domingo, 24 de dezembro de 2006

NATAL NORMAL

Dezembro. Vani debulhando-se em lágrimas e Rui consolando.


Vani: Eu odeio Natal!


Rui: Não odeia não.


Vani: Odeio sim!


Rui: Ninguém odeia Natal.


Vani: Eu odeio!


Rui: Você pensa que odeia mas não odeia.


Vani: Como é que você sabe?


Rui: Porque eu também penso que odeio mas não odeio.


Vani para de chorar subitamente e procura ao seu redor.


Vani: Cadê o telefone?


Rui: Calma, Vani.


Vani acha o telefone e disca rapidamente um número.


Rui: Pra quem você tá ligando?


Vani: Chega dessa opressão natalina, Rui! Vou dar o nosso grito de liberdade!


Rui: Calma, Vani!


Vani: Alô? Dona Silvana?


Rui entra em pânico.


Vani: É a Vani, sua nora, tudo bem?


Rui se ajoelha e implora piedade.


Vani: Olha, não vai dar pra passar hoje aí na sua casa.


Rui abaixa a cabeça, esperando o pior.


Vani: Não tem problema?... É mesmo?... Numa boa?...


Rui levanta a cabeça. Vani tampa o fone e sussurra pra ele:


Vani: Impressionante! Ela disse que tudo bem. Acho até que ficou aliviada.


Rui não entende nada. Vani volta a falar ao telefone.


Vani: Que bom que a senhora não ficou chateada, o Rui tava todo preocupado, se remoendo... (pausa) Hã?... (pausa) Não, a senhora não entendeu. Não sou só eu que não vou. O Rui também não vai.


 

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Monstros Camaradas




Em homenagem a Joseph Barbera, que faleceu ontem, dia 18, aos 95 anos, eis a abertura de um dos desenhos que a Hanna-Barbera lançou nos anos 70 que eu mais adorava: "Monstros Camaradas" ("Groovie Goolies"), onde algumas das criaturas mais famosas do cinema - como Drácula, o monstro de Frankenstein, o lobisomen e a múmia - moravam num castelo, aprontavam confusões, soltavam piadinhas infames, dançavam e tocavam música.

Um dos grandes sucessos do Globo Cor Especial!

"Eu merecia isso", já dizia o Frank...

sábado, 16 de dezembro de 2006

Homenagem a Sivuca - Feira de Mangaio




O Brasil está mais triste. Severino Dias de Oliveira, mais conhecido como Sivuca, morreu anteontem aos 76 anos. Compositor, arranjador, maestro e principalmente sanfoneiro (detestava ser chamado de acordeonista), Sivuca nasceu em Itabaiana, no interior da Paraíba, e na década de 50 começou a gravar seus primeiros discos. Não tardou para que seus frevos, choros e forrós se fizessem ouvir pelos quatro cantos do mundo. Morou em Recife, Lisboa, Paris, Rio de Janeiro e Nova Iorque, onde fez o arranjo do grande sucesso de Miriam Makeba, "Pata Pata". Casado com a também compositora Glorinha Gadelha, Sivuca deixa um vasto legado poético-musical, onde se destaca o forró "Feira de Mangaio", que teve em Clara Nunes sua intérprete perfeita.

Quando criança, minha mãe estudou no mesmo colégio que Sivuca em Itabaiana, e cresceu ouvindo sua sanfona. Esse clipe é uma homenagem não só ao maior de todos os sanfoneiros que esse mundo já viu, mas também à minha querida mãe, que certamente está mais feliz de ouvir a sanfona de Sivuca no paraíso.

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FEIRA DE MANGAIO
(Letra: Glorinha Gadelha. Música: Sivuca)


Fumo de rolo, arreio de cangalha
Eu tenho tudo pra vender, quem quer comprar
Bolo de milho, broa e cocada
Eu tenho pra vender, quem quer comprar

Pé de moleque, alecrim, canela
Moleque sai daqui me deixa trabalhar
E Zé saiu correndo pra feira dos pássaros
E foi páss'o voando pra todo lugar

Tinha uma vendinha no canto da rua
Onde o mangaieiro ia se animar
Tomar uma bicada com lambu assado
E olhar pra Maria do Joá

Tinha uma vendinha no canto da rua
Onde o mangaiero ia se animar
Tomar uma bicada com lambu assado
E olhar pra Maria do Joá

Cabresto de cavalo e rabichola
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
Farinha, rapadura e graviola
Eu tenho pra vender, quem quer comprar

Pavio de candeeiro, panela de barro
Menino eu vou me embora tenho que voltar
Xaxar o meu roçado que nem boi de carro
Alpargata de arrasto não quer me levar

Porque tem um sanfoneiro no canto da rua
Fazendo floreio pra gente dançar
Tem o Zefa de Purcina fazendo renda
E o ronco do fole sem parar

Mas é que tem um sanfoneiro no canto da rua
Fazendo floreio pra gente dançar
Tem o Zefa de Purcina fazendo renda
E o ronco do fole sem parar

Fumo de rolo, arreio de cangalha
Eu tenho tudo pra vender, quem quer comprar
Bolo de milho, broa e cocada
Eu tenho pra vender, quem quer comprar

Pé de moleque, alecrim, canela
Moleque sai daqui me deixa trabalhar
E Zé saiu correndo pra feira dos pássaros
E foi páss'o voando pra todo lugar

Tinha uma vendinha no canto da rua
Onde o mangaieiro ia se animar
Tomar uma bicada com lambu assado
E olhar pra Maria do Joá

Mas é que tem um sanfoneiro no canto da rua
Fazendo floreio pra gente dançar
Tem o Zefa de Purcina fazendo renda
E o ronco do fole sem parar

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Star Wars Sunscreen - Use Filtro Solar




Como saudação de final de ano, apresento este sensacional videoclipe editado pela Jedifanfilmes para a Jedicon 2006 RJ. "Use Filtro Solar", escrito por um publicitário norte-americano nos anos 90 e conhecido do público brasileiro através da tradução de Pedro Bial para o Fantástico, da Rede Globo, este vídeo é uma lição de vida, desta vez adaptado para o universo Star Wars pelos meus amigos Abdias Flauber e Henrique Granado.

FELIZ NATAL E QUE A FORÇA ESTEJA COM VOCÊ NO ANO NOVO!

domingo, 3 de dezembro de 2006

HOT FUZZ




O trailer do novo filme da turma de "SHAUN OF THE DEAD" e da série "Spaced"!!! Novamente a trinca Edgar Wright (diretor/roteirista), Simon Pegg (ator/roteirista) & Nick Frost (ator) se reúne para mais uma comédia inteligente e sarcástica que promete ser um dos maiores prazeres cinematográficos de 2007!

Com participações de Bill Nighy, Jim Broadbent e Timothy Danton! E mais Billie Whitelaw (Sra. Baylock, a babá de "A Profecia"), Paul Freeman (René Belloq, o arqueólogo vilão de "Caçadores da Arca Perdida") e Stuart Wilson (Jack Travis, o ex-policial vilão de "Máquina Mortífera 3") no elenco!

BRING IN THE NOISE!!!

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Mio & Mao - As Formigas




Um episódio completo de "Mio & Mao", pra matar as saudades e fazer voltar no tempo.

Animação feita com massa de modelar, criada por Francesco Misseri, produzida pela L + H Films, com música de Piero Barbetti e apenas 26 episódios. Foi exibida no Brasil nos anos 70 no programa Globinho, apresentado nos fins de tarde pela Paula Saldanha.

Mio & Mao




Animação feita com massa de modelar, criada por Francesco Misseri, produzida pela L + H Films, com música de Piero Barbetti e apenas 26 episódios. Foi exibida no Brasil nos anos 70 no programa Globinho, apresentado nos fins de tarde pela Paula Saldanha. Deixou saudades.

sábado, 18 de novembro de 2006

NANDA 2007

FERNANDA TORRES VAI APRESENTAR PROGRAMA NO GNT


Regina Rito


Fernanda Torres não pára. Na terça-feira, a atriz começa a gravar o especial Os Amadores, que a Globo exibe dia 23 de dezembro. Já em 2007, ela comandará o programa Minha Estupidez, no canal GNT. A atração, idealizada por Fernanda e com direção de Vicente Kubrusly, conta com oito episódios de 30 minutos. A atriz já gravou um piloto, em que entrevistou João Ubaldo Ribeiro e fez esquete sobre um livro do baiano, contracenando com Evandro Mesquita. O programa é um dos novos projetos da produtora Conspiração Filmes, em comemoração a seus 15 anos.


Os outros são os longas Largando o Escritório, baseado na peça de Domingos de Oliveira, A Mulher Invisível, escrito e dirigido por Cláudio, e Eu e Meu Guarda-Chuva, baseado na peça do Titã Branco Mello, que terá direção de Toni Vanzolini e roteiro de Adriana Falcão.


(publicado sexta, 6 de outubro de 2006 no http://exclusivo.terra.com.br/interna/0,,OI1178682-EI1118,00.html)


Além disso Fernanda acabou de filmar o longa Saneamento Básico, de Jorge Furtado e está filmando Os Normais 2, com direção de José Alvarenga Jr., continuando o sucesso das aventuras de Rui e Vani na tela grande.


 

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

QUESTÕES NORMAIS (1)

Qual a diferença entre uma casa, um bangalô e um chalé?


E entre um hotel e uma pousada?


Respostas para a redação...


 


 

terça-feira, 7 de novembro de 2006

JEDICON SP 2006




JEDICON 2006 - Sábado, dia 18 de Novembro de 2006


Local: FAPCOM – Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação


Endereço: Rua Major Maragliano, 191 – Vila Mariana (Próximo à estação de metrô Ana Rosa)


Horário: a partir das 10h00


Ingresso: R$ 15,00 + um quilo de alimento não-perecível (item não-obrigatório, porém sugerido, pois o Conselho Jedi São Paulo também cumpre um papel de responsabilidade social).


Além do ingresso os fãs que comprarem antecipado, ainda ganha uma chamada "camiseta-ingresso", que tem uma estampa escolhida em um concurso dentro do fã clube, e que é surpresa. Este item é o carro-chefe do evento, sempre esperado ansiosamente pelos fãs e cobrado o ano todo. Porém, o número é limitado, e chega a acabar antes mesmo de o evento terminar.



Venha passar um dia nas estrelas, com Luke Skywalker, Han Solo, Darth Vader, Yoda, Palpatine, Troopers, seja na tela, no palco, nas fantasias, miniaturas e em todo o lugar. Um evento para você e sua família!



