terça-feira, 31 de janeiro de 2006

RPG "CALL OF CTHULHU"




O QUE É RPG?

A sigla RPG vem do inglês "RolePlaying Game", e significa "Jogo de Interpretação de Personagem". Basicamente, jogar RPG é isso: entrar na pele de um personagem e interpretá-lo da melhor maneira possível, agindo como ele agiria e pensando como ele pensaria. Fazendo uma analogia com um filme, os jogadores são atores interpretando personagens únicos criados por eles próprios antes do início do jogo. Há um "mestre" que, seguindo a analogia, seria o diretor do filme. O mestre escreve um pré-roteiro com o cenário e as situações que os personagens dos jogadores serão submetidos. A diferença substancial entre um filme e uma partida de RPG é que os jogadores/atores têm a liberdade de agir como acharem que seus personagens agiriam sem seguir um roteiro determinado pelo diretor. O mestre/diretor será uma espécie de mediador que controlará personagens coadjuvantes (chamados de NPCs) e colocará os jogadores em situações atípicas, criadas para dar emoção ao jogo.

Em uma partida de RPG não há vencedores e perdedores. Os jogadores não jogam contra outros jogadores nem contra o mestre da partida. É tudo pela diversão! Mesmo que seu personagem eventualmente morra, ou os desafios propostos pelo mestre sejam facilmente solucionados, o que importa é que no final da partida todos tenham se divertido e uma boa história tenha sido criada coletivamente. Se, após uma partida, TODOS tenham se divertido, o objetivo foi alcançado com sucesso!


O QUE É “CALL OF CTHULHU”?

“Call of Cthulhu” é o famoso RPG da editora Chaosium ambientado no universo mítico criado por H. P. Lovecraft. Lançado em 1981, este célebre jogo já está em sua sexta edição e já recebeu inúmeros prêmios importantes dentro da indústria dos jogos de ficção/horror.


O QUE DIFERENCIA “CALL OF CTHULHU” DOS OUTROS SISTEMAS?

A diferença de “Call of Cthulhu” é o cenário dos jogos. Ao contrário da maioria dos RPG que possuem como cenário, mundos mágicos, fantásticos e medievais, as partidas de “Call of Cthulhu” são ambientadas no universo criado por H. P. Lovecraft. Todos os seres míticos e livros profanos criados pelo escritor (e seus colaboradores) estão detalhados no livro de regras.

Em “Call of Cthulhu” os jogadores não interpretam heróis com superpoderes, nem guerreiros com espadas mágicas. Os jogadores interpretam seres humanos comuns que tiveram o azar de, em algum momento de suas vidas, se deparar com os horrores inconcebíveis criados por Lovecraft.

É aí que está toda a graça e a singularidade deste RPG! Esta diferença de forças entre os jogadores e seus antagonistas tornou “Call of Cthulhu” uma das obras-primas do terror: você não tem como lutar mas também não pode ignorar o que existe a sua volta. Os jogadores devem usar a inteligência e capacidade de investigação para serem bem-sucedidos.

Não bastando tudo isso, os personagens além de se preocupar com suas vidas, têm também, que cuidar de sua saúde mental! Cada personagem possui um "medidor de sanidade" que irá indicar o quão são (ou louco) ele é. Quanto mais se envolver com o desconhecido e o sobrenatural, mais insano ele se torna, podendo muitas vezes adquirir diversas perturbações e fobias durante os jogos.

Além disso, as partidas podem ocorrer tanto nos anos 20 (como nos contos de Lovecraft) como nos anos 1880 ou na época atual. Não interessa quando ou onde, o horror sempre estará à espreita!


O QUE EU PRECISO PARA JOGAR “CALL OF CTHULHU”?

“Call of Cthulhu” é um "RPG de mesa", ou seja, você não precisa de cartas, videogames, computadores ou tabuleiros para jogá-lo. Para jogar uma partida de “Call of Cthulhu” você só precisa de:

- UM LIVRO DE REGRAS (livro do jogador): neste livro estão contidas as regras do sistema, como criar os personagens, aventuras (cenários) prontas, estatísticas das criaturas alienígenas e sobrenaturais, etc. Nem todos que irão jogar precisam ler esse livro, mas é importante que o Mestre da partida conheça as regras nele descritas. É importante ter o livro de regras em mãos durante uma partida para servir como guia de referência, mas ele não é de essencial importância no decorrer da mesma.

- UM MESTRE: alguém que tenha lido o livro de regras ou, pelo menos, a parte que trata das regras do sistema. O mestre é fundamental pois ele criará o cenário, os NPCs e a história que os jogadores vivenciarão. Ele poderá criar o roteiro ou pegar algum pronto (no livro de regras existem 4 cenários prontos). Geralmente o mestre é quem tem o maior trabalho e as maiores responsabilidades mas é aquele que mais sai recompensado após o término de uma partida bem sucedida.

- UM OU MAIS JOGADORES: “Call of Cthulhu” não pode ser jogado sozinho. Deve haver, no mínimo, um mestre e um jogador. Mestrar para apenas um jogador, apesar de possível, não é tão satisfatório, por isso é aconselhável 2 ou mais jogadores. Eu diria que o número ideal de jogadores seria de 3 a 6 - mais que isso pode tornar a partida conturbada e é necessário um mestre experiente para controlar um número tão grande de jogadores.

- DADOS: Para jogar “Call of Cthulhu” são necessários 2 dados de dez faces, 1 dado de 8 faces, 1 dado comum de 6 faces e 1 dado de 4 faces. Esses dados são usados para testes de competência física e mental. Por exemplo, um jogador quer escalar um muro de 3 metros. Ele não vai conseguir fazer tal proeza sem um teste! É necessário saber se seu personagem é apto para fazer a ação e testá-lo. Um personagem tri-atleta terá mais facilidade de escalar o muro que um bibliotecário de 50 anos. Esses tipos de dados podem ser facilmente encontrados em qualquer loja especializada em RPG ou, até mesmo, em boas livrarias.

- PAPEL, LÁPIS E BORRACHA: São necessários para realizar anotações e principalmente para anotar os dados referentes aos personagens dos jogadores. Cada personagem vai ter seus próprios atributos, perícias, conhecimentos, etc, e isso deve ser registrado em papel (denominado ficha de personagem).


EU PRECISO TER LIDO ALGUM CONTO DE LOVECRAFT PARA JOGAR “CALL OF CTHULHU”?

Não e sim. Se você for o mestre é importante ler algum conto de Lovecraft para "entrar no clima" do universo criado por ele. É claro que, quanto mais contos você tiver lido, mais fontes de inspiração terás para criar os cenários. No próprio livro de regras há o conto mais famoso de Lovecraft, "The Call of Cthulhu" e também há dicas de quais contos são os mais importantes e que têm mais relação ao jogo.


HÁ SUPLEMENTOS PARA O JOGO?

Inúmeros. Basta entrar no site da Chaosium (www.chaosium.com) e ver a lista de suplementos. Existem livros com novos cenários, bestiários completos, mapas, hand-outs entre outras coisas. Tudo em inglês, é claro.


NÃO EXISTE UM LIVRO DE REGRAS TRADUZIDO?

Não. Até esta data ainda não existe previsão para a tradução do livro. Quem possui os direitos de tradução do jogo no Brasil é a editora Devir e como “Call of Cthulhu” não é muito difundido em nosso país, eles priorizam outros RPGs (D&D, GURPS, Storyteller, etc). É uma pena, mas é a realidade.


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Texto de Pedro 'Bakunin' Tavares
Do site CTHULHU RISING HOMEPAGE -
http://geocities.yahoo.com.br/ktulurising/ -, um dos melhores sites sobre H. P. Lovecraft em português.


“ASILO DO TERROR” (“Asylum”, 1972), de Roy Ward Baker

Rating:★★★
Category:Movies
Genre: Horror
Direção: Roy Ward Baker
Roteiro: Robert Bloch
Produção: Milton Subotsky, Max Rosenberg, Gustave M. Berne / Amicus Productions
Fotografia: Denys N. Coop
Montagem: Peter Tanner
Música: Douglas Gamley, inspirado em Modest Mussorgsky
Direção de Arte: Tony Curtis
Elenco: (história de moldura) Robert Powell, Patrick Magee, Geoffrey Bayldon, Sylvia Marriott, Tony Wall (episódio “FROZEN FEAR”) Barbara Parkins, Sylvia Syms, Richard Todd (episódio “THE WEIRD TAYLOR”) Barry Morse, Peter Cushing, Anne Firbank, Daniel Jones, John Franklyn-Robbins (episódio “LUCY COMES TO STAY”) Charlotte Rampling, Britt Ekland, James Villiers, Megs Jenkins (episódio “MANNIKINS OF HORROR”) Herbert Lom


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Dr. Rutheford: “Nunca dê as costas a um paciente.”

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Dr. Martin: “Trabalhar com pessoas mentalmente perturbadas pode levar a um colapso nervoso.”

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Robert Bloch é famoso por ter escrito o romance “Psicose”, base do maior sucesso cinematográfico de Hitchcock, porém desde os anos 40 ele escreveu contos e romances importantes no gênero fantástico, como “A Echarpe”, “O Psicopata” (romances, publicados no Brasil pela Editora Record), “Yours Truly, Jack the Ripper” e “The Skull of Marquis de Sade” (contos). Correspondente do mestre H. P. Lovecraft na juventude, Bloch sempre se notabilizou na literatura de horror, e chegou a escrever roteiros para a TV e o cinema. Por isso a Amicus o contratou para escrever alguns de seus filmes de episódios. “As Torturas do Dr. Diábolo”, “A Casa Que Pingava Sangue” e este “Asilo do Terror” estão entre os mais notáveis.

Chegando ao lúgubre sanatório Dunsmoor para uma entrevista, o Dr. Martin é informado de que o diretor, Dr. Starr, enlouqueceu. O Dr. Rutheford submete Martin a um teste para o emprego: deve visitar vários internos no andar superior do asilo e descobrir qual deles é o Dr. Starr. Martin então, guiado pelo enfermeiro-chefe Max, entrevista a jovem Bonnie, que lhe conta ter sido atacada pela esposa esquartejada do seu amante (“Frozen Fear”), o alfaiate Bruno, que afirma ter sido contratado para fazer um estranho terno para ressuscitar os mortos (“The Weird Taylor”), a viciada Barbara, que jura que sua amiga imaginária Lucy matou seu irmão (“Lucy Comes to Stay”), e o médico Dr. Byron, que faz pequenos robôs com entranhas humanas dotados de consciência (“Mannikins of Horror”).

