sábado, 30 de outubro de 2004

Aniversário da WILLIE SCOTT!!! Seis anos de vida felina!!!

Start:     Nov 15, '04
Location:     Aqui na estação espacial e em todo o mundo felino.
Hoje é Dia da Proclamação da República. E além disso é o dia em que a dona WILLIE SCOTT completa seis anos de vida!!! VIVA WILLIE E SEU JEITO RABUGENTO E CARINHOSO DE SER!!! :-))

Anivers�rio da DOT!!! Seis anos de vida felina!!!

Start:     Oct 31, '04
Location:     Aqui na esta��o espacial e em todo o mundo felino.
Hoje � o Dia das Bruxas. E al�m disso � o dia em que a dona DOT WARNER completa seis anos de vida!!! VIVA DOT E SEU JEITO SONSO E CARINHOSO DE SER!!! :-))

"DOUTOR FANTÁSTICO" ("Dr. Strangelove, or How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb", 1964), de Stanley Kubrick

Rating:★★★★★
Category:Movies
Genre: Comedy


Direção: Stanley Kubrick
Roteiro: Terry Southern, Stanley Kubrick, baseado no livro de Peter George
Produção: Stanley Kubrick / Columbia Pictures
Fotografia: Gilbert Taylor
Montagem: Anthony Harvey
Música: Laurie Johnson
Direção de Arte: Peter Murton, Ken Adam
Elenco: Peter Sellers, George C. Scott, Sterling Hayden, Slim Pickens, Keenan Wynn, Peter Bull, James Earl Jones, Tracy Reed


* * * * * * * * * * *

"Fluorização da água é o plano comunista mais monstruoso e perigoso que já tivemos que encarar!"
(General Jack D. Ripper)

...

"Senhores, não podem brigar aqui! Isto é a Sala de Guerra!"
(Presidente Merkin Muffley)


* * * * * * * * * * *

E o brilhante Peter Sellers – assustadoramente convincente como um chinês em “Assassinato por Morte” – me leva a esse clássico do humor negro da era atômica, do mestre Stanley Kubrick. Se você quer saber como seria se o mundo não tivesse passado da Guerra Fria, “Dr. Fantástico” é O filme.

Por acreditar que os comunistas são responsáveis pela fluorização da água (que na cabeça dele é algo terrível!), o General Jack D. Ripper (Sterling Hayden) ordena um ataque nuclear em massa de B-52s sobre a União Soviética. Apavorado, seu assessor direto, o Capitão Mandrake, tenta conseguir os códigos para abortar a missão. Enquanto isso, na sala de guerra do Pentágono, o presidente americano Muffley está reunido com o embaixador russo (Peter Bull), o aloprado General `Buck` Turgidson (George C. Scott) e o brilhante – e bizarro – cientista alemão Dr. Fantástico, tentando achar uma saída para a guerra nuclear iminente. Por fim, todos os B-52 são abortados, menos um. A bordo, o Major T. J. `King` Kong (Slim Pickens) e o Tenente Lothar Zogg (James Earl Jones, a voz de Darth Vader em sua estréia no cinema) estão determinados a bombardear o inimigo...

O genial Peter Sellers vive três papéis – o presidente Merkin Muffley, o Capitão Mandrake e o Dr. Fantástico – e só não fez o Major `King` Kong por motivos de saúde. Isso deu a chance a Slim Pickens de protagonizar uma das cenas mais famosas e devastadoras da História do cinema: o Major `King` Kong "cavalgando" uma bomba-H e agitando o seu chapéu de cowboy. Canção da cena final, enquanto o mundo acaba: "We`ll meet again", de Clarke Ross Parker e Hugh Charles, seguindo o estilo de Kubrick, de terminar seus filmes de forma impactante sempre ao som de uma canção suave.

Uma curiosidade: o filme terminaria com uma gigantesca guerra de tortas na Sala de Guerra. Apesar da cena ter sido filmada (existem algumas fotos de Peter Sellers e George C. Scott cobertos de creme), Kubrick decidiu abortar esse final.

sexta-feira, 29 de outubro de 2004

CERVELLO HANNIBAL ALLA FIORENTINA


Terminei de ler a trilogia de Thomas Harris sobre Hannibal Lecter, o psiquiatra canibal vivido por Sir Anthony Hopkins no cinema. Quase ao fim da leitura do terceiro volume, "Hannibal" - que tem a cidade de Florença, na Itália, como cenário -, descobri um site bastante interessante chamado Hannibal Lecter in Florence, com mapas, fotos dos lugares, praças e palácios onde se passa o livro. Pode-se conhecer melhor através de fotos e informações o Palazzo Capponi (onde o Dr. Lecter "morou"), o Palazzo Vecchio ou a Igreja de Santa Croce, entre outros lugares.

Mesmo que você não tenha gostado do filme de Ridley Scott, vale uma visita a este site. Especialmente para quem curte a base histórica e real de narrativas ficcionais como a de Thomas Harris.

Por enquanto vai apenas este "aperitivo" da foto para abrir o apetite: Cervello Hannibal alla Fiorentina, uma das receitas especiais presentes no site. A porção dá para quatro pessoas e deve ser acompanhado de um bom vinho, como o Chateau d'Yquem, um dos favoritos do doutor... Hehehe!

P.S.: Calma! O ingrediente principal é cérebro BOVINO! ;-P

TRILOGIA HANNIBAL LECTER, de Thomas Harris


Description:
Depois de tr�s anos de leitura intercalada, acabei de ler a trilogia de Thomas Harris sobre "Hannibal, o Canibal". Tr�s livros que foram filmados quatro vezes, "Drag�o Vermelho", "O Sil�ncio dos Inocentes" e "Hannibal", e que merecem ser lidos por quem gosta dos filmes que se inspiraram neles.

� bobagem repetir o consenso geral de que apesar dos filmes serem excelentes a literatura supera o cinema, inclusive aqui. Claro que as obras de Thomas Harris n�o fazem parte da chamada "alta literatura" - e nem pretendem fazer. Por�m v�o al�m dos livros policiais dos imitadores de Agatha Christie, Georges Simenon, Dashiell Hammett ou Raymond Chandler. Os personagens de Harris est�o mais pr�ximos dos de Patricia Highsmith: amorais, geralmente donos de uma �tica pr�pria e bastante sedutores, cada qual � sua forma. "Mocinhos" e "bandidos" se confundem muitas vezes e apesar de haver policiais, psicopatas e pessoas inescrupulosas aos montes, o manique�smo passa longe daqui. Ali�s, bem que eu gostaria de ver um encontro entre Tom Ripley e Hannibal Lecter... ou uma "parceria profissional" entre eles.

Para quem n�o sabe "Drag�o Vermelho" foi o primeiro livro da trilogia a ser adaptado para o cinema, em 1986, com o t�tulo brasileiro de "Ca�ador de Assassinos", dirigido por Michael Mann (o mesmo de "O Informante", "O �ltimo dos Moicanos" e criador da s�rie de TV "Miami Vice") e tendo William Petersen, Tom Noonan, Dennis Farina, Joan Allen e Kim Greist no elenco. Hannibal Lecter foi visto pela primeira vez na pele do �timo ator Brian Cox (vil�o de "X-Men 2" e presente tamb�m em "O Chamado" e "Tr�ia"). Entretanto seria injusto compar�-lo com o encantador e apavorante Dr. Hannibal Lecter constru�do por Sir Anthony Hopkins com perfei��o em 1991 para "O Sil�ncio dos Inocentes", de Jonathan Demme. O filme foi o terceiro dos �nicos tr�s filmes da Hist�ria a conquistar os cinco principais Oscars da Academia: melhor filme, diretor, roteiro, ator e atriz (Jodie Foster), com merecimento. N�o se pode esquecer o Jack Crawford de Scott Glenn, o Dr. Fred Chilton de Anthony Heald e o ensandecido "Buffalo Bill" de Ted Levine. Continua sendo um filme excepcional e perturbador.

Em 2001, Ridley Scott fez uma boa adapta��o da aguardada seq��ncia do segundo livro, "Hannibal", mas ficou muito aqu�m das expectativas e da qualidade do filme de Demme. Julianne Moore como Clarice Starling agrada, mas Jodie Foster faz muita falta. Hopkins est� � vontade com seu j� conhecido dr. canibal, desta vez livre em Floren�a e nos EUA, mas parece que perdeu muito do mist�rio que envolvia o personagem. Giancarlo Giannini e Gary Oldman (sempre surpreendente) est�o perfeitos em seus pap�is, a despeito da qualidade final do filme.

No ano seguinte o mediano diretor de filmes de a��o Brett Ratner conseguiu superar o autor de "Alien", "Blade Runner" e "Gladiador" com sua vers�o para o livro "Drag�o Vermelho", dessa vez com Edward Norton, Ralph Fiennes, Harvey Keitel e Philip Seymour Hoffman nos pap�is principais. Claro que Sir Anthony Hopkins est� de volta e consegue fazer um Hannibal Lector � altura do que fez em 91, ao lado de Jodie Foster. Para quem � f� dos personagens, vale a pena ver as duas vers�es do romance e compar�-las. Ainda acho o Francis Dolarhyde de Tom Noonan MUITO SUPERIOR ao de Ralph Fiennes!

Voltando a Thomas Harris, cada uma das obras � separada da seguinte em quase uma d�cada, por�m as tr�s mant�m uma unidade s�lida, criando um universo pr�prio, contempor�neo e tenso. Alguns personagens est�o presentes em toda a trilogia, enquanto outros transitam por ela em lembran�as e refer�ncias. Enfim, a trilogia Hannibal Lecter � um universo ficcional interessante, bem constru�do, que prende o leitor pela tens�o e t�o saboroso de ler como de ver no cinema... se me permitem a analogia gastron�mica... hehehe!

Ingredients:
- Dr. Hannibal Lecter, psiquiatra renomado, extremamente inteligente e refinado, gastr�nomo, amante das belas artes e uma pessoa muito al�m dos limites da insanidade...
- Agente especial do FBI Clarice Starling, protestante, ex�mia atiradora e policial perspicaz...
- Agente especial do FBI William Graham, dedicado especialista em criminal�stica e em entender a mente dos psicopatas e serial killers...
- Mason Verger, milion�rio, empres�rio do ramo agropecu�rio, s�dico e sobrevivente deformado do Dr. Lecter...
- Francis Dolarhyde, t�cnico em revela��es fotogr�ficas, apreciador de William Blake e especialista em aniquilar fam�lias...
- Jame Gumb, costureiro, transformista e especialista em esfola��es...
- Investigador-chefe Rinaldo Pazzi, chefe da Questura - a pol�cia especial italiana - em Floren�a, determinado, s�rdido e avarento...
- Freddy Lounds, jornalista do tabl�ide National Tattler, inescrupuloso, ganancioso e descuidado...
- Agente especial do FBI Jack Crawford, chefe da se��o de Ci�ncia do Comportamento, inteligente, leal e amigo de Starling e Graham...
- Agente especial do FBI Ardelia Mapp, dedicada policial e melhor amiga de Clarice Starling...
- Molly Foster Graham, apaixonada esposa de Will...
- Reba McClane, cega, especialista em revela��es fotogr�ficas...
- Paul Krendler, sub-secret�rio do Departamento de Justi�a dos EUA, invejoso, inescrupuloso e ambicioso...

Directions:
"Drag�o Vermelho" ("Red Dragon"), 1981, Editora Record, RJ.
"O Sil�ncio dos Inocentes" ("Silence of the Lambs"), 1989, Editora Record, RJ.
"Hannibal" ("Hannibal"), 2000, Editora Record, RJ.