Mais informações em http://www.conselhosp.com.br/jedicon


sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Os Normais - As Gargalhadas que Faltavam






AGORA FINALMENTE A SÉRIE COMPLETA EM DVD!!!!!!!!!

"Os Normais"
, sem dúvida nenhuma, marcou a TV brasileira e deixou saudades. Uma das melhores séries de TV no gênero comédia agora tem seu lançamento num box especial perfeito para colecionadores. São 47 episódios ainda inéditos em DVD!!! Além dos 46 episódios que faltavam em DVD para completar a série, o box com 6 discos traz ainda o especial "Os Normais no futuro", exibido no especial de 40 anos de humor da Rede Globo!!!

1ª Temporada
Rui (Luiz Fernando Guimarães) e Vani (Fernanda Torres) mostram que estes e outros pequenos detalhes que acontecem na vida de qualquer pessoa também podem render momentos hilários. É o casal mais engraçado da TV brasileira destilando sua série de esquisitices, paranóias, mal-entendidos e confusões.

2ª Temporada
O casal consegue se superar em situações pra lá de bizarras, como na vez em que Vani oferece um sanduíche pela metade e Rui desconfia de tanta gentileza. Ou então quando ela lê que 94% das brigas de casal começam por um motivo bobo e ele diz que isso é uma grande besteira. Participações especiais de Andrea Beltrão, Diogo Vilela, Julia Lemmertz, Marco Rica, Marisa Orth, Paulo Miklos, entre outros.

3ª Temporada
Tudo na vida acaba, não é mesmo? Namoros acabam, a cobertura do sundae acaba, a gasolina do carro acaba, até papel higiênico acaba. Com Os Normais não poderia ser diferente. É triste, mas é verdade. Os Normais pode terminar, mas as maluquices de Rui e Vani vão ficar para sempre nestes DVDs.

Para ver a propaganda exclusiva da Videolar sobre o lançamento do box, clique em http://www.videolar.com/lojas/fornec1.asp?idfornecedor=1&tipoproduto=1&cod_sub_media=3135# e embaixo da imagem da capa do box clique em VEJA VÍDEO.

Para comprar:
http://dvdworld.com.br/dvdworld.hts?+SL01939+acha

http://www.submarino.com.br/dvds_productdetails.asp?Query=ProductPage&ProdTypeId=6&ProdId=1741909&ST=SE

domingo, 29 de outubro de 2006

THE THING




Posters, fotos de cena, três edições do livro que publicou o conto de John W. Campbell, minisséries em quadrinhos da editora Dark Horse Comics dando continuidade à história do filme ("The Thing From Another World", "Climate of Fear", a edição encadernada com as duas histórias, "Eternal Vows" e Dark Horse Comics 15) e duas versões de como seria a criatura em sua forma original.


Para ler meu texto sobre o filme clique em "O Enigma de Outro Mundo" (1982), de John Carpenter.

“O ENIGMA DE OUTRO MUNDO” (“The Thing”, 1982), de John Carpenter

Rating:★★★★★
Category:Movies
Genre: Horror
Direção: John Carpenter
Roteiro: Bill Lancaster, baseado no conto “Who Goes There?” de John W. Campbell Jr.
Produção: David Foster, Lawrence Turman, Wilbur Stark, Larry Franco, Stuart Cohen / David Foster Productions / Turman-Foster Company / Universal Pictures
Fotografia: Dean Cundey
Montagem: Todd Ramsay
Música: Ennio Morricone
Direção de arte: Henry Larrecq, John J. Lloyd
Efeitos especiais: Albert Whitlock, Roy Arbogast
Efeitos especiais de maquiagem: Rob Bottin, Stan Winston
Elenco: Kurt Russell, Wilford Brimley, Richard A. Dysart, Keith David, Charles Hallahan, Donald Moffat, T. K. Carter, David Clennon, Richard Masur, Peter Maloney, Joel Polis, Thomas Waites


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computador: "Probabilidade de um ou mais membros da equipe estarem infectados: 75%. Se organismo intruso chegar às areas habitadas, a população mundial estará infectada 27.000 horas após primeiro contato."

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McCready: "Eu sei que sou um ser humano. E se vocês todos forem essas coisas, me atacariam agora, portanto alguns de vocês ainda são humanos. Esta coisa não quer aparecer, quer esconder-se numa imitação. Lutará se for preciso, mas aqui fora é vulnerável. Se nos assimilar não terá mais inimigos, não haverá ninguém para matá-la. Então terá vencido. Vem aí uma tempestade, dentro de seis horas. Veremos quem é quem."

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Ao lado de Stan Winston, Rick Baker, Dick Smith e Tom Savini, Rob Bottin integra o time de grandes artistas da maquiagem e dos efeitos especiais dos últimos 30 anos do cinema norte-americano. Com apenas 22 anos ele já tinha em seu currículo filmes como “Piranha” e “Grito de Horror” – ambos de Joe Dante –, “Fog, a Bruma Assassina” e “O Enigma de Outro Mundo” – ambos de John Carpenter. E foi aqui, na refilmagem do clássico “O Monstro do Ártico” (“The Thing From Another World”, 1951), que Bottin teve sua prova de fogo: dar vida à criatura transmorfa da história.

“The Thing” de John Carpenter não é propriamente uma refilmagem no sentido que conhecemos da palavra, mas sim uma versão cinematográfica mais fiel ao conto original, “Who Goes There?”, escrito por John W. Campbell em 1938. No conto uma equipe de exploração na Antártida descobre um alienígena que tem o poder de se metamorfosear em qualquer ser vivo que esteja próximo dele. Assim a criatura pode se infiltrar entre os exploradores e assimilar todos os outros. É como em “O Caso dos Dez Negrinhos” de Agatha Christie, a ameaça se esconde entre os membros do grupo, o que leva a uma situação de total paranóia. Em 1951 Howard Hawks e Christian Nyby não tinham tecnologia para reproduzir no cinema o monstro transmorfo da imaginação de John W. Campbell, e optaram por fazer um filme claustrofóbico com um alienígena frankensteiniano de origem vegetal.

Três décadas depois John Carpenter e Rob Bottin tinham à disposição tecnologia suficiente para fazer uma adaptação realmente fiel ao terror e à paranóia do conto original. Doze membros da estação polar 31 na Antártida acolhem um husky siberiano após ele ser perseguido por um helicóptero com dois noruegueses aparentemente enlouquecidos. Os noruegueses morrem e o cão é mantido na base americana. Diante da estranha situação, os membros da base 31 decidem investigar a estação norueguesa, atrás de possíveis sobreviventes de alguma ação assassina. Encontram tudo queimado e destruído, com estranhos cadáveres, um enorme bloco de gelo aberto como um caixão natural e gravações em vídeo da equipe. Levam um bizarro corpo mutilado e queimado de volta à base americana para uma autópsia. Até que eles descobrem que o distorcido cadáver não está morto e que o cachorro não é exatamente o que eles pensam ser. Carpenter mudou a ação do polo norte para o polo sul e homenageou o filme original inserindo um trecho dele como sendo o vídeo da equipe norueguesa.

Para apresentar um alienígena transmorfo, Rob Bottin – na época com 22 anos – criou efeitos especiais inéditos e revolucionários, que chocaram público e crítica. As metamorfoses da criatura eram grotescas e sangrentas, porém se adequavam perfeitamente à narrativa e à história. Muitos críticos atacaram o filme no lançamento pelo excesso de efeitos visuais impactantes, que segundo eles desviavam a atenção do público. Porém com o passar do tempo, vemos que os efeitos especiais aqui – mesmo sendo repugnantes – são extremamente eficazes e ajudam na construção da narrativa e na atmosfera de medo do desconhecido que envolve o filme. Aliás “The Thing” de John Carpenter é um dos raros exemplos cinematográficos onde efeitos especiais nojentos e exagerados se adequam perfeitamente ao contexto da história. Uma perfeita fusão entre ficção científica e horror, regada de muita paranóia.

“O Enigma de Outro Mundo” foi lançado nos cinemas americanos com poucas semanas de diferença de “E.T.” de Steven Spielberg, que logo se tornou um dos maiores recordes de bilheteria da História. O fato de “E.T.” apresentar um alienígena frágil e bondoso, ameaçado pelos “terríveis” humanos, em contraponto à criatura transmorfa, letal e ameaçadora de John Carpenter, fez com que “The Thing” fosse totalmente ofuscado e esquecido por anos. Porém o filme fez uma boa carreira em vídeo e mais recentemente em DVD, e com o passar do tempo se tornou um dos maiores cult-movies de terror e ficção científica dos anos 80, com um público fiel e entusiasmado até hoje.

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Para ver meu álbum com 120 fotos do filme clique aqui.


sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Puft-Puft / A Flauta Encantada




No original, HR Pufnstuf, no Brasil rebatizado de "Puft-Puft" (ou "A Flauta Encantada"). Era um programa infantil norte-americano altamente lisérgico, sobre Jimmy, um garoto que encontra uma ilha perdida, cheia de criaturas estranhas e divertidas, com um dragão como prefeito, dois anões mudos como a força policial, uma floresta enfeitiçada e a bruxa Witchiepoo, moradora de um castelo assombrado, que tenta a todo custo roubar Freddie, a flauta falante de Jimmy. A série foi produzida por Sid e Marty Krofft de 1969 a 1974.

É o que eu digo... quem cresceu assistindo "Puft-Puft", "Banana Splits" e "A Pantera Cor-de-Rosa" na TV nunca precisou usar drogas. As alucinações e viagens lisérgicas que esses programas causavam duram várias décadas!

Vila Sésamo




O maior campeão de audiência da minha infância!

Música e letra de Marcos Valle.

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

NAS MONTANHAS DA LOUCURA

Ao contrário da obra de Edgar Allan Poe, que foi largamente adaptada para o cinema, poucos contos de H. P. Lovecraft ganharam versões em celulóide, e os poucos que conseguiram não têm muita relevância (com raras e louváveis exceções).


Há algum tempo vem se falando de uma adaptação do clássico conto Nas Montanhas da Loucura pelo cineasta mexicano Guillermo Del Toro. Ambientado na Antártida e com a apresentação de algumas famosas entidades lovecraftianas, como os shoggoths e os old ones, o longo conto é um dos mais aclamados pelos fãs de Lovecraft. Hoje o site Omelete anunciou a retomada do projeto pelo enfant terrible Del Toro.