A trilha sonora de Douglas Gamley usa trechos clássicos de “Uma Noite no Monte Calvo” e “Quadros de uma Exposição”, do músico russo Modest Mussorgsky.

Lembro que assisti ao “Asilo do Terror” por volta de 1979 num sábado à noite na Globo, e fiquei várias noites sem dormir direito por causa da primeira história, da mulher esquartejada que volta a vida. E estranhamente associei este filme à canção “Here Comes the Sun” dos Beatles, aparentemente sem nenhum motivo lógico. Só sei que até hoje quando escuto a música lembro do asilo e sinto arrepios. Anos mais tarde achei a adaptação literária em pocket book da Bantam Books num sebo no Centro da Cidade, com algumas fotos do filme. Talvez o “Asilo do Terror” seja o filme da Amicus que mais me impressionou na vida, e por causa dele passei a perseguir outros filmes da não tão famosa concorrente da Hammer.


“A CASA QUE PINGAVA SANGUE” (“The House That Dripped Blood”, 1970), de Peter Duffell

Rating:★★★
Category:Movies
Genre: Horror
Direção: Peter Duffell
Roteiro: Robert Bloch, Russ Jones (no episódio “WAXWORKS”)
Produção: Milton Subotsky, Max Rosenberg, Paul Ellisworth, Gordon Westcourt / Amicus Productions
Fotografia: Ray Parslow
Montagem: Peter Tanner
Música: Michael Dress
Direção de Arte: Tony Curtis
Elenco: (história de moldura)John Bryans, John Bennett, John Malcolm (episódio “METHOD FOR MURDER”) Denholm Elliott, Joanna Dunham, Tom Adams, Robert Lang (episódio “WAXWORKS”) Peter Cushing, Joss Ackland, Wolfe Morris (episódio “SWEETS TO THE SWEET”) Christopher Lee, Nyree Dawn Porter, Chloe Franks (episódio “THE CLOAK”) Jon Pertwee, Ingrid Pitt, Geoffrey Bayldon


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Sgto. Martin: “Houve outro inquilino antes dele. E uma nova desgraça. De um outro tipo. Não como as outras. Não exatamente como as outras. É aquela casa. Há alguma coisa com ela.”

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Apesar de ser o mais famoso Drácula do cinema, Christopher Lee também já foi vítima de forças sobrenaturais. Não se deixe enganar pelo título “A Casa Que Pingava Sangue”, pois além de alguns vampiros, um serial killer, uma bruxa e duas decapitações, o filme está longe dos corriqueiros banhos de sangue dos filmes de "terror" (???) dos anos 80 e 90. Este é um dos clássicos filmes de terror em episódios que tornaram a produtora inglesa Amicus a principal concorrente da famosa Hammer Films. O estilo gótico é bem típico dos filmes de terror da virada dos anos 60 para os 70. Ótimos atores, histórias bizarras que geralmente envolvem o sobrenatural, o crime e/ou a loucura, roteiros de Robert Bloch (importante escritor de horror, mais conhecido pelo livro “Psicose”, que serviu de base para o filme de Alfred Hitchcock), direção de arte e figurinos bem datados e uma trilha sonora lúgubre e que ajuda a criar o clima de medo.

O filme tem quatro episódios e o que os costura é um inspetor da Scotland Yard que procura por um ator de filmes de terror desaparecido após alugar a casa do Sr. Stoker (referência óbvia ao autor de “Drácula”). Na delegacia mais próxima, o chefe de polícia conta a ele outros casos estranhos que ocorreram em relação à casa. A primeira história (“Method for Murder”) mostra um escritor de romances de horror assombrado por um serial killer que ele mesmo criou em seu último livro. A segunda (“Waxworks”) mostra dois velhos amigos obcecados pela estátua de cera de uma mulher por quem ambos foram apaixonados na juventude. A terceira (“Sweets to the Sweet”) apresenta um pai austero e rígido que se muda para a casa com a filha e uma babá que não entende o real motivo de tanta severidade por parte do pai: medo da filha, que supostamente é uma bruxa. E a última (“The Cloak”), que finalmente fala do velho ator de filmes de horror que começa a se sentir estranho após adquirir uma capa de vampiro num antiquário pouco antes deste fechar.

Este – e vários filmes da Amicus Productions – é um dos filmes de terror que mais reprisaram nos anos 70 e 80 nos Corujões, Sessões de Gala e Festivais de Sucesso da Rede Globo e posteriormente na Rede Bandeirantes e fizeram a alegria de crianças ávidas por histórias assustadoras daquela época.


segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

“HORROR DE DRACULA” (“Dracula”, 1958), de Terence Fisher

Rating:★★★
Category:Movies
Genre: Horror
Direção: Terence Fisher
Roteiro: Jimmy Sangster, baseado no livro “Drácula” de Bram Stoker
Produção: Michael Carreras, Anthony Hinds, Anthony Nelson Keys / Hammer Films
Fotografia: Jack Asher
Montagem: Bill Lenny, James Needs
Música: James Bernard
Direção de Arte: Bernard Robinson
Elenco: Christopher Lee, Peter Cushing, Michael Gough, Carol Marsh, Melissa Stribing, John Van Eyssen, Olga Dickie, Charles Lloyd Pack, Valerie Gaunt

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Conde Dracula: “I am Dracula and I welcome you to my house. I must apologize for not being here to greet you personally, but I trust you've found everything you needed.”

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Dr. Van Helsing: "The victims constantly desist being dominated by vampirism, but are unable to relinquish the practice similar to addiction to drugs."

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Michael Gough já foi o perverso Emeric Belasco embalsamado de “A Casa da Noite Eterna” e hoje é mais conhecido como o mordomo Alfred dos “Batmans” de Tim Burton. Mas em outros tempos ele conheceu de perto o legítimo homem-morcego: o Conde Drácula, o mais famoso e temido de todos os vampiros. “Horror de Drácula” (título no Brasil e nos EUA, pois na Inglaterra se chamou apenas “Dracula”, informação que só fiquei sabendo AGORA graças à minha amiga Ana Paul – anapaul.multiply.com – apesar de quatro décadas estudando o vampirismo) foi o primeiro filme com o temível Conde produzido pela lendária produtora inglesa Hammer Films. Também foi o primeiro filme colorido de vampiro que se tem notícia. E foi a estréia de Christopher Lee na pele gelada do Conde Drácula.

Aproveitando o mesmo time do sucesso de “The Curse of de Frankenstein” do ano anterior (o diretor Terence Fisher, o roteirista Jimmy Sangster e a dupla de astros Lee e Cushing), a Hammer Films embarcou de mala e cuia para a Transilvânia, apostando no sucesso. E ele veio, sem precisar pedir licença para entrar, como um vampiro. O filme foi um grande sucesso de público, apesar da crítica considerá-lo pesado e forte demais. Para as platéias de hoje talvez fosse considerado lento e caricato demais. Porém, para quem busca o horror tradicional e ainda sente medo imaginando o que pode estar escondido debaixo da cama, “Horror de Drácula” é uma festa.

Mesmo não sendo fiel ao livro de Bram Stoker (a ação se passa quase toda na Alemanha, os personagens do Dr. Seward e de Jonathan Harker são relegados a segundo pano e Renfield simplesmente foi esquecido), o filme rendeu uma série de continuações, a grande maioria com Christopher Lee como Drácula e Peter Cushing como seu nêmesis Van Helsing: “As Noivas de Drácula” (60, com Cushing, sem Lee), “Drácula, o Príncipe das Trevas” (66), “Dracula Has Risen From the Grave” (68), “Taste the Blood of Dracula” (69), “Scars of Dracula” (70, todos estes com Lee e sem Cushing), “Dracula – A.D. 1972” (72) e “Ritos Satânicos de Drácula” (73, ambos com Lee e Cushing novamente).

Para quem é admirador de filmes de terror e acompanha a trajetória da Universal, da American International Pictures, da Hammer e da Amicus, uma coisa é certa. Assim como nunca houve uma mulher como Gilda, nunca houve um Dr. Van Helsing como Peter Cushing. E principalmente – os fãs de Bela Lugosi, Frank Langella ou Gary Oldman que me desculpem mas – nunca houve um Conde Drácula como Christopher Lee.


quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

PROCURA-SE FILMES DA AMICUS


Pessoal,

 

Estou tentando resgatar alguns filmes de terror que marcaram minha infância e quero saber se por acaso alguém aqui tem alguns destes filmes gravado em VHS. Minha busca no momento se restringe aos filmes da produtora inglesa AMICUS - principal concorrente da famosa Hammer Films nos anos 60 e 70, especializada em filmes de terror em episódios. Sempre adorei os filmes da Hammer, em especial os Dráculas com Christopher Lee e Peter Cushing, mas confesso que gostava bem mais dos filmes de episódios da AMICUS. Já descobri que alguns deles foram lançados em DVD lá fora, inclusive um box com cinco filmes no formato de um caixão.

Procuro especificamente pelos títulos:


1. "As Profecias do Dr. Terror" ("Dr. Terror's House of Horrors", 1964)
2. "A Caveira" ("The Skull", 1965)
3. "As Torturas do Dr. Diábolo" ("Torture Garden", 1967)

4. "A Casa Que Pingava Sangue" ("The House That Dripped Blood", 1970)

5. "O Asilo do Terror" ("Asylum", 1972)
6. "Contos do Além" ("Tales from the Crypt", 1972)
7. "The Vault of Horror" (1973, não lembro o título em português)
8. "Vozes do Além" ("From Beyond the Grave", 1973)
9. "A Terra Que o Tempo Esqueceu" ("The Land That Time Forgot", 1974)

10. "O Povo Que o Tempo Esqueceu" ("The People That Time Forgot", 1977)

 


A maioria deles tem roteiro de Robert Bloch (autor do livro "Psicose"), direção de Freddie Francis (diretor de fotografia de vários filmes ingleses e americanos clássicos) e são estrelados por gente do calibre de Peter Cushing, Christopher Lee, Burgess Meredith, David Warner, Charlotte Rampling, Britt Ekland, Denholm Elliot, Donald Pleasence, Joss Ackland, Ralph Richardson, Ian Hendry, Patrick Magee, Herbert Lom e outros.