"ASSASSINATO POR MORTE" ("Murder by Death", 1976), de Robert Moore

Rating:★★★★★
Category:Movies
Genre: Comedy
Direção: Robert Moore
Roteiro: Neil Simon
Produção: Raymond Stark / Columbia Pictures
Fotografia: David M. Walsh
Montagem: Margaret Booth, John F. Burnett
Música: Dave Grusin
Direção de Arte: Stephen B. Grimes, Harry R. Kemm
Elenco: Truman Capote, Alec Guinness, Peter Sellers, Elsa Lanchester, Peter Falk, David Niven, James Coco, Eileen Brennam, Nancy Walker, Maggie Smith, James Cromwell, Estelle Winwood, Richard Narita


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"Agora, se um dos cavalheiros presentes for gentil e servir um copo de vinho barato à minha acompanhante aqui, eu preciso achar o banheiro. Às vezes falo tanto que esqueço de mim mesmo."
(Sam Diamond, detetive particular de São Francisco)


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E Neil Simon me remete a essa pérola do humor negro, uma comédia de citações, refinada, inteligente e nonsense, uma típica comédia inglesa feita por americanos, com um dos melhores elencos já reunidos para um filme.

"Assassinato por Morte" reúne os maiores detetives do mundo numa mansão "para um fim de semana e um assassinato", como diz o convite. O rico e louco Lionel Twain (o escritor Truman Capote) recebe em sua mansão cheia de truques os detetives Sidney Wang (Peter Sellers), Sam Diamond (Peter Falk), Dick Charleston (David Niven) Jessica Marbles (Elsa Lanchester) e Milo Perrier (James Coco) - e seus respectivos acompanhantes e assistentes - para que descubram o autor de um assassinato que irá ocorrer exatamente à meia-noite na sala de jantar. Quem pegar o assassino desse crime que ainda irá acontecer ganhará um milhão de dólares e será aclamado como o melhor detetive do mundo. Além deles os únicos na casa são o mordomo cego Jamesir Bensonmum (Alec Guinness) e a cozinheira surda, muda e analfabeta Yetta (Nancy Walker).

A animação da abertura e o cartaz original do filme foram desenhados por Charles Addams, o cartunista criador da "Família Addams", ícone norte-americano do humor negro. "Assassinato por Morte" tem diálogos deliciosos, atuações e caracterizações perfeitas, um monte de surpresas e um final com mais reviravoltas que uma montanha russa! Simplesmente imperdível!

Um dos grandes filmes que antigamente eram exibidos pelas TVs abertas com regularidade e que de uns 15 anos pra cá foram substituídos por dramas de quinta categoria feitos para a TV, comediotas adolescentes, policiais de violência gratuita ou box-offices entulhados de efeitos especiais vazios. Parece que o critério dos programadores atuais é exibir apenas filmes medíocres posteriores a 1990. Mas uma pergunta fica no ar: onde estarão as cópias televisivas de todos esses grandes filmes que fizeram nossa cabeça pela TV nos anos 60, 70 e início dos 80??? Será que nossos cinco grandes detetives seriam capazes de descobrir?

quinta-feira, 28 de outubro de 2004

"A GAROTA DO ADEUS" ("The Goodbye Girl", 1977), de Herbert Ross

Rating:★★★★
Category:Movies
Genre: Comedy
Comecei estas críticas e revisões de cinema com meu filme favorito, "TUBARÃO", de Steven Spielberg. Apesar de comentar os filmes do Festival do Rio e listar os 20 melhores de todos os tempos para mim, a idéia central dessa coluna é seguir o propósito do meu fotolog de cinema, KINO-OZ, aberto no início de 2004 e parado há algum tempo.

É como um jogo, um filme "puxa" outro. Alguém que está no filme do dia - pode ser um ator, uma atriz, o diretor, um técnico - puxa o filme seguinte por ter trabalhado nele. E por aí vai. Vamos só ver onde isso vai parar...
;-)


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Direção: Herbert Ross
Roteiro: Neil Simon
Produção: Raymond Stark / MGM / Warner Bros.
Fotografia: David M. Walsh
Montagem: Margaret Booth, John F. Burnett
Música: Dave Grusin, David Gates
Direção de Arte: Albert Brenner
Elenco: Richard Dreyfuss, Marsha Mason, Quinn Cummings, Paul Benedict, Barbara Rhoades, Nicol Williamson

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Elliot Garfield: "Quer parar de ranger os dentes por dois segundos? O barulho está me deixando nervoso."
Paula McFadden: "Um estranho encharcado de Chicago, com a barba molhada e sapatos sujos, muda para o quarto da minha filha e espera sorrisos?"
Elliot Garfield: "Ah, você é fogo, sabia? Adoro te ouvir! Detesto morar com você, mas sua conversa é de primeira classe!"

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O oceanógrafo Matt Hooper de "Tubarão" - um dos meus principais "role models" na vida - me fez gostar de Richard Dreyfuss como um dos atores mais divertidos e carismáticos que conheço. E ele me remete a "A Garota do Adeus", esta comédia deliciosa escrita por Neil Simon e dirigida por Herbert Ross sobre um ator shakesperiano iniciante cheio de manias, Elliot Garfield (Dreyfuss), que chega do interior para compartilhar um apartamento em Nova Iorque com uma dançarina neurótica que acabou de levar um fora do companheiro, Paula McFadden (Marsha Mason). Ela mora com Lucy, sua filha pré-adolescente que parece mais madura que a própria mãe (Quinn Cummings, que rouba o filme). O improvável casal vai da guerra doméstica até um romance com tudo o que têm direito.

O filme tem diálogos espirituosos e inesquecíveis (como não é de se espantar em se tratando de um texto de Neil Simon) e é uma das mais adoráveis, emocionantes e divertidas histórias de amor que já assisti. "A Garota do Adeus" deu o Oscar de melhor ator a Richard Dreyfuss em 1977.

ACROBACIAS




Estas fotos fazem parte do mesmo ensaio que postei no álbum DE PERNAS PRA CIMA NO RJ. Resolvi colocá-las num álbum separado porque não têm nada a ver com o título do álbum anterior.

Foi um ensaio feito no final dos anos 90, a pedido da minha amiga Helena Varvaky, atriz e professora de acrobacia. Ela estava desenvolvendo todo um trabalho de corpo voltado para atores e postura corporal no palco, e pretendia lançar um livro com seu texto e minhas fotos. Estas fotos. Inclusive a primeira tinha sido pensada para a capa do livro.

Porém ela fez um vídeo antes disso e se deu por satisfeita. As minhas fotos acabaram perdendo o sentido. Mas não - modestamente falando - a beleza. Gosto muito deste ensaio e compartilho as fotos com vocês aqui no Multiply. Espero que gostem.

quarta-feira, 27 de outubro de 2004

FILOSOFIAS


"HAKUNA MATATA" (de "O Rei Leão")
Música de Elton John, letra de Tim Rice.
Interpretado por Nathan Lane, Ernie Sabella, Jason Weaver e Joseph Williams.


Hakuna Matata!
What a wonderful phrase
Hakuna Matata!
Ain't no passing craze

It means no worries
For the rest of your days
It's our problem-free philosophy
Hakuna Matata!

Why, when he was a young warthog...
When I was a young wart-hoooog!
Very nice.
Thanks!
He found his aroma lacked a certain appeal
He could clear the savannah after every meal
I'm a sensitive soul, though I seem thick-skinned
And it hurt that my friends never stood downwind
And oh, the shame
(He was ashamed!)
Thoughta changin' my name
(Oh, what's in a name?)
And I got downhearted
(How did you feel?)
Ev'rytime that I...
Pumba! Not in front of the kids!
Oh... sorry.

Hakuna Matata!
What a wonderful phrase
Hakuna Matata!
Ain't no passing craze
It means no worries
For the rest of your days
(Yeah, sing it, kid!)
It's our problem-free
philosophy...
Hakuna Matata!

It means no worries
For the rest of your days.
It's our problem-free philosophy
Hakuna Matata
[Repeats]




"THE BARE NECESSITIES" (mais conhecido no Brasil como "Somente o Necessário", de "Mogli, o Menino-Lobo")
Música e letra de Terry Gilkyson.
Interpretado por Phil Harris e Bruce Reitherman.


Look for the bare necessities
The simple bare necessities
Forget about your worries and your strife
I mean the bare necessities
Old Mother Nature's recipes
That brings the bare necessities of life

Wherever I wander, wherever I roam
I couldn't be fonder of my big home
The bees are buzzin' in the tree
To make some honey just for me
When you look under the rocks and plants
And take a glance at the fancy ants
Then maybe try a few

The bare necessities of life will come to you
They'll come to you!

Look for the bare necessities
The simple bare necessities
Forget about your worries and your strife
I mean the bare necessities
That's why a bear can rest at ease
With just the bare necessities of life

Now when you pick a pawpaw
Or a prickly pear
And you prick a raw paw
Next time beware
Don't pick the prickly pear by the paw
When you pick a pear
Try to use the claw
But you don't need to use the claw
When you pick a pear of the big pawpaw
Have I given you a clue ?

The bare necessities of life will come to you
They'll come to you!

Oh man, this is really livin'!

So just try and relax, yeah cool it
Fall apart in my backyard
'Cause let me tell you something little britches
If you act like that bee acts, uh uh
You're working too hard

And don't spend your time lookin' around
For something you want that can't be found
When you find out you can live without it
And go along not thinkin' about it
I'll tell you something true

The bare necessities of life will come to you

Look for the bare necessities
The simple bare necessities
Forget about your worries and your strife
I mean the bare necessities
That's why a bear can rest at ease
With just the bare necessities of life
Yeah!
With just the bare necessities of life
Yeah, man!

segunda-feira, 25 de outubro de 2004

DILEMA SOBRE O RANCOR


Mudar é sempre difícil. Principalmente quando se pensa, se sente de um jeito, a vida toda. Todos nós temos defeitos e características. A diferença é que os defeitos podem – e devem – ser mudados, "consertados", e as características são inerentes à nossa personalidade. São parte da nossa natureza, de como realmente somos.

Só que existem características que nos fazem mal, muito mal. Como guardar mágoa e rancor de alguém, por exemplo. São sentimentos terrivelmente negativos, apesar de instintivos. Mesmo assim, nos atrapalham e precisam ser mudados. Mas como já disse antes, é muito difícil mudar. É uma reeducação. Quase como emagrecer, engordar ou desenvolver a musculatura. É uma jornada pessoal, geralmente digna dos trabalhos de Hércules.

Quando alguém que você gosta, confia e tem como amigo te trai, te apunhala ou te diz coisas que jamais se deveriam dizer ao pior inimigo – ou se omite quando deveria dizer algo – é quase impossível não sentir raiva, ódio, rancor, mágoa. Mas sentir tudo isso mesmo após meses, anos, décadas, da mesma pessoa que te magoou, é bastante complicado. E só faz mal a nós mesmos.

Sobre esse assunto, algumas frases célebres e ditos populares me vêm à mente, ajudando a pavimentar o caminho da mudança...


* * * * * * * * * *

"Somos aquilo que fazemos repetidamente."
(Aristóteles)

“A amizade não se busca, não se sonha; ela exerce-se."
(Simone Weil)

“Se soubéssemos quantas e quantas vezes as nossas palavras são mal interpretadas, haveria muito mais silêncio neste mundo.”
(Oscar Wilde)

"A vingança é um prato que se come frio."
(velho ditado Klingon)

"O fundo de uma agulha é bastante espaçoso para dois enamorados; mas o mundo todo é pequeno para dois inimigos."
(Solomon Ibn Gabirol)

"Qualquer um pode zangar-se, isso é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa – não é facil."
(Aristótoles)

"Não levante a espada sobre a cabeça de quem te pediu perdão."
(Machado de Assis)

"Ainda pior que a convicção do não, é a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase! É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi."
(Luiz Fernando Veríssimo)

"Para lidar consigo mesmo, use a cabeça; para lidar com os outros use o coração."
(Karl Rahner)

"A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos."
(Norman Cuisins)

"O inimigo mais perigoso que você poderá encontrar será sempre você mesmo."
(Nietzsche)

"Perdoe seus inimigos, mas não esqueça seus nomes."
(John Kennedy)

"Mantenha seus amigos perto; e seus inimigos mais perto ainda."
(Don Vito Corleone)

"Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja sujo por completo."
(Mahatma Gandhi)

"Um homem que comete um erro e não o corrige está cometendo um outro erro."
(Confúcio)

"Nós geralmente descobrimos o que fazer percebendo aquilo que não devemos fazer. E provavelmente aquele que nunca cometeu um erro nunca fez uma descoberta."
(Franz Kafka)

"Desaprenda o que você aprendeu."
(Mestre Yoda)

"Você é cem por cento responsável pela sua própria felicidade. Os outros não são responsáveis por ela. Seus pais não o são. A sua esposa também não o é. Você está sozinho. Então, se você não é feliz, só você pode mudar esta situação. Este 'conserto' não depende de mais ninguém."
(Gerald D. Bell)

"A mente que se abre a uma nova idéia jamais volta ao seu tamanho original."
(Albert Einstein)

"Guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra."
(William Shakespeare)

"Quem guarda rancor é o Jabba, o Hutt"
(velho ditado de Tatooine)

"O importante é não parar nunca de questionar."
(Albert Einstein)


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Bem, conclusões não tenho. Os caminhos são vários. E a mudança é necessária. E tremendamente difícil.