Guillermo Del Toro comenta adaptação de livro de Lovecraft


Por Marcelo Hessel

25/10/2006

 

Desde 2002 o diretor Guillermo del Toro diz que fará uma adaptação para as telonas de Nas Montanhas da Loucura (At the Mountains of Madness), livro do mestre do terror Howard Philips Lovecraft (1890-1937). O tempo passa, saiu Hellboy, saiu El Labirinto del Fauno, e nada de H.P..

Agora o cineasta diz que tem novos planos para Nas montanhas da loucura, cujo roteiro ele já começara a escrever com Matthew Robbins, seu parceiro em Mutação (Mimic, 1997). Em entrevista ao IGN, Del Toro contou que o filme pode ser seu próximo, assim que ele terminar Hellboy 2: The Golden Army, cuja filmagem começa em janeiro.


"Nas Montanhas da Loucura é um projeto que mantenho há anos. Se conseguir um espaço na agenda eu prefiro fazê-lo imediatamente, para não esfriar o ânimo. Mas tudo sempre depende de vários fatores - criativos, pessoais... -, e sempre que eu prevejo qual será meu próximo filme ele não acontece", diz.


Em Nas Montanhas da Loucura, somos apresentados a uma expedição universitária que descobre fósseis de criaturas desconhecidas e rochas entalhadas com milhões de anos de idade, bem no meio da imensidão gelada da Antártida. O achado é apenas o início de algo muito maior e mais aterrador, um evento que muda o entendimento dos humanos sobre o planeta e suas próprias vidas.


Del Toro disse uma vez que o filme seria o seu Titanic, tão grandioso quanto. Agora já se preocupa com a estrutura. "Os pinguins albinos, a cidade gigante... O duro do livro é que baseia muito no registro da expedição, uma narrativa brilhante, um pouco seca, mas não é muito centrada nos personagens. Muitos deles você só conhece lendo outros livros de Lovecraft", diz.


"É preciso criar uma dinâmica entre personagens e um arco de história que não estão no livro. O horror também é ambíguo no livro e mantido aberto até o final. No filme dá até para você capturar a atmosfera, mas daí você precisa de um clímax", compara. "No livro o que vale no clímax é o que você não vê. E isso, não mostrar nada, vai contra toda a essência do showbiz."


O diretor diz que o processo de criação do filme, até agora, "tem sido bom, o melhor que podemos fazer quando se adapta Lovecraft". Mas não é um projeto fácil, em suas próprias palavras.

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Maestro Vader




A Marcha Imperial, composição de John Williams, com regência de Lord Darth Vader... de Lego!

Só para lembrar o sucesso da JediCon no último sábado.

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

David Gilmour - There's No Way Out Of Here




Uma das canções que mais marcou minha adolescência. E infelizmente pouco conhecida fora do círculo de fãs de David Gilmour e do Pink Floyd. Foi o primeiro "hit" de Gilmour e faz parte do primeiro álbum solo dele, David Gilmour, de 1978.

THERE'S NO WAY OUT OF HERE
(Ken Baker)


There's no way out of here
When you come in
You're in for good
There are no answers here
When you look out
You don't see in
There are no boundaries set
The time and yet
You waste it still

So it slips through your hands
Like grains of sand
You watch it go
There's no time to be lost
You'll pay the cost
So get it right
There's no way out of here
When you come in
You're in for good

There never was there an answer
There an answer
Not without listening
Without seeing

There's no way out of here
When you come in
You're in for good
There are no answers here
When you look out
You don't see in
There was no promise made
The part you played
The chance you took

There's no way out of here
When you come in
You're in for good

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

SÓ PRA CONTRABALANÇAR...

... os ataques incessantes que todos têm feito a Lula (repito mais uma vez, mais do que merecidos!). O problema é que NINGUÉM no Multiply parece pensar em questionar a história e as posturas de Geraldo "Jiló" Alckmin no governo de SP e na campanha presidencial. Parece que entre o trapalhão e o ditador, as pessoas preferem o segundo.

Já deixei claro que não estou satisfeito com nenhum dos dois candidatos, porém o fato da imensa maioria aqui atacar apenas Lula e parecer "passar a mão na cabeça" de Alckmin, como se ele fosse algum exemplo de ética e esperança de melhoria para o Brasil é profundamente irritante. Unanimidades sempre me fazem questionar e me colocar contra pois sou a favor da velha frase de Nelson Rodrigues. E pior do que a mentira, a roubalheira, a corrupção, é o "silêncio dos coniventes".

Mais uma vez quero deixar bem claro que não estou fazendo campanha pró-Lula. Pretendo anular meu voto, diante das opções que nos são oferecidas, apesar de sempre ter condenado o voto nulo. Porém diante de uma onda infindável de ataques cegos e carregados de ódio contra o candidato do PT, me sinto na obrigação de cidadão de pesquisar e tentar mostrar a quem se acomodou na unanimidade a enxergar a podridão e a falta de ética do outro candidato. Nem o PSDB nem o PFL têm o direito de levantar nenhuma bandeira de ética. É patético ver o porco xingar o sujo.

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A política de segurança de Alckmin... na prática.
http://www.youtube.com/v/vsRynm18_Eg

Chico Buarque: "Nunca vi alguém ser tão insultado quanto Lula"
http://brigadasinternacionais.blogspot.com/2006/10/chico-buarque-nunca-vi-algum-ser-to.html

''Alckmin é retrocesso'', diz Ariano Suassuna
http://brigadasinternacionais.blogspot.com/2006/10/alckmin-retrocesso-diz-ariano-suassuna.html

Niemeyer pede voto em Lula por defesa da nossa soberania
http://brigadasinternacionais.blogspot.com/2006/10/niemeyer-pede-voto-em-lula-por-defesa.html

Ziraldo manda um recado aos mineiros: "vou votar no Lula"
http://brigadasinternacionais.blogspot.com/2006/10/ziraldo-manda-um-recado-aos-mineiros.html

Em "carta aberta" a Albert Einstein, Boal dá apoio a Lula
http://brigadasinternacionais.blogspot.com/2006/10/em-carta-aberta-albert-einstein-boal-d.html

Frias: da tortura ao golpe midiático
http://brigadasinternacionais.blogspot.com/2006/09/frias-da-tortura-ao-golpe-miditico.html

O editor-chefe considera o obtuso pai dos Simpsons como o espectador
padrão do Jornal Nacional
http://brigadasinternacionais.blogspot.com/2006/09/o-editor-chefe-considera-o-obtuso-pai.html

Daslu: cadê a filha do Alckmin?
http://brigadasinternacionais.blogspot.com/2006/09/daslu-cad-filha-do-alckmin.html

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

ESTRANHA ARQUEOLOGIA




Eis as novas descobertas da arqueologia e paleontologia.

Como diria o professor Henry Jones sr., "this is not archaeology!"...

terça-feira, 10 de outubro de 2006

JEDICON 2006






8a. JEDICON RJ


Dia 21 de outubro, das 10hs às 18hs, no Centro Cultural do Colégio Marista São José, na Rua Conde de Bonfim, 1067, Tijuca, Rio de Janeiro.


Estarei presente repetindo a palestra que fiz na JEDICON DF


PROGRAMAÇÃO DO EVENTO



10:00: Fanfilms clássicos;
12:00: Abertura (Vídeo de Abertura e apresentação dos Conselhos Jedi presentes (RJ, SP e DF);
12:20: Lançamento do DVD Shadows of the Empire Fanfilm;
12:30: Palestra - "O Destino da Força - O Making Of de um Fanfilm"
13:10: Apresentação da Expocoleções 2007 (com Dona Meia e Rod);
13:25: Sorteio 1;
13:30: Fanfilms 2006 Legendados;
14:00: Palestra - "Quando Star Wars se chamava Guerra nas Estrelas" (com Oswaldo Lopes Jr.);
14:55: Sorteio 2;
15:00: Fanfilms 2006 Legendados;
15:30: Palestra - "Guerra nas Estrelas: Verdades e Mentiras" (com Eduardo Miranda);
16:25: Sorteio 3;
16:30: Palestra com André Gordirro (tema a confirmar);
17:30: Concurso de Fantasias;
18:00: Encerramento Jedicon 2006.


Os ingressos serão vendidos na bilheteria do local, e custarão R$10,00 + 1kg de alimento não-perecível.


Menores de 10 anos e membros que possuem a carteirinha de sócio do Conselho Jedi Rio pagam meia-entrada.

SERVIÇO


A JediCon 2006 RJ será realizada no Centro Cultural do Colégio Marista São José, na Tijuca, Rio de Janeiro.  


Endereço: Rua Conde de Bonfim, 1067.  


Horário: 10h às 18h.

O local é de fácil acesso por metrô, ônibus ou carro.

Metrô: compre o Bilhete Metrô-Ônibus Expresso, desça na estação Saens Peña e pegue o ônibus integração 220A - Saens Peña-Usina, que passa em frente ao Colégio Marista.


Ônibus: Tijuca - Pça. Saens Peña - 220, 636
Centro - 220, 221, 229, 415
Zona Sul - Botafogo, Copacabana - 415, 426
Zona Sul - Ipanema, Leblon - 415
Zona Oeste - Barra da Tijuca - 225, 233, 234
Zona Oeste - Jacarepaguá - 636
Baixada - Caxias - Caxias-Usina (Fábio's)

domingo, 8 de outubro de 2006

FESTIVAL DO RIO 2006

Mais um Festival do Rio terminou. Mais de 440 de filmes de dezenas de países exibidos em duas semanas, em mais de 25 salas de exibição. Mais de 100 convidados internacionais. Mais uma vez eu trabalho no site oficial - http://www.festivaldorio.com.br - como redator, fazendo resenhas de filmes, entrevistando convidados nacionais e internacionais.


Este ano assisti apenas 14 filmes (ano passado vi 30), entrevistei as atrizes Irène Jacob ("A Dupla Vida de Veronique" e "A Fraternidade é Vermelha") e Charlotte Rampling ("Os Deuses Malditos", "O Porteiro da Noite", "Memórias", "Swimming Pool"). Bati papo com o cineasta espanhol Carlos Saura ("Cria Cuervos", "Bodas de Sangue"), com o cineasta gaúcho Otto Guerra (autor do primeiro longa-metragem de animação com personagens do Angeli) e com o cineasta pernambucano Marcelo Gomes, que acabou de ter o seu ótimo "Cinema, Aspirinas e Urubus" indicado ao Oscar; entre outros. Abaixo, a lista dos filmes que assisti no Festival:


GOSTEI MUITO DE...