Tenho alguns destes filmes em VHS ("A Casa Que Pingava Sangue", "O Asilo do Terror" e "Contos do Além"), gravados da TV com as dublagens originais dos anos 70, e outros tenho quase certeza de ter uma cópia, só que não encontro ("As Torturas do Dr. Diábolo" e "Vozes do Além"). Pretendo passá-los para DVD em breve. Por isso estou em busca de quem possa ter alguns destes filmes gravados em VHS também para gravá-los em DVD.

 

Quem puder me ajudar, agradeço desde já.

Obrigado.

Abraços macabros,
Oz,
fã da AMICUS desde criancinha

terça-feira, 24 de janeiro de 2006

“A CASA DA NOITE ETERNA” (“The Legend of Hell House”, 1973), de John Hough

Rating:★★★★
Category:Movies
Genre: Horror
Direção: John Hough
Roteiro: Richard Matheson, baseado no seu livro “Hell House”
Produção: Albert Fennell, James H. Nicholson, Norman T. Herman, Susan Hart / 20th Century Fox
Fotografia: Alan Hume
Montagem: Geoffrey Foot
Música: Brian Hodgson, Delia Derbyshire, Dudley Simpson
Direção de Arte: Robert Jones
Elenco: Roddy McDowall, Pamela Franklin, Clive Revill, Gayle Hunnicutt, Roland Culver, Michael Gough, Peter Bowles

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Chris Barrett: “Esta é a pior de todas as casas mal-assombradas. Houve duas tentativas de investigá-la. Foi um desastre, oito pessoas morreram. Fischer foi o único que sobreviveu. E quando se arrastou para fora era um caos mental.”

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Emeric Belasco (voz no gramofone): “Bem-vindos a minha casa. Estou contente porque vieram. Estou certo que vão achar sua estada aqui muito esclarecedora. Pensem em mim como seu anfitrião invisível. E acreditem, durante sua estada aqui estarei com vocês em espírito. Possam vocês achar a resposta que procuram. Ela está aqui, eu lhes juro. E agora... auf Wiedersehen.”

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Ann Barrett: "O que fez ele para deixar essa casa tão malévola, Sr. Fischer?"
Ben Fischer: “Vício de drogas, alcoolismo, sadismo, bestialidade, mutilação, assassinato, vampirismo, necrofilia, canibalismo, para não mencionar uma porção de perversões sexuais. Mas eu... devo prosseguir?”
Ann Barrett: “E como isso terminou?”
Ben Fischer: “Se isso tivesse terminado nós não estaríamos aqui.”

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Ben Fischer: “Eu fui o único que conseguiu sair vivo e são em 1953. E eu vou ser o único a conseguir sair vivo e são também desta vez.”

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Richard Matheson não só é um grande roteirista de TV e cinema como também é um dos melhores escritores de literatura fantástica da segunda metade do século 20. Em seu currículo figuram contos e romances – muitos deles transformados em filmes – como “Encurralado”, “O Incrível Homem Que Encolheu”, “Em Algum Lugar do Passado”, “Eu Sou a Lenda” (filmado duas vezes, com Vincent Price e Charlton Heston), além de dezenas de episódios da clássica série “Além da Imaginação” (onde se destaca “Nightmare at 20.000 Feet”) e adaptações de contos de Edgar Allan Poe para Roger Corman e a American International Pictures.

Confesso admirador do romance “A Assombração da Casa da Colina” de Shirley Jackson e de sua versão cinematográfica, “Desafio ao Além” (63) dirigida por Robert Wise, Richard Matheson escreveu sua própria história de casa mal-assombrada, “Hell House”, que ele mesmo roteirizou para o cinema como “A Casa da Noite Eterna”. Um milionário moribundo, Rudolph Deutsch (Culver), oferece ao físico Chris Barrett (Revill) cem mil libras para investigar a mansão do falecido Emeric Belasco (Gough), um pervertido, onde vários investigadores da paranormalidade e do ocultismo tinham sido mortos ou enlouqueceram. Deutsch acredita que a Mansão Belasco – conhecida como “a casa do inferno” ou “a mansão macabra”, a habitação mais maléfica do mundo graças às perversidades de seu antigo dono – é o único lugar na Terra onde a sobrevivência após a morte possa ser provada. Barrett chega à mansão acompanhado da esposa, Ann (Hunnicutt), de uma jovem médium, Florence Tanner (Franklin) e do único sobrevivente de uma anterior experiência na casa vinte anos antes, Ben Fischer (McDowall). Na lúgubre e assombrada Mansão Macabra ocorrem então estranhos e aterradores fenômenos sobrenaturais.

Para todos os que querem aprender a fazer um bom filme de terror, “A Casa da Noite Eterna” é uma verdadeira aula. Uma trilha sonora eletrônica bastante eficaz e recheada de ruídos estranhos, uma cenografia condizente com o estereótipo de casa mal-assombrada que mora em nosso inconsciente coletivo, uma fotografia que sabe explorar ângulos incomuns e faz uso de grande-angulares na medida certa, interpretações comedidas e principalmente uma narrativa tensa e perturbadora, com cenas que nos fazem ter pesadelos por meses. Tudo isso pode ser encontrado no filme de John Hough. E por tudo isso, “A Casa da Noite Eterna” é um daqueles filmes que não deve ser visto sozinho e à noite.

Particularmente este é meu filme de casa mal-assombrada favorito, logo seguido de “Desafio ao Além”. Impossível esquecer as vezes em que o assisti na Sessão de Gala e no Festival de Sucessos, na Globo. E agradeço por ter esquecido todos os pesadelos que tive depois disso.


“O CORVO” (“The Raven”, 1963), de Roger Corman

Rating:★★★
Category:Movies
Genre: Cult
Direção: Roger Corman
Roteiro: Richard Matheson, baseado no poema de Edgar Allan Poe
Produção: Samuel Z. Arkoff, James H. Nicholson, Roger Corman / American International Pictures
Fotografia: Floyd Crosby
Montagem: Ronald Sinclair
Música: Les Baxter
Direção de Arte: Daniel Haller
Elenco: Vincent Price, Peter Lorre, Boris Karloff, Hazel Court, Jack Nicholson, Olive Sturgess, John Dierkes, William Baskin, Aaron Saxon, Connie Wallace

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Dr. Erasmus Craven: “Responda, monstro! Diga a verdade! Terei novamente nos braços aquela que os anjos chama Lenore?”
Corvo: “Como diabos eu posso saber? Por acaso sou algum adivinho?”

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Dr. Scarabus: "Nós dois sabemos muito bem, por nosso ofício e dedicação ao ocultismo, que nem tudo é o que parece ser"

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Peter Lorre sempre foi um ator extraordinário, mas que nem sempre teve reconhecimento a altura. Após sua magnífica performance como o patético assassino de crianças em “M – O Vampiro de Dusseldorf”, ele amargou ter que representar um espião japonês na série Mr. Moto. Porém – após alguns momentos em que lhe foi concedido exercitar seu talento, como em “O Falcão Maltês” e “Casablanca” – Roger Corman lhe abriu as portas para suas versões do universo de Edgar Allan Poe.

Reunidos pela primeira vez num filme, Peter Lorre, Vincent Price e Boris Karloff formam o triunvirato do horror em “O Corvo”. Bem, não exatamente do horror, já que o filme se equilibra o tempo todo entre a comédia burlesca e o terror gótico derivado das histórias de Poe e muito bem dirigido por Corman. Aliás aqui o roteirista Richard Matheson se esmerou em tirar leite de pedra, ao transformar o trágico poema de Poe numa aventura de magia que culmina com um duelo espetacular. Vincent Price e Boris Karloff se enfrentando com seus poderes sobrenaturais é um dos grandes momentos do cinema de terror dos anos 60 e de toda a carreira de Roger Corman, comparável às lutas entre Christopher Lee e Peter Cushing nos filmes de Drácula da Hammer.

Além disso “O Corvo” conta com duas presenças freqüentes em filmes de Roger Corman: um Jack Nicholson pós-adolescente, tendo o privilégio de contracenar com três monstros sagrados do gênero, e uma voluptuosa Hazel Court como a dama disputada entre os magos-mestres.

Divertido, fascinante e assustador apenas para criancinhas, “O Corvo” é daqueles filmes que sempre figuravam na programação noturna das emissoras de TV nos anos 70 e 80, nos fascinavam na infância e que infelizmente anda sumido das telinhas. E depois de ser lançado em DVD e exibido na TV a cabo, parece que se depender dos canais abertos, o corvo não dirá mais nada... nunca mais!


domingo, 22 de janeiro de 2006

ECHOES (Pink Floyd)



ECHOES


(Waters, Wright, Mason, Gilmour)


 


Overhead the albatross
Hangs motionless upon the air 
And deep beneath the rolling waves
In labyrinths of coral caves 
The echo of a distant time
Comes willowing across the sand
And everything is green and submarine.

And no one showed us to the land
And no one knows the wheres or whys.
Something stares and something tries
Starts to climb toward the light...

Strangers passing in the street
By chance two separate glances meet
And I am you and what I see is me.
And do I take you by the hand
And lead you through the land
And help me understand the best I can.

And no one called us to the void
And no one crosses there alive.
No one speaks and no one tries
No one flies around the sun...



Almost everyday you fall
Upon my waking eyes,
Inviting and inciting me to rise.
And through the window in the wall
Come streaming in on sunlight wings
A million bright ambassadors of morning.

And no one sings me lullabyes
And no one makes me close my eyes
So I throw the windows wide
And call to you across the sky...