EU FUI! (Era Mesozóica)


ROCK IN RIO, de 11 a 20 de janeiro de 1985. O primeiro e inesquecível!

Fui no domingo, dia 20, ver e ouvir Yes e B-52’s, e no mesmo pacote veio junto Nina Hagen, Blitz, Gilberto Gil e Barão Vermelho. Os nacionais eu continuo gostando, mas Nina Hagen era estrOnha demais! Até hoje me arrependo de não ter ido mais dois dias. Bem, pelo menos posso dizer com orgulho que estive lá. E saí coberto de lama. :-P

E guardei meu ingresso até hoje, como pode ser visto ao lado, frente e verso.

Pra quem não lembra, o ROCK IN RIO foi patrocinado pela cerveja Malt 90, apelidada na época de "Malt Nojenta". Descanse em paz. Hehehe!

* * * * *

HINO DO ROCK IN RIO
(Eduardo Souto Neto e Nelson Wellington)

Todos numa direção
Uma só voz
Numa canção
Todos num só coração
Um céu de estrelas
Se a vida começasse agora
Se o mundo fosse nosso outra vez
Se a gente não parasse mais
De cantar
De sonhar
Se a vida começasse agora
Se o mundo fosse nosso de vez
Se a gente não parasse mais
De se amar
De se dar
De viver
OOOO
OOOO
Rock in Rio
OOOO

EU FUI! (Era Paleozóica)


No dia 15 de outubro de 1978, o metrô do Rio de Janeiro abriu ao público com uma viagem experimental entre as estações da Cinelândia e Glória. E eu estava lá. É engraçado pensar que o metrô carioca já tem mais de 25 anos... e eu vivi mais de uma década sem metrô, alguns anos convivendo com o inferno e a dor de cabeça que foi a buraqueira gigantesca que as obras do metrô fizeram na cidade. Mas agora isso é passado. As dores de cabeça atuais são por outros motivos...

Enfim, achei esse bilhete perdido em meus alfarrábios, plastificado para a posteridade e transformado em chaveiro. Desfiz a traquitana pra escanear pra vocês e ativar os neurônios da memória...

"Próxima estação: Glória. Estação terminal. Todos os passageiros devem desembarcar. Desembarque pelo lado direito."

E boa viagem! ;-D

VOCÊ JÁ FOI À BAHIA?


INDIANA JONES (depois da feijoada) VISITA A CHAPADA DIAMANTINA.

Se bem me lembro foi em novembro de 1997 que fui chamado para dar uma semana de aulas em Ilhéus - que como todos sabem é uma cidade fictícia criada por Jorge Amado no seu romance "Gabriela, Cravo e Canela".

E foi extraordinário visitar essa cidade fictícia, almoçar no Bar Vesúvio do Seu Nacib e de Gabriela, ficar hospedado num hotel todo de madeira construído na areia da praia, visitar as ruínas do Bataclan, o célebre puteiro de Maria Machadão, conhecer Itabuna, trabalhar na faculdade de Ilhéus-Itabuna e tomar sorvete de pitanga e beber suco de cacau todo santo dia! Ouvia direto a trilha da novela e vários CDs de Luiz Gonzaga, e tirei muitas fotos (eu não tinha nenhum CD do Caymmi na época).

Mas o melhor foi depois que o trabalho acabou, e fui a Salvador e a Lençóis conhecer o que eu mais queria da Bahia. Fiquei poucos dias mas foi o suficiente para me apaixonar por essa terra fantástica: Pelourinho, Elevador Lacerda, cidade alta, cidade baixa, Farol da Barra... o casario antigo de Lençóis, a região dos morros, o Morro do Pai Inácio, que subi sozinho e onde tirei essa foto no automático, o Poço Encantado, que desci ouvindo a faixa "The Map Room: Dawn" de John Williams, da trilha de "Os Caçadores da Arca Perdida", me sentindo o próprio Dr. Jones...

Saudades da Bahia! Preciso voltar lá. Até para encontrar a cidade perdida do documento 512 da Biblioteca Nacional, achada em 1838 e desaparecida desde então.. ;-)

SUPERTRAMP - PARIS


Description:
"My life is full of romance..."
(Supertramp, in "From Now On")


Conheci minha segunda banda de rock favorita em 1980, quando a Marilda - prima do meu amigo de infância Fernando - voltou dos EUA com a fita cassete "Paris" e me emprestou. Ao lado da minha obsessão em estudar tubarões brancos quando cursasse a faculdade de biologia marinha, a Marilda foi a razão da minha existência dos meus 12 aos 17 anos. Mas depois eu falo disso. (Ou não).

Voltando ao Supertramp, fiquei surpreso com o tipo de pop-rock que eles faziam e me identifiquei com aquela música leve, divertida e melodiosa. Passei a comprar todos os discos do grupo e não demorou a virar uma paixão. Algumas canções são A CARA desse período, final dos anos 70 e início dos 80, como "The Logical Song", "Breakfast in America", "Dreamer" e "Take the Long Way Home". Todas elas me dão uma sensação muito boa, uma mistura de alegria desmedida e melancolia suave. Algo que poderia se traduzir como um pôr-do-sol numa praia linda e deserta num domingo à tarde.

Minhas músicas favoritas do álbum e do Supertramp até hoje são "School", "Hide in Your Shell" e "From Now On". Não me canso de ouvi-las!


Ingredients:
1. School
2. Ain`t Nobody But Me
3. The Logical Song
4. Bloody Well Right
5. Breakfast in America
6. You Started Laughing
7. Hide in Your Shell
8. From Now On

9. Dreamer
10. Rudy
11. A Soapbox Opera
12. Asylum
13. Take the Long Way Home
14. Fool`s Overture
15. Two of Us
16. Crime of the Century

Directions:
A&M Records, Polygram, 1980.

domingo, 24 de outubro de 2004

SMOKE




EU E O PARTAGÁS ALUCINÓGENO
(Fotos de Tita Nigri)

Quando meus amigos Marcelo e Tita tiveram seu primeiro filho, Théo em meados dos anos 90 (desculpem, não lembro o ano, acho que foi em 1994), fui um dia à casa deles ver o bebê pela manhã. A Tita me recebeu e disse que tinha sobrado uns charutos cubanos da caixa que o Marcelo comprou para comemorar o nascimento do primogênito. Vi logo que eram Partagás corona, uma excelente marca de "puros". Ela me deu um charuto e eu resolvi fumá-lo na mesma hora. A Tita gostou da fumaça rolando pelo meu rosto e decidiu fazer essas fotos. O azul do fundo é a parede do quarto dela, e não de um estúdio como possa parecer. Fora as fotos que a Adriane tirou de mim quando namorávamos, considero essas as melhores fotos minhas. O único problema foi que o energúmeno aqui fumou este bom puro em jejum.

Tamanha insensatez me trouxe sérias conseqüências. Primeiro eu entrei no Mundo Maravilhoso da Gravidade Zero. Flutuei entre almofadões, brinquedos de recém-nascido, bichos de pelúcia, CDs e livros, fiquei flutuando no teto sem conseguir descer, dei várias cambalhotas no ar, me sentindo o astronauta da avenida Rui Barbosa. Tudo no quarto flutuava ao meu redor também, puro "Lucy in the Sky With Diamonds"! Saí pela janela, pairei sobre o Aterro do Flamengo, vi o prédio deles da altura do apartamento, voei por sobre as árvores, voltei pela janela, continuei flutuando dentro do quarto... Foi uma das sensações mais incríveis que já senti na vida, acordado!

Só que o preço dessa trip de tabaco cubano foi que cerca de uma hora após estas fotos terem sido feitas eu estava de joelhos diante da privada vomitando o jantar do dia anterior e um almoço que comi em 1973... :-P

Crianças, não repitam isso em casa! Charutos em jejum de novo, já dizia o corvo: NUNCA MAIS!

P.S.: Eu abomino cigarros como um talibã abomina a cultura ocidental judaico-cristã Nunca fumei um cigarro na vida e detesto a verdadeira INHACA exalada por eles. E não tolero fumantes perto de mim, especialmente quando estou comendo. Mas fumo charutos há nove anos e meio. E adoro! Como diria Billy Wilder, "ninguém é perfeito"... :-)

sexta-feira, 22 de outubro de 2004

OZ & THE PUSSYCATS




DOT WARNER & WILLIE SCOTT, UMA DUPLA DO BARULHO

Estas duas senhoritas espevitadas são as donas da minha casa. A moça de pelagem negra se chama Dot Warner, mais conhecida como Dot, e é uma mistura de persa com siamês. A "garota dourada", que é uma mistura de persa com pêlo curto brasileiro (vulgo gato vira-lata ou gato de telhado) se chama Willie Scott, já foi Marion Ravenwood, mas pode chamar as duas do que quiser - Abelardo, Barbapapa, mitocôndria ou giroscópio, tanto faz - que elas não respondem mesmo. Dot usa um ankh egípcio (símbolo da vida) na coleira preta e Willie usava uma pedra imitando um diamante na coleira vermelha, que já tratou de arrancar fora, com coleira e tudo.

Nascidas em fins de 1998 - Dot no Dia das Bruxas e Willie no aniversário da Proclamação da República - estas garotas invadiram meu domínio em fevereiro de 1999, e se instalaram sem problemas aqui, na minha estação espacial em órbita da Terra. Dot é elétrica, sonsa e muito bem-humorada, parece uma cruza de Papaléguas com dodô, é anti-social porém extremamente carinhosa. Já Willie é sociável e adora visitas, mas é cheia de manhas e manias, podendo reclamar de um carinho torto e unhar algum incauto visitante. Além disso chora e reclama de tudo que não está ao seu gosto, ao contrário de Dot, que nunca reclama, e que adora dar o bote e pregar peças na irmã de criação. Resumindo, Dot é "descolada" e Willie é uma "patricinha".

Há pouco mais de dois anos, as duas estão tentando me adestrar corretamente para limpar as caixas de areia diariamente, limpar a área de serviço, repor a comida e a água delas, e estão quase conseguindo. Mas sabe como é a espécie humana: teimosa e não gosta que lhe imponham regras. Em troca, elas se empenham em caçar os gremlins que infestam a casa e que cismam em esconder minhas coisas.

E essas meninas já estão fazendo seis anos de vida! São duas balzaquianas, quem diria!

Assim nós três vamos levando a vida aqui, flutuando na órbita da Terra, e tentando aprender um pouco uns com os outros.

LOUIS ARMSTRONG MEETS OSCAR PETERSON


Description:
Para quem ama o bom e velho Louis e adora o piano de Oscar Peterson, ou curte apenas um jazz suave, romântico e melodioso, este disco é o maná dos deuses. Lançado originalmente em 1957 e relançado em 1981, ele só chegou ao CD em 1997, com quatro faixas extras. O disco faz parte da série Verve Master Edition e foi todo remasterizado digitalmente. O time de primeiríssima é formado por Louis Armstrong (vocais e trompete), Oscar Peterson (piano), Herb Ellis (guitarra), Ray Brown (baixo) e Louie Bellson (bateria).

