena.

Mas PELAMORDEDEUS, não me venham falar em Link ou em qualquer outra novidade cibernética que eu passo chumbo que nem o velho caipira Urtigão da Disney!!! >:-P

5 comentários:

  1. huauahahuahuah
    tem netqi...mell...kibop....muvuca...opssssssssssssssssss
    brincadeiraaaaaaaaaaaaaaaaa!!
    adorei tudo q vc escreveu...eu tbm...nas 9dades l� estava eu..naum aguentei mais..e parei aki e fiquei..
    acho o multiply o mellhor....galera madura...divertida...s/ preconceito!!
    (nada contra os outras redes) dei um terminate na minha conta do orkut..
    s/ saco c/ akilo..muito lento...
    enfim..
    my home is here too!!
    hihihihihi
    bjussssssss ;p

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  2. Concordo o Orkut � muito devagar, e bem vazio, coisa mais para moleque

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  3. Arrasou!
    Em poucas palavras descreveu toda uma gera��o que passou por todos os processos, desde o inicio do que chamamos virtual at� as mais modernas misturas. Resultado de muita pesquisa, experimenta��o, travamentos e customiza��o.
    Confesso que pulei algumas etapas por a�, como o blog, que tamb�m n�o acho gra�a na fun��o meu querido di�rio e fotolog, por n�o ter digital nem scanner na �poca e daria o maior trabalho.
    Me encontrei nisso aqui, at� porque n�o entendo xongas de html e acho f�cil.
    Quanto as amizades feitas por aqui, ainda est�o no mundo et�reo do virtual. Mas acredito que algumas v�o ultrapassar essa barreira, cada uma a seu tempo. Estou aberta a isso sim, por que n�o?
    Belo texto...
    Grande abra�o!

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  4. Oswaldo, n�o h� como n�o se identificar com muito do que voc� descreveu. Como a Silvia, pulei algumas etapas, mas as sensa��es est�o todas l� no seu texto...
    beijinhos

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