 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

H. P. LOVECRAFT




"A emoção mais forte e mais antiga do homem é o medo, e a espécie mais forte e mais antiga de medo é o medo do desconhecido. Poucos psicólogos contestarão esses fatos, e a sua verdade admitida deve firmar para sempre a autenticidade e dignidade das narrações fantásticas de horror como forma literária."

(H. P. Lovecraft, em "O Horror Sobrenatural na Literatura", 1927-1945)





O norte-americano HOWARD PHILLIPS LOVECRAFT (1890-1937) é considerado por muitos – tanto nos círculos acadêmicos quanto por seus milhares de fãs em todo o mundo – como o maior escritor de literatura de horror do século 20. Celebrado pelos seus contos que misturam horror, ficção científica e fantasia, Lovecraft criou uma verdadeira mitologia nova, habitada por terríveis seres não-humanos, dentro do ciclo gótico denominado "Cthulhu Mythos", já comparado, como obra de imaginação e grandiosidade ficcional, ao País das Maravilhas de Lewis Carroll, à Terra de Oz, de Frank Baum, à Terra Média de Tolkien ou à Ciméria de Robert E. Howard.

Nascido em Providence, Rhode Island, EUA, Lovecraft era praticamente um recluso. Viveu na cidade natal a vida inteira, exceto por dois anos em que morou em Nova Iorque e por algumas viagens, que fez já em seus últimos anos de vida. Seu pai morreu cedo, ele passou quase toda a vida com a mãe, casou-se uma única vez, com uma mulher bem mais velha, e após sua separação cinco anos depois morou com duas tias até sua morte.

Lovecraft era um jovem prodígio que recitava poesia aos dois anos e já escrevia seus próprios poemas aos seis. Seu avô encorajou os hábitos de leitura, tendo arranjado para ele versões infantis da "Ilíada" e da "Odisséia" de Homero, e introduzindo-o à literatura de terror, ao apresentar-lhe clássicas histórias de terror gótico. Lovecraft era uma criança constantemente doente. Sofria de poiquilotermia, uma raríssima doença que fazia com que sua pele fosse sempre gelada ao toque. Devido aos seus problemas de saúde, ele freqüentou a escola apenas esporadicamente mas lia bastante. Seu avô morreu em 1904, o que levou a família a um estado de pobreza, em decorrência da incapacidade das filhas de gerenciar os bens deste. Foram obrigados a se mudar para acomodações muito menores e insalubres, o que prejudicou ainda mais a já débil saúde de Lovecraft. Com 18 anos ele sofreu um colapso nervoso, acontecimento que impediu-o de receber seu diploma de graduação no ensino médio e, consequentemente, complicou sua entrada em uma universidade. Esse fracasso pessoal marcaria Lovecraft pelo resto da vida.

Em sua juventude, Lovecraft se dedicou a escrever poesia, mergulhando na ficção de terror apenas a partir de 1917. Aos 33 anos, ele publicou seu primeiro trabalho profissional, "Dagon", na revista "Weird Tales". Sua mãe nunca chegou a ver nenhum trabalho do filho publicado, tendo morrido em 1921, após complicações em uma cirurgia. Lovecraft trabalhou como jornalista por um curto período de tempo, durante o qual conheceu Sonia Greene, com quem viria a casar. Ela era oito anos mais velha que ele, e foram morar no Brooklin, em Nova Iorque, cidade que Lovecraft nunca gostou. O casamento durou poucos anos e, após o divórcio amigável, ele regressou a Providence, onde moraria até morrer.

O período imediatamente após seu divórcio foi o mais prolífico de Lovecraft, no qual ele se correspondia com vários escritores estreantes de horror, ficção e aventura. Entre eles, seu mais ávido correspondente era Robert E. Howard, criador de Conan, o Bárbaro. Algumas das suas mais extensas obras, "Nas Montanhas da Loucura" e "O Caso de Charles Dexter Ward", foram escritas nessa época, durante a qual ele também se dedicou à revisão do trabalho de outros autores. Sua obra foi muito influenciada por escritores como Edgar Allan Poe, Lord Dunsany, Algernon Blackwood e Ambrose Bierce.

Lovecraft escreveu quase 70 contos e novelas, trabalhou como "ghost-writer" para diversos escritores (inclusive o famoso mágico Harry Houdini, no conto "Aprisionado com os Faraós") mas teve muito poucos trabalhos publicados em vida. Seus contos geralmente eram aceitos apenas no círculo das "pulp magazines" americanas, como "Weird Tales" e "Astounding Stories". Além disso escrevia muitas cartas a amigos e admiradores. Sua correspondência chega a 100.000 cartas, publicadas em cinco volumes nos EUA. Escreveu muita coisa em sua adolescência, mas acabou não aproveitando e destruindo vários textos. Em vida teve um número relativamente pequeno de leitores, porém sua obra veio a tornar-se uma forte influência e referência a muitos escritores após sua morte. Entre eles destacam-se Robert Bloch ("Psicose"), Colin Wilson ("Vampiros do Espaço"), Stephen King, Italo Calvino e Jorge Luis Borges.

Apesar dos seus esforços, Lovecraft mergulhou cada vez mais na pobreza, mudando-se para casas cada vez menores e tendo até problemas para conseguir comida. Ele foi profundamente afetado pelo suicídio de Robert E. Howard, em 1936. Nesse mesmo ano, foi-lhe diagnosticado um câncer no intestino, que levaria à sua morte no ano seguinte, aos 46 anos. Lovecraft está enterrado no cemitério Swan Point, em Providence, podendo ser visto na sua sepultura ocasionalmente a seguinte frase, tirada de um dos seus contos mais populares, "O Chamado de Cthulhu": "That is not dead which can eternal lie, and with strange aeons even death may die."


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A verdade é que H. P. Lovecraft sabia muito bem lidar com o medo das pessoas. Diferente de Edgar Allan Poe, que preferia o mórbido, Lovecraft expõe o indizível, quase sempre começando suas histórias com um relator que conta ao leitor da existência de fatos tão grotescos e assustadores que não podem ser revelados, mas que subitamente decide abrir mão do silêncio.

Lovecraft é um mestre na arte da descrição. Sentimos a potência de suas descrições, seja ao falar de cidades do mundo dos sonhos, como a desconhecida Kadath, ou as paredes de Erix, em Vênus. As criaturas místicas ou extraterrestres por ele apresentadas, são sempre frutos de pesadelos, e suas narrativas são tão marcantes, que muitas vezes nos descobrimos devorando seu livro até o fim. Considerações de ordem científica ou mesmo racional devem ser postas de lado nessas horas. O próprio Lovecraft diz, no ensaio "O Horror Sobrenatural na Literatura" que "o mais importante de tudo é a atmosfera, pois o critério final de autenticidade não é o recorte de uma trama, e sim a criação de uma determinada sensação."

Suas constantes referências, em seus textos, a horrores antigos e a monstros e divindades ancestrais acabaram por gerar algo análogo a uma mitologia, hoje conhecida como "Cthulhu Mythos", contendo vários panteões de seres extradimensionais tão poderosos que eram ou podiam ser considerados deuses, e que reinaram sobre a Terra milhões de anos atrás. Entre outras coisas, alguns dos seres teriam sido os responsáveis pela criação da raça humana e teriam uma intervenção direta em toda a história do universo.

A expressão "Cthulhu Mythos" foi criada após a morte de Lovecraft, pelo escritor August Derleth, um dos muitos escritores a basearem suas histórias nos mitos deste. Aliás, na década de 40, Derleth e Donald Wandrei – editores da "Weird Stories", revista em que Lovecraft mais publicou em vida, e fundadores da Editora Arkham House – começaram a republicar em livros de bolso toda a obra de seu mestre. Até hoje, a editora fundada por eles publica antologias baseadas em histórias de Lovecraft, geralmente com um conto dele, e o restante de outros autores.

Em seus contos e novelas Lovecraft criou também outros elementos para dar mais veracidade ao seu universo narrativo, como várias cidades fictícias. A principal delas é Arkham, em Massachussets, cortada pelo rio Miskatonic, sede da Miskatonic University e onde está localizado o famoso Asilo Arkham, respeitável sanatório para doentes mentais (que a Gotham City de Batman pegou emprestado). Dunwich, Innsmouth, Kingsport são outras cidades próximas onde se passam as estranhas ocorrências criadas por Lovecraft. Além disso, ele criou um dos mais famosos e explorados artefatos das histórias de terror, o "Necronomicon", um fictício livro de invocação de demônios escrito pelo também fictício Abdul Alhazred – o árabe louco –, sendo até hoje popular o mito da existência real deste livro, fomentado especialmente pela publicação de vários falsos "Necronomicons" e por um texto, da autoria do próprio Lovecraft, explicando a sua origem e percurso histórico.

O impacto da obra de Lovecraft está na força de suas imagens; imagens que prendem o leitor por completo, expondo um terror que quase nunca depende de sangue e nojo (elementos infelizmente usuais no terror contemporâneo), mas do pavor, dos medos ancestrais do homem, de tudo o que é inexplicável e indizível...