Louis Armstrong praticamente inventou o jazz vocal e quem o conhece apenas de gravações como "What a Wonderful World" ou "Hello Dolly" não imagina que ele foi o cantor que mais influenciou a música americana do século 20. Numa idéia de mestre, o produtor Norman Granz colocou Armstrong num estúdio com o trio de Oscar Peterson (um grande virtuose do piano jazzístico dos anos 50 em diante) e deixou o pioneiro do jazz à vontade. Finalmente, após duas décadas de gravações "padronizadas" para o produtor Milt Gabler na Decca Records, Louis pode exercitar tranquilamente seus graves como um instrumento de precisão em suaves canções românticas, além de seu ritmo mais-que-perfeito.

Aqui, na Verve em 1957, Satchmo exibe numa performance solo o que já tinha mostrado em seus duetos com Ella Fitzgerald. Ele é o trovador moderno, dono de variações vocais sutis e delicadas, e ao mesmo tempo uma potência de voz impressionante, e demonstra bem isso em peças melodiosas como "I'll Never Be the Same", "Moon Song" ou "You Go to My Head".

Este é o disco perfeito para relaxar num papo com os amigos, fumando um bom charuto ou bebendo um bom vinho.


Ingredients:
1. THAT OLD FEELING (Brown / Fain) - 2:42
2. LET'S FALL IN LOVE (Arlen / Koehler) - 3:14
3. I'LL NEVER BE THE SAME (Malneck / Signorelli / Kahn) - 3:29
4. BLUES IN THE NIGHT (Arlen / Mercer) - 5:10
5. HOW LONG HAS THIS BEEN GOING ON (George & Ira Gershwin) - 5:56
6. I WAS DOING ALL RIGHT (George & Ira Gershwin) - 3:20
7. WHAT'S NEW (Haggart / Burke) - 2:40
8. MOON SONG (Johnston / Coslow) - 4:31
9. JUST ONE OF THOSE THINGS (Cole Porter) - 4:02
10. THERE'S NO YOU (Durgon / Adair / Hopper) - 2:14
11. YOU GO TO MY HEAD (Coots / Gillespie) - 6:24
12. SWEET LORRAINE (Burnwell / Parish) - 5:11
faixas bônus do CD
13. I GET A KICK OUT OF YOU (Cole Porter) - 4:16
14. MAKIN' WHOOPIE (Eric Johnson) - 3:55
15. WILLOW WEEP FOR ME (Ann Ronell) - 4:16
16. LET'S DO IT (LET'S FALL IN LOVE) (Cole Porter) - 8:42


Louis Armstrong...................................vocais e trompete
Oscar Peterson....................................piano
Herb Ellis.............................................guitarra
Ray Brown...........................................baixo
Louie Bellson.......................................bateria


Directions:
Selo Verve, 1997 em CD. Importado.

quinta-feira, 21 de outubro de 2004

AUTOBIOGRAFIA EXTRACURRICULAR


"Experiência não é o que acontece com um homem; é o que um homem faz com o que lhe acontece."
(Aldous Huxley)


Quando fazemos um currículo, colocamos nossa formação acadêmica, nossa experiência profissional e outros dados que giram em torno disso. Porém existem fatos e acontecimentos na nossa história pessoal que não caberiam num currículo tradicional mas que dizem muito sobre nós. Nossas habilidades específicas, gostos, pensamentos, ousadias, loucuras e absurdos. Feitos que vão desde o heróico ao patético, do genial ao apopléctico. E como bem diz o autor do “Admirável Mundo Novo”, as conclusões, reflexões e conseqüências dos nossos atos somam mais algumas facetas à nossa personalidade, à nossa bagagem emocional e à nossa biografia pessoal. E inspirado numa lista que uma querida amiga minha (apesar de nossos desentendimentos, um dos melhores seres humanos que conheço) fez há alguns anos, listo aqui 50 coisas que eu já fiz nesses 39 anos de vida. Talvez algo aqui explique porque sou como sou...

EU JÁ...

1. Subi o Morro do Pai Inácio, na Chapada Diamantina, sozinho.
2. Voei de bimotor até Búzios para fazer um mergulho de aqualung a 30 metros.
3. Toquei uma boiada entre os igarapés do rio Tocantins.
4. Fiquei pendurado na porta traseira de um avião Hércules em pleno vôo, amarrado pela cintura por um cabo de aço.
5. Visitei um dos poços da lendária Boiúna da Amazônia.
6. Cantei o oratório “O Messias” de Haendel na Sala Cecília Meirelles.
7. Dei uma aula de ficção científica na UFF totalmente vestido de Darth Vader.
8. Subi o morro do Corcovado até o Cristo Redentor a pé.
9. Visitei a hidrelétrica de Itaipú antes da inauguração.
10. Tirei foto ao lado do Capitão Aza, da Sônia Braga, do Anthony Perkins e do James Stewart.



11. Atravessei uma piscina de 25 metros por baixo d’água, várias vezes.
12. Andei num trator por uma estrada de terra com mais de 10 pessoas.
13. Fui um dos roteiristas de um seriado de TV de sucesso internacional.
14. Bati papo com Jerry Robinson, o criador do Coringa, e ganhei um desenho exclusivo dele.
15. Dormi numa praia deserta à beira de um afluente do rio Tocantins, em plena Floresta Amazônica.
16. Trabalhei num filme com o mitológico Wilson Grey.
17. Atravessei a Avenida Paulista de madrugada cantando na chuva.
18. Comi sushi, sashimi, calda de chocolate e pêssegos em calda no corpo nu de uma bela mulher.
19. Desci o Poço Encantado, na Chapada Diamantina, vestido de Indiana Jones.
20. Fui no programa do Capitão Furacão, na Rede Globo, e sentei no colo da Elisângela.
21. Transei dentro de um armário no saguão de um hotel de luxo na festa de encerramento de um grande evento internacional.
22. Interpretei um robô num filme policial de ficção científica e um terrorista assassino na sátira de um cinejornal.
23. Andei pelos trilhos do metrô do Rio de Janeiro nos anos 70.
24. Fiz duas palestras no CCBB sobre criação de mundos.
25. Conversei com Roger Corman no banco de trás de uma limusine.
26. Dirigi uma peça de Ziraldo com a presença do próprio na estréia, na adolescência.
27. Namorei uma menina na cabine de uma lancha de luxo numa exposição náutica.
28. Subi a Pedra da Gávea num dia nublado.
29. Deixei Rogério Sganzerla e Franco Zeffirelli indignados com coisas que eu falei.
30. Ganhei um CD com a trilha sonora de um filme que adoro e que não foi lançada no mercado.
31. Pesquei piranha com vara de pescar e anzol num igarapé no Pará.
32. Comi um prato de feijão com arroz em menos de 60 segundos.
33. Sobrevoei o Corcovado e a Lagoa Rodrigo de Freitas de helicóptero.
34. Pilotei um barco a motor subindo o rio Tocantins.
35. Fiz embaixadinha com um baiacu a uma profundidade de 20 metros nas ilhas Cagarras.
36. Assisti “Pink Floyd - The Wall” 29 vezes, quase todas na mesma semana e no mesmo cinema, e cantando em todas as vezes do início ao fim do filme.
37. Rolei uma escadaria de uns 10 metros quando tinha cinco anos de idade.
38. Ganhei um concurso de fantasias vestido de George Lucas.



39. Furei a cabeça pelo menos três vezes: com uma pedrada, com um revólver de brinquedo e com um refletor de luz de 1000 watts.
40. Fiz uma foto “aérea” do Catumbi quando trabalhava no jornal “O Globo” que deixou vários fotógrafos de prestígio intrigados, sem saber de onde foi tirada.
41. Fui “dirigido” por Alfred Hitchcock, pois assisti “Psicose” pela primeira vez no cinema sem saber nada da história, e Hitch afirmou que em “Psicose” ele não dirigiu os atores, e sim a platéia.
42. Conversei com um mestre jedi, Mace Windu (Samuel L. Jackson).
43. Nadei 100 metros crown a um segundo a menos do recorde brasileiro da minha categoria.
44. Montei uma maquete em madeira de um cenário de cinema para uma exposição.
45. Assisti “Laranja Mecânica” 29 vezes no cinema, com e sem as infames bolinhas pretas.
46. Fiz o book de fotos de uma talentosa e famosa atriz de cinema, teatro e televisão.
47. Fui entrevistado por jornais, revistas e programas de TV, entre eles o “Cabeça Feita”, apresentado pelo Bussunda na TVE nos anos 80.
48. Bebi uma garrafa inteira de gim numa tarde.
49. Assisti e fotografei dois dias de gravação do segundo ano do “TV Pirata”.
50. Trabalhei em quase todos os festivais de cinema no Rio de Janeiro desde 1984.

terça-feira, 19 de outubro de 2004

ESPERANDO GODOT




Em 1991 eu e Denise Fraga tivemos nossa última parceria profissional, quando fiz as fotos de cena para a divulgação da peça ESPERANDO GODOT, de Samuel Beckett, estrelada por ela e pelo saudoso Rogério Cardoso, com direção de Moacir Chaves, encenada no Teatro Ipanema no RJ e no Teatro Jardel Filho em SP, sempre às terças e quartas.

Apesar de ser de cinema, confesso que nunca fui muito ligado em teatro, e creio que participei mais de peças como fotógrafo do que fui ao teatro como espectador. Porém se existe um dramaturgo que me entusiasma e me comove profundamente, este é Samuel Beckett. E dentre todos os trabalhos que conheço dele, ESPERANDO GODOT é a peça que mais adoro. Na minha opinião a história de Estragon (Rogério) e Vladimir (Denise) à espera de um certo Godot numa beira de estrada, ao lado de uma árvore, é uma das maiores expressões do talento artístico já feitas pelo Homem, sem exagero. É o equilíbrio perfeito entre a tragédia e a comédia, numa farsa desesperada que fala sobre a condição do ser humano diante dos absurdos incontroláveis do mundo e da vida.

Na peça dividi o trabalho de still com minha querida amiga - e então namorada - Adriane Carmello, porém as fotos neste álbum são apenas minhas. Completam o elenco Thomas Bakk como o senhor Pozzo (depois substituído por Jairo Mattos), Rogério Freitas como o criado Lucky e Charlton Oliveira como o menino. Nossa apresentação de ESPERANDO GODOT teve tradução de Flávio Rangel, revisão de dramaturgia de Tânia Brandão, cenografia e figurinos de Doris Rollemberg, iluminação de Aurélio de Simoni, assistência de direção de Renato Lemos e direção de produção de Rossine A. Freitas.

Para quem não conhece a peça, achei um texto num site de teatro (http://www.consortesbc.hpg.ig.com.br/godot.html) que define bem o que é ESPERANDO GODOT, de Samuel Beckett:

"Duas personagens miseráveis esperam... enquanto isso não percebem, não reagem, nem se se importam com a realidade à sua volta - Vladimir e Estragon -, esperam um certo Godot, com quem teriam marcado um encontro, num lugar e horário indefinidos. É uma espera penosa, interrompida pela chegada de duas também estranhas criaturas, o tirânico Pozzo e o serviçal Lucky, que depois, à segunda entrada, estão diferentes, numa curiosa inversão de papéis, além de um mensageiro, anunciando uma vez mais que Godot não virá. E tudo pode recomeça, pois se trata de uma peça de estrutura em espiral, onde estão ausentes os momentos tradicionais do desenvolvimento dramático, com a devida progressão em direção à crise e ao desenlace.

"Nesta originalíssima peça, mescla do cômico com o trágico, pois os dois clowns que esperam em vão, algo ou alguém que atenda às suas necessidades e aspirações – são o homem –, enquanto esperam, entregam-se a divertidos diálogos para preencher o vazio, dando-se assim a impressão de que existem.

"Aparentemente ingênua, é, no entanto, uma tragédia farsesca que ilustra a angústia do homem num mundo absurdo, ilógico, sem sentido – mundo para o qual ele veio e de onde partirá, sem saber o porquê. É o absurdo da existência humana, preocupação de não raros autores, mas de maneira tradicional e jamais com o vigor e a engenhosidade de Beckett, autor da cultura, inteligência e sensibilidade excepcionais."

