Rating: | ★★★★ |
Category: | Movies |
Genre: | Other |
O Festival do Rio 2004 acabou. Foi muito bom enquanto durou. Trabalhei no site oficial do festival, escrevendo resenhas dos filmes, mat鲩as e entrevistando cineastas de vᲩas nacionalidades, e ainda consegui assistir a 30 filmes em trê³ semanas. Uma boa m餩a.
Alé do prazer de trabalhar com uma equipe divertida e competente, tive a chance de conversar com grandes figuras do cinema e me deliciar com ó´©os filmes, entre eles alguns clá³³icos. Ao contrᲩo da maioria dos ne󦩴os e cin馩los que povoou as salas de proje磯 durante o evento, minha expectativa estava quase toda focada em duas mostras, Fic磯 Cientí¦©ca e Sergio Leone. També vi vᲩos filmes latino-americanos e outros tantos documentᲩos marcantes. Bem, um resumo do que vi de bom no Festival...
FICÇO CIENTÍICA
A 20th Century Fox anunciou, mudou de idé©¡, e nó³ ¦icamos um ano esperando para ver a vers㯠definitiva de Alien (1979), de Ridley Scott. Mesmo apó³ ´odos esses anos e vᲩas revis?no ví¤¥o, o filme continua impactante. Vi na estré©¡ em 79, no relanç¡ento nos anos 80 e ansiava por outra sess㯠no cinema. A có°©¡ estava estalando de nova, cheia de cenas in餩tas, com um som perfeito, puro orgasmo cinematogrᦩco. Vi duas vezes no MAM.
2001: Uma Odisséia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick, só ®¯ cinema. Me perdoe quem viu em ví¤¥o ou em DVD, mas n㯠viu. Assisti em 1985, no Condor Lgo. do Machado e agora, no iní£©o do Festival, à eia-noite, no Odeon. Emocionante, como ver qualquer filme do Kubrick no tel㯬 na sala escura. Praticamente nã¯ é µm filme, é µma experiꮣia lis鲧ica.
Finalmente vi dois filmes que esperava tanto ver: Fahrenheit 451 (1966), de Fran篩s Truffaut, e Zardoz (1973), de John Boorman. O primeiro é ¦antá³´ico, mas estranho. A trilha sonora de Bernard Herrmann é ¨itchcockiana demais, e é µm filme de FC de Truffaut, o que já °arece paradoxal. Estranho, muito estranho. Mas belo. Especialmente o final poé´©co à ¢eira do lago. O segundo parece uma peç¡ de Gerald Thomas feita nos anos 70 com orç¡ento baixo. Bizarro. O conceito que mistura Orwell, Huxley e outras distopias até ±ue é ¬egal. Mas nem a forç¡ de Sean Connery ou a beleza de Charlotte Rampling salvam a coisa. Muito estranho. E só®
Outra experiꮣia bacana foi rever Westworld, Onde Ningué Tem Alma, de Michael Crichton, e No Mundo de 2020 / Soylent Green, de Richard Fleischer, ambos de 1973. Vi os dois na TV quando era crianç¡ e nunca mais revi. Poré os dois ficaram gravados na minha mem󲩡 como grandes hist󲩡s. Westworld continua atual e perturbador, especialmente pela atua磯 perfeita de Yul Brynner, como o pistoleiro implacᶥl, uma esp飩e de "pai" do Exterminador do Futuro de Schwarzenegger. Mas Soylent Green perdeu um pouco a forç¡® Soa um pouco ingꮵo demais. E ambos sofrem de um pecado imperdoᶥl: o sangue cenogrᦩco é §ritantemente artificial, parece tinta de parede. N㯠convence nem dalt?o. Mas vê¬os em ingl곬 dentro de uma sala de cinema, foi um grande prazer.
SERGIO LEONE
Assisti à ostra completa desse diretor italiano, t㯠injusti硤o pelos fã³ de faroeste, e t㯠extraordinᲩo em sua maneira peculiar de fazer cinema. Antes do Festival só ´©nha visto Era Uma Vez na Am鲩ca (1983), que confirmou ser a obra-prima de Leone e um dos melhores filmes que já ¶i na vida. Quase 4 horas de filme e mesmo nas desconfortᶥis cadeiras de balanç¯ da Cinemateca do MAM n㯠deu pra sentir o rel󧩯 passar.
A sua trilogia do pistoleiro solitᲩo estrelada por Clint Eastwood é ®ã¯ menos que extraordinᲩa. Por Um Punhado de D󬡲es (1964), Por Uns D󬡲es a Mais (1965) e Trê³ Homens em Conflito (1966) s㯠literalmente um melhor que o outro. Lee Van Cleef tem dois grandes personagens, Gian Maria Volonté ¤á µm show na pele de dois vil?odiosos e Eastwood - que os fã³ de John Wayne n㯠me ouç¡/leiam - encarna o pistoleiro definitivo.