OBRAS

CONTOS QUE FAZEM PARTE DO "CTHULHU MYTHOS":


- A CIDADE SEM NOME (The Nameless City)
- O SABUJO (The Hound)
- O FESTIVAL (The Festival)
- O CHAMADO DE CTHULHU (The Call of Cthulhu)
- O HORROR DE DUNWICH (The Dunwich Horror)
- UM SUSSURRO NAS TREVAS (The Whisperer in Darkness)
- A SOMBRA SOBRE INNSMOUTH (The Shadow Over Innsmouth)
- NAS MONTANHAS DA LOUCURA (At The Mountains of Madness)
- OS SONHOS NA CASA DAS BRUXAS (The Dreams in the Witch-House)
- A COISA NA SOLEIRA DA PORTA (The Thing on the Doorstep)
- SOMBRAS PERDIDAS NO TEMPO (The Shadow Out of Time)
- O ASSOMBRO DAS TREVAS (The Haunter of the Dark)
- HISTÓRIA E CRONOLOGIA DO NECRONOMICON (History and Chronology of the Necronomicon)
- OS FUNGOS DE YUGGOTH (Fungi from Yuggoth)


CONTOS QUE FAZEM PARTE DO "DREAM CYCLE":

- OS GATOS DE ULTHAR (The Cats of Ulthar)
- CELEPHAIS (Celephais)
- A MALDIÇÃO DE SARNATH (The Doom That Came to Sarnath)
- A PROCURA DE KADATH (The Dream-Quest of Unknown Kadath)
- OS OUTROS DEUSES (The Other Gods)
- POLARIS (Polaris)
- A PROCURA DE IRANON (The Quest of Iranon)
- A CHAVE DE PRATA (The Silver Key)
- ATRAVÉS DOS PORTÕES DA CHAVE DE PRATA (Through the Gates of the Silver Key)
- A NAU BRANCA (The White Ship)


OUTROS CONTOS:

- A COR QUE CAIU DO CÉU (The Colour Out Of Space)
- A ESTAMPA DA CASA MALDITA (The Picture In The House)
- VENTO FRIO (Cool Air)
- UM FRÁGIL ANCIÃO (The Terrible Old Man)
- A CASA ABANDONADA (The Shunned House)
- O DEPOIMENTO DE RANDOLPH CARTER (The Statement Of Randolph Carter)
- O MODELO DE PICKMAN (Pickman´S Model)
- HERBERT WEST - REANIMATOR (Herbert West - Reanimator)
- DO ALÉM (From Beyond)
- A MÚSICA DE ERICH ZANN (The Music of Erich Zann)
- DAGON (Dagon)
- AZATHOTH (Azathoth)
- NYARLATHOTEP (Nyarlathotep)
- O CAOS RASTEJANTE (The Crawling Caos)
- A TUMBA (The Tomb)
- OS RATOS NA PAREDE (The Rats in the Walls)
- O HORROR EM RED HOOK (The Horror At Red Hook)
- O CLÉRIGO DIABÓLICO (The Evil Clergyman)
- APRISIONADO COM OS FARAÓS (Under The Pyramids)
- ELE (He)
- A FERA NA CAVERNA (The Beast In The Cave)
- O ALQUIMISTA (The Alchemist)
- POESIA E OS DEUSES (Poetry And The Gods)
- A RUA (The Street)
- A TRANSIÇÃO DE JUAN ROMERO (The Transistion Of Juan Romero)
- O DESCENDENTE (The Descendant)
- O LIVRO (The Book)
- A COISA AO LUAR (The Thing in the Moonlight)
- A ESTRANHA CASA ENTRE AS BRUMAS (The Strange High House In The Mist)
- A ÁRVORE (The Tree)
- ALÉM DA BARREIRA DO SONO (Beyond The Wall Of Sleep)
- MEMÓRIA (Memory)
- O QUE VEM COM A LUA (What The Moon Brings)
- EX OBLIVIONE (Ex Oblivione)
- HYPNOS (Hypnos)
- NAS MURALHAS DE ERYX (In The Walls Of Eryx)
- The Outsider
- In the Vault


NOVELA:

- O CASO DE CHARLES DEXTER WARD (The Case of Charles Dexter Ward)


NÃO FICÇÃO:

- O HORROR SOBRENATURAL NA LITERATURA (Supernatural Horror in Literature)


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Fontes de pesquisa:

* Cthulhu Rising Homepage (um dos melhores sites em português sobre HPL e sua obra)
http://geocities.yahoo.com.br/ktulurising/index.html

* H. P. Lovecraft’s Page (em português)
http://freespace.virgin.net/leticia.silva/lovecraf.htm

* The H. P. Lovecraft Archive (talvez o site mais completo sobre HPL, em inglês)
http://www.hplovecraft.com/

* Wikipédia, a enciclopédia livre – H. P. Lovecraft
http://pt.wikipedia.org/wiki/Howard_Phillips_Lovecraft

quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

“ESTE MUNDO É UM HOSPÍCIO” (“Arsenic and Old Lace”, 1944), de Frank Capra

Rating:★★★★
Category:Movies
Genre: Comedy
Direção: Frank Capra
Roteiro: Julius J. Epstein e Philip G. Epstein, baseado na peça teatral de Joseph Kesselring
Produção: Frank Capra, Jack L. Warner / Warner Bros.
Fotografia: Sol Polito
Montagem: Daniel Mandell
Música: Max Steiner
Direção de Arte: Max Parker
Elenco: Cary Grant, Priscilla Lane, Josephine Hull, Jean Adair, Raymond Massey, Peter Lorre, John Alexander, Jack Carson, John Ridgely, Edward McNamara, James Gleason, Grant Mitchell, Edward Everett Horton

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Mortimer Brewster (sobre suas tias envenenarem cavalheiros): “Isto está se tornando um péssimo hábito! Eu não sei se consigo explicar isso a vocês... não é apenas contra a lei, é errado!”

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Martha Brewster: "Um dos nossos cavalheiros conseguiu dizer 'que delícia!' antes de morrer."

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Dr. Einstein (rindo): “É maravilhoso, Johnny! Fomos caçados pelo mundo inteiro, e suas tias aqui no Brooklin fizeram tão bem quanto você... você matou doze, elas mataram doze!”

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Mortimer Brewster: "A insanidade corre solta pela minha família... praticamente galopa!"

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Frank Capra, o cineasta símbolo do otimismo hollywoodiano, deixou claro em sua obra que acreditava na bondade intrínseca do ser humano. Mas nem só de boa fé e ingenuidade era feito o seu cinema. Capra tinha um senso de humor peculiar e “Este Mundo É Um Hospício”, baseado na popular peça de Joseph Kesselring, foi um ótimo veículo para extravasar toda a morbidez, sarcasmo e humor negro que também corriam em suas veias de bom samaritano.

Martha (Jean Adair) e Abby Brewster (Josephine Hull) são duas aparentemente doces e respeitáveis velhinhas que se dedicam a envenenar pessoas idosas. O sobrinho delas, o solteirão convicto Mortimer (Cary Grant), acaba de se casar e está em preparativos para sair a viagem de lua de mel com sua esposa Elaine Harper (Priscilla Lane). Quando acham um corpo dentro de uma arca, a princípio pensam que foi obra de Teddy (John Alexander), o irmão de Mortimer que mora com as tias e que tem problemas mentais. Porém Teddy – que pensa ser o presidente Teddy Roosevelt – é inocente e costuma ajudar as tias “abrindo novas comportas para o Canal do Panamá” no porão da casa, onde elas enterram os corpos. De surpresa chega outro membro da família, o perigoso bandido procurado Jonathan Brewster (Raymond Massey, propositalmente com cara de Boris Karloff em "Frankenstein"), com seu assecla, o Dr. Einstein (Peter Lorre), e outro cadáver para complicar a história.

Frenético, hilariante, perverso e iconoclasta, “Este Mundo É Um Hospício” foi um grande sucesso na época do lançamento e com seu humor cáustico prova que não envelheceu, sendo mais feroz que muitas comédias modernas metidas a espertinhas.


“A FELICIDADE NÃO SE COMPRA” (“It’s a Wonderful Life”, 1946), de Frank Capra

Rating:★★★★★
Category:Movies
Genre: Cult
Direção: Frank Capra
Roteiro: Frances Goodrich, Albert Hackett, Frank Capra, Jo Swerling e Michael Wilson, baseado na história “The Greatest Gift”, de Philip Van Doren Stern
Produção: Frank Capra / Liberty Films Inc.
Fotografia: Joseph F. Biroc, Joseph Walker, Victor Milner
Montagem: William Hornbeck
Música: Dimitri Tiomkin
Direção de Arte: Jack Okey
Elenco: James Stewart, Donna Reed, Lionel Barrymore, Thomas Mitchell, Henry Travers, Todd Karns, Belulah Bondi, Frank Faylen, Ward Bond, Frank Albertson.

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Clarence: “Você ganhou um grande presente, George: uma chance de ver como o mundo seria sem você. (...) Estranho, não é? A vida de cada homem toca tantas outras vidas. Quando ele deixa de existir ele deixa um vazio terrível, não é?”

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Zuzu Bailey: "Olhe, Papai. A professora disse que toda vez que um sino toca, um anjo ganha as suas asas."

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Clarence: "Lembre-se, George: nenhum homem é um fracasso quando tem amigos."

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James Stewart virou marca registrada do homem comum norte-americano, tanto nos filmes de Hitchcock como nos de Frank Capra. E um filme de Capra virou marca registrada de Natal: "A Felicidade Não Se Compra". Na pequena Bedford Falls – uma cidade que parece ter sido desenhada por Norman Rockwell – o honesto George Bailey (James Stewart), que sempre ajudou os amigos e vizinhos, entra em desespero quando percebe que seu pequeno banco foi à falência, e que isso o levará diretamente à cadeia. Determinado a cometer suicídio na véspera de Natal saltando de uma ponte para um rio congelado, ele é salvo na última hora por um anjo, Clarence (Henry Travers). Ele é um anjo de "segunda classe", e para ganhar suas asas precisa convencer George a desistir de se matar. Para isso Clarence o leva numa viagem a um mundo paralelo onde George Bailey nunca existiu, para aprender a importância da vida e da amizade.

Sem dúvida um dos mais belos filmes de Frank Capra – o cineasta do otimismo e da bondade, onde um cidadão de valor é capaz de derrotar o mundo podre que o cerca – e uma das mais emocionantes obras já feitas sobre o valor do ser humano e da amizade, imitada e citada no mundo todo ao longo de décadas. Apesar do tema, “A Felicidade Não Se Compra” não escorrega para a pieguice. Ao contrário, oscila entre o trágico e o cômico – e em alguns momentos flerta com o humor negro. É de um tipo de fantasia cinematográfica pouco explorada nas últimas décadas. Sem elfos, magos, duendes, fadas, dragões ou gnomos, a obra-prima de Capra se adequa mais ao tipo de fantasia com a qual Rod Serling trabalhava na sua série “Além da Imaginação”. Podemos dizer que aqui James Stewart visita a Zona do Crepúsculo guiado por Frank Capra e por seu anjo sem asas, levando o público junto numa viagem através da própria consciência e de um conto natalino que quem viu, jamais esquece.


quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

“JANELA INDISCRETA” (“Rear Window”, 1954), de Alfred Hitchcock

Rating:★★★★★
Category:Movies
Genre: Mystery & Suspense
Direção: Alfred Hitchcock
Roteiro: John Michael Hayes, baseado no conto de Cornell Woolrich
Produção: Alfred Hitchcock / Paramount
Fotografia: Robert Burks, John P. Fulton
Montagem: George Tomasini
Música: Franz Waxman
Direção de Arte: Joseph MacMillan Johnson, Hal Pereira
Elenco: James Stewart, Grace Kelly, Wendell Corey, Thelma Ritter, Raymond Burr, Judith Evelyn, Ross Bagdasarian, Georgine Darcy, Irene Winston, Sara Berner, Frank Cady

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Jeff: “Por que um homem deixa seu apartamento três vezes carregando uma mala durante uma noite chuvosa e volta pra casa três vezes?”
Lisa: “Talvez goste do jeito que a esposa o recebe.”