"Quelques Jours en Septembre" ("Quelques Jours en Septembre", 2006, Itália/França/Portugal), de Santiago Amigorena, com Juliette Binoche, John Turturro, Nick Nolte, Sara Forestier e Tom Riley.


"O Ilusionista" ("The Illusionist", 2006, EUA), de Neil Burger, com Edward Norton, Jessica Biel, Paul Giamatti, Rufus Sewell, Eddie Marsan.


"O Labirinto do Fauno" ("El Laberinto del Fauno", 2006, Espanha/México), de Guillermo del Toro, com Ariadna Gil, Ivana Baquero, Maribel Verdú, Sergi López, Doug Jones.


"The Host" ("Gue-Mool", 2006, Coréia do Sul), de Bong Joon-Ho, com Byun Hee-Bong, Song Kang-Ho, Park Hae-Il, Bae Doo-Na, Ko A-Sung.


"Dália Negra" ("The Black Dahlia", 2006, Alemanha), de Brian De Palma, com Josh Hartnett, Scarlett Johansson, Aaron Eckhart, Hilary Swank, Gregg Henry, William Finley.


"Volver" ("Volver", 2006, Espanha), de Pedro Almodóvar, com Penélope Cruz, Carmen Maura, Lola Dueñas, Blanca Portillo, Yohana Cobo, Chus Lampreave.


GOSTEI DE...


"Crônica de uma Fuga" ("Crónica de una Fuga", 2006, Argentina), de Israel Adrián Caetano, com Rodrigo de la Serna, Pablo Echarri, Nazareno Casero, Lautaro Delgado.


"Fuga" ("Fuga", 2006, Chile), de Pablo Larraín, com Benjamín Vicuña, Gastón Pauls, María Izquierdo.


"A Fonte da Vida" ("The Fountain", 2006, EUA), de Darren Aronofsky, com Hugh Jackman, Raschel Weisz e Ellen Burstyn.


"As Torres Gêmeas" ("World Trade Center", 2006, EUA), de Oliver Stone, com Nicholas Cage, Michael Peña, Maria Bello, Maggie Gyllenhaal.


"A Educação das Fadas" ("La Educación de las Hadas", 2006, Espanha), de José Luis Cuerda, com Irène Jacob, Ricardo Darín, Bebe, Víctor Valivia.


"Desilusões" ("Dimionot", 2004, Israel), de Nimrod Koren-Etzion e Saar Lachmi, com Osnat Hakim, Ricky Blich, Itay Barnea, Dalia Shimko.


"Sangue Puro" ("Pura Sangre", 2006, Argentina/Espanha), de Leo Ricciardi, com Oscar Alegre, Maria Galiana, Fernando Peña, Norma Aleandro, Ana Fernández.


NÃO GOSTEI DE...


"La Perrera" ("La Perrera", 2006, Uruguai/Argentina/Canadá/Espanha), de Manolo Nieto, com Pablo Riera, Martin Adjemian, Sergio Gorfain, Sofia Dabarca.


 

terça-feira, 3 de outubro de 2006

CHUCHU NÃO. JILÓ!

Recebi esse texto de uma grande amiga, jornalista especializada em política nacional e internacional. Quem me conhece sabe que eu sempre votei no PT, no PCdoB e na esquerda em geral. Mas depois desse governo desgovernado e decepcionante do Lula eu não marco mais 13 pra presidente.


Porém o candidato concorrente, apesar de ser vendido muito adequadamente como um "picolé de chuchu" pela imprensa dominante e manipuladora, parece ter mais o gosto amargo do jiló. Por isso vale a pena ler o texto abaixo, mesmo sendo longo. Porque antes de ser longo é esclarecedor.


Mesmo que você não concorde, não podemos ficar restritos ao que a grande imprensa brasileira quer nos mostrar. Somente com mais conhecimento poderemos votar e não nos arrependermos, assumindo a responsabilidade por nossos votos. Seja lá em qual dos dois você vai votar, tem que saber quem ele é e ser responsável por isso.


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[Adital] Agência de Informação Frei Tito para a América Latina
19.09.06 - BRASIL 



A OBSESSÃO AUTORITÁRIA DE ALCKMIN


Por Altamiro Borges *


(os grifos são meus)


Adital - Na sua propaganda eleitoral de rádio e televisão, o presidenciável Geraldo Alckmin tem se esforçado para negar a imagem do político de direita, autoritário e centralizador. Na biografia fabricada pelos alquimistas do marketing, garante que ingressou na política na luta contra a ditadura. No maior cinismo, afirma: "Eu sou de centro-esquerda, um social-democrata". Mas um rápido levantamento confirma que sua formação é realmente conservadora, com sinistras ligações com a seita fascista Opus Dei, e que a sua atuação como governador de São Paulo foi marcada pela criminalização dos movimentos populares, pela montagem de uma equipe excludente de tecnocratas, a "turma de Pinda", e pelo total desrespeito ao Poder Legislativo.


Natural de Pindamonhangaba, no interior de São Paulo, desde a infância ele conviveu em sua própria casa com políticos reacionários, alguns deles envolvidos na conspiração que resultou no golpe militar de 1964, e com simpatizantes do Opus Dei, seita religiosa que cresceu sob as bênçãos do ditador espanhol Francisco Franco. Seu pai militou na União Democrática Nacional (UDN), principal partido golpista deste período; um tio foi prefeito de Guaratinguetá pelo mesmo grupo; outro foi professor do Mackenzie, um dos centros da direita fascista.


Alckmin ingressou na política em 1972, convidado pelo antigo MDB para disputar uma vaga de vereador. Na ocasião, diante do convite formulado por seu colega do curso de medicina, José Bettoni, respondeu: "Mas meu pai é da UDN", talvez temeroso dos seus laços familiares com a ditadura.



BAJULADOR DA DITADURA MILITAR


Até hoje, Alckmin se gaba de ter sido um dos vereadores mais jovens do país, com 19 anos, e de ter tido uma votação histórica neste pleito - 1.147 votos (cerca de 10% do total). Mas, segundo o depoimento de Paulo de Andrade, presidente do MDB nesta época, outros fatores interferiram nesta sua eleição. O tio de Alckmin, José Geraldo Rodrigues, acabara de ser nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal pela ditadura. "Ele transferiu prestígio para o sobrinho". A outra razão era histórica. Geraldo é sobrinho-neto do folclórico político mineiro José Maria Alckmin, que foi o vice-presidente civil do general golpista Castelo Branco. "Ter um Alckmin no MDB era um trunfo [para o regime militar]', diz Andrade".
 
Tanto que o jovem vereador se tornou um bajulador da ditadura. Caio Junqueira, em um artigo no jornal Valor (03/04/06), desenterra uma carta em que ele faz elogios ao general Garrastazu Médici, "que tem se mostrado sensível aos problemas sociais, trabalhistas e previdenciários do que trabalham para a grandeza do Brasil". Como constata o jornalista, Alckmin sempre se manteve "afastado de qualquer movimento de resistência ao regime militar... Ao contrário das personalidades que viriam a ter fundamental papel em sua trajetória política, relacionava-se bem com o regime. O tom afável do documento encaminhado a Médici, sob cujo governo o Brasil viveu o período de maior repressão, revela a postura de não enfrentamento da ditadura militar, fato corroborado pelos relatos de colegas de faculdade e políticos que com ele atuaram".



HOMENAGEM AO OPUS DEI


Em 1976, Alckmin foi eleito prefeito da sua cidade natal por uma diferença de apenas 67 votos e logo de cara nomeou seu pai como chefe de gabinete, sendo acusado de nepotismo.


Ainda como prefeito, tomou outra iniciativa definidora do seu perfil, que na época não despertou muitas suspeitas: no cinqüentenário do Opus Dei, em 1978, ele batizou uma rua de Pinda com o nome de Josemaría Escrivá de Balaguer, o fundador desta seita fascista.


Na seqüência, ele foi eleito deputado estadual (1982) e federal (1986). Na Constituinte, em 1998, teve uma ação apagada e recebeu nota sete do Diap; em 1991, tornou-se presidente da seção paulista do PSDB ao derrotar o grupo histórico do partido, encabeçado por Sérgio Motta.


Em 1994, Mario Covas o escolheu como vice na eleição para o governo estadual. Já famoso por sua ação pragmática e de "rolo compressor", coube-lhe a função de presidente do Conselho de Desestabilização do Estado. As privatizações das lucrativas estatais foram feitas sem qualquer transparência ou diálogo com a sociedade - gerando várias suspeitas de negócios ilícitos.


Nas eleições para prefeitura da capital paulista, em 2000, obteve 17,2% dos votos, ficando em terceiro lugar. Com a morte de Mário Covas, em março de 2001, assumiu o governo e passou a mudar toda a sua equipe, gerando descontentamento até mesmo em setores do PSDB. Em 2002, Alckmin foi reeleito governador no segundo turno, com 58,6% dos votos.



A TURMA DE PINDA


Numa prova de sua vocação autoritária, um de seus primeiros atos no governo estadual foi a nomeação do delegado Aparecido Laerte Calandra - também conhecido pela alcunha de "capitão Ubirajara", que ficou famoso como um dos mais bárbaros torturadores dos tempos da ditadura - para o estratégico comando do Departamento de Inteligência da Polícia Civil.


Com a mesma determinação, o governador não vacilou em excluir os históricos do PSDB do Palácio dos Bandeirantes, cercando-se apenas de pessoas de sua estrita confiança e lealdade - a chamada "turma de Pinda". Atuando de maneira impetuosa e inescrupulosa, ele passou a preparar o terreno para impor sua candidatura à presidência da República no interior do partido.


Num artigo intitulado "Como a turma de Pinda derrotou os cardeais tucanos", o dirigente petista Joaquim Soriano descreve a postura excludente do ex-governador. "Alckmin nasceu em Pindamonhangaba, lá foi vereador e prefeito. Foi deputado estadual e federal. Foi vice de Covas, do qual se diz herdeiro. Herdou o governo e logo tratou de colocar a turma de Covas para fora. Ocupou os lugares com seus fiéis. Na turma do Alckmin não tem intelectuais nem economistas famosos, como é do gosto dos tucanos". Sua equipe é formada por pessoas sem tradição na história política nacional; é composta por tecnocratas subservientes. Esta conduta centralizadora é que explicaria, inclusive, a resistência de áreas do PSDB a sua candidatura.