UMA MULHER EM FOGO




Minha querida amiga Andréia, em seu último aniversário. Nos conhecemos num curso de fotografia do Senac, a long time ago. Ela é uma pessoa incrível, doce, inteligente, divertida, sensível, batalhadora, determinada, além de ser uma mulher muito charmosa e sensual. Sua beleza é diferente, fora dos padrões usuais, e por isso especial. Dona de um sorriso lindo (que infelizmente não aparece nesse ensaio) Andréia sempre me lembrou fisicamente a Débora Bloch, porém "com um tempero a mais", por assim dizer. Ao longo dos nossos anos de amizade já fiz vários ensaios fotográficos dela. Andréia pode ter feito curso para tirar fotos, mas não tenho dúvidas de que a câmera prefere ela diante das lentes, e não atrás do visor.

Dançando à vontade, feliz e cercada de amigos ela fica mais solta ainda, perfeita, à mercê do meu voyerismo fotográfico. Foi a última vez em que nos vimos, esse ano ainda. Saudades da Andréia...

segunda-feira, 18 de outubro de 2004

ESPÉCIES EXTINTAS


"Esse Rio de Janeiro! O homem passou em frente ao Cinema Rian, na Avenida Atlântica, e não viu o Cinema Rian. Em seu lugar havia um canteiro de obras. Na avenida Copacabana, Posto 6, passou pelo Cinema Caruso. Não havia Caruso. Havia um negro buraco, à espera do canteiro de obras. Aí alguém lhe disse: 'O banco comprou.' (...)"

(Carlos Drummond de Andrade, na crônica "Os Cinemas Estão Acabando")



* * *

Uma das coisas que mais me dói ao andar pela minha cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro é constatar a extinção dos grandes cinemas de rua. Tudo bem, sei que sou nostálgico, me assumo como tal, sei que há prós e contras quanto à nostalgia, mas tenho saudades do Rio da minha infância e adolescência sim, qual o problema?

A tal da globalização neo-liberal já devastou muita coisa nesse mundo, entre elas as grandes salas de cinema de rua, e deu boas-vindas aos nefastos conglomerados ianques como Cinemark e UCI, entocados nos shopping centers. São salas confortáveis, com apoio pro refrigerante, boa projeção e som digital, mas e daí? O que perdemos com isso? Trocou-se o sagrado ritual de ir ao cinema (ao menos para mim) por "fazer uma horinha" entre uma compra e outra nos movimentados shoppings da cidade. Em vez de comprar um ingresso e poder assistir ao filme quantas sessões desse na veneta - direito inalienável até há alguns anos atrás -, os cineminhas de shopping expulsam você "delicadamente" no fim da sessão. É o mesmo espírito do fast food: o fast movie, de alta rotatividade e a "filosofia" do tô-pouco-ligando-pra-se-você-gosta-de-cinema. Magia do cinema? O que é isso mesmo?

Tenho muitas saudades dos cinemas da minha infância. Lembro bem do CINE AZTECA (foto da direita, colorida), na rua do Catete, 228, onde hoje funciona o Centro Comercial do Catete. Foi nesse verdadeiro templo que assisti à maioria dos filmes de Walt Disney. Aí e no saudoso cine Vitória, na rua Senador Dantas, no Centro do Rio, que hoje virou estacionamento. Dá para acreditar que esse prédio sensacional da foto, que imitava um templo asteca estilizado, com 1780 lugares, foi posto abaixo para a construção de um centro comercial fuleiro? Pois é. É o tal do "progresso".

Tenho muito orgulho de ter visto "Guerra nas Estrelas", "King Kong" (76) e "Um Passe de Mágica" no grande São Luiz, no Largo do Machado, quando era um cinema só, gigantesco, com vários andares de galerias e um lustre descomunal pendendo do teto. Saboreei "Contatos Imediatos do Terceiro Grau", "Um Convidado Bem Trapalhão" e "1941" no Pathé, na Cinelândia, segunda sala de cinema do país e hoje lamentavelmente transformado em Igreja Universal. Mergulhei em "20.000 Léguas Submarinas" no cine Império, também na Cinelândia, e do qual hoje não sobrou nenhum resquício, virou um prédio comercial com janelas de vidro fumê.

Viajei com "Blade Runner" no CINE RIAN (foto embaixo à esquerda), de frente para a Praia de Copacabana, com cerca de 1000 lugares, que em 1983 deu lugar a um hotel. Me assombrei com "O Iluminado" no cine Ópera, na Praia de Botafogo, que virou loja da Casa & Vídeo. Delirei com "Pink Floyd - The Wall", "Janela Indiscreta" e "Paris, Texas" no cine Veneza, fechado até hoje e prometido para ser reaberto como centro cultural. Mas cadê patrocínio? E cadê aquele mega-cinema que abriu o FestRio 1984?

Porém o cinema do qual mais sinto falta é o extraodinário METRO BOAVISTA (foto em cima à esquerda), no Passeio Público, ao lado de onde era a Mesbla (que também acabou e virou Lojas Americanas), simplesmente O MELHOR CINEMA que essa cidade já conheceu. Foi onde me deleitei com a grande maioria dos filmes de Steven Spielberg - entre muitos outros. Quem nunca foi ao Metro Boavista não consegue imaginar como era a experiência sensorial de acompanhar Indiana Jones em busca da Arca da Aliança, das Pedras de Sankhara e do Santo Graal naquela imensa tela côncava, com som impressionante, 952 cadeiras confortabilíssimas, ar sempre gelado e pipoca sempre quentinha. Era o paraíso na Terra para qualquer um que ama o cinema!

Hoje - salvo engano - sobram apenas o Odeon, o Palácio*, o Roxy e o Leblon nas ruas do Rio de Janeiro. Enquanto isso a maioria das pessoas se aglomera em salinhas minúsculas nos shopping centers da cidade. E o pior é que acham o máximo! Definitivamente a ignorância é uma bênção.

Quando eu ganhar na mega-sena, compro o Metro Boavista e mostro a vocês como se assiste cinema de verdade.

* * * * *

* Falando nisso, o cine Palácio, no Passeio Público, teve a fachada original restaurada recentemente!!! Para ver as fotos do Palácio e saber mais informações veja aqui! Em tempos de extinção e especulação, quando se vê um trabalho desses, se preocupando em recuperar o passado, significa que ainda resta uma esperança!

* * * * * * * * * *

(agradeço as duas fotos em p&b e os dados informativos ao meu amigo Roberto Tumminelli e ao seu excelente fotolog Carioca da Gema, com muitas histórias do Rio. Visitem!)

sábado, 16 de outubro de 2004

CARLOS E NOEL - CONVERSA DE BOTEQUIM


Carlos e Noel, dois dos meus poetas mais queridos, saíram de onde estavam – o calçadão da praia de Copacabana e o Boulevard 28 de Setembro em Vila Isabel – e se reuniram pra bater um papo e chorar as mágoas. Noel estava numa tremenda desilusão amorosa e Carlos tentava ajudar o amigo...

CARLOS: Meu amigo, vamos sofrer, vamos beber, vamos ler jornal, vamos dizer que a vida é ruim, meu amigo, vamos sofrer. Vamos fazer um poema ou qualquer outra besteira. Fitar por exemplo uma estrela por muito tempo, muito tempo e dar um suspiro fundo ou qualquer outra besteira. Vamos beber uísque, vamos beber cerveja preta e barata, beber, gritar e morrer, ou, quem sabe? beber apenas.

NOEL: Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa uma boa média que não seja requentada, um pão bem quente com manteiga à beça, um guardanapo e um copo d’água bem gelada. Fecha a porta da direita com muito cuidado que não estou disposto a ficar exposto ao sol. Vá perguntar ao seu freguês do lado qual foi o resultado do futebol.

CARLOS: Vamos xingar a mulher, que está envenenando a vida com seus olhos e suas mãos e o corpo que tem dois seios e tem um ‘embigo’ também. Meu amigo, vamos xingar o corpo e tudo o que é dele e que nunca será alma.

NOEL: Quem acha vive se perdendo. Por isso agora eu vou me defendendo da dor tão cruel desta saudade que por infelicidade meu pobre peito invade.

CARLOS: O amor é isso que você está vendo: hoje beija, amanhã não beija depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será. Inútil você resistir ou mesmo suicidar-se...

NOEL: Provei do amor todo amargor que ele tem. Então jurei nunca mais amar ninguém.

CARLOS: Amar o perdido deixa confundido este coração. Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do Não.

NOEL: Porém eu agora encontrei alguém que me compreende e que me quer bem!

CARLOS: As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão. Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão.

NOEL: Nunca se deve jurar não mais amar a ninguém. Ninguém pode evitar de se apaixonar por alguém.


* * * * *

(Trechos dos poemas “Convite Triste”, “Não Se Mate” e “Memória” de Carlos Drummond de Andrade e das músicas “Conversa de Botequim”, “Feitio de Oração” e “Provei” de Noel Rosa e Vadico. As fotos das estátuas são minhas)

sexta-feira, 15 de outubro de 2004

UM PENETRA NO MEIO DO POVO DE DEUS


AY, CARAMBA! Meu amigo e colega de site Rodrigo O. Fonseca acabou de me avisar. Eu e minha entrevista com o documentarista norte-americano Peter Davis estamos na internet do povo de Deus!!! QUE MEDA!!!

Além da entrevista, feita durante o Festival do Rio 2004, a foto também é minha, mas o povo de Deus não deu meu devido crédito.

Depois querem um lugar no céu... hmpf!

Quem não leu no site do Festival, leia agora! Mr. Davis é gente finíssima e foi um dos melhores bate-papos que já tive com um cineasta internacional!

BUDAS DITOSOS




Assisti "A Casa dos Budas Ditosos" no início de 2004, no teatro do Espaço Cultural dos Correios, na última sexta e no último domingo da temporada. Falei com a Fernandinha nas duas vezes e ela foi super simpática, especialmente depois de eu ter lhe dado as fotos que tirei da peça “Flash and Crash Days”, de Gerald Thomas, onde ela atuava com a mãe, Fernandona, em 1991.

A peça, baseada no livro de João Ubaldo Ribeiro e dirigida por Domingos de Oliveira, é um monólogo, onde Fernanda vive uma senhora de mais de 60 anos que conta para um gravador sua trajetória sexual e amorosa ao longo da vida. Divertida, inteligente, emocionante, muito pouco chocante, apesar do tema. Numa palavra eu definiria tanto a peça como a interpretação de Fernanda Torres: extraordinárias.

Fotografei a segunda apresentação que assisti com uma câmera digital emprestada do meu amigo Rod. A maioria das fotos está sem foco, borrada e longe demais. Me perdoem, mas eu já estava infringindo uma regra teatral, fotografando a peça em cena. Tentei ser o mais discreto possível para não atrapalhar o espetáculo. E o resultado foi esse. A maioria das fotos que apresento aqui são minhas, tiradas no último dia de apresentação no Espaço Cultural dos Correios. As fotos tiradas por outras pessoas têm o devido crédito.

"A Casa dos Budas Ditosos" foi reapresentada no Canecão recentemente, em janeiro de 2005, em curtíssima temporada.

Conto (4) - "TRISTEZA DO CRONÓPIO", de Julio Cortázar


TRISTEZA DO CRONÓPIO

Na saída do Luna Park um cronópio percebe que seu relógio atrasa, que seu relógio atrasa, que seu relógio.

Tristeza de cronópio diante de uma multidão de famas que sobre a Corrientes às onze e vinte e ele, objeto verde e úmido, caminha às onze e um quarto.

Meditação do cronópio: "É tarde, mas menos tarde para mim do que para os famas, para os famas é cinco minutos mais tarde, chegarão a suas casas mais tarde, se deitarão mais tarde. Eu tenho um relógio com menos vida, com menos casa e menos deitar-me, eu sou um cronópio infeliz e úmido".

Enquanto toma café no Richmond da Flórida, o cronópio molha uma torrada com suas lágrimas naturais.

(Julio Cortázar, em "Histórias de Cronópios e de Famas")



* * * * *


ILUSTRAÇÃO: Eu, há 37 anos atrás no Largo da Glória. Foto tirada pelo meu pai. Relógios da internet.