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Tenente Doyle: "As pessoas fazem muitas coisas em particular que não poderiam explicar em público."

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Lisa: "Por que Thorwald mataria um cachorrinho? Por que ele sabia demais?"

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Se alguém ainda tem alguma dúvida de que Alfred Hitchcock foi – além de um extraordinário cineasta – um dos maiores contadores de histórias do século 20, este é um dos filmes que aniquila essa dúvida de uma vez por todas. “Janela Indiscreta” mostra um fotógrafo (James Stewart) confinado em seu pequeno apartamento de fundos por conta de uma perna quebrada – ossos do ofício... – bisbilhotando a vida dos vizinhos, até que começa a suspeitar que um deles cometeu um assassinato. Com a ajuda de sua sofisticada noiva (a belíssima Grace Kelly), de sua irônica enfermeira (a impagável Thelma Ritter) e de um velho amigo policial (Wendell Corey), ele tenta provar que não está imaginando coisas.

Toda a narrativa é centrada num único ambiente, o apartamento do fotógrafo, o que torna a platéia cúmplice dele. Naturalmente todo fotógrafo tem uma boa dose de voyeurismo e passar os dias xeretando a intimidade dos vizinhos não só acentua isso, como também nos torna voyeurs. Ora, o fato de ir ao cinema para ver a história de outras pessoas não nega o nosso desejo de devassar a vida alheia, e Hitchcock só nos identifica mais ainda com seu protagonista.

Mais do que uma boa história ou mesmo um exercício de suspense, “Janela Indiscreta” é um filme SOBRE CINEMA. É a história de todos nós, sentados imóveis numa sala, observando avidamente o que a tela/janela tem a nos oferecer. E sem pretensões intelectuais, efeitos pirotécnicos ou ousadias narrativas, Hitchcock constrói uma das mais perfeitas obras metalingüísticas da História da sétima arte.

Indicado aos Oscars de direção, roteiro e fotografia, o filme envolve o espectador com todos os seus recursos. Todo rodado num imenso set nos estúdios da Paramount, “Janela Indiscreta” funciona como um relógio suíço. Todo o elenco está impecável (de Jimmy Stewart e Grace Kelly ao soturno Raymond Burr e Thelma Ritter, com suas tiradas sensacionais), a cenografia, a fotografia e o som nos convencem que estamos mesmo no Greenwich Village nova-iorquino, a trilha de Franz Waxman cria o clima ideal entre o suspense e o romance (junto com um pout-pourri de canções da época, incluindo a suave “Mona Lisa”, na voz de Nat King Cole). E toda essa teia nos enreda como uma mosca à mercê da aranha. Até que o bote fatal vem com uma pequena revolução narrativa imperceptível ao intelecto, mas gritante aos instintos: quando Grace Kelly mostra a aliança da suposta vítima para o binóculo de James Stewart, o suspeitíssimo Raymond Burr percebe que está sendo observado e nos encara de frente, feroz. Esse olhar sinistro direto para a câmera quebra a “quarta parede” e aí percebemos que caímos na armadilha preparada por Hitchcock: o assassino SABE que nós o vigiamos, e fará de tudo para nos calar. O mestre inglês sabia como ninguém manipular a platéia, dirigir a audiência, mais até do que os atores. E o olhar de Raymond Burr sobre nós em “Janela Indiscreta” consegue ser mais perturbador que todos os efeitos especiais do cinema contemporâneo.

Lembro que quando assisti ao filme no cine Veneza, na Praia de Botafogo, em 1984, toda a platéia pulou junto nas poltronas nessa cena, de susto por ter sido descoberta. Esse é o tipo de emoção que poucos cineastas nos fazem passar e que não dá para esquecer.


segunda-feira, 9 de janeiro de 2006

APROPRIAÇÃO INDEVIDA DE UM TEXTO MEU NO MULTIPLY!!!!

Acabei de receber um texto meu, escrito no ano passado, como sendo de outra pessoa!!! Isto se chama APROPRIAÇÃO INDÉBITA (ou INDEVIDA)!!!! O post original é o texto CARLOS E NOEL - CONVERSA DE BOTEQUIM (postado originalmente aqui: http://ozlopesjr.multiply.com/journal/item/11)


Agora a Simone Mizi (symiziara.multiply.com) ACABOU DE POSTAR O MEU TEXTO COMO SE FOSSE DELA!!!!! O endereço é http://symiziara.multiply.com/journal/item/35


Quer publicar meu texto? Tudo bem. MAS POR FAVOR DÊ OS DEVIDOS CRÉDITOS A QUEM DE DIREITO!!!! NESSE CASO EU!!!!


ISSO É REVOLTANTE!!!!!!!!


EU PEÇO UM FAVOR AOS MEUS CONTATOS, AMIGOS E VISITANTES: VÃO LÁ NO MULTIPLY DESSA LADRA DE TEXTOS DEIXAR OS RECADOS QUE ELA MERECE!!!!!!


 

sexta-feira, 6 de janeiro de 2006

Conto (10): "O DEPOIMENTO DE RANDOLPH CARTER", de H. P. Lovecraft



O Depoimento de Randolph Carter


De Howard Phillips Lovecraft (1890-1937)


Repito-vos, cavalheiros, que vosso interrogatório é inútil. Detende-me aqui para sempre, se quiserdes; prendei-me ou executai-me se tendes necessidade de uma vítima para propiciar a ilusão a que chamais justiça. Não posso porém, dizer mais do que já disse. Contei-vos, com toda a sinceridade, tudo de que me lembro. Nada foi distorcido ou escamoteado, e se alguma coisa permanecer vaga, é apenas devido à nuvem escura que caiu sobre meu espírito - essa nuvem e a natureza nebulosa dos horrores que a fizeram abater-se sobre mim.



Digo mais uma vez: não sei do que foi feito de Harley Warren, embora pense – quase rezo para isso - que ele está em oblívio pacífico, se é que existe, em algum lugar, coisa tão bem aventurada. É verdade que por cinco anos fui seu melhor amigo e que, em parte compartilhei de suas terríveis pesquisas sobre o desconhecido. Não negarei, conquanto minha memória esteja insegura e vaga, que essa vossa testemunha nos possa ter visto juntos, na estrada de Gainsville, caminhando na direção do Pântano do Cipreste Grande às onze e meia daquela noite tenebrosa. Que levávamos lanternas elétricas, pás e um curioso rolo de fio, a que se prendiam certos instrumentos, eu mesmo me disponho a afirmar, pois todas essas coisas desempenharam um papel importante naquela cena hedionda que continua gravada à fogo em minha memória abalada. Mas com relação ao que se seguiu e ao motivo pelo qual fui encontrado sozinho e aturdido na margem do pântano, na manhã seguinte, devo insistir em que nada sei, salvo o que já vos narrei repetidamente. Dizei-me que nada existe no pântano ou em suas proximidades que pudesse constituir o cenário daquele episódio aterrador. Respondo que que eu nada sabia além do que vi. Visão ou pesadelo, pode ter sido - e visão ou pesadelo espero desesperadamente que tenha sido - mas, no entanto, é tudo o quanto minha mente reteu do que ocorreu naquelas horas chocantes depois que saímos da vista dos homens. E por que Harley Warren não voltou, somente ele ou seu espectro - ou alguma coisa inominável que não sei descrever - poderão dizer.



Como já tive ocasião de afirmar, eu conhecia bem, e de certa forma dividia, os estudos fantásticos de Harley Warren. De sua vasta coleção de livros estranhos e raros sobre temas interditos, li todos os escritos nas línguas que domino, contudo esses são poucos em comparação aos escritos em idiomas que desconheço. Na maioria, acredito, são em árabe; e o compêndio de demoníaca inspiração que acarretou a tragédia - o livro que levava no bolso ao abandonar o mundo - estava escrito em caracteres que jamais ví em parte alguma. Warren jamais se dispôs a me dizer o que havia naquele livro. Quanto à natureza de nossos estudos... precisarei repetir ainda uma vez que já não conservo deles plena compreensão? Parece-me até misericordioso que seja assim, pois eram estudos terríveis, que eu levava a cabo mais por relutante fascinação que por inclinação verdadeira. Warren sempre me dominou e às vezes eu o temia. Lembro-me como estremeci ante sua expressão facial na noite anterior ao fato hediondo, enquanto ele falava sem cessar de sua teoria - por que certos cadáveres nunca se decompõem mas permanecem íntegros em suas tumbas por mil anos. No entanto, já não o temo mais, pois suspeito que ele conheceu horrores além do meu alcance. Agora temo por ele.



Mais uma vez repito: não tenho nenhuma lembrança clara de nosso intuito naquela noite. Decerto teria muito a ver com o livro que Warren levava consigo - aquele livro antigo, num alfabeto indecifrável e que lhe chegara da Índia um mês antes - mas juro que não sei o que esperávamos encontrar. Vossa testemunha declara que nos viu às onze e meia na estrada de Gainsville, seguindo na direção do Pântano do Cipreste Grande. É provável que isso seja verdade, mas não me lembro com nitidez. A imagem cauterizada em minha alma é apenas de uma cena, e deve ter sido bem depois da meia noite, pois via-se uma pálida lua crescente no céu vaporoso.