GOVERNADOR TRUCULENTO


Como governador de São Paulo, Alckmin nunca escondeu sua postura autoritária. Sempre fez questão de posar como inflexível, como um governante avesso ao diálogo. Ele se gabava das suas ações "enérgicas" de criminalização dos movimentos sociais e de satanização dos grevistas. Não é para menos que declarou entusiástico apoio à prisão de José Rainha, Diolinda e outros líderes do MST no Pontal do Paranapanema; aplaudiu a violenta desocupação dos assentados no pátio vazio da Volks no ABC paulista e em outras ocupações de terras urbanas ociosas; elogiou a prisão do dirigente da Central dos Movimentos Populares (CMP), Gegê; e nunca fez nada para investigar e punir as milícias privadas dos latifundiários no estado.
 
Durante seu reinado, o sindicalismo não teve vez e nem voz. Ele se recusou a negociar acordos coletivos, perseguiu grevistas e fez pouco caso dos sindicalistas. Que o digam os docentes das universidades, que realizaram um das mais longas greves da história e sequer foram recebidos; ou os professores das escolas técnicas, que pararam por mais de dois meses, não foram ouvidos e ainda foram retalhados com 12 mil demissões.


"O governo estadual mantém a mesma política de arrocho salarial de FHC, com o agravante de reprimir, não só com a força policial, mas com diversos mecanismos arbitrários, o legítimo direito de greve dos servidores", protestou o ex-presidente da CUT, Luis Marinho, atual ministro do Trabalho.



A LINGUAGEM DA VIOLÊNCIA


Os avanços democráticos no país não tiveram ressonância no estado. Ele sabotou a implantação de fóruns de participação da sociedade, como o Conselho das Cidades, criados pelo governo Lula. O movimento de moradia promoveu vários atos criticando o desrespeito à Lei nº. 9.142, que prevê a aplicação de 10% do ICMS em casas populares, e exigindo a criação do Conselho Estadual de Desenvolvimento Habitacional. "Há mais de dois anos que o governador dá as costas para o movimento social e o movimento sem teto de São Paulo", criticou Benedito Barbosa, líder da CMP, durante um protesto em agosto de 2004. Veruska Franklin, presidente da Facesp, também condenou "o autoritarismo e a truculência de Geraldo Alckmin".


Avesso ao diálogo e à democracia, a única linguagem entendida pelo ex-governador é o da repressão dura e crua. Isto explica sua política de segurança pública, marcada pelo total desrespeito aos direitos humanos e que tornou o estado num grande presídio. Semanalmente, 743 pessoas são depositadas em penitenciárias superlotadas de São Paulo - já são 124 mil detentos para 95 mil vagas. Segundo relatório da Febem, o ex-governante demitiu 1.751 funcionários e, hoje, 6.500 menores vivem em condições subumanas, sofrendo maus-tratos. Nos últimos quatro anos, 23 adolescentes foram assassinados nestas escolas do crime, o que rendeu a Alckmin uma condenação formal da Corte Internacional da OEA. Dados da Unicef revelam que o Estado concentra as piores taxas de homicídios de jovens do país: 16,3 mil por ano ou 107 por dia.



A SUBMISSÃO DOS PODERES


Contando com forte blindagem da mídia, que reforçou a caricatura do governador como um "picolé de chuchu", insosso e anódino, Alckmin conseguiu submeter quase que totalmente o Poder Judiciário, que hoje está infestado de tucanos enrustidos, e garantir uma maioria servil no Poder Legislativo. Através de um artifício legal do período da ditadura militar, o atual "paladino da ética" abortou 69 pedidos de CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) na Assembléia Legislativa de São Paulo - destas, 37 tinham sido solicitadas para investigar irregularidades, fraudes e casos de corrupção da sua administração. Este abuso autoritário só recentemente foi superado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal, que considerou que o tal dispositivo fere o artigo 58, parágrafo 3º da Constituição e liberou a instalação das CPIs.


Como sintetiza o sociólogo Rodrigo Carvalho, no livrete "O retrocesso de São Paulo no governo tucano", Geraldo Alckmin marcou sua gestão pela forma autoritária como lidou com a sociedade organizada e pelo rígido controle que exerceu sobre os poderes instituídos e a mídia.


"Alckmin trata os movimentos sociais como organizações criminosas, não tem capacidade de dialogar e identificar as demandas da sociedade... Além disso, ele utilizou sua força política para impedir qualquer ação de controle e questionamento das ações do governo".


Esta conduta abertamente antidemocrática, que não nega sua formação política, é que "conquistou o respeito dos maiores industriais, banqueiros e latifundiários de São Paulo" e que o projetou para a disputa da presidência da República, derrotando inclusive alguns tucanos históricos. 


* Jornalista, editor da revista Debate Sindical


 

terça-feira, 26 de setembro de 2006

ENGRAÇADO...

Membros do PT (será?) tentaram comprar, com dinheiro ilegal e de origem misteriosa, um dossiê que apontava vários podres e que supostamente continham provas de corrupção contra José Serra, Geraldo Alckmin e outros membros do PSDB. Que se investigue as fontes do dinheiro, os cabeças por trás de tal ação e que se faça valer a lei sobre os patetas infelizes que tentaram comprar o tal dossiê. Certíssimo.


MAS POR QUE DIABOS NINGUÉM DA IMPRENSA SE PERGUNTA O QUE EXISTE NESSE MALDITO DOSSIÊ??? Se ele aponta corrupção ativa e passiva do PSDB e expõe os podres da "velha situação" que sempre se perpetuou no poder (não, nem o PSDB nem o PMDB de hoje são mais nem a sombra do que foi o MDB nos anos 70) por que será que ninguém se interessa em investigar essas denúncias???


Não voto no Lula nem no Alckmin. E pra falar a verdade, não tenho nenhuma certeza sobre em quem votar no domingo, apesar de me recusar a votar nulo. Não apoio o governo Lula. Mas me soa "muito curioso" (pra não dizer coisa pior) os órgãos da imprensa quererem crucificar o Lula nesse episódio (sobre o resto do governo dele podem crucificar à vontade!) e ignorarem solenemente o conteúdo de um dossiê com supostas provas contra candidatos do PSDB.


Engraçada essa nossa imprensa, não é?...



(charge: Angeli)

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

É BATATA!


INTELIGÊNCIA ÁRABE X PARANÓIA AMERICANA


Um velho árabe muçulmano iraquiano, vivia há mais de 40 anos nos EUA, queria plantar batatas no seu jardim, mas cavar a terra já é um trabalho demasiado pesado para ele.

O seu filho único, Ahmed, está a estudar na França, e o velhote envia-lhe a seguinte mensagem: "Querido Ahmed: Sinto-me mal porque este ano não vou poder plantar batatas no jardim. Já estou demasiado velho para cavar a terra. Se tu estivesses aqui, todos estes problemas desapareceriam. Sei que tu remexerias e prepararias toda a terra para mim. Beijos, Papá."

Poucos dias depois, recebe a seguinte mensagem: "Querido pai: Se fazes favor, não toques na terra desse jardim. Escondi aí umas coisas. Beijos, Ahmed."


Na madrugada seguinte, aparecem no local a polícia, agentes do FBI, da CIA, a S.W.A.T., os US Marshalls, os Rangers, os Marines, o Steven Seagal, o Silvester Stallone e alguns mais da elite estadunidense, bem como representantes do Pentágono, da Secretaria de Estado, etc. Removem toda a terra do jardim procurando bombas, ou material para construí-las, antrax, etc. Não encontram nada e vão-se embora, não sem antes interrogarem o velhote, que não fazia a mínima ideia do que eles buscavam.

Nesse mesmo dia, o velhote recebe outra mensagem: "Querido pai: Certamente a terra já está pronta para plantar as batatas. Foi o melhor que pude fazer, dadas as circunstâncias. Beijos, Ahmed."


(recebido por e-mail de uma amiga)


 

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

FERNANDO "CINEMIN" ALBAGLI


Acabei de saber, com muita tristeza, da morte de Fernando Albagli, jornalista, escritor, pesquisador, editor, crítico de cinema e meu primeiro chefe, quando escrevi na revista CINEMIN, entre 1986 e 1990. Foi no último dia 14 de agosto, de câncer.


Fernando tinha duas características fundamentais: era um grande apaixonado pelo cinema e era um sujeito extremamente generoso, sempre dando espaço aos novos profissionais, aos filmes brasileiros, sempre com muita simpatia, bondade e bom humor. Como chefe, era daquelas figuras raríssimas que quando alguém discordava dele, dizia: "então me mostra que do jeito que você está querendo fica melhor", e dava total liberdade pra gente trabalhar sem censura e com total liberdade de idéias. Para dar um exemplo, além de crítico e articulista, eu não gostava muito da diagramação das minhas primeiras matérias na CINEMIN e pedi ao Fernando para fazê-las eu mesmo. Ele me apresentou ao diagramador e disse a ele que deixasse eu fazer como preferisse nas minhas matérias.


Jornalista e crítico de cinema no Jornal do Brasil nos anos 70, editor e diretor industrial da Editora Brasil-América (a EBAL) nos anos 80 e 90, membro da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro e do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro, autor do livro "Tudo Sobre o Oscar" (lançado em 1988 e com edição final de 2003), tradutor - ao lado do filho e também crítico Benjamin Albagli - do livro "A Linguagem Secreta do Cinema", de Jean-Claude Carrière, Fernando também escreveu três livros infantis.


Só espero que onde você esteja, caro Fernando, você possa sentir a saudade dos amigos que sentem muito a sua falta. E que daí dê pra ver e rever muitos e muitos filmes tão amados por todos nós!


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(Ilustração de Bira Dantas no site http://neorama2.blogspot.com/2006/09/obiturio-nossa-homenagem-fernando.html)

quinta-feira, 31 de agosto de 2006

O ESPÍRITO BRASILEIRO


Hoje recebi por e-mail uma mensagem que me fez pensar mais a fundo a respeito de um assunto sobre o qual já tenho conversado com alguns amigos. Todo mundo, sem exceção, reclama dos políticos e de suas falcatruas. Nós na internet, porteiros, taxistas, donas de casa, dentistas, jornaleiros, médicos, enfim, toda a sociedade não aguenta mais tanta corrupção e mazelas! E todos nós sabemos muito bem que somos nós - e as outras dezenas de milhões de eleitores - que colocamos esses calhordas em posições de poder, aonde podem fazer e desfazer da vida do povo e encher seus bolsos, malas e cuecas de dinheiro.