Era Uma Vez no Oeste (1968) e Quando Explode a Vingança (1971) seguem na mesma linha, com personagens fantá³´icos, diᬯgos deliciosos e tramas surpreendentes. Destaque para as atuaçµ¥s de Charles Bronson, Jason Robards, Claudia Cardinale, Henry Fonda, Rod Steiger e James Coburn. Você °ode até ®ã¯ gostar de faroeste, mas se gosta de cinema, PRECISA VER os filmes de Sergio Leone. É cinema da melhor qualidade.
CINEMA LATINO-AMERICANO
Confesso n㯠ser um grande fã ¤o cinema latino. Nesse ponto sou como a maioria dos brasileiros, que infelizmente d㯠ೠcostas aos nossos 'hermanos" continentais. Poré a maioria dos seis filmes que vi durante o Festival me fizeram repensar essa vis㯠bitolada. Santa Menina, de Lucrecia Martel, e Whisky, de Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll, s㯠encantadores, mostrando o que há °or trá³ do cotidiano das pessoas comuns com um talento incomum.
O filme de epis󤩯s 18 J faz com uma trag餩a argentina - o atentado a uma associa磯 judaica em Buenos Aires em 1994, que matou 85 pessoas e feriu 300 - o mesmo que o "9-11-01" fez com o ataque ao WTC em NY. Desigual mas emocionante. Alguns dos epis󤩯s s㯠inesquecí¶¥is.
Perigosa Obsessão é ¥xatamente o que se prop? ser: um filme policial, um filme de a磯. Daqueles que lembra os de Phillip Noyce com Harrison Ford, só ±µe falado em espanhol e com um elenco "da vizinhanç¡¢, incluindo a brasileira "novelí³´ica" Carol Castro. Daqueles que você ¡ssiste comendo pipoca, empolgad㯬 se diverte a valer enquanto assiste e se esquece de tudo meia hora depois de sair do cinema. Só ¡ seq? de abertura já ¶ale o ingresso: uma persegui磯 de caminh?na nossa ponte Rio-Niteró©¬ com efeitos especiais de primeira qualidade.
Mas entre os latinos o meu favorito mesmo foi Um Dia Sem Mexicanos, de Sergio Arau, um "twilight zone chicano", sensacional. Brincando com o formato documentᲩo e fazendo humor de quest?sociais s鲩as, é µm dos filmes mais polí´©cos e menos panfletᲩos que já ¶i na vida. Alé de ser dos mais divertidos. Se você ®asceu no dito "terceiro mundo", n㯠pode perder.
PETER DAVIS
O documentarista e jornalista norte-americano Peter Davis está °ara o cinema dos anos 60-70 assim como Michael Moore está °ara o cinema atual. Só ±µe mister Davis é ¢em mais elegante e sutil, sem deixar de ser contundente. Coraçµ¥s e Mentes (1974) continua o mesmo petardo, 30 anos depois de sua concep磯. Ele mostra a Guerra do Vietnã ¤e uma forma ?, e que nos remete diretamente à uerra do Iraque. Como já ¤izia Karl Marx, "a Hist󲩡 se repete como farsa", poré Bush é ais perigoso que Nixon, por ser mais ignorante - e mais poderoso. Apesar de ser mais convencional como documentᲩo, O Pent᧯no à enda (1971) també reforç¡ que o povo americano tem um instinto assassino nato. Dois filmes chocantes e bastante atuais.
Aliᳬ Peter Davis foi a melhor entrevista que fiz para o site. Um grande sujeito, um ó´©o papo. Fotografei-o na piscina do hotel Meridien e minha foto foi capa do caderno de cultura do jornal "Tribuna da Imprensa", poré sem o meu devido cr餩to. O mais empolgante de toda a hist󲩡 foi ver mister Davis pedir para que pirateá³³emos todos os filmes dele, "por favor", antes de mandar os orginais de volta para os "Istê©´is".
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No mais assisti a vᲩos outros ó´©os filmes no Festival, entre eles Kill Bill, vol. 2 de Tarantino, Coffee and Cigarettes de Jim Jarmusch, Má Educação de Almodóvar, A Face Oculta da Lua, do canadense Robert Lepage, e os documentários Olga Benario, do turco-alemão Galip Iyitanir, e Descrença, do russo Andrei Nekrasov. Um grande saldo cinematográfico.
Valeu! Até ano que vem!
Valeram as dicas...
ResponderExcluirAlguns j� tive oprtunidade de assistir e realmente s�o �timos!
a mostra de FC pedia um cinema melhor, n�?
ResponderExcluirQue relato!
ResponderExcluirEu tb fiquei impressionada com o Leone. Eu s� tinha assistido "Era uma vez na Am�rica" e amei a "duplinha dos d�lares", se � que posso resumir assim sem parecer uma herege aos seus olhos!
�, estou h� dias para fazer isso tamb�m, mas d� uma pregui�a. valeu. e voc� ainda est� l� no site do festival, n�o? com boas entrevistas/mat�rias, apesar do tempo corrido.
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