O lugar era um cemitério antigo. Tão antigo que eu me sobressaltava ante os inúmeros indícios de anos imemoriais. Era numa depressão profunda e úmida, coberta de mato alto, musgo e curiosas ervas rasteiras, envolvido por um vago fedor que minha fantasia ociosa associava absurdamente a pedras putrefatas. Por toda a parte havia sinais de abandono e decrepitude e eu parecia perseguido pela idéia de Warren: nós éramos as primeiras criaturas vivas a invadir um silêncio letal de séculos. Sobre a borda do vale, uma lua crescente, lânguida e enlanguesceste, espreitava através dos vapores repulsivos que pareciam emanar de catacumbas ignotas, e seus raios débeis e bruxuleantes faziam-me discernir um aglomerado repelente de lápides, urnas, cenotáfios e mausoléus, todos esboroastes, cobertos de musgo e manchados de umidade, e em parte ocultos pela luxuriância obscena da vegetação insalubre.



A primeira impressão vívida que tenho de minha própria presença nessa necrópole terrível refere-se ao ato de deter-me com Warren diante de um certo sepulcro semi obliterado e de arrojar em seu interior certos fardos que, aparentemente estivéramos carregando. Notei então que trazia comigo uma lanterna elétrica e duas pás, ao passo que meu companheiro portava uma lanterna semelhante e um aparelho telefônico portátil. Não se disse qualquer palavra, pois o local e a missão pareciam-nos conhecidos. E sem delongas tomamos das pás e começamos a afastar as ervas, a grama e a terra da cova rasa e arcaica. Após expormos toda a sua superfície, que consistia em três imensas lages de granito, recuamos alguns passos para examinar o ossuário. Warren parecia estar fazendo alguns cálculos mentais. Depois voltou ao sepulcro e, usando a pá como alavanca, tentou erguer a laje que ficava mais próxima de uma ruína de pedra e que pode ter sido outrora um monumento. Não conseguindo seu intento, fez um gesto para que eu o auxiliasse. Por fim, nossos esforços combinados fizeram com que a pedra se soltasse. Levantamo-la e a arredamos do lugar.



Com a remoção da laje, ficou à vista uma abertura negra, da qual irrompeu um refluxo de gases miasmáticos, tão nauseantes que saltamos para trás, tomados de horror. Após um intervalo, entretanto, aproximamo-nos novamente da cova e achamos as exalações menos intoleráveis. Nossas lanternas revelaram o alto de um lance de degraus, dos quais gotejava um licor repugnante e que eram delimitados por paredes úmidas recobertas de bolor. E agora, pela primeira vez minha memória registra emissão de palavras. Warren falava-me longamente, em sua cálida voz de tenor, uma voz singularmente incólume ao ambiente lúgubre.



"Peço perdão por pedir-te que permaneças na superfície", disse ele, "mas seria criminoso permitir que alguém de nervos tão frágeis descesse até lá. Não podes imaginar, mesmo pelo que leste e pelo que eu te disse, as coisas que terei de ler e de fazer. Trata-se de um trabalho diabólico, Carter , e duvido que algum homem que não tenha a sensibilidade empedernida pudesse ver aquelas coisas e voltar vivo e são. Não é desejo ofender-te e Deus sabe o quanto eu gostaria de levar-te comigo. Mas de certa forma a responsabilidade é minha e eu não seria capaz de arrastar um feixe de nervos como tu à morte ou à loucura quase certa. Digo-te, não podes imaginar o que seja realmente a coisa! Mas prometo manter-te informado de cada passo meu pelo telefone - vês que disponho de fio suficiente para chegar ao centro da terra e voltar!"



Ainda ressoam em minha memória essas palavras, pronunciadas tranqüilamente. E ainda me recordo de meus protestos. Eu parecia desesperadamente ansioso por acompanhar meu amigo para aquelas profundezas sepulcrais, mas ele se mostrava de uma obstinação inflexível. A certo momento, ameaçou abandonar a expedição caso eu insistisse. A ameaça tinha peso, pois só ele possuía a chave do que procurávamos. De tudo isso ainda me lembro, muito embora já não saiba que espécie de coisa buscávamos. Depois de haver obtido minha relutante aquiescência a seu plano, Warren pegou o rolo de fio e ajustou seus instrumentos. A um gesto seu, peguei um destes e sentei-me numa lápide vetusta e descolorida, junto da abertura recém-exposta. Depois ele apertou-me a mão, sobraçou o rolo de fio e desapareceu naquele indescritível ossuário.



Durante um minuto ainda percebi o brilho da lanterna e escutei o roçagar do fio, enquanto Warren o estendia pelo chão; mas o brilho da luz sumiu repentinamente, como se ele houvesse dobrado uma esquina na escada de pedra e quase ao mesmo tempo o som cessou igualmente. Eu estava só, porém ligado às profundezas desconhecidas por aqueles cordéis mágicos cuja superfície isolada verdejava sobre os raios esforçados do exangue quarto-crescente.



A cada momento eu consultava o relógio, à luz da lanterna elétrica e, tomado de ansiedade febril, procurava ouvir alguma coisa no receptor do telefone. Entretanto, durante mais de um quarto de hora nada ouvi. Então o instrumento emitiu um estalido e eu chamei meu amigo com voz tensa. Por apreensivo que me sentisse, eu não estava preparado entretanto para as palavras que subiram daquela cova hedionda, em tons mais alarmados e hesitantes do que eu já havia escutado de Harley Warren. Ele, que se despedira de mim com tamanha calma havia pouco, agora me chamava lá de baixo num sussurro titubeante, mais pressagio que um grito sonoríssimo:



"Meu Deus! Se pudesse ver o que estou vendo!"



Não pude Responder. Mudo, só fiz esperar. Ouvi novamente as palavras agitadas:



Carter, é terrível... monstruoso... inacreditável!"



Dessa vez a voz não me faltou e despejei no aparelho um jorro de indagações excitadas. Aterrorizado, não cessava de repetir: "Warren, o que foi? O que foi?"



Mais uma vez escutei a voz de meu amigo, ainda repassada de medo e agora aparentemente impregnada de desespero:



"Não posso dizer-te, Carter! É demasiado incrível... não ouso contar... nenhum homem poderia saber e sobreviver... Santo Deus! Jamais sonhei com isso!"



Voltou o silêncio, apenas quebrado pela torrente de perguntas sobressaltadas que eu fazia. Ouvi então novamente a voz de Warren, num tom de delirante consternação:



"Carter! Pelo amor de Deus, repõe a Laje no lugar e sai disso se puderes! Deixa tudo mais e corre... é tua última oportunidade! Faz o que eu digo e não peça explicações!"



Eu escutava, mas só conseguia repetir minhas perguntas frenéticas. Em meu redor estavam as tumbas, a escuridão e as sombras; abaixo de mim, algum perigo que sobrepujava o alcançe da imaginação humana. Mas meu amigo corria mais perigo que eu e sobre meu medo passou um vago ressentimento de que ele me julgasse capaz de abandoná-lo em tal situação. Novos estalidos e após uma pausa, ouvi o grito angustiado de Carter:



"Te manda! Pelo amor de Deus, põe a laje no lugar e te manda, Carter!"



Alguma coisa na gíria juvenil de meu companheiro, evidentemente transtornado, liberou minhas faculdades. Formei e gritei uma resolução, "Warren, agüenta! Vou descer!" No entanto, diante dessa proposta o tom de meu interlocutor transformou-se num grito de completo desespero:



"Não! Não compreendes! É tarde demais... e por minha própria culpa. Põe a laje no lugar e corre... não há mais nada que tu ou outra pessoa possa fazer!"



Seu tom de voz mudou novamente, adquirindo dessa vez mais suavidade, como que traduzindo resignação sem esperança. Contudo, para mim ele permanecia tenso de ansiedade.



"Depressa... antes que seja tarde demais!"



Tentei não lhe dar ouvidos. Tentei quebrar a paralisia que me detinha e cumprir minhs promessa de descer para ajudá-lo. Seu próximo murmúrio, todavia, ainda me encontrou inerte, preso de puro horror.



"Carter... corre! Não adianta... tens de ir... antes um que dois... a laje..."



Uma pausa, mais estalidos, e depois a voz débil de Warren:



"Quase acabado agora... não dificultes ainda mais... cobre esses degraus malditos e foge para salvar a vida... estás perdendo tempo... adeus, Carter... não voltarei a ver-te."



Nesse ponto, o murmúrio de Warren converteu-se em grito, um grito que aos poucos se transmudou em uivo, carregado de todo o horror das eras...



"Malditas coisas infernais... legiões... meu Deus! Te manda! Te manda! TE MANDAAAAA!!!"



Depois disso, caiu o silêncio. Ignoro por quantos éons permaneci sentado ali, estupefato. Sussurrando, murmurando, gritando, berrando naquele telefone. Vezes sem conta, no transcurso daqueles éons, sussurrei, murmurei, chamei, gritei e berrei "Warrren! Warren; Responde... estás aí?



Foi então que sobreveio o cúmulo do horror... a coisa inacreditável, inimaginável, quase impronunciável. Já disse que foi como se passassem éons depois de Warren emitir sua derradeira advertência desesperada, e que apenas meus gritos quebravam agora o silêncio horrífico. Contudo depois de algum tempo houve um novo estalido no telefone e eu apurei os ouvidos. Mais uma vez chamei: "Warren estás aí?, e como resposta ouvi aquilo que lançou essa nuvem sobre minha alma. Não tento, senhores, explicar aquilo... aquela voz... nem posso abalançar-me a descrevê-la em minúcia, uma vez que as palavras iniciais roubaram minha consciência e criaram um vazio mental que se estende ao momento em que despertei no Hospital. Direi que a voz era profunda? Cava? Gelatinosa? Remota? Sobrenatural? Inumana? Desencarnada? Que direi? Ela marcou o fim de minha experiência e é o fim de minha história. Eu a escutei, e de nada mais tomei conhecimento... escutei-a enquanto permanecia sentado, petrificado naquele cemitério desconhecido do vale, em meio às pedras carcomidas e aos túmulos em ruínas, junto à vegetação pútrida e aos vapores miasmáticos... escutei-a subindo das profundezas mais absconsas daquele maldito sepulcro aberto, enquanto assistia à dança de sombras amorfas, necrófagas, à luz mortiça de uma lua exangue.