Só que as pessoas que reclamam da corrupção, da denonestidade e da ineficácia dos políticos brasileiros - NÓS - são AS MESMAS PESSOAS que "dão uma cervejinha" pro guarda não multá-los, que jogam papel na rua, que fumam em lugares proibidos ou inadequados, que têm TV por assinatura ou internet "à gato", que copiam filmes e músicas sem pagar nada por isso ("apenas para uso pessoal ou para dar de presente a um amigo", justificam), que compram CDs, DVDs, roupas, brinquedos e utensílios piratas e falsificados nos camelôs, que sonegam impostos, que furtam uma barra de cereal de vez em quando num super-mercado, que estacionam em local proibido, que não usam cinto de segurança e que falam ao celular enquanto dirigem, que passam por baixo da roleta nos ônibus, que fazem fotocópias de livros inteiros, que tentam sempre levar alguma vantagem em qualquer negócio em que se metem... e acham que estão certíssimos e que não estão fazendo mal a ninguém!!! Enfim, esse é o povo brasileiro. ESTES SOMOS NÓS!!!


E atire a primeira pedra quem nunca fez pelo menos duas dessas coisas!!! E leiam o texto pois vale a pena a reflexão.


 


Entendendo o Brasil

Numa tarde de sexta-feira, recebi um telefonema de um amigo me convidando para ir a um churrasco na sua casa. Acontece que na naquela noite eu tinha que dar aula na faculdade. O problema é que eu queria ir ao churrasco, mas como?

Bem, eu agi como, geralmente, todos nós agimos: fiz de conta que estava cumprindo com a minha obrigação quando, na verdade, satisfiz o meu prazer. O churrasco começava às oito da noite e a aula às sete e meia. Fui à faculdade, registrei a aula, fiz a chamada e inventei uma aula de leitura na biblioteca, abandonando a turma. Saí para o churrasco querendo acreditar que cumprira meu dever de professor.

No churrasco, fiquei numa mesa com o dono da casa, que é médico, o amigo que estava sendo homenageado, que é policial, um amigo do homenageado que é advogado e político e a sua esposa que é universitária e estuda no período da noite.

O assunto era um só: a roubalheira dos nossos políticos e a passividade da sociedade (todos nós) mediante a podridão do episódio do mensalão. Todos estávamos revoltados e propondo soluções para o melhor funcionamento da máquina pública e para o resgate da ética entre a classe política.

Num dado momento, o telefone do dono da casa tocou e ele se afastou para atender. Retornando, disse com raiva: "Não dá pra trabalhar com certas pessoas". Naquela noite, ele estava de plantão no hospital, mas chegou lá cedo, visitou alguns pacientes e leu "por cima", os prontuários. Depois foi para casa e deixou como recomendação: "só me liguem em caso de extrema emergência ou se aparecerem pacientes particulares".

Estava aborrecido porque a enfermeira lhe telefonara só porque chegou um sexagenário com suspeita de infarto. Ele "receitou" medicamentos pelo telefone e disse que a enfermeira só devia ligar de novo se acontecesse algo grave.

Para aliviar o clima, perguntei ao amigo que estava sendo homenageado se já havia feito a sua mudança de casa. Ele respondeu que sim e, que isso não tinha lhe custado nada, pois o dono da transportadora lhe havia retribuído "um favor": meses antes, ele tinha "resolvido" uns probleminhas de multas nos seus carros que poderiam lhe custar a habilitação e, até mesmo, a sua empresa!

Aí, a esposa do político liga para uma colega que também fazia mestrado para saber se ela tinha respondido à chamada por ela enquanto ela estava no churrasco, pois ela já estava "pendurada nas faltas" nessa disciplina e não poderia ser reprovada. E, feliz, sorriu com a resposta da colega: dera tudo certo.

Em um outro momento, o anfitrião pergunta ao político como iria ficar o caso de uma certa pessoa. E ele respondeu que tudo estava indo bem, o problema era que na secretaria almejada já havia alguém concursado ocupando o cargo que tal pessoa pleiteava. Mas que ele não se preocupasse, pois estavam estudando uma medida legal (?) para transferir o "dito cujo" de função ou de setor para a vaga "do fulano" ser ocupada por ele. "Ele é um que não pode ficar de fora, pois foi comprometido com a gente até o fim", finalizou.

Em meio a tudo isso, não deixávamos de falar das CPI's, da corrupção dos políticos e da cumplicidade da sociedade que, apática, não movia uma palha para mudar nada.

Chegando em casa fui pensar naquela noite e em tudo o que havia presenciado.


De repente, me lembrei do escritor baiano João Ubaldo Ribeiro, que diz: "nós vivemos num ambiente de lassitude moral que se estende a todas as camadas da sociedade e que esse negócio de dizer que as elites são corruptas mas que o povo é honesto é conversa fiada. Nós somos um povo de comportamento desonesto de maneira geral, ou pelo menos um comportamento pouco recomendável".

O melhor era que eu não precisava fazer qualquer pesquisa para concordar com o escritor. A sua afirmação estava magistralmente retratada no meu comportamento e no comportamento dos meus amigos naquela noite e naquele churrasco que eu havia freqüentado.

Para começar, eu, como professor, roubei o povo ao fingir que estava dando aula. E estou surrupiando (roubando) a sociedade quando marco os tão conhecidos seminários só para não dar aulas, com a mentira disfarçada de que os alunos precisam treinar a arte de expressar bem as suas idéias. Isso pelo fato dessa afirmação não ser verdade, mas parte de uma verdade maior.

É lógico que os alunos precisam treinar a arte de bem expressar as suas idéias, mas só depois de serem conduzidos pelo professor que, por sinal, é pago para fazer isso. A verdade inteira é que, quase sempre por motivos pessoais, o professor acaba transformando o que seria uma, de várias técnicas de ensino, em sua prática regular de ensino e o resultado é uma enorme massa de estudantes "transfigurados", da noite para o dia, em professores dos professores que deviam ensinar, mas não ensinam.

E o que dizer do dono da festa, o médico que estava "tirando plantão" e que, ganhando o seu salário, reclamou de ser incomodado, apenas porque um senhor de idade estava com suspeita de infarto?

Somos tão convictos de que somos bons, que o médico chegou a dizer que, se ao menos o ancião tivesse sido diagnosticado por um profissional, então ele se sentiria na obrigação de ir atendê-lo.

Ele só esqueceu de um detalhe: se o plantonista do hospital que, por sinal era ele, estivesse cumprindo o seu plantão, o senhor de 64 anos de idade, casado, pai de seis filhos, aposentado e que trabalhava desde os doze anos de idade e contribuía com a previdência há trinta, talvez tivesse sido atendido por um profissional e não tivesse sofrido um derrame cerebral.

É interessante vermos, também, o caso da universitária, a defensora dos valores morais. E, aqui eu pergunto: que valores seriam esses? O famoso jeitinho brasileiro que, não custa lembrar, só virou instituição nacional porque nós lhe damos vida com as nossas atitudes!

Acredito que mais uma vez o Brasil passa por uma oportunidade de ouro para rever-se como país e sair crescido e melhorado de toda essa crise.

O grande problema está nas pessoas. Em mim, em você, nas nossas famílias, colegas, amigos e inimigos, parentes e aderentes. Se quisermos realmente uma nação melhor temos que assumir que nós também somos recebedores do mensalão e que, portanto, cada um de nós também é merecedor de sentar nas cadeiras da CPI.

Recebemos o mensalão quando fazemos coisas como as descritas acima, e também quando copiamos ou compramos CD's piratas, quando pagamos propinas ao guarda de trânsito para ele não nos aplicar multa, enfim, todos nós, cada um a seu modo e com o seu preço, também é culpado, pessoalmente, por tudo isso que está acontecendo no nosso país.

É bom não esquecer que nossos políticos não vieram de Marte, mas do nosso meio, corrompidos por nós, corruptos e corruptores. O real motivo para a sociedade assistir apática a toda essa decadência não é apatia, mas cumplicidade.

[Pedro Paulo Rodrigues Cardoso de Melo, Psicólogo Clínico, Psicopedagogo e Professor Universitário de Psicologia e Sociologia]


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Imagem: "Reprodução proibida" (1937), de René Magritte


 

quarta-feira, 30 de agosto de 2006

THE HOWLING




O MELHOR DA LICANTROPIA NO CINEMA - 1

Para ler meu texto sobre o filme clique em "Grito de Horror" (1981), de Joe Dante.

E cuidado com a lua cheia!

“GRITO DE HORROR” (“The Howling”, 1981), de Joe Dante

Rating:★★★
Category:Movies
Genre: Horror
Direção: Joe Dante
Roteiro: John Sayles e Terence H. Winkless, baseado no romance de Gary Brandner
Produção: Michael Finell, Jack Conrad, Daniel H. Blatt, Steven A. Lane / AVCO Embassy Pictures / International Film Investors
Fotografia: John Hora
Montagem: Mark Goldblatt e Joe Dante
Música: Pinno Donaggio
Direção de arte: Robert A. Burns
Efeitos especiais: Roger George
Efeitos especiais de maquiagem: Rob Bottin, Rick Baker
Elenco: Dee Wallace, Patrick Macnee, Dennis Dugan, Belinda Balaski, Christopher Stone, Robert Picardo, Kevin McCarthy, John Carradine, Slim Pickens, Elisabeth Brooks, Don McLeod, Dick Miller, Margie Impert, Kenneth Tobey, John Sayles, Roger Corman, Forrest J. Ackerman


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T.C. Quist: “Se você mata alguma coisa e não come, isso é pecado!”

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Erle Kenton: “Nós devíamos era voltar aos velhos tempos. Criar gado para nos alimentar... isso lá é vida?”
Charlie Barton: “Humanos são o nosso gado!”
Erle Kenton: “Humanos são nossas presas naturais. Nós devíamos nos alimentar deles, como sempre fizemos. Ao diabo com essa besteira de ‘canalizar nossas energias’!”

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Quando se fala em Joe Dante geralmente não ocorre nenhuma lembrança imediata na maioria das pessoas. Porém, com algum esforço, vão se formando imagens na mente: uma enorme piranha saltando do rio para morder o nariz de um pescador; uma repórter se transformando em lobisomem, diante das câmeras de TV; um homem apavorado tirando um coelho monstruoso de uma cartola; um cinema abarrotado de pequenos duendes verdes deliciando-se com “Branca de Neve e os Sete Anões”. Após um saudoso sorriso, vem a dúvida: pelo menos estes dois últimos não são filmes de Steven Spielberg? Não. O ex-menino-prodígio de Hollywood apenas os produziu. Todo o mérito de criação e direção pertence a um dos mais brilhantes cineastas de sua turma: o norte-americano Joe Dante

Cinéfilo de carteirinha, Dante cresceu fascinado por clássicos de terror e ficção científica dos anos 50 como “It Came From Outer Space”, revistas em quadrinhos, desenhos e seriados de TV (entre eles o “Além da Imaginação” de Rod Serling). Na juventude, enquanto cursava a Philadelphia College of Art e sonhava em ser cartunista, ele colaborava com textos para as revistas “Castle of Frankenstein” e “Film Bulletin”. Logo em seguida foi chamado para ser editor da New World Pictures, do mestre do cinema B Roger Corman. Foi um dos protegidos de Corman, tendo se notabilizado na edição dos trailers de grandes filmes europeus como “Amarcord” de Fellini e “Morangos Silvestres” de Bergman, entre outros.