Conto (3) - "ALEGRIA DE CRONÓPIO", de Julio Cortázar


ALEGRIA DO CRONÓPIO

Encontro de um cronópio e de um fama na liquidação da loja ‘La Mondiale’.

- Boas salenas cronópio cronópio.

- Boa tarde, fama. Trégua catala espera.

- Cronópio cronópio?

- Cronópio cronópio.

- Linha?

- Duas, mas uma azul.

O fama respeita o cronópio. Nunca falará se não souber que suas palavras são as convenientes, temeroso de que as esperanças, sempre alertas, esses micróbios resplandecentes, não deslizem no ar, e por uma palavra errada possam invadir o bondoso coração do cronópio.

- Chove lá fora – diz o cronópio. – céu abaixo.

- Não se preocupe – diz o fama. – Iremos no meu automóvel. Para proteger as linhas.

E olha para o ar, mas não enxerga nenhuma esperança e suspira satisfeito. Além do mais, agrada-lhe observar a alegria comovente do cronópio, que segura contra o peito as duas linhas – uma azul – e espera ansioso que o fama o convide a subir no seu automóvel.

(Julio Cortázar, em "Histórias de Cronópios e de Famas")



* * * * *


ILUSTRAÇÃO: Participação especial da minha ‘mana’ Márcia interpretando ela mesma, isto é, uma fama. Fotos tiradas sabe-se lá deus quando, numa apresentação do Coral da UERJ em Teresópolis. Provavelmente em 1983. E a chuva lá fora é do "Jurassic Park", gentilmente cedida por Spielberg e pelo T-Rex.

Conto (2) - "TERAPIAS", de Julio Cortázar


TERAPIAS

Um cronópio se forma em Medicina e abre um consultório na Rua Santiago del Estero. Logo chega um doente e conta como há coisas que doem e como de noite não dorme e de dia não come.

- Compre um buquê grande de rosas - diz o cronópio.

O doente se retira surpreso, mas compra o buquê e fica bom instantaneamente. Cheio de gratidão corre para o cronópio e além de pagar a consulta, lhe dá de presente, fino testemunho, um belo buquê de rosas. Apenas ele sai, o cronópio cai doente, sente dores por todo lado, de noite não dorme e de dia não come.

(Julio Cortázar, em "Histórias de Cronópios e de Famas")


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ILUSTRAÇÃO: Uma fama amiga minha muy querida no papel de cronópio. Fotos minhas tiradas em 1987. As rosas são da internet.

Conto (1) - "HISTÓRIA", de Julio Cortázar


HISTÓRIA

Um cronópio pequenininho procurava a chave da porta da rua na mesa de cabeceira, a mesa de cabeceira no quarto de dormir, o quarto de dormir na casa, a casa na rua. Por aqui parava o cronópio, pois para sair à rua precisava da chave da porta.

(Julio Cortázar, em "Histórias de Cronópios e de Famas")



* * * * *


ILUSTRAÇÃO: Caricatura minha feita por um amigo, desenho da casa feito por mim e chave da internet.

quinta-feira, 14 de outubro de 2004

O JAZZ SEGUNDO OZ - Do Titanic às Big Bands


Description:
Depois de assistir mais de 5 vezes cada episódio da série "Ken Burns' JAZZ", resolvi montar esse CD como se fosse um trabalho de final de curso.

Como já disse na crônica sobre jazz e Louis Armstrong, gosto de jazz há apenas 10 anos - o que considero muito pouco tempo - e sou um amador apaixonado pelo assunto. E não gosto do tipo de jazz que a maioria das pessoas gosta, pós-50, bebop e fusion, acho muito chato. Curto mesmo o jazz de Nova Orleans, o ragtime, o dixieland do início do século 20.

Partindo da música tocada à bordo do transatlântico R.M.S. Titanic - algo entre o erudito e um "pré-jazz" - fui montando este CD. É claro que pelas minhas preferências não podiam faltar ragtimes de Scott Joplin, o jovem e genial Louis Armstrong e suas bandas Hot Fives e Hot Sevens, o trompetista-prodígio Bix Beiderbecke, o gigante Duke Ellington e sua banda do Cotton Club, uma pitada do sax de Coleman Hawlins e o swing de Benny Goodman.

Quem gosta desse tipo de jazz, dos anos 10 aos anos 40, do ragtime, do dixieland, do swing, vai se deliciar com esse disco. Eu garanto. Palavra de editor musical de primeira viagem, porém apaixonado por cada faixa.

Ingredients:
A bordo do Titanic, o embrião de um novo estilo musical:
1. Glow-Worm (Glühwürmchen) (Paul Lincke) The White Star Orchestra - 2:03
2. Oh, You Beautiful Doll (Nat D. Ayer) The White Star Orchestra - 2:17
3. Alexander's Ragtime Band (Irving Berlin) The White Star Orchestra - 2:26
4. Destiny (Sydney Baynes) The White Star Orchestra - 5:03

Ragtimes do início do século:
5. Maple Leaf Rag (Scott Joplin) New Orleans Rhythm and Jelly Roll Morton - 2:31
6. Mississippi Rag (Morath) Max Morath and His Ragtime Stompers - 3:05
7. The Entertainer (Scott Joplin) New England Conservatory Ragtime Ensemble - 4:15

O jovem Louis Armstrong, revolucionário da música, "inaugura" o século 20:
8. Tiger Rag (Original Dixieland Jazz Band, H. DeCosta) Louis Armstrong & His Orchestra - 3:10
9. Potato Head Blues (Louis Armstrong) Louis Armstrong & His Hot Seven - 2:54
10. West End Blues (C. Williams, Joe "King" Oliver) Louis Armstrong and his Hot Five - 3:15
11. Stardust (M. Parish, H. Carmichael) Louis Armstrong & His Orchestra - 3:34
12. When You're Smiling (The World Smiles With You) (M. Fisher, J. Goodwin, L. Shay) Louis Armstrong & His Orchestra - 2:40

Bix Beiderbecke, o talentoso trompetista branco:
13. Singin' The Blues (Till My Daddy Comes Home) (Com Conrad, Sam Lewis, J. Russel Robinson, Joe Young) Bix Beiderbecke & Tom Trumbauer - 3:02

Duke Ellington, o mais prolífico compositor da América:
14. Creole Love Call (Duke Ellington) - 3:01
15. Take the "A" Train (Billy Strayhorn) Duke Ellington and His Orchestra - 2:54
16. Cotton Club Stomp #1 (Duke Ellington, John Hodge, Harry Carney) - 2:49
17. Cotton Club Stomp #2 (Duke Ellington Mitchell Parrish, Irving Mills) - 2:40

Coleman Hawkins, a redescoberta do sax tenor:
18. Body and Soul (J. Green, E. Heyman, R. Sour, F. Eyton) Coleman Hawkins & Orchestra - 3:00

Benny Goodman, o rei do swing:
19. Don't Be That Way (M. Parish, E. M. Sampson, B. Goodman) Benny Goodman And His Orchestra - 4:17
20. King Porter Stomp (F. Morton) Benny Goodman & His Orchestra - 2:53
21. Dinah (Sam M. Lewis, Joe Young, Harry Akst) Benny Goodman Quartet - 2:42

Os loucos anos 20:
22. Let's Misbehave (Cole Porter) Irving Aaronson and His Commanders - 2:47
23. You've Got To See Mamma Ev'ry Night (or You Can't See Mamma at All) (Billy Rose, Com Conrad) Dick Hyman and the Three Deuces Musicians - 1:48
24. Nagasaki (Harry Warren, Mort Dixon) Dick Hyman and the Three Deuces Musicians with the Three Deuces Chorus

Directions:
Seleção pessoal, compilado em 2003. Se quiser uma cópia, entre em contato comigo. Ou tente baixar na internet. ;-)

LOUIS ARMSTRONG, UM ANJO ENTRE NÓS


"Por que a vida vale a pena ser vivida? Essa é uma boa pergunta. Hum... Bem, existem certas coisas que a fazem valer a pena. Uh... Como... ok... Pra mim, oh... Eu diria... que, Groucho Marx, pra citar um exemplo... uh... mmm... e Wilie Mays... e mmm... o segundo movimento da Sinfonia Júpiter... e... a gravação de ‘Potato Head Blues’ de Louis Armstrong..."
(Isaac Davis em "Manhattan")

* * *

Até há uns dez anos atrás eu ignorava o jazz. Fora uma ou outra coisa, achava o jazz muito chato. Aquele bebop e aquele fusion dos anos 50 pra cá que muitos veneravam me parecia uma música enfadonha, que levava do nada a lugar nenhum. Nessa época Louis Armstrong era para mim apenas um senhor de idade muito simpático que tocava trompete e cantava "What a Wonderful World".

Devagar, muito sutilmente – um pouco pelos filmes de Woody Allen, um pouco pelo clima que eu buscava quando comecei a curtir meus charutos – fui descobrindo uma nova música. Nova para mim, pois era mais velha do que o jazz que eu conhecia e desprezava. Viajando pelos anos 20 e 30, entre Nova Orleans, Chicago e Nova Iorque (sem sair do Rio de Janeiro), comecei a ouvir sons agitados, alegres, contagiantes, que nada tinham a ver com o tal bebop ou o fusion. Era quase como um tipo de rock’n’roll, só que sem ligar na tomada. Porém tinha uma eletricidade extraordinária! Aos poucos fui me deixando seduzir pelo jazz. Ou mais especificamente, como descobri mais tarde, o dixieland, o ragtime, o jazz de Nova Orleans, o swing das big bands, muito prazer em conhecer! Fui sendo apresentado a artistas como Scott Joplin, King Oliver, Jelly Roll Morton, Fletcher Henderson, Bix Beiderbecke, Billie Holiday, Duke Ellington, Sidney Bechet, Ella Fitzgerald, Count Basie, Chick Webb, Benny Goodman, Glenn Miller, e me encantava por todos eles. Só que de repente percebi que toda essa turma venerava um sujeito jovem e risonho que dividia seu talento entre o trompete e um vozeirão maravilhoso. Era o jovem Louis Armstrong.

"Satchmo" – como também era conhecido – tinha um vigor, um senso de experimentação, uma genialidade extraordinários. Era bem diferente daquele velho senhor que eu conheci minha vida toda. O jovem Louis ditava as regras, criava um swing inédito, era como um navegador pioneiro levando o mundo todo por caminhos desconhecidos e maravilhosos! Seu ‘scat singing’, seus improvisos no trompete, seus arranjos brilhantes revolucionaram a música moderna da mesma forma que Chaplin, Griffith e Eisenstein faziam com o cinema. Um jovem Bach, um Mozart moleque, um garoto Beethoven, negro, pobre e perfeito. O próprio anjo Gabriel com seu trompete!

Há cerca de dois anos assisti e gravei a série "Ken Burns JAZZ", que revi várias vezes e estudei com paixão. Foi meu curso intensivo de jazz. Aprendi muito com a série e passei a amar, respeitar e admirar mais ainda todos esses grandes artistas que faziam a mais louca música entre os anos 20 e 40. Porém aquele garoto de 20 e poucos anos, sorriso largo e trompete na mão sempre será para mim o maior de todos, o monstro sagrado, um legítimo anjo vivendo entre nós. E espalhando alegria e felicidade com sua voz e sua música magníficas.


P.S.: Woody Allen tem toda razão. Uma das coisas que fazem a vida valer a pena é a gravação de "Potato Head Blues" com Satchmo e seus Hot Seven. E "West End Blues" com ele e seus Hot Five. E por aí vai... ;-D

P.S.2: Esse texto é dedicado a todos aqueles que curtem o mesmo tipo de jazz que eu curto. ;-)

ELUCUBRAÇÕES SOBRE VIDAS PASSADAS


Por que diabos temos obsessões com alguns assuntos, lugares, coisas ou períodos específicos? Já falei isso em dois álbuns de fotos, mas não posso deixar de repetir aqui. É uma coisa que não me sai da cabeça.