E o que ela disse foi:



"IDIOTA, WARREN ESTÁ MORTO.....!"


 

DIÁRIOS DE ARKHAM (2)


Diários de Arkham (2)
MY KIND OF TOWN


depoimento de Hannibal Lecter


Querida Clarice,

Cheguei em Arkham há pouco mais de um mês e já tenho muitas coisas a te contar. Cheguei de trem, procurando trabalho, me hospedei no Miskatonic Hotel, mas disposto a fixar residência nesta aprazível cidadezinha de Massachussets, e logo me envolvi em um estranho caso de `serial killer`. Aparentemente um jovem estudante da Miskatonic University matou outro, enlouqueceu e estava eliminando sistematicamente arkhamitas idosos, que aparentemente nada tinham a ver com ele.

Meu anfitrião, o doutor e professor Duck, do Instituto Sheckley de Pesquisas, me apresentou a um eminente parapsicólogo, o Dr. Albert Abraham Poe, estudioso de ocultismo e a um pintor que não recordo o nome. Juntos, auxiliamos a polícia no caso e descobrimos o verdadeiro culpado, Sermon Bishop, um feiticeiro que morreu no século 17 e que encarnou no corpo do estudante, cometendo os crimes.

Os conhecimentos de ocultismo do doutor Poe não foram páreo para as magias de Bishop, mas nós o seguimos até um subterrâneo de Arkham e o encurralamos. Bem, na verdade ele invocou uma criatura gigantesca e medonha para nos deter - um tal de shoggoth - mas nosso amigo parapsicólogo também tinha seus contatos em outras dimensões e conseguimos anular a ameaça com dezenas de nightgaunts - criaturas demoníacas que pareciam ter saído de uma pintura de Bosch ou de William Blake. Felizmente estavam do nosso lado. Infelizmente o pobre pintor foi alvo de uma magia do feiticeiro e vomitou larvas negras até morrer com as vísceras estouradas. Eu peguei Bishop de surpresa e o degolei e o esquartejei com meu bisturi. O miserável era imortal, mas após meu `tratamento` creio que será difícil ele se recompor. A não ser que conte com a ajuda de um diminuto pesadelo ambulante, o Quachil Uttaus, outra criatura dos infernos que recolheu seus despojos após minha costumeira carnificina. O que importa é que eu e o doutor Poe escapamos inteiros dali.

Um mês já se passou e hoje estou atendendo no meu consultório psiquiátrico no Instituto Sheckley, tratando de um paciente no Arkham Asylum e ainda sou consultor gastronômico no restaurante mais sofisticado de Arkham. Não posso reclamar da vida.

Além disso voltei às investigações, após ser contratado por um rico investidor daqui para encontrar o bebê desaparecido de um rico industrial de Boston, mr. Anderson, seqüestrado ontem pela manhã quando passeava com a babá. Aparentemente foi um crime político, pois Anderson pretendia abrir uma indústria em Arkham e existem muitos opositores a essa empreitada. O doutor Poe está comigo nesse caso e contamos com a ajuda de um oficial militar reformado que chegou de Nova Iorque, o major John Williams, um tipo de mercenário, amigo de mr. Anderson. Hoje achamos o corpo da babá, estrangulada no meio do mato, porém já temos algumas pistas. Vamos ver o que os dias e as investigações nos trarão. É curioso trabalhar como investigador, algo que nunca imaginei fazer antes. Mas assim vou conhecendo melhor a cidade, seus habitantes e me familiarizando com o modo de vida de Arkham.

Bem, vou ficando por aqui, minha querida Clarice. Quando tiver mais novidades te escrevo.

Ta-ta
H.

(diários de Arkham, 1924)

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FOTO: Mapa de Arkham, Massachussets. E de cima para baixo, o Major John Williams, o parapsicólogo Dr. Albert Poe e eu, Dr. Hannibal Lecter, psiquiatra.

DIÁRIOS DE ARKHAM (1)


Diários de Arkham (1)
QUE NOITE TERRÍVEL!!!


depoimento de Henry Jones Jr.


Eu, estudante de pós-graduação da Miskatonic University, me juntei a um professor baixinho de lá e a um médico sei-lá-o-que e passamos os últimos três dias investigando a morte suspeitíssima de Frank Charlton, um estudante da universidade, que aparentemente despencou de uma janela da biblioteca, que estava toda trancada. O corpo foi achado embaixo de uma janela, sem gota de sangue e com uma marca de agulha no braço. A noiva dele foi internada em estado de choque, balbuciando palavras estranhas e sem sentido, e seu colega de quarto, um jogador de football, foi preso como suspeito. Mas nós três sabíamos que o responsável era outra pessoa.

Pedimos ajuda ao chefe da biblioteca, o professor Armitage, investigamos nos livros, em jornais antigos, no necrotério, no hospital, em pubs, no refeitório e no dormitório da universidade, no centro de registros de Arkham e chegamos a um nome suspeitíssimo. Claude Owen - um estudante que fazia experiências de revitalização de animais mortos, baseado nos estudos nada acadêmicos do célebre e maldito Herbert West (mais conhecido como "O Reanimador") - tinha motivos de sobra para ter acabado com a vida de Charlton. A vítima vivia humilhando Owen publicamente, e este foi visto na cena do crime rindo secretamente do destino do colega morto. Invadi o quarto dele e achei provas de sobra para incriminá-lo, inclusive um pobre cachorro que não deveria estar vivo mas estava.

Pois bem, ontem, por volta das quatro horas da tarde, fomos parar na fazenda Chapman, nos arredores de Arkham, aparente reduto do insano Claude Owen. Quando de propriedade de Herbert West, a casa principal tinha sofrido um incêndio que abalou seriamente suas estruturas. À primeira vista, ninguém habitava aquele lugar. Mas depois de desabar no porão junto com meu colega médico, descobrimos quatro covas fechadas e uma aberta, além de uma pesada porta de onde vinha um facho de luz e o ruído de um gerador. Já que a escada veio abaixo com a nossa queda, e pressentindo um perigo terrível por trás daquela porta, tratamos de sair daquele buraco rapidamente. Usando meu chicote saltamos de volta para a superfície com facilidade.

Botamos fogo na casa, sobre o teto da tal sala iluminada, mas foi em vão. O cômodo parecia um bunker fortificado. Nós três ficamos de tocaia, até que algo muito assustador pulou do porão e se enroscou no pescoço do professor baixinho. Era algo inominável, que não fazia parte do mundo natural! Só sei que a visão me fez surtar, fiquei catatônico e acordei no hospital de Arkham no dia seguinte. Soube apenas que a polícia vasculhou a casa pela manhã, que nosso amigo médico desaparecera (supostamente morto) e que foram descobertos vários cadáveres carbonizados no porão. E o registro do legista afirmava categoricamente que eles estavam mortos há dias, mesmo parecendo que tinham caminhado na noite anterior!

Mas todos nós sabemos que essas coisas não existem, não é mesmo?

Ou será que existem?...

(diários de Arkham, 1924)


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FOTO: Chapman Farmhouse, nos arredores de Arkham, Massachussets.

domingo, 1 de janeiro de 2006

FILMES DE REVEILLON


Pra começar bem 2006 com MUITO CINEMA, uma lista com alguns filmes cuja ação se passa na virada do ano para o dia 1o. de janeiro:

- "O DESTINO DO POSEIDON" ("The Poseidon Adventure", 1972), de Ronald Neame e Irwin Allen, baseado no livro de Paul Gallico, com Gene Hackman, Shelley Winters, Ernest Borgnine, Roddy McDowall, Red Buttons, Jack Albertson, Stella Stevens, Carol Lynley, Pamela Sue Martin, Robin Shelby, Leslie Nielsen.


O transatlântico S.S. Poseidon é virado de cabeça para baixo por uma onda gigantesca decorrente de um terremoto submarino no Mar Mediterrâneo durante uma noite de reveillon. Alguns sobreviventes lutam para alcançar o casco do navio antes que este naufrague de vez.


- "O PRIMEIRO DIA" (1999), de Daniela Thomas e Walter Salles, com Fernanda Torres, Luís Carlos Vasconcelos, Matheus Nachtergaele, Nelson Sargento, Tonico Pereira, Nelson Dantas, Carlos Vereza, José Dumont.


No dia 31 de dezembro de 1999 João sai do presídio para cometer uma queima de arquivo, enquanto Maria, abandonada pelo amante, fica transtornada e planeja se matar na hora do reveillon. O destino faz com que eles cruzem seus caminhos.


- "O PODEROSO CHEFÃO, PARTE II" ("The Godfather, Part II", 1974), de Francis Ford Coppola, com Al Pacino, Robert Duvall, Diane Keaton, Robert De Niro, John Cazale, Talia Shire, Lee Strasberg, Michael V. Gazzo.


Continuação da saga da família ítalo-americana Corleone. Nos anos 50 Michael Corleone tenta consolidar seu poder eliminando inimigos e falsos aliados. Nos anos 20 o patriarca Vito luta pela sobrevivência em Nova Iorque com sua esposa e filhos. Parte da história se passa no reveillon de 1959, às vésperas da tomada de poder por Fidel Castro.

- "ESTRANHOS PRAZERES" ("Strange Days", 1995), de Kathryn Bigelow, roteiro de James Cameron, com Ralph Fiennes, Angela Bassett, Juliette Lewis, Tom Sizemore, Vincent D'Onofrio.


Às vésperas do ano 2000, um ex-policial trafica a nova droga do momento: chips de memória que dão aos seus clientes sensações e emoções de outras pessoas. Ele é envolvido numa trama de assassinatos misteriosos quando ele insiste em reconquistar sua namorada que o trocou por um empresário de rock.


- "A ARMADILHA" ("Entrapment", 1999), de Jon Amiel, com Sean Connery, Catherine Zeta-Jones, Ving Rhames, Will Patton.


O maior ladrão de obras de arte do mundo e uma investigadora de seguros se vêem envolvidos num roubo bilionário na Malásia na virada do milênio.


...


Alguém conhece outros?

UM ÓTIMO 2006 E TUDO DE BOM PRA TODO MUNDO AQUI!!!