Após um filme em co-direção e sua estréia solo em “Piranha” (o único subproduto de “Tubarão” elogiado com entusiasmo por Spielberg), Joe Dante saiu da New World e recorreu a uma pequena produtora, a AVCO Embassy Pictures, para fazer seu filme seguinte, “Grito de Horror”, uma história de lobisomem nada convencional, com um inventivo roteiro de John Sayles (o mesmo de “Piranha” e de “Alligator” de Lewis Teague), baseado no romance homônimo de Gary Brandner.

A repórter televisiva Karen White (Dee Wallace, a mãe de Elliot em “E.T.”) investiga o paradeiro de um brutal assassino sexual, Eddie Quist (Robert Picardo, figurinha fácil em todos os filmes de Dante e mais conhecido hoje por séries como “Anos Incríveis”, “Star Trek: Voyager” e “Stargate”), que só ataca mulheres em noites de lua cheia. Karen o encontra num peep-show e descobre que Eddie na verdade é um lobisomem. Ela é salva na última hora pela polícia porém o choque a deixa com amnésia parcial. A repórter tira licença da emissora e seu médico, o Dr. George Waggner (Patrick Macnee), a manda para a sua colônia de repouso, enquanto ela tenta se lembrar o que lhe causou tanto pavor. Acontece que em seu livro “O Dom” o Dr. Waggner defende a tese de que todos temos um animal selvagem dentro de nós e que devemos aprender a controlá-lo. Tese que ele tenta transpor na prática em sua colônia afastada da civilização, e que está cheia de... bem, vocês sabem o que.

Trabalhando dentro do universo dos filmes de lobisomem, Joe Dante manipula de todas as formas os mais díspares ícones e elementos deste subgênero do cinema de horror. A começar de uma singularidade: nove dos personagens secundários de “Grito de Horror” levam os nomes de cineastas que realizaram os mais clássicos filmes de lobisomem da história (George Waggner, Erle Kenton, Sam Newfield, Freddie Francis, etc.). O próprio “O Lobisomen” (“The Wolfman”, 1941) da Universal com Lon Chaney Jr. surge numa TV para lembrar que “a pessoa que é mordida por um lobisomem e vive também se torna um lobisomem”, quando o marido da repórter é atacado.

De olho nas origens de sua arte, Joe Dante pendura no consultório do médico de Karen uma reprodução da famosa gravura de Edward Munch, “O Grito”, um dos emblemas do movimento expressionista alemão, um dos principais “pais” do cinema de horror. Ele também coloca figuras simbólicas do gênero em “Grito de Horror” como Forrest J. Ackerman – o editor da mais importante revista americana sobre cinema fantástico dos anos 60 e 70, “Famous Monsters of the Filmland” – folheando um baralho de tarô numa livraria, e o seu mentor-mor, o diretor e produtor Roger Corman, na fila de uma cabine telefônica. Além disso, Dante tem sempre alguns atores na manga que aparecem em quase todos os seus filmes, quer seja em papéis importantes ou como coadjuvantes de luxo, como Dick Miller, Kevin McCarthy, Kenneth Tobey, John Carradine, Slim Pickens, William Schallert, Keenan Wynn, Harry Carey Jr., Keye Luke (a maioria veteranos de clássicos do horror e da ficção científica de décadas anteriores e ídolos do diretor) e Robert Picardo (que já foi lobisomem, alienígena, executivo, lixeiro e contrabandista em seus filmes).

Além de tudo isso, Joe Dante é um dos cineastas modernos que mais faz citações a outros filmes, desenhos e seriados em sua obra, direta ou indiretamente. Aqui ele satiriza o próprio gênero numa das seqüências mais marcantes do filme: enquanto a repórter Terry (Belinda Balaski) é atacada pelo gigantesco lobisomem Eddie Quist, seu marido Chris assiste na TV ao desenho animado “Quem Tem Medo do Lobo Mau”, de Walt Disney. E tudo é mostrado em montagem paralela. Ironia e humor negro pra ninguém botar defeito.

O que há para se lamentar é que “Grito de Horror” foi feito e lançado no mesmo ano que o já célebre “Um Lobisomem Americano em Londres” de John Landis. O filme de Landis abocanhou o Oscar de efeitos especiais pela cena da metamorfose licantrópica (criada por Rick Baker, que também foi consultor de efeitos de maquiagem no filme de Dante) e definitivamente ofuscou “Grito de Horror”, que hoje em dia parece ser apenas conhecido pelos aficcionados do gênero. Uma pena porque ambos são excelentes filmes, cada um à sua maneira (enquanto o filme de Landis mistura comédia e terror na medida certa, o filme de Dante se assume totalmente como um filme de horror, apesar das altas doses de humor negro). E num subgênero tão carente de obras brilhantes, como é o de filmes de lobisomens (ao contrário dos filmes de vampiros, por exemplo), o biscoito fino de Joe Dante merecia muito mais destaque entre o grande público, da mesma forma que o filme de John Landis mereceu. E cá entre nós: o “cachorrão-quase-urso” de “Um Lobisomem Americano em Londres” não chega às patas dos monstruosos lobisomens antropomórficos bípedes, com mais de dois metros de altura – inspirados nas imagens da idade média – de “Grito de Horror”!

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Para ver meu álbum com mais de 180 fotos do filme clique aqui.


segunda-feira, 28 de agosto de 2006

“NO LIMITE DA REALIDADE” (“Twilight Zone – The Movie”, 1983), de John Landis, Steven Spielberg, Joe Dante e George Miller

Rating:★★★
Category:Movies
Genre: Horror
Direção: John Landis, Steven Spielberg, Joe Dante e George Miller
Roteiro: (prólogo e 1º episódio) John Landis, (2º episódio) George Clayton Johnson, Richard Matheson e Josh Rogan, baseado na história “Kick the Can” de George Clayton Johnson, (3º episódio) Richard Matheson, baseado no conto “It's a Good Life” de Jerome Bixby, (4º episódio) Richard Matheson, baseado em seu conto “Nightmare at 20,000 Feet”
Produção: Steven Spielberg, John Landis, Frank Marshall / Warner Bros.
Fotografia: (prólogo e 1º episódio) Stevan Larner, (2º e 4º episódios) Allen Daviau, (3º episódio) John Hora
Montagem: (prólogo e 1º episódio) Malcolm Campbell, (2º episódio) Michael Kahn, (3º episódio) Tina Hirsch, (4º episódio) Howard Smith
Música: Jerry Goldsmith, Creedence Clearwater Revival (“The Midnight Special”)
Direção de Arte: James D. Bissell, Richard Tom Sawyer, James H. Spencer
Elenco: (prólogo) Dan Aykroyd, Albert Brooks, (1º episódio) Vic Morrow, Charles Hallahan, Doug McGrath, Steven Williams, John Larroquette, (2º episódio) Scatman Crothers, Bill Quinn, Martin Garner, Selma Diamond, Helen Shaw, Murray Matheson, Priscilla Pointer, Evan Richards, (3º episódio) Kathleen Quinlan, Jeremy Licht, Kevin McCarthy, William Schallert, Nancy Cartwright, Patricia Barry, Dick Miller, Bill Mumy, (4o episódio) John Lithgow, Abbe Lane, Donna Dixon, John Dennis Johnston, Larry Cedar, Charles Knapp, Christina Nigra.


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narrador (Burgess Meredith): “You're travelling through another dimension. A dimension, not only of sight and sound, but of mind. A journey into a wondrous land whose boundaries are that of imagination. Next stop, the Twilight Zone!”

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carona (no prólogo): “Hey... do you wanna see something really scary?”

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Continuando no terreno do fantástico, temos um anfitrião inusitado nessa jornada. O ator, comediante, compositor, cantor, guitarrista e até mesmo jurado de show de calouros Benjamin ‘Scatman’ Crothers se despe do seu cozinheiro Dick Hallorann em “O Iluminado” para encarnar um bom velhinho cheio de surpresas nessa versão cinematográfica de uma das séries de TV mais aclamadas de todos os tempos: “Além da Imaginação”, criada, escrita, produzida e apresentada por Rod Serling de 1959 a 1964. A série conquistou vários prêmios Emmy de roteiro, virou referência na cultura americana, verbete de dicionário, teve três versões modernas (duas nos anos 80 e uma há poucos anos) e até hoje é uma verdadeira aula para todos aqueles que se propõem a escrever boas histórias em pouco tempo com baixo orçamento.

Levar para a tela grande uma versão de alguns de seus episódios favoritos era um dos maiores sonhos do brilhante Rod Serling – provavelmente o melhor escritor e roteirista que a televisão americana já conheceu. Porém o vício da nicotina o levou em 1975 e o inspirador de toda uma geração de cineastas não pode ver seu sonho realizado. Coube a quatro de seus pupilos realizar o longa-metragem.

O filme abre com um rápido prólogo-homenagem, onde um motorista (Albert Brooks) e um carona (Dan Aykroyd), viajando numa estrada deserta em plena hora do crepúsculo (twilight em inglês), relembram velhas séries de TV, até que algo de inesperado acontece.

O primeiro episódio – o único inédito –, escrito e dirigido por John Landis e estrelado por Vic Morrow conta uma história de crime e castigo sobre um sujeito extremamente preconceituoso que se vê na pele de todos aqueles a quem ele despreza. O roteiro final teve que ser alterado por um terrível acidente ocorrido nas filmagens: durante uma cena um helicóptero caiu sobre Morrow matando o ator e duas crianças vietnamitas que estavam com ele na cena. O processo judicial rolou paralelo ao lançamento do filme e o afetou de forma lúgubre, aumentando as bilheterias pela mórbida curiosidade do público. No final John Landis e os produtores foram absolvidos, porém o fato marcou o filme como uma cicatriz até hoje.