Nossa personalidade e nossos gostos pessoais são construídos ao longo de vários anos de vida, quando conhecemos pessoas, livros, filmes, lugares, coisas que nos fascinam, nos seduzem e nos encantam. Passamos a curtir certos autores, atrizes, desenhos animados, filmes, pratos, bebidas e sentimos prazer em consumi-los.

Mas por que será que existem assuntos que tomamos conhecimento na infância e que nos perseguem ao longo de toda a vida, aparentemente sem ter a ver com gosto pessoal, com personalidade, com ninguém ou nada que nos cerca no nosso dia a dia?

Sou espiritualista. Não me considero espírita, mas desde sempre acredito em reencarnação. Só não sou um espírita praticante (como a maioria das pessoas é católico mas não praticante). Por isso prefiro me designar espiritualista. Na minha visão cada um de nós já veio à vida muitas e muitas vezes, e ainda voltaremos. Não necessariamente a este planeta, a esta dimensão nem à forma humana. Mas tudo é um longo ciclo, onde aprendemos, crescemos e nos desenvolvemos como seres espirituais. Tudo bem, pra isso não virar papo-cabeça (até porque eu não tenho nenhuma autoridade pra falar de espiritismo), eu resumo que o céu e o inferno são aqui mesmo. Só depende de cada um de nós. E de como levamos cada uma das nossas chances de crescimento em vida. Bom chega desse blá-blá-blá antes que fique chato.

Mas porque eu insisto nesse assunto pela terceira vez aqui? Porque desde criança, mais ou menos por volta dos meus seis anos de idade, eu sinto um fascínio, uma atração gigantesca por dois grandes leviatãs do início do século 20: o transatlântico R.M.S. TITANIC e o dirigível LZ-129, o HINDENBURG. Li sobre a história deles e dos fins trágicos de cada um deles e isso nunca mais me saiu da cabeça. Melhor dizendo, cada vez mais passei a ler, ver, consumir informações, livros, filmes, TUDO sobre o navio e o dirigível. Nenhum dos meus amigos de infância se ligava nisso, ninguém que conheci depois se interessava também. E mesmo sem ter com quem compartilhar essas duas fixações, eu seguia em frente, ávido por qualquer coisa relativa a eles.

Ao longo da vida juntei mais de 20 livros sobre o TITANIC e o HINDENBURG, vi quase todos os filmes e documentários a respeito deles. E se eu fosse milionário, certamente teria participado de leilões internacionais para arrematar itens autênticos que fizeram parte dos dois monstros. Essas duas "paixões" (na falta de uma palavra mais apropriada, já que é um tanto bizarro se "apaixonar" por duas catástrofes históricas) renderam alguns desdobramentos interessantes. De uns 15 anos para cá passei a me interessar por músicas, livros, e filmes da primeira metade do século 20. Consumo jazz de Nova Orleans, livros de Hemingway, histórias da Primeira Guerra Mundial, e me interesso até mesmo por costumes daquela época. Ótimo, pois tudo isso aumentou muito meus horizontes culturais. Porém a pergunta continua no ar: POR QUE ESSA FIXAÇÃO PELO TITANIC E PELO HINDENBURG?

Bem, depois de tudo o que disse aqui, acho que você que está me lendo já descobriu a minha conclusão... eu estive à bordo do R.M.S. TITANIC e à bordo do LZ-129, o HINDENBURG. De alguma forma, eu viajei neles. Provavelmente morri no naufrágio do primeiro em 15 de abril de 1912, nas águas geladas do Atlântico norte e renasci a tempo de viajar criança no segundo, em 1936, um ano antes dele explodir em Lakehurst, Nova Jérsei. Ou então fui um dos 700 e poucos que sobreviveram ao TITANIC e mais tarde tive a chance de voar no HINDENBURG. Também posso ter sido um dos irlandeses que construiu o transatlântico nos estaleiros da Harland & Wolff em Belfast; e um dos alemães a montar a dirigível na Companhia Zeppelin, em Friedrichshafen.

Ou então tudo isso é apenas um grande delírio causado por excesso de Crush, Grapette, Fanta Uva, Fanta Laranja e Fanta Limão ao longo da minha vida.

Mas que eu continuo absolutamente fascinado e obcecado pelo TITANIC e pelo HINDENBURG, ah, isso eu continuo!

MORTE




"MORTE - UM JOGO DE VOCÊ"
(Fotos de Adriane Carmello)

No início dos anos 90 fiz um filme, um curta-metragem, inacabado até hoje. Na verdade dirigi-lo foi uma contingência natural, pois sou roteirista e estava fazendo um curso de assistência de direção com Walter Lima Jr. na Fundição Progresso. Algumas pessoas da minha turma eram muito entusiasmadas para botar a mão na massa, e eu já tinha experiência de ter trabalhado em mais de uma dezena de curtas-metragens na UFF. Propus apresentar um roteiro pro pessoal e a gente transformá-lo num filme, ou melhor, num vídeo.

Adaptei um episódio da clássica série de TV "Além da Imaginação" de Rod Serling chamado "One For the Angels". O episódio foi ao ar em outubro de 1959 e contava a história de Lew Bookman, um velho camelô, querido pelas crianças do bairro, que tenta ludibriar a própria Morte e que, com isso, acaba colocando em risco a vida de uma menininha. Para salvá-la ele tem que enganar a Morte mais uma vez, num jogo de sedução que poderá ser o grande negócio de sua vida - e ao mesmo tempo o seu fim.

Meu roteiro era basicamente o mesmo, porém adaptei a história para o Rio de Janeiro contemporâneo e troquei o velho camelô por uma jovem camelô. A figura da Morte - que no episódio de Serling era um empertigado Murray Hamilton metido num terno e gravata, bem burocrático - decidi transformar na versão criada por Neil Gaiman e Mike Dringenberg para a revista em quadrinhos "Sandman". Uma Morte feminina, sensual, doce, bem-humorada e bastante carismática e apaixonante.

A idéia era transformar essa fábula, recontá-la numa nova linguagem, misturando elementos das histórias em quadrinhos com recursos técnicos especiais de iluminação e fotografia. Uma gramática das HQs, presente em filmes como "Robocop" e "Darkman"; em curtas como "Esconde-Esconde" de Eliana Fonseca e "Mulher Fatal Encontra Homem Ideal" de Carla Camurati; em seriados como "Batman" e "Contos da Cripta"; ou em programas como "Armação Ilimitada" e "TV Pirata".

Rebatizei a história como "UM JOGO DE VOCÊ" - tí­tulo de uma das minisséries de Neil Gaiman na revista "Sandman" - pois achava que caberi­a perfeitamente na trama, da camelô jogando com a Morte.

Consegui emprestada uma câmera super-VHS de dois colegas da UFF e filmamos em Niterói, usando o apartamento do meu (excelente) diretor de fotografia, Jô Name, como cenário principal. As atrizes - Cinara Schetinni fazendo a Morte, e Gisele (não lembro o sobrenome) fazendo a camelô - eram alunas de um curso paralelo que o Walter Lima Jr. também dava na Fundição de interpretação para câmera.

Tudo corria bem até que a Gisele ganhou uma viagem de uma semana para Nova Iorque num concurso de contos. Faltavam apenas dois dias para terminar as filmagens e eu insisti em terminar antes que ela viajasse. Gisele insistiu e disse que era melhor terminar quando ela voltasse de viagem. Ficamos nesse impasse, mas ela acabou viajando sem filmar. Acontece que a #@$%&*#$#@ não voltou mais e eu nunca terminei meu primeiro filme como diretor.

O copião em super-VHS está comigo, mas faltando cenas e diálogos fundamentais para a compreensão da história. O que posso mostrar a vocês aqui são as fotos de cena do filme, tiradas por minha querida amiga e ótima fotógrafa Adriane Carmello, com iluminação do Jô Name. Espero que gostem.

segunda-feira, 11 de outubro de 2004

FESTIVAL DO RIO 2004: DESTAQUES

Rating:★★★★
Category:Movies
Genre: Other


O Festival do Rio 2004 acabou. Foi muito bom enquanto durou. Trabalhei no site oficial do festival, escrevendo resenhas dos filmes, mat鲩as e entrevistando cineastas de vᲩas nacionalidades, e ainda consegui assistir a 30 filmes em tr고semanas. Uma boa m餩a.

Alé­ do prazer de trabalhar com uma equipe divertida e competente, tive a chance de conversar com grandes figuras do cinema e me deliciar com ó´©­os filmes, entre eles alguns clá³³icos. Ao contrᲩo da maioria dos ne󦩴os e cin馩los que povoou as salas de proje磯 durante o evento, minha expectativa estava quase toda focada em duas mostras, Fic磯 Cientí¦©ca e Sergio Leone. També­ vi vᲩos filmes latino-americanos e outros tantos documentᲩos marcantes. Bem, um resumo do que vi de bom no Festival...

FICǃO CIENT͆ICA

A 20th Century Fox anunciou, mudou de idé©¡, e nó³ ¦icamos um ano esperando para ver a vers㯠definitiva de Alien (1979), de Ridley Scott. Mesmo apó³ ´odos esses anos e vᲩas revis?no ví¤¥o, o filme continua impactante. Vi na estré©¡ em 79, no relanç¡­ento nos anos 80 e ansiava por outra sess㯠no cinema. A có°©¡ estava estalando de nova, cheia de cenas in餩tas, com um som perfeito, puro orgasmo cinematogrᦩco. Vi duas vezes no MAM.

2001: Uma Odisséia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick, s󠮯 cinema. Me perdoe quem viu em ví¤¥o ou em DVD, mas n㯠viu. Assisti em 1985, no Condor Lgo. do Machado e agora, no iní£©o do Festival, à ­eia-noite, no Odeon. Emocionante, como ver qualquer filme do Kubrick no tel㯬 na sala escura. Praticamente n㯠頵m filme, é µma experiꮣia lis鲧ica.

Finalmente vi dois filmes que esperava tanto ver: Fahrenheit 451 (1966), de Fran篩s Truffaut, e Zardoz (1973), de John Boorman. O primeiro 頦ant᳴ico, mas estranho. A trilha sonora de Bernard Herrmann 頨itchcockiana demais, e 頵m filme de FC de Truffaut, o que jᠰarece paradoxal. Estranho, muito estranho. Mas belo. Especialmente o final po鴩co ࠢeira do lago. O segundo parece uma pe硠de Gerald Thomas feita nos anos 70 com or硭ento baixo. Bizarro. O conceito que mistura Orwell, Huxley e outras distopias at頱ue 頬egal. Mas nem a for硠de Sean Connery ou a beleza de Charlotte Rampling salvam a coisa. Muito estranho. E s󮍊
Outra experiꮣia bacana foi rever Westworld, Onde Ningu魠Tem Alma, de Michael Crichton, e No Mundo de 2020 / Soylent Green, de Richard Fleischer, ambos de 1973. Vi os dois na TV quando era crian硠e nunca mais revi. Por魠os dois ficaram gravados na minha mem󲩡 como grandes hist󲩡s. Westworld continua atual e perturbador, especialmente pela atua磯 perfeita de Yul Brynner, como o pistoleiro implacᶥl, uma esp飩e de "pai" do Exterminador do Futuro de Schwarzenegger. Mas Soylent Green perdeu um pouco a for确 Soa um pouco ingꮵo demais. E ambos sofrem de um pecado imperdoᶥl: o sangue cenogrᦩco 頧ritantemente artificial, parece tinta de parede. N㯠convence nem dalt?o. Mas v꭬os em ingl곬 dentro de uma sala de cinema, foi um grande prazer.

SERGIO LEONE

Assisti ࠭ostra completa desse diretor italiano, t㯠injusti硤o pelos f㳠de faroeste, e t㯠extraordinᲩo em sua maneira peculiar de fazer cinema. Antes do Festival s󠴩nha visto Era Uma Vez na Am鲩ca (1983), que confirmou ser a obra-prima de Leone e um dos melhores filmes que jᠶi na vida. Quase 4 horas de filme e mesmo nas desconfortᶥis cadeiras de balan篠da Cinemateca do MAM n㯠deu pra sentir o rel󧩯 passar.

A sua trilogia do pistoleiro solitᲩo estrelada por Clint Eastwood 頮㯠menos que extraordinᲩa. Por Um Punhado de D󬡲es (1964), Por Uns D󬡲es a Mais (1965) e Tr고Homens em Conflito (1966) s㯠literalmente um melhor que o outro. Lee Van Cleef tem dois grandes personagens, Gian Maria Volont頤ᠵm show na pele de dois vil?odiosos e Eastwood - que os f㳠de John Wayne n㯠me ou硭/leiam - encarna o pistoleiro definitivo.

Era Uma Vez no Oeste (1968) e Quando Explode a Vingança (1971) seguem na mesma linha, com personagens fant᳴icos, diᬯgos deliciosos e tramas surpreendentes. Destaque para as atua絥s de Charles Bronson, Jason Robards, Claudia Cardinale, Henry Fonda, Rod Steiger e James Coburn. Voc꠰ode at頮㯠gostar de faroeste, mas se gosta de cinema, PRECISA VER os filmes de Sergio Leone. ɠcinema da melhor qualidade.

CINEMA LATINO-AMERICANO

Confesso n㯠ser um grande f㠤o cinema latino. Nesse ponto sou como a maioria dos brasileiros, que infelizmente d㯠ೠcostas aos nossos 'hermanos" continentais. Por魠a maioria dos seis filmes que vi durante o Festival me fizeram repensar essa vis㯠bitolada. Santa Menina, de Lucrecia Martel, e Whisky, de Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll, s㯠encantadores, mostrando o que hᠰor tr᳠do cotidiano das pessoas comuns com um talento incomum.

O filme de epis󤩯s 18 J faz com uma trag餩a argentina - o atentado a uma associa磯 judaica em Buenos Aires em 1994, que matou 85 pessoas e feriu 300 - o mesmo que o "9-11-01" fez com o ataque ao WTC em NY. Desigual mas emocionante. Alguns dos epis󤩯s s㯠inesquecí¶¥is.

Perigosa Obsessão é ¥xatamente o que se prop? ser: um filme policial, um filme de a磯. Daqueles que lembra os de Phillip Noyce com Harrison Ford, só ±µe falado em espanhol e com um elenco "da vizinhanç¡¢, incluindo a brasileira "novelí³´ica" Carol Castro. Daqueles que você ¡ssiste comendo pipoca, empolgad㯬 se diverte a valer enquanto assiste e se esquece de tudo meia hora depois de sair do cinema. Só ¡ seq? de abertura já ¶ale o ingresso: uma persegui磯 de caminh?na nossa ponte Rio-Niter󩬠com efeitos especiais de primeira qualidade.

Mas entre os latinos o meu favorito mesmo foi Um Dia Sem Mexicanos, de Sergio Arau, um "twilight zone chicano", sensacional. Brincando com o formato documentᲩo e fazendo humor de quest?sociais s鲩as, é µm dos filmes mais polí´©cos e menos panfletᲩos que já ¶i na vida. Alé­ de ser dos mais divertidos. Se você ®asceu no dito "terceiro mundo", n㯠pode perder.

PETER DAVIS

O documentarista e jornalista norte-americano Peter Davis estᠰara o cinema dos anos 60-70 assim como Michael Moore estᠰara o cinema atual. S󠱵e mister Davis 頢em mais elegante e sutil, sem deixar de ser contundente. Cora絥s e Mentes (1974) continua o mesmo petardo, 30 anos depois de sua concep磯. Ele mostra a Guerra do Vietn㠤e uma forma ?, e que nos remete diretamente ࠇuerra do Iraque. Como jᠤizia Karl Marx, "a Hist󲩡 se repete como farsa", por魠Bush 頭ais perigoso que Nixon, por ser mais ignorante - e mais poderoso. Apesar de ser mais convencional como documentᲩo, O Pent᧯no ࠖenda (1971) tamb魠refor硠que o povo americano tem um instinto assassino nato. Dois filmes chocantes e bastante atuais.

Aliᳬ Peter Davis foi a melhor entrevista que fiz para o site. Um grande sujeito, um 󴩭o papo. Fotografei-o na piscina do hotel Meridien e minha foto foi capa do caderno de cultura do jornal "Tribuna da Imprensa", por魠sem o meu devido cr餩to. O mais empolgante de toda a hist󲩡 foi ver mister Davis pedir para que pirateᳳemos todos os filmes dele, "por favor", antes de mandar os orginais de volta para os "Istꩴis".

* * * * *

No mais assisti a vᲩos outros 󴩭os filmes no Festival, entre eles Kill Bill, vol. 2 de Tarantino, Coffee and Cigarettes de Jim Jarmusch, Má Educação de Almodóvar, A Face Oculta da Lua, do canadense Robert Lepage, e os documentários Olga Benario, do turco-alemão Galip Iyitanir, e Descrença, do russo Andrei Nekrasov. Um grande saldo cinematográfico.

Valeu! Até ano que vem!

domingo, 10 de outubro de 2004

TITANIC - Music As Heard On The Fateful Voyage (Ian Whitcomb & The White Star Orchestra)


Description:
CD lançado em 1997 pelo maestro Ian Whitcomb através da Rhino Records, com as canções e músicas que foram executadas pela White Star Orchestra original, à bordo do R.M.S. Titanic, durante a sua fatí­dica viagem inaugural. O disco apresenta músicas ouvidas por todas as três classes de passageiros que viajaram no transatlântico, fazendo um belo mosaico sonoro de uma época posterior ao auge da música erudita e anterior ao jazz. É um som que mistura o clássico e o popular do iní­cio do século. A nova White Star Orchestra, comandada por Ian Whitcomb, mantém os mesmos arranjos originais de 1912. Para quem se identifica com a década de 1910 (como eu), esse disco é um verdadeiro banquete auditivo. É como voltar no tempo e viajar no Titanic novamente...

Destaque para "Alexander's Ragtime Band", um dos primeiros sucessos de Irving Berlin, "Glow-Worm", de Paul Lincke, "Oh, You Beautiful Doll", de Nat D. Ayer, e a emocionante "Destiny", de Sydney Baynes.

Esse é um dos discos que não sai do meu CD-player nos últimos meses.

Ingredients:
1. The White Star March
2. The Convergence of the Twain (Lines on the Loss of the Titanic) (poem)
3. Glow-Worm (Glühwürmchen)
4. Mon Coeur s'Ouvre A Ta Voix
5. In the Shadows
6. Oh, You Beautiful Doll
7. Music Hall Waltz Medley:
...a) Are We to Part Like This, Bill?
...b) If Those Lips Could Only Speak
8. The Mosquito Parade
9. The Merry Widow Waltz
10. Alexander's Ragtime Band
11. Somewhere a Voice Is Calling
12. Music Hall March Medley:
...a) I Do Like to Be Beside the Seaside
...b) Fall in and Follow Me
...c) Ship Ahoy (All the Nice Girls Love a Sailor)
13. Selections From The Musical Comedy "The Arcadians":
...a) Chorus of Waitresses
...b) My Motter
...c) Arcady Is Ever Young
14. Shine on Harvest Moon
15. That Mesmerizing Mendelssohn Tune
16. Destiny
17. Waiting for the Robert E. Lee
18. Salut d'Amour (Love's Greeting)
19. Frankie and Johnny (You'll Miss Me in the Days to Come)
20. Silver Heels
21. Lily of Laguna
22. Moonstruck
23. Songe d'Automne (Dream of Autumn)
24. Raggin' the Waves

Directions:
Rhino Records, USA, 1997.

sexta-feira, 8 de outubro de 2004

R.M.S. TITANIC


O livro mais completo já escrito sobre o navio e sobre o naufrágio, ricamente ilustrado. Obrigatório para quem se interessa pelo assunto.

Da mesma forma que com o dirigível Hindenburg, desde criança eu também sou obcecado e fascinado pela história do R.M.S. Titanic e seu fatídico destino. Li sobre ele em dois livros que me marcaram muito ("O Grande Livro do Maravilhoso e do Fantástico" e "Catástrofes, Desastres e Aventuras que Comoveram o Mundo", ambos das edições do Reader's Digest) e passei a colecionar publicações sobre o tema. Há décadas leio, pesquiso, coleciono livros, matérias e qualquer coisa sobre o transatlântico inglês (e sobre o dirigível Hindenburg, como já disse no álbum anterior).

Às vezes me pergunto porque a Humanidade se sente tão atraída por grandes tragédias. Apesar dos dois terem encontrado fins trágicos e terem vitimado muita gente, eles eram símbolos de uma outra época, mais romântica (no sentido histórico da palavra), cheia de idealismos, utopias, esperança e ingenuidade, valores que parecem não ter mais lugar no mundo atual. Acho que isso responde à pergunta, por que o ser humano se interessa tanto por tragédias de dimensões quase mitológicas como essa. Não são as tragédias que fascinam, mas o mundo antigo e idealizado que elas representam. Pelo menos creio que essa é a resposta para o meu caso.

* * *

Em 1912, o transatlântico R.M.S. (Royal Mail Ship) Titanic era não só o maior navio já construído, mas também o maior objeto já feito pelo Homem naquela época. Era o orgulho da Inglaterra (como nação "dona" do navio), o orgulho da Irlanda (por ter sido construído em seus estaleiros e por irlandeses em sua maioria) e o orgulho da companhia marítima White Star Line, a real dona do transatlântico. A White Star também construiu ao mesmo tempo outro navio do mesmo porte e classe do Titanic, o Olympic. Mais tarde o Britannic juntou-se à família dos grandes transatlânticos da White Star Line.

No dia 10 de abril de 1912, ao meio-dia, o Titanic partiu do porto de Southampton, Inglaterra, em sua viagem inaugural, com escalas em Cherbourg, França, e Queenstown, Irlanda, rumo a Nova Iorque. Levava mais de 2200 pessoas, entre passageiros de primeira, segunda e terceira classes, além da tripulação. Alguns dos homens mais ricos do mundo estavam a bordo, além de famílias inteiras de imigrantes que tentavam a sorte no "novo" continente. Todos acreditando piamente na fama de "inafundável" que a imprensa alardeava, culminando com a pretensiosa frase que dizia que "nem mesmo Deus é capaz de afundar o Titanic". Mas como diria nosso poeta Drummond, tinha uma pedra no meio do caminho, no meio do caminho tinha uma pedra.

Na noite de 14 de abril de 1912, um domingo, às 11h40, o R.M.S. Titanic colidiu de raspão com um iceberg no Atlântico norte. Duas horas e 40 minutos depois ele desaparecia nas águas geladas e escuras. 1517 pessoas morreram e até hoje este é considerado o pior desastre marítimo em tempos de paz. É impossível apontar um só culpado pela tragédia. Muitos foram os responsáveis, tanto voluntária como involuntariamente.

A tragédia não foi em vão. Muita coisa mudou após o naufrágio do R.M.S. Titanic. As leis marítimas se tornaram mais rígidas e seguras em todo o mundo. As diferenças abissais de classes sociais e econômicas foram questionadas pela primeira vez na era moderna. Porém 1517 vidas se perderam em nome dessas mudanças. Que suas almas descansem em paz.

Os restos do R.M.S. Titanic foram encontrados no fundo do mar, a quase 4 quilômetros de profundidade, pelo oceanógrafo norte-americano dr. Robert Ballard em setembro de 1985 e explorados em 1986. Alguns ítens foras resgatados e algumas exposições foram feitas na Europa e nos EUA em homenagem ao navio e a suas vítimas.

Vários livros foram escritos, vários filmes e documentários foram feitos e até discos foram gravados sobre a tragédia ao longo do século 20. Alguns deles estão aqui, neste álbum, além de fotos históricas sobre a construção do mítico transatlântico.


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"Are you ready to go back to the Titanic?"

Eu, com minha fascinação obsessiva e "inexplicável" pelo navio desde a minha infância, respondo prontamente que sim. Sempre. Afinal, não tenho dúvida alguma de que tenho alguma ligação muito forte com esse navio, de uma vida passada.

Bem-vindos à bordo!