Todos os episódios seguintes foram adaptações de episódios originais da série clássica de Rod Serling. O segundo ficou a cargo de Steven Spielberg, que já tinha trabalhado com Serling em dois episódios de outra série sua, “Galeria do Terror”. Aqui em “Kick the Can” Spielberg deixa aflorar seu lado piegas – mas sempre competente e convincente – numa história sobre um velho (‘Scatman’ Crothers) que através de uma brincadeira de criança devolve a infância e a pureza aos internos de uma casa de repouso para idosos.

No terceiro episódio o diretor Joe Dante fica à vontade para render sua homenagem ao mundo da televisão, que formou grande parte de sua bagagem cultural. Na adaptação do conto de terror “It's a Good Life” de Jerome Bixby, a professora Helen Foley (nome de uma personagem de outro episódio da série clássica, interpretada por Kathleen Quinlan) conhece o pequeno Anthony, que vive com sua família (entre eles Kevin McCarthy e William Schallert, outros veteranos de “Além da Imaginação”) numa casa de desenho animado. Tudo no lugar e no comportamento deles é bizarro, mas aos poucos o espectador descobre o terrível segredo que envolve a história. Destaque para os efeitos especiais, a cenografia e a fotografia (que fazem com que a gente se sinta MESMO dentro de um desenho animado!), para a participação de Nancy Cartwright (a voz de Bart Simpson, raramente atuando) e Bill Mumy na cena do bar (que foi o Anthony do “It’s a Good Life” original e o Will Robinson da série “Perdidos no Espaço”).

O filme encerra com chave de ouro, com a adaptação de “Nightmare at 20,000 Feet”, dirigida pelo australiano George Miller (autor da cinessérie "Mad Max"). John Lithgow, numa soberba interpretação de um sujeito com fobia de aviões, se vê em plena tempestade num vôo noturno, e para piorar as coisas ele – e apenas ele – vê uma criatura na asa do avião tentando destruir uma das turbinas. Tudo neste episódio é ouro: é um dos melhores textos de Richard Matheson, uma das melhores trilhas de Jerry Goldsmith e um show de interpretação de John Lithgow. O episódio original foi estrelado pelo eterno Capitão Kirk William Shatner, dirigido pelo talentoso Richard Donner (“A Profecia”, “Superman – O Filme”, “Os Goonies”, a série “Máquina Mortífera”) num de seus primeiros trabalhos como diretor, e eleito o episódio mais assustador de toda a série clássica.

A voz que ouvimos na abertura é de Burgess Meredith (mais conhecido como o vilão Pingüim do seriado “Batman” e como o treinador de Rocky Balboa nos filmes de Stallone), que atuou em diversos episódios do “Além da Imaginação” original. E a voz que lê o texto de encerramento é a do próprio Rod Serling, pai e mentor da série e do filme, mesmo in memorian.

As únicas coisas que posso dizer sobre “No Limite da Realidade” no âmbito pessoal é que foi a primeira fita VHS selada original que ganhei na vida, assisti ao filme várias vezes no cinema em 1983, até hoje ele me entusiasma muito (até porque “Além da Imaginação” sempre foi a melhor série de TV de todos os tempos na minha opinião) e sempre me intrigou o fato de um tradutor idiota batizar a versão cinematográfica brasileira de uma série clássica, famosa e consagrada como “Além da Imaginação” com um título grotesco como “No Limite da Realidade”. Oito anos após sua morte, Rod Serling deve ter se revirado na tumba – ou dado boas gargalhadas com essa piada de mau-gosto de algum brasileiro energúmeno.


quinta-feira, 17 de agosto de 2006

AFINIDADES


"Existirá algo mais agradável do que ter alguém com quem falar de tudo, como se estivéssemos falando com nós mesmos?"


(Cícero)


(Ilustrações: Bill Watterson)

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

QUEM NÃO FAZ LEVA


"O maior castigo para aqueles que não se interessam por política é que serão governados pelos que se interessam."


(Arnold Toynbee)

domingo, 13 de agosto de 2006

I AM YOUR FATHER


No Dia dos Pais, a maior revelação de paternidade da História do cinema. Há muito, muito tempo atrás, numa galáxia muito distante não era preciso teste de DNA para isso. Usar a Força era mais do que suficiente.


Darth Vader: Obi-Wan never told you what happened to your father?
Luke Skywalker: He told me enough. He told me you killed him!
Darth Vader: No. *I* am your father.
Luke Skywalker: No. No! That's not true! That's impossible!
Darth Vader: Search your feelings! You know it to be true!


Feliz Dia dos Pais a todos!


 

domingo, 6 de agosto de 2006

ETIQUETA - CELULAR


Sim, eu sei, quase a totalidade da população adora, tem ou deseja ter um telefone celular. Eu, por outro lado, tenho tanta vontade de ter um aparelho celular quanto quero perder um dos meus rins ou um pedaço do meu cérebro.


Se algum desavisado quiser me dar um celular de presente eu serei obrigado a recusar educadamente. Quando toca um aparelho desses ao meu lado, o dono não está perto e me pedem para atender, eu me sinto como um cego epilético tentando desarmar uma bomba nuclear. Quando um amigo atende um celular em público e começa a estender a conversa com detalhes pessoais, no meio da multidão em alto e bom som, eu me afasto e faço cara de "não conheço e nunca vi mais gordo". Quando vejo um motorista dirigindo e falando ao celular ao mesmo tempo, desejo secretamente que um poste desgovernado venha em sua direção, não para matá-lo, mas apenas como aviso, para o boçal perceber que não se faz isso. Quando vejo um sujeito atendendo um celular e falando alto, cheio de trejeitos, descaradamente para se mostrar, eu percebo o quanto a Humanidade é patética e merece o mesmo fim dos dinossauros.


Metade dos anúncios na TV são de aparelhos e operadoras de celular - as mesmas das quais todo mundo reclama e processa na justiça. Aliás esses anúncios fazem parecer com que aparelhos celulares sejam tão fundamentais para a vida na Terra quanto a água, a comida ou o oxigênio.


Sim, eu também sei que os celulares são fundamentais para quem tem filhos, para quem trabalha na rua e/ou fica quicando de um lugar pro outro o dia todo ou para quem precisa se comunicar com urgência com amigos, parentes, clientes ou outras pessoas. Reconheço que é uma invenção funcional e bastante prática. Mesmo assim me sinto feliz em não ter um celular e em sempre carregar comigo um cartão telefônico de orelhão. Porém o meu desprezo por esses pequenos sonhos de consumo de mais de 90% da população não vem exatamente ao caso.


A questão é: se você está num cinema ou num teatro, bem acomodado na sua poltrona, na sala escura, curtindo um bom filme ou um espetáculo teatral e o telefone celular de um energúmeno tocar no recinto - ou mesmo o pateta ligar para alguém e falar baixinho, incomodando os que estão à sua volta e faltando com respeito à atração que você pagou pra ver -, será que temos o direito de arrancar o pequeno aparelho irritante das mãos da anta e atirá-lo com força na parede ou em qualquer outra direção??? Ou se fizermos isso o imbecil vai mandar nos prender ou obrigar a pagar por uma maquininha de irritar nova???


P.S.: Por favor, eu sei que você (mais de 90% dos seres humanos, que visitam ou não o meu Multiply) tem um celular, por isso eu te peço encarecidamente para que não leve as minhas questões para o lado pessoal e não me apedreje por isso, ok?


 

quinta-feira, 27 de julho de 2006

POST


Post sem sentido algum.



(Apenas para medir a quantidade de comentários, já que os posts inúteis e sem sentido no Multiply são os que conseguem a maior quantidade de comentários, segundo o Ibope, o Vox Populi, a revista Super Interessante, o Discovery Channel, o fã-clube do Urso Fonzi e a Escala Richter)


(Obrigado por deixarem seus comentários)

segunda-feira, 24 de julho de 2006

THE RUTLES




É claro que ninguém esquece a melhor banda de rock de todos os tempos, mas não custa nada lembrar alguns dos melhores momentos desses quatro rapazes ingleses que mudaram a cara da música pop do século 20: THE RUTLES!!!

De um fundo de garagem em Liverpool até a explosão da Rutlemania em todo o planeta - passando pelos históricos shows no Cavern Club e no programa de TV de Ed Sullivan - The Rutles se tornaram a banda mais conhecida, imitada e respeitada em todo o mundo. O mundo da música passou a se dividir entre antes e depois dos Rutles. Ron Nasty, Dirk McQuickly, Stig O'Hara e Barry Wom compuseram pérolas inesquecíveis como "Please Rut Me", "Rut Me Do", "Hold My Hand", "Blue Suede Schubert", "Twist And Rut", "Can't Buy Me Lunch", "Ticket To Rut", "Got To Get You Into My Rut", "Doubleback Alley", "Nevertheless", "If I Sixty-Nine", "Piggy In The Middle", "Another Day", "The Fool On The Pill", "Lying", "Blue Gay Way", "Your Mother Should Go", "I Am The Waitress", "Hello Get Lost", "W.C. Fields Forever", "Denny Lane", "Abie You're A Rich Man", "All You Need Is Cash", "Cheese And Onions", "Get Up And Go" (todas compostas pela lendária dupla Nasty & McQuickly), "While My Guitarist Gently Sleeps", "Here Comes My Son" (as duas últimas compostas por Stig O'Hara, após suas experiências na Índia), entre muitas outras, que até hoje fazem parte das nossas melhores memórias.

As primeiras tiragens dos LPs dos Rutles ainda valem peso de ouro nos leilões da Sotheby's, mas nenhum amante da música que se preza pode deixar de ter álbuns históricos como Meet The Rutles, With The Rutles, Twist And Rut, A Hard Day's Rut, Rutles For Sale, Ouch!, Rutle Soul, Revolter, Sergeant Rutter's Only Darts Club Band, Tragical History Tour, The Shite Album, Yellow Submarine Sandwich, Shabby Road e Let It Rot na sua coleção.

Abaixo, algumas fotos dos discos, ensaios, shows e reminiscências dessa brilhante banda que ultrapassou os limites da música e se transformou num dos maiores fenômenos culturais do século 20. Eles que sempre serão lembrados como os maiores gênios da música desde Bach, Beethoven, Mozart e Weird Al Yancovicz: THE RUTLES!!!

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P.S.: A nota lamentável é que à sombra da genialidade e do sucesso estrondoso de The Rutles algumas bandas menores e medíocres tentaram ganhar a vida com imitações baratas dos seus álbuns e canções, como por exemplo um tal de The Beatles. Mas essas logo são esquecidas...

:-)P